Para edificação dos
meus estimados leitores, e maior esclarecimentos dos seus Espíritos,
ocupar-me-ei neste capítulo de um assunto bem pouco divulgado até agora no meio
terreno, e de grande valia para o desenvolvimento espiritual dos homens e
mulheres que dele tiverem conhecimento. Tratarei assim do que diz respeito à
situação pessoal de quantas almas aportam aos planos do Além após deixarem na
Terra os seus veículos materiais. O assunto constitui em verdade um ensinamento
do maior interesse para todos, uma vez que a todos diz respeito por ocasião de
sua chegada aos planos espirituais a que forem conduzidos.
Existem no Alto
várias organizações que poderemos dizer modelares, destinadas especialmente às
almas que regressam da Terra, quase todas necessitadas de assistência
espiritual, mais e menos prolongada, segundo a situação peculiar de cada uma ao
fim de várias dezenas de anos vividos no ambiente terreno, completamente afastadas
dos respectivos planos que deixaram no Além. Em face disto, a grande maioria
dessas almas recém-desencarnadas, necessita de algum tempo para se reintegrar
no ambiente espiritual, para que possam despertar suas aptidões e faculdades
espirituais, quase sempre entorpecidas devido à longa permanência na Terra.
Assim é fácil verificarmos o que sucede nas vinte e quatro horas do dia, segundo
a vossa medida do tempo, na chegada aos planos espirituais de muitos milhares
de almas desencarnadas em toda a superfície do planeta, todas elas
profundamente entristecidas por esse fato. Todas, não posso dizer; mas quase
todas, visto aportarem lá em pequeno número, é verdade, mas sempre as há, almas
que se manifestam grandemente contentes pelo seu regresso, e só desejam
adaptar-se o mais depressa possível às condições da vida no Além. Encontram-se geralmente
neste número, almas que cumpriram uma longa existência no corpo, chegando
várias delas a desejar que a Providência Divina as viesse buscar pela já
inutilidade de sua permanência na Terra, apenas dando trabalho e cuidados aos
seus. Nesta situação de perfeita consciência de sua inutilidade, essas almas
entregam-se dia e noite à oração e à meditação, com o que se aproximam bastante
do mundo espiritual, desinteressando-se completamente da vida terrena. Estas almas
são as que se manifestam contentes ao serem recebidas no seu plano de vida
espiritual, sendo muito comum darem graças a Deus ao se sentirem realmente
desligadas do corpo cansado e já imprestável deixado na Terra.
Há uma outra classe
de almas que se manifestam igualmente contentes e felizes em sua chegada ao
mundo espiritual, que são aquelas que, vivendo embora a vida no corpo físico,
souberam manter-se permanentemente ligadas ao seu plano espiritual, visitado por
elas freqüentemente durante as horas de sono do corpo. Estas almas nós as
identificamos prontamente pelas radiações que ostentam, sinal de que souberam
aproveitar a encarnação recém finda para se engrandecerem na prática de ações
meritórias em benefício da coletividade. Trata-se, a bem dizer, de almas
(Espíritos) que bem cumpriram o quanto haviam prometido ao Senhor em sua partida
para a Terra, e por isso regressam satisfeitas e felizes ao seu lar espiritual
para um novo estágio de repouso, enquanto se preparam para o desempenho de
alguma nova missão a serviço do Senhor.
Estes
esclarecimentos que aqui vos deixo são do maior interesse para todos os homens
e mulheres enquanto na Terra, pela orientação que lhes fornecem acerca do
acolhimento que os aguarda a seu tempo no seu plano espiritual. Acrescentarei
então o que sucede às numerosas almas que viveram na Terra uma existência
voltada de preferência para os interesses e prazeres da matéria, e chegam de regresso
no Além profundamente entristecidas, pela circunstância de terem encerrado a
sua encarnação e nada terem podido conduzir de bom, de útil para si mesmas, em
sua bagagem espiritual. Casos existem em que tão profundo se apresenta o
entristecimento dessas almas, que se torna necessário o seu internamento numa
das organizações assistenciais existentes no Além, até que possam refazer-se
moralmente, isto é, até que possam readquirir a consciência de si mesmas.
Nas organizações
assistenciais do Espaço existe tratamento adequado a toda espécie de
enfermidades. Poderá isto parecer incrível a alguns dos meus leitores,
falar-lhes eu em enfermidades no plano espiritual, mas eu me explicarei
dizendo-vos que o que denominamos enfermidades no Alto, é a convicção de muitas
almas de que se encontram enfermas em seu estado psíquico, e necessitam por
isso de tratamento adequado. Estas são então conduzidas àquelas organizações de
que falei, onde ficam internadas pelo período necessário à sua recuperação.
Nessas organizações, as almas ditas enfermas encontram um corpo clínico
integrado por verdadeiros cientistas, pelos quais são pacientemente atendidas e
até medicadas quando necessário. Há nessas organizações, igualmente, um corpo
de enfermeiras constituído de Entidades que se dedicam amorosamente aos seus
doentes, e com tal devotamento o fazem, que apressam com isso a sua
recuperação. Logo que os enfermos manifestam o desejo de deixar a enfermaria ao
sentirem-se melhores, são levados a passear pelo imenso parque que circunda os
edifícios dessas organizações hospitalares, e então as almas ditas enfermas se maravilham
na contemplação dos belos jardins, lagos e pomares que ali existem. O
tratamento dedicado, de par com o tipo de alimentação fornecido aos internados
nas organizações existentes no Alto, conseguem recuperá-los bem rapidamente. O
passeio, finalmente, pelos arredores, e a contemplação do que de maravilhoso
ali existe, completa, em regra, o restabelecimento dos internados, que, ao se despedirem
de seus dedicados médicos e enfermeiras não encontram expressões capazes de
traduzir seu profundo agradecimento. Numerosas almas assim recuperadas
manifestam grande desejo de poderem cooperar nessas organizações com o seu
trabalho dedicado, e algumas o conseguem se possuírem habilitações para isso.
Vedes pelo que aí
fica, como o Senhor do Mundo se preocupa com o bem-estar e felicidade dos seus
guiados terrenos, não apenas enquanto os mesmos se encontram na Terra no uso
integral do seu livre arbítrio, mas também, e muito, depois que eles regressam
ao mundo espiritual, quantas vezes menos sadios e felizes do que quando de lá
vieram para a Terra. Isto acontece freqüentemente a não poucos dos nossos
irmãos encarnados que se entregam de corpo e alma, por assim dizer, às
irregularidades da vida terrena, e aí se perturbam ou adoecem psiquicamente, e
nesta situação se despedem do corpo para regressar ao Espaço. As almas destes
nossos irmãos que enveredam por caminhos tortuosos ou se conduziram de modo contrário
às leis divinas, são recebidas e encaminhadas no Alto às organizações lá
existentes, a fim de se recuperarem. Outro fosse o modo de viver da maioria dos
seres humanos, maior fosse o seu devotamento à oração e à meditação, mais
estreito seria o seu contato com as Forças Superiores e o Senhor do Mundo, e, conseqüentemente,
mais feliz e tranqüila decorreria a vida de todos os seres humanos na Terra.
Agora, entretanto,
em face do que está sendo executado nesta pequena esfera, tudo se modificará no
que diz respeito ao viver humano. Com a vinda de outras classes espirituais bem
mais evoluídas que as dos atuais ocupantes do planeta, cessarão de todo ou se
reduzirão a um número assaz diminuto as infrações morais cometidas pelos homens
e mulheres do presente, como é lícito esperar. Os habitantes da Terra, em
virtude do seu grau de desenvolvimento espiritual, terão sempre presente a necessidade
de se manterem permanentemente ligados ao respectivo plano espiritual, de onde
receberão diariamente a inspiração e ajuda de que possam necessitar.
Voltando ao assunto
inicial, do qual me afastei um pouco para referir detalhes relacionados com as
organizações de tratamento espiritual, desejo prosseguir nos esclarecimentos
acerca do que encontrareis todos vós, estimados leitores, por ocasião do vosso regresso
da Terra. Devo dizer-vos a propósito que um fato ali verificado diariamente e
da maior importância para todos, é o chamado exame de consciência que consiste
no auto-julgamento dos atos praticados durante a última existência terrena.
Este ato é uma espécie de obrigação irrecorrível à qual se submetem todas as
almas à sua chegada no Alto, não por castigo, como poderão alguns julgar, mas
pela necessidade de registrar cada uma em seus arquivos espirituais, tanto o
que houver feito de bom e de útil para o seu progresso espiritual, como quanto
de efeito negativo possa igualmente haver praticado na Terra. Esse registro
torna-se necessário ainda com vistas à próxima reencarnação, quando esta se tornar
possível. Os registros feitos no arquivo espiritual de cada alma é que vão
influir na elaboração de um novo plano de vida terrena, fato da maior
importância para todas. Se, por exemplo, nesses registros só puderem aparecer
atos bons, dignos, corretos, resultantes da última existência terrena da alma
responsável pelo registro, certo é que em sua próxima reencarnação essa alma desfrutará
uma existência correspondente, isto é, pontilhada de acontecimentos bastante
felizes e propícios ao seu bem-estar.
Se na última roupagem
terrena, uma alma teve oportunidade de ajudar sinceramente a outrem, se
contribuiu nessa vivência para minorar de alguma maneira o sofrimento do seu
semelhante, essa circunstância, registrada em seus arquivos espirituais,
determinará que sua próxima encarnação se beneficie da ajuda e cooperação de
que possa vir a necessitar, numa perfeita demonstração daquela lei que
conheceis, a qual determina que aquele que
ajuda será ajudado; aquele que engana será enganado, aquele que mata será morto, e assim por
diante, retornando invariavelmente em favor ou contra o ser humano numa vida
futura, o que de bom ou de mau o mesmo tenha oferecido ao seu semelhante.
Desta maneira, os
registros espirituais de cada ser espiritual, todos eles da mais perfeita
clareza e realidade, além de irem registrando, século após século, o curriculum
exato
de cada um, são consultados invariavelmente pelas Forças Superiores na
elaboração do novo plano de vida a ser cumprido na Terra por todas as almas que
lograrem permissão para reencarnar. É em face deste princípio que podereis
encontrar entre os vossos contemporâneos, irmãos que na aparência conduzem uma
cruz pesada, para usar aqui a linguagem bíblica, irmãos esses merecedores da
vossa maior estima, ante o comportamento correto de que dão provas. A
explicação deste fato pode ser encontrada nas linhas que aí ficam, estando esses
irmãos cumprindo então, galhardamente, o plano de vida que no Alto lhes foi apresentado
e que alegremente aceitaram para viver a presente encarnação, ao fim da qual
uma luz nova, maior e mais brilhante será instalada em seu diadema no Alto.
A
Lei de conseqüência,
sábia e perfeita como de resto o são as leis divinas, é uma das leis que mais
importam na vida dos homens e das mulheres, não apenas viventes neste pequeno
mundo terreno, como igualmente se
verifica em todos os mundos do Universo. É a Lei de conseqüência
a
que determina a existência entre vós de pessoas cuja anormalidade física vos
constrange, determinando inclusive a existência de um tão grande número de
irmãos valorosos e bons, privados da luz dos olhos. Valorosos, digo eu, a
respeito destes nossos estimados irmãos porque realmente o são, seja pelo fato
de terem pedido ou aceito com tal privação, a sua encarnação atual, como pelo
alevantamento moral de que dão sobejas provas. Eles sabem e o recordam bem
claramente em sua memória espiritual, que uma encarnação passa depressa, por
alongada que possa apresentar-se, que uma existência na carne não chega a
representar um segundo na eternidade da vida espiritual. Se, pois, as Forças
Superiores julgaram necessário propor a esses nossos estimados irmãos privados da
luz dos olhos materiais, uma encarnação em tais condições, e eles da melhor boa
vontade a aceitaram, certo é que, igualmente, lhes foram mostradas por
antecedência todas as vantagens que tal encarnação lhes há de proporcionar.
No Alto todos nós
temos a satisfação de privar da amizade de inúmeras Entidades que registraram
uma ou outra encarnação vividas na privação da luz dos olhos, ostentando agora
imensos focos de luz espiritual em seus belos diademas. De uma dessas Entidades
ouvi certa vez em que permutávamos impressões recolhidas ao longo de várias de
nossas reencarnações, ouvi dessa radiosa Entidade ter sido uma das suas encarnações
vivida em tais circunstâncias, aquela de todas a mais profícua. E assinalou que
a existência terrena em que foi cego, proporcionou-lhe o ensejo de viver com o
seu Espírito permanentemente no Alto, ouvindo e recebendo, mentalmente, belas harmonias
peculiares ao mundo espiritual, e de tal modo o empolgavam aquelas harmonias,
que o seu tempo de lazer ele o empregava religiosamente em viver, por assim
dizer, a vida espiritual mais bela e doce que um ser humano pode viver com os
pés na Terra.
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