Os homens e as mulheres viventes atuais na
Terra, não sabemos se pela centésima ou milésima vez, têm diante de si uma
oportunidade que, se a perderem, talvez não a possam recuperar ao longo de
vários séculos. É esta a sua oportunidade em todos os sentidos e
circunstâncias. Se aproveitada, ei-los em breve transportados a uma vivência
espiritual de tal modo feliz, que este idioma não tem expressões para
descrever. Se aproveitada, repito, ver-se-ão em breve completamente livres das
enormes preocupações que cercam os momentos mais felizes de sua vida terrena,
conduzidos que serão, homens e mulheres, aos planos de vida onde só os
Espíritos de Luz podem viver.
Vindo hoje vos dizer estas palavras, filhos
meus, no cumprimento de uma missão que me foi entregue pelo Nosso Amado Jesus,
secundando a palavra de outros elevados mensageiros seus, eu tenho a firme
esperança de estar falando a corações já perfeitamente preparados para receber
e entender as minhas palavras. Seria realmente para deplorar que nesta altura
do Século XXI em que tanto progrediram as ciências na Terra, não se houvesse
registrado igualmente o progresso moral da humanidade atual, constituída, posso
dizê-lo, por Espíritos que aqui têm vindo vezes inúmeras num período não
inferior a uns doze ou quinze milênios, exatamente em busca desse tipo de
progresso.
A propósito, e para que melhor possais
compreender-me, quero dizer a todos os meus leitores ocasionais, que todos vós
aqui estivestes muito antes, durante e após a vinda do Senhor Jesus ao planeta
em corpo físico. Exatamente, filhos meus, todos quantos encontram-se
presentemente na Terra, são parte uns, e testemunhas outros, de todos os
acontecimentos verificados na Terra e se encontram registrados na vossa
História. Não estranheis, pois, que eu vos diga que os fatos verificados no
passado mais remoto tenham sido provocados por muitos dos viventes atuais,
quando em posições ocasionais de mando, cujo relato hoje poderia
horrorizar-vos. Reis, príncipes, imperadores, chefes absolutos de várias nações
e tribos humanas que povoaram a Terra nesses longos milênios, fostes vós mesmos
que hoje vos encontrais na Terra, aqui tendo vindo antes em diversas espécies
de encarnações, algumas delas duramente vividas. Horrores, violências,
injustiças e toda a sorte de punições impostas pelos potentados de outrora aos
seus governados ou mesmo adversários de outras nações, já as purgastes quase
todas neste mesmo plano de vida, onde de século em século quase todos vos
encontrastes.
Sabeis através da Lei de Causa e Efeito que
nenhuma infração às leis do amor deixa de ser punida no seu devido tempo,
embora o homem não se dê conta disso quando na Terra. Seu Espírito porém o
sabe, porque ao descer a Terra para cada nova reencarnação, ele tem diante dos
olhos todo o quadro de suas vidas passadas, comprometendo-se a apagar em cada
nova existência terrena, uma, duas ou até a totalidade das manchas negras nele
existentes. E dessa forma se explica aos vossos corações a razão de nascerem
crianças mutiladas, defeituosas, anormais enfim, quando o estado saudável de
seus progenitores só deixava prever o nascimento de filhos absolutamente
sadios. Estou revelando-vos uma parcela da verdade que explica numerosas dessas
anormalidades que conheceis, as quais não devem ser atribuídas absolutamente a
nenhum descuido da Providência Divina. Existe para cada caso uma explicação
verdadeira, que qualquer de vós poderá comprovar mais tarde no plano a que for
conduzido após largar na Terra esse fardo de carne que formou e conduz na
presente existência.
Isto posto, posso contar então com a vossa
compreensão para o que venho dizer-vos, meus filhos, no sentido de que não
deixeis fugir esta oportunidade que se apresenta, para alcançardes a vossa
redenção total como filhos obedientes que tendes sido em numerosas vidas
terrenas. Se desejardes penetrar um pouco no vosso passado para poderdes aferir
do quanto haveis purgado neste mundo os vossos erros milenares, eu vos
aconselho a que mediteis sobre isto ao deitar-vos mas recomendo-vos que vos
prepareis para ver talvez horrores capazes de causar abalo na vossa
tranqüilidade de hoje. Podereis fazer isto a título de curiosidade, mas
amparai-vos antes no Senhor para que possais fugir prontamente ao assunto,
quando certos quadros do vosso passado se vos apresentarem. Por exemplo: pode
suceder que se mostre uma cena em que, após lutardes valentemente com um vosso
semelhante e o abaterdes, vos entregastes à consumação dos despojos, numa
atitude canibalesca que o vosso progresso atual já não suporta. Ou então,
poderá mostrar-se esta outra cena igualmente desagradável nos dias atuais: vós,
senhor absoluto de um povo tímido ao qual vosso reinado explorava desde os
trabalhos da guerra aos próprios bens de consumo, por uma simples desobediência
forçada não raro pela própria sobrevivência, vós, senhor absoluto desse povo
pelo jugo que lhes impunhas, mandastes vir à vossa presença, homens, mulheres e
crianças maltrapilhos e quase mortos de fome, acusados de desobediência ao
vosso mando, e tranqüilamente, alegre até, assististes ao chicoteamento de
todos até à prostração. Era para exemplo dos outros, dizíeis, que se ordenara
esse tipo de punição. Desejais certificar-vos disso? Pedi-o em vossa meditação.
Tranqüilizai-vos porém, filhos meus, porque
aqueles de vós que tais barbaridades houverem ordenado, já as resgataram
completamente através de vidas e vidas vividas na Terra em várias
circunstâncias. Para encurtar este relato eu vos direi que aquele que matou,
foi morto de igual maneira; o que chicoteou, foi chicoteado; o que feriu, foi
ferido nas mesmas circunstâncias, de maneira que hoje podereis considerar-vos
Espíritos já despidos de todos aqueles crimes, por havê-los resgatado no
próprio solo em que tenham sido cometidos.
E assim sendo, chegado é o tempo de todos se
prepararem para a viagem de regresso ao plano espiritual de onde desceram à
Terra, devendo fazê-lo então, não mais na categoria de Espíritos em prova de
resgate, porém na categoria de Espíritos livres, por se haverem integrado nas
leis do amor e da fraternidade.
E o que faltará então? — perguntareis vós.
Apenas a vossa inscrição definitiva na categoria de Espíritos do Senhor,
pondo-se em contato com o Senhor do Mundo, para receber cada um em seu coração
as bênçãos e luzes que o Senhor lhes enviará cada dia ou cada noite em que a
Ele se dirijam. Isto é o que apenas falta a alguns encarnados da era presente,
ainda mergulhados no lodaçal dos interesses materiais que lhes ocupam todos os
momentos da vida. A esses eu direi que acordem já, enquanto há tempo de se
prepararem, visto haver sido dado já o sinal de partida dos operários do Senhor
para a transformação da estrutura planetária. A esses eu convidarei com a máxima
doçura das minhas palavras, e todos os anelos do meu coração, a que despertem,
abram os olhos espirituais, e se decidam pelo único caminho que podem seguir
com êxito, para alcançarem sua verdadeira felicidade — o caminho de Jesus,
Nosso Senhor e Mestre.
Vou relatar-vos sucintamente um fato
verificado há bem pouco tempo no Espaço, do qual todos podereis colher
ensinamentos úteis. Chegava da Terra um Espírito que em sua existência
recém-finda só se preocupava com os interesses materiais, com o pensamento
honesto de promover a tranqüilidade daqueles que a Providência Divina fizera
nascer em seu lar. Trabalhou, trabalhou durante várias décadas, para formar um
patrimônio capaz de proporcionar realmente a tranqüilidade econômica de seus
descendentes. Neste afã, o nosso irmão não teve tempo de cuidar de si próprio,
da iluminação do seu Espírito por meio da oração, da ajuda aos semelhantes,
porque sua única preocupação fora a família, proporcionando-lhe uma vida alegre
e feliz, despreocupadamente feliz.
Eis que a seu tempo nosso irmão teve de
regressar ao seu plano no Além, e esse passo sempre se cumpre sem delongas nem
apelação. Partiu ele então da Terra tal como havia descido, carecente da luz e
progresso espiritual que viera buscar, por não ter tido tempo de cuidar do
Espírito. Fora um desses irmãos dos quais muitos ainda existem na Terra, que
respondem tranqüilamente a quantos os convidam a meditar na vida futura, nos
interesses do Espírito: deixemos isso para depois; agora meus interesses são
outros... Nosso irmão também procedera assim, deixando de cuidar do
Espírito, porque o depois não houve, por haver sucumbido inesperadamente.
Imaginem porém os meus queridos leitores, o duplo desespero que desse irmão se
apoderou, apenas decorrido pequeno lapso de tempo no plano em que se encontrou.
A bela fortuna que tantos sacrifícios lhe custara, porque se transformara na
única preocupação de sua vida, facilmente se desfez entre os seus herdeiros
pelas divergências que entre eles se criaram, e rapidamente se diluía nos
postulados judiciários. Aqueles para quem o chefe tanto se empenhou em
trabalhar a ponto de se esquecer de si mesmo, pouco puderam aproveitar, porque,
segundo um sábio princípio espiritual, quando a fortuna, a riqueza, não é
transferida por direito divino, mas, apenas por direito humano, seus
beneficiários não chegam a prevalecer-se dela porque a mesma se esvai pouco a
pouco de suas mãos. Foi o que aconteceu ao nosso irmão: seus familiares não
possuíam merecimento para se tornarem possuidores da fortuna que herdavam, e
por isso ela se evaporava de suas mãos sob a contemplação melancólica de quem
tanto se empenhara na Terra em reuni-la.
Agora o outro lado da história, ou como
dizeis, o reverso da medalha. O nosso irmão desencarnado capacitou-se ao fim de
alguns anos de novamente no Espaço, graças aos ensinamentos ali recebidos de
seus Protetores, de haver perdido sua última existência terrena. Seus
familiares, tendo perdido quase todos a sua parte da bela fortuna então
herdada, cedo se esqueceram de quem tanto fizera pelo seu bem-estar, e nem se
lembravam de orar ao Senhor por ele. E tendo se ocupado toda a vida em juntar
dinheiro e bens, também ele não teve tempo de orar por si próprio, de meditar
sobre os motivos de sua existência mesma, nem sequer de agradecer ao Senhor a
proteção largamente recebida. Resultado: uma encarnação perdida como muitas,
inúmeras mesmo, tanto no passado como ainda nos dias que correm.
Se você, meu filho, que estas palavras lê,
suspeitar sequer que poderá encontrar-se em situação idêntica, por Jesus lhe
peço: não perca tempo! Ponha seu joelho em terra e eleve seu pensamento ao
Senhor, em meio a uma prece sentida no coração, e reconcilie-se enquanto é
tempo. Reconcilie-se já e já, com Nosso Senhor Jesus Cristo!
É o que de todo o coração lhe pede um
Espírito do Senhor, que passou ultimamente pelo solo terreno com o nome de
PONSON DU TERRAIL
Not.
biogr. — Pedro Aleixo, Visconde de Ponson du Terrail — 1829-1871 —
Romancista francês dos mais fecundos. Nasceu na vila de Montmaur, próximo de
Grénoble, tendo desencarnado na idade de 42 anos em Bordéus. Publicou numerosas
obras de grande sucesso podendo destacar-se dentre elas "As proezas de
Rocambole”, aparecida em 1859, cujo assunto Ponson desenvolveu magistralmente
em diversas partes e outras tantas continuações, com êxito igual. A certa
altura, considerando o assunto já demasiado prolongado, Ponson deu morte ao
personagem num lance em que este fora colhido sem remédio por seus
perseguidores. Para que fizera ele isto! Foi tal a onda de protestos por parte
dos leitores, que o Autor viu-se obrigado a produzir “A ressurreição de
Rocambole”, no volume aparecido em 1866, reeditado seguidamente. Ponson du
Terrail era sobrinho do general Toscano du Terrail, admitindo-se que seria
descendente de Bayard, “O cavaleiro sem medo e sem mácula”, Senhor du Terrail.
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