Os homens e as
mulheres presentes na Terra, aqui vieram com a finalidade de completarem o seu aprendizado
iniciado há milênios em mundos bastante inferiores a este, para que possam em
breve ascender a outro mais elevado. O processo evolutivo dos seres espirituais
assemelha-se bastante ao processo educativo em todos os países, sendo
necessário ao aluno concluir um curso inferior para poder ingressar no que lhe
fica imediatamente superior. Aos seres espirituais sucede o mesmo, com a diferença
apenas de que um ano de estudo do aluno na Terra corresponde em regra a uma,
duas ou mais encarnações, ou seja a dois ou três séculos de vivência terrena.
Isto porque o curso que se apresenta aos seres espirituais, durante o qual deve
cada um dar provas do melhor aproveitamento, é cem vezes mais complexo do que
os cursos didáticos da Terra. Todas as almas que povoam os incontáveis planos de
vida disseminados na imensidão do Infinito, estão destinadas ao aprimoramento
máximo de todas as suas faculdades latentes, numa caminhada também interminável
porque evoluindo sempre, indefinidamente.
Os homens e as
mulheres atualmente na Terra, possuidores já de um certo grau de conhecimentos
e por conseguinte também de certa luminosidade, devem esforçar-se um pouco mais
do que o fizeram até agora, no sentido de completarem corretamente o seu
aprendizado na Terra. Se isto conseguirem os atuais viventes na esfera
terrestre, estarão conquistando com seu esforço o direito de ingressarem em planos
de vida bem mais feliz do que a vida na Terra, planos que estão desde muito
aguardando essa oportunidade. Assim como sucede aos atuais viventes nesta
pequena esfera, também os habitantes dos planos a que me refiro, estão tratando
de se prepararem para ingressar por sua vez em outros mundos ou planos de vida
ainda mais refinados.
Tem por isto um duplo
objetivo o meu e o trabalho dos demais emissários de Jesus ao solo terreno para
difundir conselhos urgentes aos seres humanos. Um desses objetivos consiste em
exortar a todos para que se dediquem com todos os seus esforços ao
aprimoramento moral que ainda lhes falte, enquanto o segundo consiste em
advertir a todos a respeito das operações transformatórias em curso na profundidade
do solo terreno, em conseqüência das quais poderão muitas almas encerrar sua
presente encarnação. E se as que isto fizerem se encontrarem devidamente
preparadas, isto é, estiverem com o seu curso terreno perfeitamente concluído,
essas ver-se-ão logo transportadas a planos de tal magnitude como prêmio aos esforços
aqui despendidos, que a impressão primeira de todas elas será a de que um mundo
novo e jamais imaginado, um céu autêntico, muito mais belo do que o paraíso,
para elas se abriu e nele passarão a viver.
São pois esses os dois
objetivos visados pelo Senhor Jesus ao enviar à Terra alguns milhares de
emissários a conclamarem os homens e as mulheres para o cumprimento de deveres
livremente assumidos no Alto, todos, entretanto, no seu exclusivo benefício.
Este Espírito que vos
fala, cujo passado remoto muitos dos leitores conhecem através dos fatos da
história do Cristianismo, aceitou com alegria o convite do Senhor Jesus para
participar desta Grande Cruzada em pleno desenvolvimento na Terra, por enxergar
nisto uma nova oportunidade de poder contribuir para que todos vós, estimados
leitores, consigais despertar vossas energias morais para a tarefa que
realmente vos convém, que é o vosso mais rápido desenvolvimento espiritual.
Para esse grande objetivo de minha parte é que eu procuro apresentar-vos o meu
pensamento traduzido em imagens e palavras as mais simples e compreensíveis,
usando embora um idioma que jamais aprendi na Terra, porque pertencente a
países em que eu não tive a ventura de viver. Como, porém, vivi num pequeno
país vizinho deste em que ora escrevo, e lá me familiarizei com o idioma de
Castela, encontro hoje uma grande facilidade em ditar o meu pensamento em
castelhano, o qual o meu querido intermediário vai escrevendo fluentemente em
português.
Estou usando por
conseguinte um processo bastante comum no Alto, pelo qual uma Entidade
transmite ao médium o seu pensamento em determinado idioma similar, e o médium,
por meio do processo telepático o grava no seu próprio idioma. O meu grande
empenho consiste, posso dizer que exclusivamente, em conseguir penetrar em vossas
células mais sensíveis, e nelas imprimir por meio da palavra escrita que aqui
vos deixo, o sentido mais perfeito, puro e santo de quanto escrevo para o vosso
exclusivo benefício, que é o vosso mais rápido progresso espiritual.
E isto conseguindo
como espero, estimados leitores, eu me considerarei regiamente pago de todos os
esforços que ora faço para o bem de todos vós. Esta forma de pagamento, embora
possa parecer a alguém meramente fantasiosa, não o é absolutamente, porque é
real, perfeita. Vós próprios a conhecereis um dia que vem perto, isto é, um
perto que pode durar um século, espaço de tempo que para nós Espíritos bem
pequeno é, quando vos tornardes assim como eu nos dias presentes, novos emissários
do Senhor junto a outros irmãos encarnados. Sentireis então em vosso coração
toda a alegria de uma Entidade a serviço do bem, ao ver seus esforços recebidos
e compreendidos por aqueles a quem se destinam.
Resulta deste fato um
tal sentimento de alegria para a Entidade, que isso apenas lhe basta para a sua
maior felicidade. Nessa ocasião sabereis todos vós avaliar com precisão toda a
alegria que eu espero sentir em breve, em virtude da vossa atenção e
aproveitamento de quanto vim escrever no presente volume por determinação do
Senhor Jesus.
Gostaria de
transcrever ao longo destas páginas o sem-número de fatos ocorridos nos planos
do Além, com irmãos nossos que ali aportam constantemente e ali ficam vivendo
períodos mais ao menos longos, segundo as necessidades e livre arbítrio de cada
um. Mas vou relatar-vos um desses fatos, dele retirando o que possa ser útil a quantos
permanecem na Terra. O fato de que me ocuparei diz respeito a quantos dos
nossos irmãos se empenham demoradamente em construir sólida fortuna na Terra,
apenas alcançada a sua maior idade. O irmão de quem aqui tratarei foi um desses
assim empenhados na construção da sua grande e sólida fortuna. Muito jovem
ainda constituiu família à qual se dedicou amorosamente no lar, enquanto em
suas atividades se atirava ao seu grande objetivo que era a fortuna. Seus
pensamentos giravam assim dia e noite no afã de amealhar dinheiro de todas as
maneiras, convém dizê-lo, e sua fortuna crescia lentamente embora, mas crescia
sempre.
A Providência Divina
concedera-lhe duas lindas filhas que constituíam todo o seu orgulho de pai, e
nelas pensava sempre que vislumbrava uma boa oportunidade de aumentar a
fortuna. Imaginava aquele nosso irmão que uma boa fortuna certamente atrairia
bons partidos para as filhas, homens ricos também e de boa posição na
sociedade, com o que estaria realizado o seu ideal de pai.
O nosso irmão viveu
por conseguinte o tipo de vida acima descrito: de casa para o trabalho e do
trabalho para a família. Crença religiosa este irmão possuía apenas a tradição
de sua família. Um ou outro domingo comparecia à missa do meio-dia por ser a
melhor freqüentada, onde se fazia acompanhar da esposa e as duas belas filhas.
Era no seu entender um meio de mostrar a família aos amigos e conhecidos que
faziam o mesmo que ele. Fora disto não praticava outra espécie de culto às
Forças Superiores. Deitava-se habitualmente tarde e não pensava senão nos seus
negócios, e na maneira de como acrescentá-los. Este nosso irmão realizou
realmente o seu grande objetivo. Ganhou bastante dinheiro, prosperou seus
negócios e a vida, atraindo com isto a atenção do seu círculo de relações.
Dois jovens possuidores
de grau universitário apresentaram-se candidatos a maridos das duas belas
filhas do nosso irmão, e ele os recebeu com o coração pulando de alegria. Os
enlaces foram realizados com toda a pompa, muitos convidados presentes, muita
alegria enfim. O nosso irmão, passados os primeiros dias de contentamento,
começou a pensar no futuro de suas filhas, chegando a admitir certa preocupação
quanto ao comportamento e honorabilidade dos genros.
Sendo embora membros
de famílias conceituadas, eram moços recém-formados e ainda sem clientela que
pudesse garantir o orçamento da família. Mostrou porém a idéia má que o
assaltara, dizendo de si para consigo que se algo fosse necessário para ajudar os
novos dois lares, ele estaria pronto a contribuir, contanto que as filhas não
conhecessem a menor dificuldade. Isto foi realmente necessário ao fim dos
primeiros meses, quando o nosso irmão da história resolveu estabelecer uma
mesada para cada filha.
Achou que seria
melhor ir ao encontro da necessidade do que esperar que esta viesse ao seu
encontro. Ao fim do primeiro aniversário de casamento das duas filhas, o nosso
irmão havia-se tornado responsável pela manutenção quase total de dois lares
além do seu. Nesta altura da vida o nosso irmão começava a preocupar-se seriamente
com o futuro de sua descendência. E se ele morresse em breve? - indagava-se a
si próprio. Se os genros não produziam o suficiente para manter-se e à família,
o que seria de suas filhas e netos, que começavam a chegar, quando ele fechasse
os olhos? Estas indagações preocupavam-no seriamente.
Casara as filhas com homens
finos, preparados, possuidores ambos de grau universitário, no entanto não
conseguiam produzir o suficiente para fazer face ao orçamento da família.
Decidiu então, num momento de preocupação, resolver a situação, fazendo os dois
genros seus sócios, certo de que assim poderiam solucionar o grave problema
doméstico de cada um.
Assim foi feito. Um
contrato foi então lavrado, entrando na firma um engenheiro e um médico como
sócios solidários. O nosso irmão viu nesta a solução ideal para o caso. E assim
pensava: se ele que não pudera ir além do curso primário conseguira fazer
fortuna e formar uma firma sólida como era a sua, agora com dois sócios jovens,
formados e certamente ambiciosos, as coisas teriam de marchar bem melhor.
Decorreram os
primeiros quatro a cinco anos em que a firma prosseguindo sob a sua chefia
continuou a progredir. Os sócios mostravam-se atentos ao negócio, embora um
tanto impontuais ao expediente, dado que tendo sido eleitos membros da
diretoria de entidades de classe, apreciavam manter-se na sede no trato dos interesses
sociais, no que eram bastante aplaudidos pelos demais membros. O nosso irmão
estava já então muito mais preocupado e um tanto desiludido quanto ao futuro de
sua firma, passando a sentir certas palpitações que jamais sentira no coração.
Certa noite após a
refeição da qual pouco participara por indisposição momentânea, o nosso irmão
preferiu recolher-se ao leito para repousar um pouco. Deitara-se mesmo vestido
porque pretendia sair ainda um pouco com a esposa. Esta, uma excelente
companheira de muitos anos, sempre solícita em que nada lhe faltasse, deixou
que decorresse meia hora ou pouco mais e foi chamá-lo para saírem, conforme
haviam combinado. Qual não foi, porém, o seu espanto e profundo sentimento de
desgosto ao constatar que apenas o corpo ali permanecia. O nosso irmão havia
partido da Terra por força de um colapso que assim pusera fim às suas
atividades materiais.
O nosso estimado
irmão cuja pequena história venho de relatar-vos, observava do seu plano de
vida espiritual, quanto fora inútil a sua preocupação máxima de fazer fortuna
em sua vivência terrena. Decorridos apenas dois anos desde que partira de
regresso ao seu plano no Além, constatava com profunda tristeza de alma o que
na Terra se passara com aquilo que tanto lhe custou a reunir: sua fortuna
material. Verificava que o seu negócio se encerrara por não quererem seus
genros prosseguir com o mesmo, considerado demasiado inferior para o seu grau
universitário. Trataram então de proceder à liquidação do mesmo dividindo os
haveres. Sua viúva com isso perdeu a mesada que lhe deixara por contrato, visto
que este cessara também. As filhas viviam agora em grandes dificuldades e em constante
desentendimento com os maridos por falta do indispensável à manutenção da
família. Nesta situação quase aflitiva, o nosso irmão desejou aconselhar-se com
uma Entidade dirigente do plano, acerca de como poderia ajudar dali aqueles que
deixara na Terra.
- Meu filho,
perguntou-lhe a Entidade, desde quando não oras ao Senhor do Mundo pela tua
família?
- Eu devo confessar,
e o faço com toda a minha sinceridade, que deixei de orar desde que comecei a
preocupar-me com os meus negócios na Terra. Pensava consolidar primeiro a minha
vida terrena para no final me voltar para o Senhor.
- Exatamente por
isso, filho meu, foi que não tiveste a inspiração de que carecias no
encaminhamento da tua vida. Se a tivesses, outros teriam sido os teus genros, mais
modestos, é certo, mas aqueles que estavam destinados a completar o teu círculo
familiar. O meu conselho no momento, meu filho, só pode ser este: ora agora ao Senhor
dia e noite, e pede-lhe a necessária proteção para os que deixaste na Terra. O
que não julgaste necessário fazer antes, trata de fazê-lo agora, porque nunca é
tarde para orar. O Senhor atenderá, certamente, ao teu pedido.
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