O Senhor do Mundo terreno que é o Senhor
Jesus de Nazareth, está profundamente preocupado com todos os seus guiados aqui
encarnados neste fim de ciclo, pelo desejo único que alimenta de poder conduzir
a todos, a seu tempo, aos planos a que pertencem, com o mínimo de sofrimento
moral ou material, em face da ação em curso para operar no solo terreno as
transformações necessárias.
Estas transformações, nunca serão de mais
repeti-lo, não foram improvisadas no Alto em face da maneira de viver dos
Espíritos presentemente encarnados na Terra. Elas obedecem a planos elaborados
com alguns milênios decorridos, tendo sido decididas desde quando ficou
estabelecida a promoção do mundo terreno a categoria de mundo espiritualizado,
no qual possam encarnar e viver Espíritos de grande evolução. Poderá parecer a
alguns dos atuais viventes na Terra, que a vinda ao solo terreno de Espíritos
já bastante evoluídos, possa considerar-se uma provável regressão à carne, de
quem tenha alcançado todos os méritos possíveis em suas passadas existências.
Eu explicarei então que assim não é, uma vez que a vida dos Espíritos não é
absolutamente uma vida contemplativa, porém uma vida de ação constante, através
da qual vão contribuindo com a sua parcela para o incremento do progresso
coletivo. O que talvez muitos estudiosos da evolução espiritual ainda não
tenham tido oportunidade de saber é que, quanto mais avançam os Espíritos na
senda do progresso evolutivo, maiores responsabilidades assumem perante o Pai
Celestial, a quem tratam de servir sempre melhor. Desta maneira, todos quantos
passaram pela Terra em vidas e vidas de aprendizado, e alcançaram o máximo de
experiência que aqui podiam alcançar, foram seguindo outros caminhos abertos à
sua frente, ao longo dos quais novas e bem maiores experiências puderam
adquirir.
Paralisado no Alto a ninguém é dado ficar,
mormente àqueles que se entregaram, por assim dizer, de corpo e alma aos
serviços do Nosso Amado Jesus, que é de todos os Grandes Espíritos aquele que
mais trabalha, em face de suas maiores responsabilidades. Nosso Senhor Jesus
nos fornece, a todos nós que o servimos devotadamente, um exemplo sublime de
trabalho na sua permanente dedicação ao bem-estar de todos os seus guiados
terrenos da presente, como de todas as gerações passadas.
O trabalho
espiritual, aliás, representa para todos nós, possuidores de certa
luminosidade, a nossa maior alegria, tão grata nos é a todos a missão de nos
dedicarmos por nossa vez ao bem-estar e ao progresso de todos vós, queridos
irmãos nossos, que vos encontrais ocasionalmente na Terra. Este fato, porém, o
de vos encontrardes presentemente movimentando um invólucro carnal para aqui
poderdes viver, não significa de modo algum qualquer grau de inferioridade a
muitos de nós que viemos falar-vos através destas páginas. Absolutamente,
irmãos e amigos queridos. Estou autorizado a dizer-vos que na Terra se
encontram atualmente e em todas as idades, Espíritos de grande luminosidade em
missão de serviço divino, embora disto não possam muitos deles recordar-se. Como
não existe nenhuma indicação exterior que possa identificar a maior ou menor
categoria do Espírito encarnado, porque a matéria bastante grosseira o impede,
sua presença, contudo, pode manifestar-se através de atitudes, procedimentos e
outras, não sendo difícil às pessoas experientes identificar esses Espíritos.
Poderei deixar convosco uma regra, mediante a qual, qualquer de vós poderá
identificar entre as pessoas de seu conhecimento a presença de Espíritos já
bastante evoluídos, e por isso possuidores de grande luminosidade. Esta regra
pode ser apresentada da seguinte maneira: toda vez que entre as pessoas de
vossas relações encontrardes alguma que se demonstre verdadeira amiga dos princípios
de justiça para com o semelhante, interferindo ou agindo sempre que necessário
em favor daqueles que a seu ver estiverem com a razão, mas o faça de modo
persuasivo e jamais pela violência, nessa criatura existe, evidentemente, um
Espírito bom, evoluído, luminoso, destes que reencarnaram exatamente para se
tornarem mediadores entre os nossos irmãos terrenos.
Há, porém, outros casos a identificarem a
presença de Espíritos evoluídos entre os encarnados. São, dentre outras, as
pessoas que se privam, não raro, de certas regalias, para poderem proporcionar
ajuda a seus irmãos menos afortunados, concedendo-lhes por vezes mais do que o
supérfluo para lhes minorar a situação. Estas pessoas, nós os desencarnados as
identificamos prontamente como enviadas do Senhor a Terra em missão de serviço
divino, e assim agem por impulso interno que as leva a servir, ou mesmo a
socorrer o semelhante com o que puderem, na certeza de que o pouco com Deus é
muito e jamais lhes fará falta. Mas ainda posso referir uma outra classe dessas
pessoas dedicadas ao semelhante, dentre inúmeras que poderia citar.
Esta classe todos vós
já a identificastes mais de uma vez. É uma classe de pessoas que se sentem
movidas por sentimento estranho, sempre que à sua roda sucedem casos de socorro
urgente, em casos de doença ou acidentes com terceiros, que elas podem conhecer
ou não. Em casos tais, podereis ver esta classe de pessoas a agir, a tomar
providências em favor do necessitado, a custear seja o que for de urgência no
sentido de lhes minorar o sofrimento, ou de sua remoção para onde possam
receber o tratamento ou assistência de que careçam. Estas pessoas estão
desempenhando apenas uma missão que trouxeram, e o fazem sempre com o
esquecimento de si mesmas, objetivando apenas a assistência, o socorro ou o
bem-estar do próximo. Todos vós haveis de recordar algum caso em que a
disposição e eficiência de algum irmão nestas condições, tenha despertado a
vossa simpatia e até admiração. Aí se encontra, por conseguinte, encarnado, um
Espírito de Luz sob a aparência humilde da pessoa humana, que é, em verdade, um
emissário do Senhor Jesus.
Ao contrário disto, deveis ter observado a
roda de curiosos que sempre se forma em torno de algum acidentado na via
pública, simplesmente para observar, para contemplar o espetáculo do sofrimento
alheio, mas simplesmente para isso, sem qualquer idéia ou disposição de
intervir para prestar assistência. Estes irmãos, a grande maioria, não devem
ser criticados por essa atitude. São Espíritos mais novos, ainda falhos de
experiência, são, mesmo, permiti-me a comparação, botões de rosa em processo de
crescimento, nos quais ainda se não desenvolveu a célula do perfume, a qual
terá de aguardar alguns dias de sol para se manifestar com o descolar das
pétalas. Estes irmãos, pela sua atitude meramente contemplativa, também
necessitam de mais algumas encarnações — novos dias de sol — para que os seus
belos sentimentos de amor ao semelhante possam neles despertar.
Vedes pelo que aí fica, irmãos queridos, que
a população atual da Terra, assim como a de todos os tempos decorridos, está
mesclada de Espíritos de diversas categorias, produto de suas experiências
passadas. Uns manifestam prontamente sua disposição de servir e ajudar o
semelhante, sem que isto dependa de qualquer esforço para assim procederem.
Esse belo sentimento de ajudar e servir é inato em seus corações, e se desperta
ao primeiro choque emocional produzido pelo sofrimento ou necessidade premente
do semelhante. Esses Espíritos podem ser comparados à chama que se encontra
materializada na cabeça de um fósforo. Friccionando-a no atrito da lixa que vem
na caixa, ela se apresenta viva, forte, para o que for necessário. O atrito no
caso, a despertar a luz espiritual envolvida pela matéria que cerca os Espíritos
encarnados, é o sentimento de solidariedade humana já bastante desenvolvido em
seus corações, e assim se desperta com a mesma rapidez do riscar de um fósforo
da imagem precedente.
Isto posto, meus queridos irmãos, entre quem
eu conseguirei identificar uma verdadeira multidão de fósforos espirituais,
permiti-me a comparação, peço-vos a vossa atenção para o que acabo de
descrever, esforçando-vos vós todos no sentido de que Nosso Senhor Jesus possa
identificar em breve, somente missionários seus em quantos Espíritos se
encontram encarnados na atualidade.
Isto, quero bem frisar, não visa
exclusivamente ao objetivo de proporcionar alegria ao Senhor Jesus; visa muito
mais do que isso, proporcionar felicidade a quantos assim procederem,
felicidade que se iniciará na presente existência e se completará por ocasião
do vosso regresso ao mundo espiritual a que pertenceis.
Eu bem sei que uma tal disposição não se
improvisa, porque deve partir da existência de sentimentos que se vão formando
ao longo de muitas encarnações, assim como o médico, o engenheiro, o advogado e
todos os portadores do grau universitário se prepararam devidamente para
obtê-lo. Se, porém, incutirdes em vosso belo coração o desejo de vos tomardes
também emissários do Senhor Jesus na Terra, e cultivardes este desejo com amor,
vereis que o panorama atual da vida terrena se modifica para vós, perdendo
lentamente aquele aspecto anterior de lutas e provações desnecessárias, para se
transformar num panorama de aprendizado espiritual para todos os viventes,
cumprindo cada qual a sua tarefa: uns a trouxeram um pouco mais difícil do que
outros, porque estes já desempenharam em vidas anteriores a sua parte mais
árdua. E aqueles que aqui se encontram vencendo obstáculos bem mais fáceis de
vencer, darão então sua ajuda, sempre que puderem, aos irmãos que dela
necessitem, na certeza que aqui lhes dou de que o farão igualmente em seu
próprio benefício. Esta lei de ajuda é também uma lei divina, que tanto
beneficia a quem recebe como a quem dá. E aqui se explica o fundamento daquele
conceito milenar que conheceis, de que quem dá na Terra aos pobres empresta a
Deus no Céu. A razão é exatamente a que acabo de expor. Dando na Terra aos
necessitados — os pobres — o homem está praticando uma verdadeira obra de
misericórdia, da qual decorre um benefício igual para si mesmo, que se traduz
em luminosidade para o Espírito. Ao regressar a seu tempo ao seu lar
espiritual, aquele que houver praticado a misericórdia — a caridade mesma —
para com o seu semelhante, surpreender-se-á com a recompensa que lhe reservou o
Senhor, abrangendo capital e juros bem acrescentados.
Quem dá na Terra aos pobres
empresta a Deus no Céu
Praticai este belo preceito, irmãos queridos,
enriquecendo-vos de intensas luzes espirituais através de sua prática. Assim
vos pede para o vosso próprio progresso, este irmão e amigo que deixou na Terra
o humilde nome de
DOSTOIEVSKY
Not.
biogr. — Fédor Mikhailovitch Dostoievsky — 1821-1881 — Romancista -russo
dos mais apreciados, com repercussão internacional. Diplomado engenheiro pela
Universidade de Petrogrado em 1843, Dostoievsky serviu um ano no Exército,
consagrando-se depois inteiramente às lides literárias. Seu primeiro romance, “Pobre
homem”, alcançou enorme sucesso. Publicou a seguir “Noites brancas” com
êxito igual ao primeiro. Formava-se por essa época certa agitação democrática
por parte da mocidade russa, objetivando a emancipação do camponês e a
liberdade de consciência. Dostoievsky integrou-se nesse movimento, sendo preso
e condenado ao fuzilamento, tendo, porém, a pena sido comutada em quatro anos
de trabalhos forçados na Sibéria. Esse fato e a doença abateram grandemente os
entusiasmos literários da juventude do notável romancista, levando-o a tomar-se
de um grande misticismo, preconizando a idéia da regeneração do mundo pela
difusão da doutrina de Cristo.
As
obras publicadas nesta segunda fase da vida de Dostoievsky, eram lidas com
avidez pelo seu mundo de leitores em repetidas edições. Dentre elas
destacam-se: “Casa dos mortos”, inspirada na prisão que sofreu, e a
seguir “Crime e castigo”, publicada em 1865, traduzida em quase
todos os idiomas. Outras obras sucederam a estas e com tal sucesso, que fizeram
de Dostoievsky um dos maiores escritores do seu tempo. Diz a crônica da época
que os seus funerais foram grandiosos, desusados, para um simples escritor. Um
decreto imperial conferiu uma pensão anual de 5.000 rublos à sua viúva, e ordem
para que os seus quatro filhos fossem educados à custa do Tesouro nacional.
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