Os desígnios humanos, projetados e cumpridos
desde o inicio da criação do homem, são tão perfeitos e tão sábios, que nada
tem sido necessário modificar no sentido de dar ao homem mais do que aquilo que
lhe foi atribuído e vem sendo cumprido através dos milênios. Os Espíritos
livres no Espaço conhecem de sobra esses desígnios e sempre prometem e desejam
cumpri-los ao pleitearem junto às Forças Superiores a concessão de uma nova
peregrinação no solo terreno, a fim de adquirirem ou aprimorarem as qualidades
morais de que necessitam para a sua ascensão a mais elevados planos do
Universo.
Sucede entretanto, e isto se tem verificado
em todas as épocas, que o envolvimento do Espírito pela roupagem carnal
peculiar ao mundo terreno, consegue fazê-lo olvidar aqueles seus compromissos
anteriores à encarnação, em face do que, uma vez firmado no solo terreno, o
Espírito facilmente se adapta aos costumes da maioria, e aqui permanece durante
anos seguidos sem qualquer resultado para o seu adiantamento espiritual. É certo
que no período em que o corpo se entrega ao sono cada vinte e quatro horas, o
Espírito é assistido pelos seus Protetores invisíveis, e por eles alertado
acerca do que lhe compete fazer no seu próprio benefício. Se um grande número
de Espíritos consegue recordar no dia seguinte os conselhos que recebeu durante
o sono do corpo e procura segui-los da melhor maneira, é certo que a maioria se
esquece completamente do que ouviu, porque os interesses materiais superam
neles os espirituais. Ao fim da encarnação acontece virem esses Espíritos a
lamentar profundamente, mas sem remédio, o esquecimento que deles se apoderou,
e o não aproveitamento de mais uma encarnação, às vezes tão dificilmente
conseguida.
Isto aconteceu durante milênios em todo o
planeta, e acontece ainda nos dias que correm a uma enorme percentagem dos
seres humanos. Sendo, porém, a presente fase da vida humana, como que decisiva
para quantos se encontram na Terra, decidiram as Forças Superiores sob a chefia
de Nosso Senhor Jesus, enviar ao meio terreno emissários a transmitir por meio
da palavra falada e escrita, uma série de conselhos e informações destinados a
despertar no Espírito encarnado a idéia da necessidade inadiável de retomar o
caminho e a prática de seu maior Interesse antes que certos fatos, ou melhor
dizendo, certos fenômenos se positivem.
Esses conselhos e essas informações aí estão
grafados nos livros do Irmão Thomé e nas páginas deste, tendo Nosso Senhor
determinado que aqui viessem tantas Entidades a redigi-lo, quantos sejam os
seus capítulos. Convidado também pelo Senhor Jesus, aqui se encontra um de seus
menores servidores para grafar este capítulo, com o objetivo, ainda, de
comprovar perante os menos crédulos que o que morre não é jamais o Espírito,
mas apenas o corpo. O Espírito, ao terminar a sua encarnação em cada viagem a
Terra, segue o caminho do plano espiritual a que pertence, do qual se deslocou
para cumprir uma nova peregrinação terrena.
Pena é que numerosas escolas filosóficas
persistam em ensinar erradamente aos seus adeptos que o Espírito — a alma — é
criado para ocupar o corpo desde o nascimento, e dele se afasta para sempre
após o fenômeno da morte. Puro engano esse, e altamente prejudicial à evolução
de cada um. Ensinando assim erradamente à criatura humana que nada mais
encontrará além da morte do corpo, essas escolas estão contribuindo para a
estagnação dos Espíritos, tirando-lhes todo o estímulo a se devotarem à
preparação de uma próxima reencarnação, após o necessário estágio nos planos do
Além. Mediante esse princípio tão difundido na Terra, poucas criaturas se
esforçam pela prática de obras capazes de a ajudarem em seu regresso ao mundo
espiritual, porque desconhecem toda a beleza de uma vida inteiramente devotada ao
bem e ao amor do próximo, como sementeira de luzes e bênçãos para si própria no
mundo espiritual.
Para comprovação do que digo, encontrais
reunidos neste volume capítulos redigidos por Entidades que a história humana
registra como viventes desde o primeiro século do nascimento do Senhor Jesus na
Terra, fato que o resumo biográfico que lhes segue pode elucidar. Ora, essas
Entidades que em tão longas eras se destacaram pelo esforço despendido em suas
vidas pelo bem do próximo, não poderiam ter sido criadas na ocasião do seu
nascimento na Terra, com todo o seu saber de que deram provas, sendo este o
resultado de muitas e muitas vidas anteriores, todas elas vividas na Terra
desde tempos imemoriais. O saber demonstrado pelo homem em cada uma de suas
vidas terrenas não é senão o resultado das experiências acumuladas em vidas
anteriores. O Pai Celestial não criaria tal desigualdade de Espíritos para
ocuparem uma única vez um corpo humano, concedendo a uns idéias, inteligência e
possibilidades extraordinárias, enquanto recusaria os mesmos dons a outros
filhos. Deus não enviaria a Terra com a mesma idade espiritual, filhos com a
missão de dirigir, governar frações da população terrena, dispondo de recursos
e meios excepcionais, enquanto a outros nada mais concederia além da obrigação
de servir e obedecer àqueles, uma existência inteira.
Todos os Espíritos foram criados nas mesmas
condições e com iguais possibilidades. Uns conseguem avançar mais depressa no
caminho do seu aprimoramento, graças a uma boa orientação recebida da parte de
seus genitores, mestres ou companheiros de jornada terrena, despertando suas
qualidades latentes em benefício do seu mais rápido progresso espiritual.
Outros, por motivos óbvios, como que estacionam durante encarnações seguidas,
só muito lentamente alcançando os objetivos com que vieram àTerra. Isto sucede,
aliás, em vossas escolas terrenas: há nelas alunos que se destacam, se
agigantam pelo estudo e dedicação ao curso, vencem os primeiros lugares, ao
passo que outros, muitos infelizmente, encaram as matérias com certa
displicência, e só as vencem como uma obrigação imposta pelos seus maiores.
Assim pois, deveis convencer-vos de que todos
vós tendes vindo à Terra seguidamente desde muito antes da era cristã, sendo
muitos de vós contemporâneos de quase todas as Entidades que assinam capítulos
deste livro. Todos nós que aqui viemos para o mister de colaborar em VIDA NOVA,
verificamos encontrarem-se presentemente na Terra, provavelmente em sua última
encarnação, Espíritos já possuidores de grande luminosidade, e aqui se
encontram também em missão de dar exemplo de bom procedimento, de boa moral e
de espiritualidade aos demais. Estes Espíritos, pela sua evolução, são
extremamente modestos, vivem vida honrada e humilde, e sua palavra aborda
invariavelmente temas dos mais elevados. Há-os em todas as classes sociais:
entre os humildes como entre os doutorados, podendo os mais perspicazes
identificá-los pela bondade e renúncia de que freqüentemente dão provas. São
Espíritos missionários estes irmãos, também a serviço do Senhor. Eles podem ser
comparados a pequenas partículas luminosas entre um conjunto de areias mais ou
menos opacas, a demonstrar o grau a ser atingido por todos os grãos desse conjunto
de areias. Sua vida presente, antes de ter sido motivo de solicitação sua, terá
sido resultado duma solicitação do próprio Senhor Jesus a fim de iluminarem
pela ação, pela palavra e procedimento, a quantos no momento aqui se encontram
encarnados. Certo é que entre os leitores deste livro não poucos irmãos
missionários se encontram. Uns já terão posto em ação a sua superioridade moral
através dos seus atos e palavras, seja transmitindo a outros as suas
experiências, seja ajudando, orientando irmãos no caminho que lhes convém.
Outros muitos, porém, provavelmente adormecidos no envolvimento da carne
de que se acham revestidos, apenas contemplam o desenrolar da vida comum sem
nela intervirem com a sua experiência, luz e bondade de que são possuidores. É
então a estes irmãos que desejo dizer aqui algumas palavras que são as
seguintes:
— Meus queridos: vossa presente existência
terrena pode elevar-vos imediatamente àquela categoria espiritual que tanto
cobiçáveis quando no Alto, ao regressardes de vossa penúltima viagem a Terra,
quando pudestes constatar que vos faltam poucos degraus para alcançá-la.
Presenciastes muitos de vós, o galardoamento de vários contemporâneos vossos,
feito pelas próprias mãos do Senhor, com o qual puderam alçar-se àquela ambicionada
categoria. E todos vos entristecestes pelo fato de não vos encontrardes no meio
deles nessa ocasião, e com eles vos elevardes também na escala da
espiritualidade. Pois bem, meus queridos irmãos: a vossa oportunidade está
agora em vossas mãos. Depende exclusivamente da vossa determinação na vida
presente, para muitos a partir de hoje, ascenderdes em breve também àquele
luminoso plano a que todos aspiráveis ainda há pouco. Despertai já e já as
excelentes qualidades que em muitos se conservam adormecidas no âmago de cada
um, e movimentai-as com amor a serviço do bem comum da coletividade, porque o
fareis em verdade a serviço do Senhor. Como proceder? Bem facilmente irmãos
estimados. Necessário se torna, precipuamente, entrar em contato com o Senhor a
fim de receberdes do Divino Mestre as necessárias instruções. Dizendo
instruções estarei dizendo idéias, sugestões, modalidades de agir, que são
inúmeras em cada setor da vida humana. O contato com o Divino Mestre, segundo o
processo longamente divulgado nas páginas deste e dos livros do Irmão Thomé, é
a coisa mais fácil e agradável para cada um de vós, visto resultar de sua
prática uma concepção inteiramente nova da vida terrena, dando-lhe a medida
exata do que ela é. As idéias, sugestões e modalidades que tal contato vos
trará, habilitar-vos-ão a transformar-vos de simples seres humanos a viver
quase que automaticamente uma nova vida terrena, em vos sentirdes imediatamente
Espíritos fortes, valorosos, capazes de operar até verdadeiros milagres, pela
concentração e emprego de recursos até agora esparsos ou desperdiçados ao longo
dos vossos dias decorridos. Vós todos que estas linhas estudardes, eu vo-lo
afirmo sinceramente, podeis tornar-vos ainda na presente encarnação autênticos
mensageiros do Senhor Jesus a serviço da coletividade a que pertenceis.
Eu vos asseguro igualmente, por estar para
isso devidamente autorizado, que nenhum dos pensamentos de ajuda, súplica ou de
auxílio que na hora certa dirigirdes ao Senhor Jesus, nenhum deles será desprezado
ou desatendido. Nosso Senhor que me incumbiu de vos falar desta maneira, anseia
por ver elevarem-se à categoria a que acima me referi, em seu regresso ao mundo
espiritual, todos os Espíritos cursando presentemente esta escola terrena.
Assim pois, meus queridos, não existe nenhum obstáculo para que todos vós
alcanceis a vivência espiritual a que fizerdes jus, o que fareis já então
portadores do almejado galardão que constitui o preço do ingresso de cada um.
Lá, nesse plano a que em breve ascendereis,
várias surpresas das mais agradáveis vos ocorrerá. Uma delas será o encontro
com amigos milenares de muitas vidas contemporâneas, os quais, pelo empenho com
que aqui se devotaram ao serviço do Senhor, lograram há muito a sua elevação a
esse plano de vida. Lá se hão de encontrar certamente, e alegremente vos
receberão, Entidades que foram vossos progenitores, vossos filhos, vossos
irmãos consangüíneos, e não poucos afeiçoados e grandes amigos feitos durante
milênios de vidas vividas neste planeta de lutas e sofrimento. Dizendo-vos
estas palavras redigidas, com o meu coração, para atender ao pedido do Nosso
Senhor Jesus, sinto-me envolvido numa onda de amorosas vibrações que delas se
desprende ao serem grafadas no papel, as mesmas que hão de envolver a todos vós,
queridos irmãos, ao experimentardes pôr em prática o que minhas palavras
traduzem.
Que Nosso Senhor vos ilumine com sua Divina
Luz, e em breve vos encontreis no tão desejado plano espiritual, são os votos
sinceros e ardentes deste vosso irmão e amigo
JACQUES MONT-SAINTE
Not.
biogr. — Escritor e filósofo francês do século XVIII. É de admirar que as
enciclopédias não lhe registrem o nome e as obras que escreveu, que foram
várias. É uma Entidade de grande luminosidade, muito estimada no mundo
espiritual, inteiramente devotada ao serviço de Jesus, de quem recebeu convite
para colaborar nesta obra.
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