O movimento espiritual que neste momento se
processa nos planos mais próximos, é de tais proporções e diversidades, como
não há memória de outro igual em toda a vida deste planeta. Ajustam-se planos
de trabalho a ser desenvolvido no solo terreno, preparam-se trabalhadores para
mergulhar no ambiente que circunda a Terra, retocam-se detalhes dos trabalhos a
serem aqui empreendidos, medem-se e calculam-se distâncias e profundidades para
que nada falte na obra imensa, quase ciclópica, a ser executada em profundidade
no planeta que habitais, objeto de grandes transformações em perspectiva.
Como todo trabalho cuidadosamente
planificado, este a que me refiro foi previsto para um período mais ou menos
longo, é verdade, mas seu início a bem dizer já foi dado em vários setores e aí
prossegue o seu curso. Cientistas, engenheiros, médicos e outras categorias
especializadas, convocadas e instruídas em seu respectivo setor, encontram-se a
postos com os elementos necessários ao desempenho de suas tarefas, inclusive a
companhia de numerosos auxiliares e assistentes, para darem começo à sua parte.
Não haverá nenhum exagero em referir aqui, para que os leitores possam fazer
uma idéia aproximada do valor desses trabalhos, que todos os Espíritos de Luz
que passaram pela escola terrena se encontram mobilizados neste momento.
De tudo se deduz, por conseguinte, que o que
vai acontecer ao mundo terreno a partir de agora, é de molde a levar à
meditação quantas almas aqui se encontram na vivência de mais uma existência
terrena. Não necessitarei de repetir o que outras Entidades disseram acerca das
modificações a serem operadas na Terra, com base, algumas delas, em grandes
profundidades do solo, e isto porque todos os leitores já se encontram
preparados para elas. Também não perderei palavras em tentar conduzir-vos para
Jesus, Nosso Mestre e Senhor, porque o assunto já se encontra perfeitamente
claro em vossas mentes, e todos vós, segundo observações feitas do Alto, já
estais seguindo esse caminho com maior ou menor dose de fé. Não perderei
palavras, por conseguinte, para repisar este assunto, embora ele constitua, por
assim dizer, o artigo primeiro do primeiro capítulo.
Falarei então de assunto que suponho do maior
interesse para quantos se encontram presentemente habitando corpo humano, em
mais uma existência terrena, e sei de antemão que todos o apreciareis
sobremodo. Quero referir-me neste capítulo que o Senhor me incumbiu de redigir,
ao que se relaciona com o comportamento de cada um de vós em face de
acontecimentos que devem positivar-se em breve sobre a face da Terra. Dada a
natureza excepcional desses acontecimentos, pode suceder que o seu advento venha
a produzir surpresas bastante fortes para os desprevenidos, podendo muitos
seres humanos deixar-se tomar pela idéia insistentemente propagada de tratar-se
do fim do mundo, o que não é absolutamente verdade.
A Terra não está em absoluto para acabar, como
certos pseudo-cientistas apregoam; antes pelo contrário, este mundo terreno
está sendo objeto de atenções especiais por parte do Senhor do Mundo, devendo a
vida tornar-se em breve mais humana e mais fácil de ser vivida do que agora. As
modificações em andamento a se positivarem na estrutura terrena, visam
precisamente à preparação de condições mais favoráveis aos seres humanos,
tendo-se em vista estas duas circunstâncias: a duplicação ou até a triplicação
da população atual, e a vinda para a Terra de Espíritos possuidores de grande
evolução, para constituírem a população dos próximos séculos. Não existe, por
conseguinte, nenhuma possibilidade, por mínima que seja, de terminar a vida
neste planeta, ou seja, de o mundo acabar agora ou daqui a algum tempo. Assim
pois, meus caros leitores, a única circunstância à qual todos deveis dar vossa
atenção, é à maneira de todos vos comportardes aos primeiros rumores, fatos ou
acontecimentos que porventura se manifestarem, seja perto ou longe do local em
que vos encontreis.
Como comportamento, desejo significar a
atitude mental de cada um dos seres humanos de todas as idades, uma vez que o
fato será geral, podendo abranger ora uma ora outra região do solo terreno. A
melhor norma, pois, de comportamento, aquela que será capaz de dar paz e
tranqüilidade aos Espíritos encarnados, é o estado de comunhão espiritual com
as Forças Superiores, também designadas por Forças do Bem. O estado de comunhão
com essas Forças, já o sabeis, adquire-se, ou melhor, realiza-se por meio da prece
ou oração proferida com toda a convicção de quem sabe que está movimentando uma
Lei Divina, que é no caso a Lei da Oração. Através da prática desta Lei todo o
socorro prontamente se apresenta no local reclamado, podendo cada qual
convencer-se da grande verdade multimilenar, de que, desde que o Universo
existe, nenhuma prece ainda se perdeu. E não se perdeu pelo fato em si, de que
tendo sido a prece criada paralelamente à criação do Universo, tudo quanto no
Universo se encontra está estreitamente relacionado com a prece.
Talvez vos surpreendais em eu vos dizer que a
prece se encontra presente em todas as manifestações da Natureza. A água que
desliza no leito de um córrego, segue balbuciando uma prece ao Criador ao
descer aqui e ali, num desnível do leito ou no choque verificado contra as
pedras que nele se encontram. O boi, o cavalo, a cabra como o carneiro, ao
erguerem a cabeça no pasto ou onde quer que se encontrem para emitir o som
próprio da espécie, estão emitindo com ele a sua prece, algumas vezes de
contentamento pela fartura de alimentação que defrontam, outras vezes
implorando algo que necessitam ou desejam realizar. Podem os homens não
entender completamente o que dizem os animais em sua prece, porem o Criador os
entende e abençoa. A prece é, por conseguinte, o recurso mais pronto e mais
eficaz ao homem em quaisquer situações. Demais não será dizer-vos, meus caros
irmãos leitores, que ela nunca vos foi tão necessária no decorrer da vossa
existência multimilenar como o será nos dias que se aproximam. A prece
individual atrai o socorro, a paz e a tranqüilidade do Espírito; mas a prece
coletiva, essa realiza verdadeiros milagres. Nós que vivemos hoje a vida de
Espíritos livres no mundo espiritual, temos por hábito reunir-nos diariamente em
horas predeterminadas para orarmos juntos, para realizarmos a prece coletiva,
menos em nosso próprio proveito do que no vosso, irmãos encarnados. Observando
do Alto as vossas necessidades de harmonia, precisamente pela ausência do
hábito da prece, nós que tanto desejamos a vossa felicidade, procuramos suprir
essa deficiência orando coletivamente por vós neste plano de vida terrena. Não
penseis, contudo, que nos sereis devedores de algo por essa nossa prática em
vosso favor. Absolutamente nada nos ficais a dever por isso. A prece contém em
si mesma, nas vibrações que emite, esta beleza imensa: beneficia aquele que a
faz em seu próprio favor, de maneira precisa, total. Porém, quando emitida em
favor de outrem, então ela se desdobra em duas parcelas absolutamente iguais,
sem que nenhuma delas seja inferior à sua totalidade: ela beneficia aquele em
favor de quem é feita, e, em igual parcela beneficia quem a emitiu. Está nisto,
por conseguinte, uma demonstração a mais do valor prodigioso da prece, uma das
mais belas criações do Senhor, Nosso Deus.
Constitui ainda hoje um dos mais belos
trabalhos a serem realizados na Terra, ensinar as gerações novas a orar. E
tanto mais se adiantem os trabalhos neste sentido, tanto mais as gerações se
aproximarão de sua verdadeira felicidade. Ensinar desde os primeiros anos a
criança a balbuciar as palavras da prece, representa pra quem o faz, o mesmo
que estar iniciando no coração da criança a iluminação do seu Espírito. Dessa
iluminação desde os primeiros anos de uma nova existência terrena,
desenvolver-se-á nesse pequenino coração o hábito de se comunicar com Deus,
Nosso Pai Celestial, cuja assistência e proteção jamais lhe faltará pelos anos
em fora. Não há nenhum exagero em eu vos dizer que estatísticas cuidadosamente
levantadas no Alto, demonstram que os Espíritos que na Terra se têm desviado do
caminho reto, encontram-se entre os que não aprenderam a orar em crianças, ou o
fizeram desprovidos da necessária explicação doutrinária, ministrada por seus
responsáveis. Verificamos então que das crianças acostumadas à oração diária,
em noventa por cento dos casos resultaram homens e mulheres corretos, quando
não até modelos de criaturas humanas no desdobramento de sua existência.
Uma conclusão daí se retira, para a qual desejo
chamar a atenção de todos os meus leitores: a da conveniência, da imperiosidade
mesmo, para todos vós que fostes distinguidos na Terra com a dignidade de
receberdes filhos em vossos lares para criar e educar, de acostumá-los desde
bem cedo ao hábito da oração a Nosso Senhor, infiltrando em seus mimosos
corações as vibrações maravilhosas que os ajudarão a vencer, na vida que
iniciam, todas as dificuldades e obstáculos que não hão de faltar.
Este é o conselho que venho trazer-vos no
capítulo que vim redigir por solicitação de Nosso Senhor, oportunidade que eu
quis aproveitar para reeditar palavras e atitudes que tanto dignificaram minha
última passagem pela Terra. Do Alto onde hoje vivo, contudo, muito tenho sido
solicitado a intervir em favor de muitos milhares de filhos que aqui viveram e
de outros que ainda vivem, quando em suas dificuldades se lembram deste
velhinho.
Aqui me despeço com saudades imensas deste
plano onde tanto procurei servir ao Senhor Jesus, servindo aos meus irmãos
necessitados de todas as categorias. Continuai então a dispor, sempre que
necessiteis, deste Espírito que tanto vos quer e estima em seu coração.
ANTÔNIO DE PÁDUA
Not.
biogr. — Antônio de Pádua — 1195-1231 — Religioso franciscano português.
Seu nascimento é dado por uns como ocorrido em Beja, e por outros em Lisboa, a
15 de agosto de 1195, filho do nobre Martinho de Bulhões e D. Teresa Taveira,
“senhora de ricos dotes de alma e inteligência”. Tendo concluído o curso de
humanidades em Lisboa dirigiu-se a Roma com o fim de obter um favor do Papa, e
ali ingressou no estudo da religião.
Possuidor
de inteligência incomum, Antônio adquiriu rapidamente o curso de teologia,
passando, muito jovem ainda, a lecionar essa matéria na Universidade de Pádua.
A circunstância de ter vivido vários anos nessa cidade levou os paduanos a
chamá-lo mais tarde Frei Antônio de Pádua, “o filho mais querido da casa de S.
Francisco”.
Antônio
de Pádua foi pregador exímio, cuja palavra arrebatadora empolgava as multidões.
Santo Antônio é tido no mundo cristão como descobridor das coisas perdidas.
Conta-se que a origem dessa crença foi a seguinte: Estava Frei Antônio em
Montpellier, França, ensinando teologia aos jovens frades, quando um dos
noviços desapareceu do convento levando consigo o livro dos salmos comentado
pelo Frei Antônio, uma preciosidade naquela época de falta de livros. O livro
fazia falta ao Santo, no ensino, e o mesmo lamentava, sobretudo, o grave pecado
do ladrão. Pôs-se então a rezar pelo pecador, pedindo na oração que o livro lhe
fosse restituído, pois que dele necessitava para a continuação do ensino. A
prova de que o Senhor ouviu a oração do Frei Antônio pode ser encontrada neste
fato extraordinário: ao passar por uma ponte, o noviço viu-se detido por um
negro que lhe tomou a frente, ameaçando lançá-lo ao rio se ele não fosse
imediatamente restituir o livro a Frei Antônio. Aterrorizado com a ameaça, o
noviço voltou ao convento, lançou-se aos pés do Santo, restituindo o livro e
implorando perdão pelo grave pecado, e rogando ser readmitido no convento, o
que lhe foi concedido. Data deste fato a fé depositada em Santo Antônio como o
grande restituidor das coisas perdidas. Mas há muitos fatos semelhantes na vida
deste Grande Espírito que ocupariam volumes.
Santo
Antônio desencarnou no conventinho de Arcela, próximo de Pádua, no dia 13 de
junho de 1231. Seu corpo, com grande cortejo, foi depositado num sarcófago de
mármore na Igreja de Santa Maria, em Pádua, onde se lê a seguinte inscrição:
“Esta cidade sente-se engrandecida por ter dado ao glorioso Taumaturgo
português o sobrenome pelo qual é geralmente conhecido — Santo Antônio de
Pádua”.
Um
dos biógrafos de Santo Antônio (1) escreveu o seguinte: “Quem, indo visitar o
túmulo do Taumaturgo chega à estação da Estrada de Ferro, não precisa ter
cuidado para achar a grande basílica. Isto porque encontra um bonde estacionado
com a tabuleta — II Santo — como se não houvesse outro Santo no Céu, tanta é a
veneração que lhe tributam e a glória que julgam os paduanos ter possuindo os
despojos mortais do “Santo de todo o mundo”.
Santo
Antônio foi canonizado pelo Papa Gregório IX no dia 30 de maio de 1232, um ano
após a sua desencarnação, estabelecendo o dia 13 de junho anual para a
celebração da sua festa.
(1)
Frei Basílio Röwer
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