Sempre que as Forças Superiores do Universo
empreendem a realização de algo que deva importar na alteração do statu quo da
humanidade vivente no planeta em que esse algo deva produzir-se, aquelas Forças
só o empreendem após uma longa preparação espiritual dessa humanidade, tal a
atenção que lhes merece a tranqüilidade e o bem-estar do semelhante. Outra não
é, por conseguinte, a atitude das Forças Superiores no caso pertinente a este
planeta, em sua preparação para o início das operações transformatórias já
determinadas.
Todos quantos neste momento planetário se
encontram habitando corpos humanos na face da Terra, estão sendo prevenidos,
despertados e advertidos para que não deixem desabar a montanha para só então
se precaverem. Estão sendo advertidos os seres humanos, de que maneira? Por
algum procedimento ruidoso, violento? Absolutamente. Estão sendo advertidos por
meio do convite a todos endereçado pelo meigo Jesus de Nazareth, através dos
seus enviados ao ambiente terreno, os quais procuram, através das mais puras
expressões da linguagem humana, fazê-los cientes de que devem voltar-se sem
demora para a única fonte de salvamento que existe para os habitantes da Terra,
que é, sem nenhuma dúvida, a grandiosidade do coração magnânimo do Senhor
Jesus. É esta a única fonte de salvamento que existe para as almas
presentemente encarnadas na Terra, quer dela venham a necessitar ou não durante
a fase transformatória do planeta.
Se, por algum motivo para nós desconhecido,
alguns dos irmãos encarnados preferirem subestimar o que aqui lhes deixaram
grafado em letras de forma, quantas Entidades Superiores vieram cooperar nesta
magna campanha de salvamento dos Espíritos encarnados, se isso acontecer, só o
poderemos lamentar e muito, porque as palavras constantes deste volume não
possuem senão um sentido, ou seja, um único significado: alertar os corações
antes que a montanha comece a desabar. Dizendo montanha, numa linguagem
figurada, estaremos procurando significar o desmoronamento de algo de
proporções gigantescas em vésperas de se precipitar sobre bons e maus podendo a
todos soterrar, se se encontrarem desprevenidos. Quero convencer-me, porém, de
que o quanto foi dito e repetido nas páginas deste volume, assim como naqueles
redigidos pelo Apóstolo Thomé, já terá sido suficiente para a todos despertar. Assim
sendo, volverei aqui o meu pensamento para outro setor da existência espiritual
da humanidade de todos os mundos, no desejo que alimento de poder interessar a
todos vós, queridos irmãos leitores. Referir-me-ei então ao que habitualmente
sucede nos planos espirituais, ou seja, nos mundos habitados por Espíritos em
suas vilegiaturas no Espaço, entre uma e outra encarnação. Sim, irmãos meus;
cada vez que se extingue a vida de um corpo físico na Terra ou em outro mundo
qualquer, o Espírito que tal corpo construiu e habitou por vários anos, pode
ser considerado em vilegiatura no seu plano espiritual, por maior ou menor
lapso de tempo. Pode tratar-se então de um verdadeiro descanso em face do
merecimento adquirido pelo Espírito em sua vida terrena, e nesse caso ele
desfruta uma autêntica vilegiatura em que são proporcionados novos e
importantes conhecimentos para seu enriquecimento espiritual. Há, também,
infelizmente em número assás avultado, vilegiaturas que recordam até pequenas
ou grandes punições, tal haja sido o comportamento do Espírito em sua recente
vida terrena. Para uns, os primeiros citados, sucede não raro que esse lapso de
tempo lhes pareça demasiado exíguo, tão bela quão rápida a vilegiatura
decorreu. É que o mundo espiritual é por sua natureza riquíssimo de
ensinamentos para aqueles que por seu viver correto na Terra a eles fizeram
jus, os quais ali se incorporam aos pelos mesmos já possuídos. Sua incorporação,
isto é, a incorporação dos novos ensinamentos aos Espíritos que os mereceram,
passa a constituir a fonte de novas e maiores possibilidades em sua próxima
reencarnação. Ao passo que, o grande número de Espíritos que passaram pela
Terra com a preocupação única de colher, mas sem semear, locupletando-se por
conseguinte, da experiência e do trabalho alheios enquanto se fartaram dos
prazeres materiais, esse grande número de irmãos decepciona-se apenas haja
transposto a fronteira do novo mundo em que forçosamente ingressou. Não
conduzindo ativo útil mas apenas passivo inútil, esses irmãos
cedo se arrependem da vida que levaram, porém já estão sem remédio.
Isto sucede, entretanto, devemos reconhecê-lo
com sinceridade, na grande maioria dos casos, em conseqüência da falta de
preponderância das religiões terrenas sobre o indivíduo. Religiões existem,
talvez em maior número do que o necessário, todas elas visando, pelo menos na
aparência, à felicidade das almas encarnadas. Seja entretanto por que motivo for,
a verdade é que sua religiosidade não consegue atrair as almas para o núcleo,
de modo a fazer de cada uma um seguidor fiel dos princípios que pregam. Sendo
os corpos por natureza impermeável às mais belas práticas religiosas, a elas se
sujeitando apenas pelo domínio exercido pelos Espíritos sobre eles, aí
encontramos uma das poderosas razões da rebeldia dos homens à prática dos
ensinamentos religiosos pregados pelos vários credos e seitas terrenas. Que
fazer então? Pouca coisa na aparência, porém muitíssimo na realidade. Partindo
do princípio de que só em casos excepcionais a palavra humana consegue
interessar verdadeiramente a outro ser humano, teremos que voltar nosso
pensamento para outra modalidade de ensinamento ou pregação religiosa. E qual
deverá ser ela? — perguntareis. É necessário voltarmos o pensamento, nós do
Espaço e vós religiosos da Terra, para o ensinamento espiritual, que é o
ensinamento a ser ministrado por Entidades espirituais de grande evolução, que,
ou se materializarão em vossos templos, ou se manifestarão por intermédio de
pessoas convenientemente preparadas para isso.
O que digo não constitui novidade em relação
a algumas regiões do Oriente, onde o desenvolvimento espiritual de seus
habitantes permite a manifestação visível de Instrutores espirituais que
comparecem aos templos em dias e horas certos, com o fim de ministrar
ensinamentos espirituais aos ouvintes. Isto acontece há muitos e muitos anos em
várias localidades dos países orientais, cujo resultado se reflete no extraordinário
progresso espiritual registrado nos Espíritos que ali vivem suas reencarnações.
Devo acrescentar que em face da afluência de ouvintes àquelas reuniões, já se
experimentou realizá-las ao ar livre na praça pública, o que vem sendo feito
com sucesso. Até há pouco tempo existia aí o inconveniente da falta de audição
por parte dos ouvintes mais afastados. Com o progresso, entretanto, da
eletrônica, esse inconveniente desapareceu completamente. Torna-se assaz
interessante observar o que sucede entre os milhares de ouvintes dessas
palestras espirituais após o seu encerramento. Observa-se com satisfação o
interesse neles despertado pela palavra iluminada do Instrutor, cujas idéias,
transmitidas diretamente aos Espíritos e não aos ouvidos materiais, corpóreos,
dos ouvintes, passam a constituir objeto de discussão e estudo durante o
intervalo das reuniões, com o melhor aproveitamento para todos, que jamais
esquecem o que aprenderam.
Há também, em vários lugares, outra
modalidade de reuniões de estudos espirituais. Há organizações constituídas de
elementos por assim dizer já iniciados, as quais promovem a materialização da
Entidade instrutora pelo espaço de até duas horas, durante cujo lapso de tempo
ela prossegue na transmissão verbal de suas aulas do mais alto valor filosófico-espiritual
para os respectivos membros. Esta é a segunda modalidade de transmissão de
ensinamentos espirituais aos ouvintes encarnados. É a da manifestação da
Entidade por meio de sua materialização visível e audível, porém em recinto
fechado.
Há ainda a terceira modalidade, a mais fácil
de conseguir certamente em qualquer região do mundo, também de valor
inapreciável pelos resultados que pode trazer para o aprimoramento espiritual
dos ouvintes. Refiro-me à modalidade de incorporação do Espírito Instrutor num
ser encarnado possuidor do necessário ascendente mediúnico. Esta modalidade,
igualmente útil pelos ensinamentos que pode transmitir aos ouvintes de boa
vontade, é sem dúvida a que poderá vir a ser utilizada pelas diversas
religiões, credos e seitas existentes na Terra, com o maior aproveitamento para
todos os ouvintes. Sabemos todos da existência entre os encarnados e até
fazendo parte integrante do corpo de pregadores religiosos, de Espíritos de
grande evolução, possuidores, por conseguinte, de belos ensinamentos a
ministrar ao seu auditório. Sucede porém, que inúmeras barreiras se lhes opõem
para que eles possam transmitir esses ensinamentos lealmente, sendo uma dessas
barreiras a constituída pelas limitações da organização a que pertencem, a
impor-lhes restrições e mais restrições, segundo os próprios interesses
materiais. Podem raciocinar que o fato de ensinarem o que sabem aos seus
adeptos, possa levá-los a se afastar dessas organizações e passarem a
dirigir-se diretamente a Deus ou ao Senhor Jesus. Daí as limitações que podem
existir em relação ao sistema religioso. Já a modalidade de ensinamentos por
via mediúnica liberta-se deste inconveniente, com a vantagem de oferecer aos
ouvintes a mais pura doutrina filosófico-espiritual, como nenhum ser encarnado
poderá jamais interpretar. A propósito relatarei um fato verificado em certa
região da Terra, do qual resultava uma afluência desusada ao templo em que o
mesmo se registrava. Em certa época do ano comparecia a essa região determinada
personalidade religiosa, incumbida de iluminar com sua palavra erudita uma
pequena multidão de almas simples que se entregavam à prática dos mais puros
deveres para com Deus durante o ano todo. Por ocasião das colheitas, apenas
terminado estas e guardado o produto do trabalho santo de suas lavouras,
aparecia na região, contratado de antemão, um pregador religioso cuja palavra a
todos encantava. O templo tornava-se pequeno para conter a quantos desejavam
ouvi-lo. Verificava-se entretanto, com o pregador, um fenômeno que muito o
intrigava, e que apenas confidenciava a um colega de sua maior intimidade,
Dizia então o pregador ao amigo: — Passa-se comigo um fato verdadeiramente
extraordinário, todas às vezes em que vou fazer missão em ........(e citava a
região). Acontece-me invariavelmente que, ditas as primeiras palavras de
saudação aos fiéis presentes, apenas volto a dar conta de mim quando o sermão
termina. Eu dou-me conta, é certo, de que falei, mas não consigo recordar uma palavra
sequer do que disse. Fico verdadeiramente intrigado com o fato!...
No ano seguinte ficou combinado irem os dois
amigos a realizar a missão do primeiro, a fim de que o segundo procurasse
esclarecer o fenômeno. Foram. Iniciado o sermão constatou o amigo ter-se
operado uma mudança notável, não apenas na palavra do orador, na maneira de
dizer, nas imagens apresentadas, como ainda na sua fisionomia. A oração
revestia-se de uma eloqüência desconhecida até então no orador pelo seu amigo
presente, à qual se prendiam atentamente, empolgados, todos os ouvintes.
Terminado o sermão e recolhidos os dois amigos à sua hospedagem, passaram a
raciocinar a respeito. Mais uma vez o pregador confessava não ter sido dele o
sermão, porquanto não recordava sequer uma palavra do que dissera. Constatava
que o fato se verificava apenas naquela localidade, porque nas demais onde
pregava tal não acontecia. Em busca de um possível esclarecimento, resolveram
os dois fazer uma pesquisa nos registros paroquianos da terra e dirigiram-se ao
templo. Aí conseguiram esclarecer o fenômeno. Um velho cura que ali vivera
dezenas de anos e muito amara seus paroquianos, um Espírito que alcançara as
mais elevadas regiões espirituais por seu merecimento nesse mister, aproveitava
o ascendente mediúnico do emissário religioso para proferir os mais belos
sermões, muito semelhantes aos que no seu tempo proferia. Os paroquianos,
encantados, comentavam que daquela maneira só o Padre Eustáquio costumava
pregar.
Eis aí, amigos meus, um fato que pode repetir-se
indefinidamente na Terra, com a vinda de Instrutores espirituais a ajudarem
vossas almas a progredir. Meditai sobre isto, é o conselho que aqui vos deixa
com a bênção do Senhor Jesus, este vosso amigo que se chamou
HENRI JACQSON DURVILLE
Not.
biogr. — Médico e escritor francês desencarnado neste século. Escreveu várias
obras sobre magnetismo, dedicando-se também ao estudo do pensamento e sua
potencialidade. Grande servidor do Senhor Jesus no Alto. Não há registro do seu
nome nas enciclopédias.
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