Desejo apresentar aqui às
minhas queridas leitoras e estimados leitores um assunto de grande interesse
para todos, não apenas enquanto estiverem vivendo a vida terrena, como também
quando chegar o momento de retornarem à vida espiritual. É um assunto que toca
particularmente à alma de cada um, devendo por isso contribuir bastante para a
sua maior tranquilidade e felicidade. Desejo tratar então da maneira pela qual deverá
cada alma encarnada preparar desde a Terra a sua ascensão aos planos mais
elevados do mundo espiritual.
A vida terrena, já o sabem
todos os leitores das obras espiritualistas, tem por objetivo máximo o
aprimoramento das qualidades morais das almas que obtiveram permissão para vir
à Terra, e isto deve ser conseguido através de uma existência mais ou menos
longa, em contato com outras almas também encarnadas. Há necessidade, portanto,
do desempenho de atividades de ordem material para a obtenção dos meios de
subsistência do corpo, já que a alma ou Espírito não necessita de outra espécie
de alimento além da prece diária. É, pois, no desempenho das atividades
materiais que as almas ou seres humanos devem tratar de aprimorar suas
qualidades morais, o que vale dizer aprimorar e dar provas de suas virtudes.
Para isso eu desejo deixar aqui os princípios por meio dos quais todas as
filhas e filhos facilmente alcançarão grande progresso na Terra.
Sabendo-se inicialmente que
compete à alma a faculdade de pensar, raciocinar e agir no plano terreno, e que
o corpo apenas executa aquilo que a alma lhe determina, segue-se que a idéia
que a alma deve ter sempre presente em suas atividades diárias, é a de que
todas as suas ações nesse terreno produzem um reflexo, uma consequência em sua
vida e felicidade, não apenas neste plano, mas igualmente na sua vida
espiritual. Assim sendo, cabe à alma raciocinar tranquilamente no desempenho de
suas tarefas materiais, a fim de que nada ocorra em contrário aos princípios da
maior correção moral, seja qual for o setor de suas atividades. Tendo presente
a necessidade de obediência constante àqueles princípios, e agindo nesse
sentido, estarão as almas encarnadas palmilhando na Terra o caminho certo e seguro
que lhes há de permitir desenvolver as suas belas qualidades morais, e também o
seu poder magnético, que lhes permitirá a realização de grandes e úteis
objetivos.
Já sabem igualmente as
leitoras e os leitores deste livro, pelo que já adquiriram através de outras
leituras especializadas, que se encontram bem perto das almas encarnadas na
Terra, outras almas incumbidas de as acompanhar, ajudar e proteger contra os
perigos invisíveis e outros mesmo visíveis, mas igualmente incumbidas de anotar
em detalhes a maneira pela qual aqui se desempenham de suas tarefas, do que
resultará o próximo futuro dessas almas. Eu fornecerei em seguida, para uso das
minhas filhas e filhos terrenos, uma chave que muito os ajudará na sua vivência
atual, abrindo-lhes todas as possibilidades futuras. Esta chave consiste em
terem sempre presente em todos os seus atos ao longo da presente existência,
que o Senhor Jesus estará presente onde quer que se encontrem, com o propósito
de anotar os seus pensamentos registrar suas palavras e conversas, para deles ajuizar
sobre o mérito de cada alma encarnada. Tal seja, por conseguinte, a maneira de
agir, o comportamento, pensamentos e atos das almas assim assistidas pelo
Senhor, maior poderá ser a ajuda recebida em suas atividades, ou, o que seria
para lamentar, o abandono das almas à própria sorte. Procedendo, entretanto,
como ficou dito acima, cientes da presença do Divino Mestre ao lado de cada
alma encarnada, fácil lhes será ajuizar do que pode agradar ou desagradar ao
Senhor, e, portanto, o que deixarão de fazer. Isto que aqui vos deixo minhas
filhas e filhos queridos, é algo de muito importante em vossas vidas atuais, e
de belas consequências em vossas vidas futuras. Se, ao tentardes empreender
seja o que for, vos dispuserdes a refletir um instante acerca de como o Senhor
apreciaria o vosso empreendimento, prontamente vos ocorrerá a resposta certa à
vossa reflexão e podereis então decidir acertadamente. Se assim procederdes,
submetendo antecipadamente à apreciação do Senhor tudo quanto desejardes
empreender ou praticar, e se agirdes segundo a resposta recebida no vosso
coração, então eu vos asseguro de antemão as maiores alegrias ao longo da vossa
vida terrena, e a plena felicidade espiritual ao retornardes ao vosso plano no
Além. Isto que sugiro custa bem pouco, porque apenas um instante de reflexão e
nada mais. Mas isso feito, deveis obedecer ao sentido da resposta recebida do
Senhor e agir de acordo, porque agindo de modo contrário, decerto muito vos
arrependereis.
Em seguida vamos conversar
um pouco ainda sobre a vida e as coisas do Além, assunto que me parece
despertar grande interesse em vossas almas. Para hoje eu direi algo mais a
respeito da visita daquelas almas juvenis da qual tratei em dois capítulos
anteriores. Prosseguirei então na descrição do passeio que lhes proporcionei ao
belo parque celeste, do qual todos estais lembrados. Deixando para trás o
imenso lago, o governante sugeriu visitarmos o vale das orquídeas um pouco
adiante, para que as minhas visitas juvenis pudessem apreciar algo de maravilhoso
para elas. Tomamos então a nossa condução e em questão de segundos descíamos
numa planície situada no centro de um vale de grandes dimensões, todo
arborizado de belas essências. Os nossos ouvidos foram tocados prontamente pelo
gorjeio suave e harmonioso de alguns milhares de aves pousadas nas árvores, e
muitas delas no meio da grama colorida ao longo do vale, parecendo-nos que
aquele gorjeio assim de conjunto era bem uma saudação que as aves nos dirigiam
pela nossa presença. Eu devo confessar que também me considerava em visita
àquele sítio, não me recordando de quando lá tivesse ido anteriormente.
Bastante ocupada nas minhas tarefas de atendimento aos milhares de pedidos que
me chegam diariamente de todas as regiões deste pequeno mundo terreno, pouquíssimas
vezes eu me afasto do meu posto para percorrer o nosso — meu e também vosso —
belo parque celeste, onde poderíamos permanecer muito tempo em apreciá-lo.
Saudadas assim tão alegremente pelo canto daqueles milhares de aves amigas,
dirigimo-nos a convite do governante do parque ao setor das orquídeas, cuja
cultura ocupa uma extensão que não me atrevo a avaliar, mas que eu considero
uma área de quatro a seis quilômetros quadrados. Informou-nos o governante do
parque, que aquele tipo de flores constitui a sua maior alegria, pela beleza e
originalidade de muitas daquelas espécies. Minhas visitas mostravam-se
verdadeiramente encantadas na contemplação das belíssimas orquídeas que seus
olhos admiravam. O governante ia-nos informando acerca da originalidade de
muitas delas.
— Estas aqui, já me conhecem
tão bem, que atendem prontamente ao que eu lhes digo. Vou pedir-lhes, por
exemplo, que recolham suas bonitas pétalas por um instante, como uma saudação
às visitas.
Ele fez o pedido numa
linguagem tão meiga, alegando a qualidade das visitas ali presentes, a quem as
belas orquídeas deviam saudar recolhendo por um instante as suas pétalas. Numa
fração de segundos isto aconteceu, apresentando-se-nos o belo espetáculo de
numerosas daquelas lindas flores de pétalas enroladas sobre si mesmas. Parece
realmente incrível que isto possa acontecer; dificilmente acreditável em
verdade, mas aí tivemos oportunidade de poder avaliar o grau de evolução em que
já se encontram determinadas espécies do ramo vegetal. Passados alguns
segundos, eis que novamente se distendem as belíssimas pétalas daquelas
orquídeas, voltando ao estado anterior, expostas ao calor dos raios solares. Minha
emoção foi tal ao contemplar tão belo espetáculo, que eu me curvei e beijei
algumas delas em reconhecimento e testemunho da minha alegria.
Eu pedi ao governante do
parque que mostrasse às minhas jovens visitas o que mais houvesse nesse setor
que pudesse proporcionar-lhes novas alegrias naquela manhã primaveril. Ele
conduziu-nos então um pouco mais além para nos mostrar algo de inteiramente
novo para todas nós. Mostrou-nos o governante do parque, numa longa depressão
do vale inteiramente separada do setor das orquídeas, uma população incontável
de pequenos seres animais, numa movimentação constante, em idas e vindas, numa
harmonia de quem realmente se entende e estima. Imediatamente pudemos
identificar a espécie daqueles pequenos ornamentos da classe animal. Eram o duplo
etéreo dos delicados coelhinhos que conheceis na Terra, e que ao perecerem às mãos dos caçadores ou nas garras de outros
animais, voam também para o Alto em direção ao seu próprio núcleo. Minhas
visitas sentiram-se surpresas com o fato, porém o governante do parque logo
lhes satisfez a curiosidade explicando:
— Todo animal, por mais
ínfima que seja a sua classe, possui um duplo etéreo, que é o elemento
instintivo que lhe dirige o corpo físico. Não podemos chamar-lhe Espírito,
porque em verdade ainda não o é. É, portanto, um duplo etéreo da classe a que
pertence, na escala evolutiva em que ainda se encontra. Cada vez que se
verifica no mundo físico a interrupção da vida animal do corpo, o duplo etéreo
se eleva em direção ao núcleo que pertence. Desta maneira é que recebemos aqui
quase diariamente numerosos destes seres, que regressam ao núcleo que aqui está
fixado. Também regressam diariamente à Terra muitos destes pequenos seres,
atraídos pela vibração projetada pelo ato de fecundação que lá se operou. Desta
maneira esta população se renova constantemente desde séculos com suas idas e
vindas da Terra.
Nesta altura da explicação
do governante, uma das jovens visitas pediu permissão para fazer uma pergunta,
no sentido de saber se além dos coelhos, também retornariam àquele plano os
duplos etéreos de outras espécies de animais. Eis a resposta do governante do
parque:
— A lei que preside ao
regressos até nós desta espécie animal preside ao regresso de todas as demais
espécies em iguais circunstâncias. Tal
seja a permanência das minhas belas jovens neste plano, eu terei a maior
alegria em levá-las a vários outros setores, nos quais poderão contemplar
numerosos exemplares do famoso e temido leão e outras espécies afins.
— Ah! Leões não desejo
visitar! Tenho muito medo de leões! — declarou prontamente a jovem visita.
O governante, porém, logo
esclareceu, dizendo:
— Os leões que voam para aqui no seu duplo
etéreo, minha querida, não trazem a sua ferocidade tão temida no plano físico.
São mansos, pacíficos. Apenas um pouco desconfiados a princípio. Ao receberem
porém a nossa vibração amiga, suave, impregnada do nosso sentimento amoroso
para com eles, logo se aproximam de nós e até nos proporcionam oportunidade de
os afagarmos.
— Eu não, não teria coragem
de afagar um leão! Deus me livre deles! —
foi a reação da jovem visita à explicação dada pelo irmão
governante.
— Mas teremos outras
espécies de animais que as queridas irmãs hão de gostar de apreciar. Temos aqui
muito belos leopardos, completamente inofensivos, lindos gatinhos de espécies
bastante raras na Terra, muitos daqueles de pêlos sedosos inteiramente brancos,
tão estimados quanto mimados no plano físico; temos aqui os mais belos visons
do mundo terreno, de cujas lindas peles lá se utilizam as grandes damas à custa
da vida dos coitadinhos. Temos no setor respectivo muitos milhares de espécies
animais que eu terei a maior alegria em vos mostrar durante a vossa presença
neste plano, como hóspedes de nossa muito querida Mãe Santíssima, que por sua
vez também não teve ainda oportunidade de visitar esses setores do nosso plano.
Nossa jovem visitante
concordou então em visitar esses setores povoados de animais que viveram na
Terra, com exclusão, porém, fez questão de frisar do setor dos leões,
lembrando-se do quanto se tornam ferozes no mundo terreno.
Como tivéssemos caminhado
bastante a esta altura do nosso passeio, decidimos regressar ao ponto de
origem, donde me chamavam em pensamento os meus assessores para atender certo
pedido chegado da Terra, com caráter de urgente. Respondi mentalmente que me
apressaria em regressar, e transmiti daquele mesmo local algumas instruções
acerca de como procederem desde logo até à minha chegada. Regressamos pois, ao meu posto de
serviço, por meio da condução que nos aguardava no vale das orquídeas. Minhas
jovens visitas estavam imensamente felizes com o passeio, e até maravilhadas
com o que haviam podido visitar. Dos fatos verificados, os que mais as
impressionaram haviam sido: o gosto dos peixes pela música através das canções
do governante do parque, a flor que entendia e respondia a perguntas, e por fim
o fenômeno evidenciado pelas belíssimas orquídeas, recolhendo suas pétalas em
sinal de saudação às almas visitantes.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.
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