Se me perguntassem os
meus irmãos encarnados de todas as regiões do mundo terreno, por que tanto se
empenham os Espíritos de Luz em vir aconselhar normas de procedimento a quantos
se encontram no gozo perfeito do seu livre arbítrio, eu lhes responderia que, sendo a
humanidade uma só, quer se encontre uma parte dela encarnada e outra
desencarnada, esta parte, desejosa de contribuir para a maior
felicidade e bem-estar da parte encarnada, empenha-se em ministrar-lhe
ensinamentos e conselhos capazes de a conduzirem mais rapidamente àquele
objetivo.
É certo que o homem
dispõe de sua vontade e livre arbítrio para se conduzir como quiser em sua vida
terrena, cumprindo ou não compromissos livremente assumidos ao se preparar para
vir à Terra. Tem sido constatado, porém, que durante séculos e séculos de vidas
terrenas, o progresso alcançado pelos Espíritos encarnados ficou muito aquém do
mínimo que lhes cumpria alcançar. Por este motivo, pois, deliberado foi pelas
Forças Superiores a vinda ao meio terreno de numerosos Espíritos mais e menos
evoluídos, a transmitirem aos seres humanos uma palavra de incentivo, de
ensinamento e de conselho, no sentido de os ajudar a percorrer com êxito o
caminho em que hoje se encontram, e de impedir que no amanhã que vem próximo,
se desesperem a lamentar o que todos desejamos evitar.
Já foi dito por
outros mensageiros de Jesus em várias oportunidades, que a esfera terrestre se
prepara para receber modificações substanciais em sua estrutura, modificando e aprimorando
condições necessárias à vivência dos seres humanos. Como é bem de ver, sempre que haja necessidade
de introduzir modificações em qualquer estrutura, o que nela houver estabelecido
deverá ser previamente removido para deixar livre a superfície a modificar.
Assim terá de acontecer ao vosso pequeno mundo em dias que se aproximam numa
velocidade igual à da sua própria rotação, e necessário se torna que sejais
disso prevenidos com alguma antecedência, a fim de que possais arrumar as
vossas coisas, os vossos pertences de ordem moral, para os levardes convosco se
a vossa partida vier a ocorrer em meio aos acontecimentos esperados.
Referindo-me às vossas coisas e aos vossos pertences, estou certo de que bem
compreendereis o meu pensamento. Não me refiro, é claro, as vossas instalações
domésticas, por modestas ou luxuosas que sejam, nem aos vossos haveres em valores
de bens terrenos ou depósitos bancários, porque nada disso constitui patrimônio
do Espírito que realmente sois. Quando me refiro ao que devereis tratar de
arrumar como quem se preparasse para empreender viagem, refiro-me
exclusivamente às boas obras que houverdes podido praticar ao longo da vossa
existência terrena, ao bem que possais ter proporcionado aos vossos
contemporâneos, e ainda ao que em vossas orações diárias houverdes solicitado
do Alto para as almas sofredoras que tanto carecem da oração dos que vivem na
carne. Estas são, em verdade, as coisas a serem convenientemente arrumadas por
todos e cada um dos seres humanos, não havendo, porém, a meu ver, nenhuma
dificuldade em arrumá-las. Para colaborar um pouco convosco, leitores meus, eu
direi qual a melhor maneira de proceder a essa arrumação, que deve ser iniciada
imediatamente, a fim de prevenir qualquer antecedência na chegada do navio.
Fareis então apenas o que vou dizer, metodicamente, diariamente, com toda a vossa
tranqüilidade de Espírito. Elevareis o vosso pensamento àquela Fonte de todo o
bem que existe em algum ponto do Universo, e rogareis mentalmente a graça do
seu apoio à vossa presença na Terra enquanto permanecerdes, e a misericórdia do
seu amparo desde o momento em que tiverdes de partir de regresso ao vosso lar espiritual.
Nada mais do que isto se faz necessário. Um pensamento assim dirigido, traduz
milhões de coisas que não conseguiríeis dizer em palavras. A Fonte de todo o
bem, entretanto, sabe interpretar os pensamentos que diariamente lhe são
dirigidos de todos os recantos do mundo, neles traduzindo fielmente, seja um
voto de alegria, seja um pedido de ajuda, ou um grito de socorro de alguém em
estado de aflição. Indispensável porém, para que tais pensamentos logrem atingir
aquela Fonte, é que o posto emissor, no caso os seres humanos, estejam em
situação moral de poderem emitir pensamentos de tal categoria.
Para que isso
aconteça, para que os seres humanos possam encontrar-se nas condições ideais de
poderem dirigir-se à Fonte, é suficiente estabelecerem um regime de vida em
perfeita harmonia com os seus semelhantes, isto é, não lhes façam nem desejem
senão o que para si também desejem. E se, por acréscimo ao seu merecimento, houverem
contribuído de alguma maneira para minorar ou cessar o sofrimento a algum de
seus contemporâneos, este fato eleva de muito o grau de penetração do seu
pensamento de ajuda própria nas camadas superiores do mundo em que vive, e
atinge seguramente o seu objetivo: a ajuda solicitada, ou o socorro imediato.
Quando eu me
encontrava na Terra e tive a suprema felicidade de abraçar a doutrina de Jesus,
e me lancei através de várias nações a propagá-la aos povos de então, eu tive
muitas ocasiões de sentir diante de mim uma espécie de barreira ao
prosseguimento da minha pregação, tão enegrecidas eram ainda as mentes dos povos
aos quais eu me dirigia. Ocasiões eu tive, inclusive, de sucumbir à violência
de atos praticados contra mim e meus companheiros de pregação, tendo numa
dessas ocasiões sido abandonado por meus verdugos em estado de morto. Desejo
dizer-vos com isto, leitores meus, que me valeu nesses momentos a fortaleza do
Espírito, para reanimar a matéria amolecida pelas violências recebidas, o que
sucedeu mais de uma vez. Ligado, porém, o meu Espírito ao Espírito de Jesus, naqueles
tempos como ainda hoje a minha Fonte de todo o bem, a Ele eu apelava nas
circunstâncias descritas, e o socorro eu o recebia prontamente.
Direis vós,
provavelmente, que da última violência recebida nos arredores da grande Capital
da Itália, o socorro teria falhado, porquanto aí desencarnei da maneira que
todos conheceis. Eu vos esclareço, porém, que muito ao contrário do que possais
supor, o socorro me foi enviado da maneira mais conveniente possível, não para
o corpo exausto de caminhar centenas de milhares de milhas através de montes e
vales, cidades e vilas, da Ásia Menor ao Mediterrâneo, padecendo de todos os
males e privações habituais das regiões citadas; o corpo sentia ânsias de
repousar para sempre, tal o sentido de aniquilamento que então me dominava, e
somente o Espírito vivia, lutava, pregava e orava as vinte e quatro horas do
dia.
Em tais
circunstâncias, um único desejo a vida me sugeria, embora meu Espírito se
recusasse a aceitá-lo por absolutamente incompatível com as leis de Deus: o
aniquilamento total, por minhas próprias mãos. Foi então que os meus
pensamentos, interpretados pela Fonte de todo o bem, levaram os homens a
promoverem minha libertação da carne pela degola, como sabeis, um ato que
imediatamente me atirou nos braços do Senhor Jesus, cessando de todo os meus
sofrimentos físicos. A História registra o fato como violência criminosa
praticada contra mim, apenas idêntica a quantos milhares de outras que então se
praticavam, sem quaisquer escrúpulos de consciência. Eu, porém, vos declaro,
que a violência que me eliminou do plano terreno, serviu a dois grandes
objetivos: traumatizando como o fez, os povos por mim visitados desde a Ásia
Menor, a Grécia, o Egito e ilhas do Mediterrâneo, consolidou em seus corações
os princípios que eu lhes havia ensinado, levando-os a propagá-los por sua vez
em toda a região com excelentes resultados para o Cristianismo nascente; e o segundo
resultado foi o abalo sofrido pelo próprio imperador romano, que em breve
também se converteu, sendo hoje um dos mais dedicados servidores de Jesus. Não
necessito de mencionar aqui o grande bem que minha morte me proporcionou,
libertando-me de todos os sofrimentos físicos e morais que o meu apostolado me impunha
naqueles dias de há dois mil anos.
Deste resumo que faço
em torno dos fatos em que fui parte no início do Cristianismo, e dos quais
resultou o maior foco de luz já recebida por meu Espírito, ficareis sabendo sem
mais nenhuma sombra de dúvida, que todos vos encontrais em condições de pedir e
receber qualquer espécie de socorro de que possais necessitar, assim como de
alcançar poderoso foco de luz em recompensa de qualquer empreendimento social
ou espiritual a que vos dedicardes, com o objetivo de servir à coletividade,
servindo igualmente aos desígnios de Jesus.
Podereis argumentar
que os tempos são outros, muito diversos daqueles em que fui Paulo de Tarso, e
eu concordarei convosco, apenas para afirmar que muito mais fácil hoje se torna
a tarefa de servir ao Senhor do que o era naqueles tempos. O grau de adiantamento
alcançado pela humanidade de hoje, muito favorece a realização de novos
empreendimentos espirituais na Terra, sem os riscos em que incorriam os
apóstolos de há dois mil anos. Já se não torna necessária como
dantes a pregação da amorosa doutrina de Jesus, porque ela se encontra no âmago
de todas as criaturas humanas, do Oriente ao Ocidente, a despeito da existência
de numerosas seitas religiosas diferentes na aparência, porque no fundo todas
se irmanam no belo princípio do amor ao próximo. Há vários setores de trabalho
espiritual na Terra que podem ser trabalhados por quantos seres humanos se
sentirem desejosos de servir a Jesus, servindo aos seus contemporâneos e até,
em certos casos, aos que hão de vir.
No setor da educação,
por exemplo, há um grande campo de trabalho na Terra para ser atendido. Os
milhões de irmãos nossos que vivem no mundo impossibilitados de usar o alfabeto
para enriquecimento dos seus conhecimentos, estão à espera de alguém verdadeiramente
cristão, que empreenda essa enobrecedora tarefa.
É necessário semear
escolas em todos os recantos onde vivam filhos de Deus, mas escolas onde, além
dos conhecimentos necessários à vivência humana, se ensine a amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, tal como nos ensinou Jesus de
Nazareth. É indispensável transformar, através do ensino, as criaturas humanas em
seres espirituais apenas temporariamente encarnados, ensinando-lhes como
princípio de todos os conhecimentos, a doutrina do Amor, da Bondade e da Fraternidade,
para erradicar de seus corações a idéia prejudicial de grandeza e domínio, como
objetivo da reencarnação na Terra.
Os tempos anunciados
vêm aí e ninguém poderá detê-los, estais disso perfeitamente informados. Isto
não quer dizer que vos lanceis ao chão de joelhos e permaneçais orando, para
poderdes escapar-lhes. Melhor que tudo, para que os tempos passem por vós, em
vez de passardes vós com
eles, será empreenderdes algo de útil ao bem estar espiritual dos vossos
semelhantes, seja prepará-los espiritualmente para o que vier a acontecer, seja
proporcionando-lhes aquilo que de bom e de útil esteja em vossas mãos realizar.
Isto equivalerá a uma preparação do vosso Espírito para ingressar na vivência
de planos de vida bem mais felizes do que este, não importando a maneira pela
qual venhais a encerrar a vossa presente vida terrena.
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