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As horas, os dias, os meses e anos que
separam os habitantes da Terra do início de um novo ciclo de civilização, devem
ser vividos por todos os seres humanos como se raridade fossem em sua vida
atual. Qualquer desperdício verificado nestas frações de tempo representará
para cada um que as desperdiçar uma perda bastante sensível para a sua evolução
espiritual.
Efetivamente, como foi dito e redito em
páginas anteriores, aproxima-se uma fase inteiramente nova para a Terra, uma
fase como nenhuma outra jamais aqui se verificou em toda a sua existência de
mundo habitado. E como não poderia deixar de ser, as modificações a se operarem
em todas as latitudes deste pequeno plano físico de vida, hão de atingir a
quase totalidade dos seus atuais viventes, muitos dos quais se encontram já em
final de encarnações promovidas pelos fenômenos telúricos a se manifestarem no
solo terreno nos próximos anos. E assim devendo suceder em virtude desses
fenômenos, resta saber se todos os seres humanos do presente se encontrarão em
condições de regressar aos seus planos de origem. De um exame procedido no
Alto, constatou-se que uma grande maioria de Espíritos presentemente encarnados
se tem descuidado desta particularidade, por se haverem ocupado até agora
exclusivamente com os seus interesses materiais.
Na hora presente não interessa mais às Forças
Superiores que dirigem a vida humana na Terra, se este ou aquele filho são
adeptos desta ou daquela religião, se praticam ou não os seus preceitos, ou se
conservam afastados de todas para se dizerem apenas ateus. Esta fase já foi
transposta desde muito, não cabendo mais nenhum esforço de catequese, porque a
ordem foi dada no sentido de iniciar-se sem mais demora a fase de transformação
da Terra, e isto importará, sem nenhuma dúvida, na partida de irmãos de todas
as crenças religiosas, assim como dos que as não tenham.
Há entretanto um recurso para quantos
desejarem transpor a fase transformatória que se aproxima, de Espírito
tranqüilo, quer tenham de regressar ao seu plano de origem quer tenham de
permanecer por mais tempo no solo terreno. Esse recurso já o conhecem todos os
leitores, porque tem sido o objetivo de quantas Entidades me precederam na
confecção deste volume, que é o recurso da oração ao Senhor Jesus, que está
atento aos acontecimentos e às necessidades dos seus guiados terrenos.
Eu me ocuparei então de assunto bastante útil
quanto interessante para o desenvolvimento espiritual dos meus estimados irmãos
leitores. Eu me ocuparei em vos transmitir apenas um novo detalhe da vida
espiritual, pelo qual todos ficareis conhecendo algo mais acerca da vida no
Além, de onde todos temos vindo a Terra e a ela regressado um grande número de
vezes nos milênios decorridos em nosso aprendizado espiritual. Falarei então da
maneira pela qual todas as almas que regressam da Terra se integram novamente
na vida do plano a que pertencem, e dos deveres que nele assumem apenas
terminado o período de repouso a que se entregam em seguida à sua
desencarnação. Havendo como há realmente um plano de vida perfeitamente
organizado no Além, plano em que cooperam todos os Espíritos que nele habitam,
eu vos direi que aí encontram ocupação remunerada todas as almas que o povoam.
Existe ali, por melhor dizer, todas as espécies de atividades que conheceis,
desde a indústria de vestuário, de calçado inclusive, à de alimentação e
construções, pois que, embora isto vos possa parecer fantasia, todas as almas
vivem acomodadas em habitações condignas, apresentando verdadeiros requintes de
arte e beleza como ainda se não conhecem na Terra. Nessas construções se
empregam milhares de almas ou Espíritos, de cujo labor retiram a paga que lhes
faculta a aquisição de sua própria residência, se a desejarem, assim como os
elementos de que carecem para a sua alimentação. Isto sucede, naturalmente,
àqueles que desejam ocupar o tempo em atividades remuneradas, vivendo uma
existência alegre, feliz, orando fervorosamente ao Pai Celestial nas horas
próprias, em que toda a população o faz.
Não quero com isto dizer-vos que não vivam no
Espaço também irmãos que se recusam a trabalhar seja no que for, dada a sua
nostalgia da vida terrena e só nela se preocupando as vinte e quatro horas do
dia. Assim procede a um não pequeno número de Espíritos que preferem nada fazer
e se conservam apáticos por anos e anos afora.
Quando chegar a vossa vez de regressardes ao
vosso plano de vida espiritual, o que acontecerá talvez pela milésima vez,
deparareis com um panorama já muito vosso conhecido, e muito vos alegrareis em
rever localidades e pessoas que lá deixastes ao descerdes para a vossa
existência atual. Devo acrescentar que encontrareis no vosso plano muito belas
lojas de vestuário, quinquilharias, objetos de utilidade constante, tudo muito
semelhante ao que existe na Terra e para todas as categorias espirituais.
Embora esta informação possa parecer-vos fantasiosa, eu repito que não o é
absolutamente.
Para vossa melhor compreensão eu lembrarei a
circunstância de ser a Terra um planeta ainda bastante atrasado, e no entanto
aqui se encontram instituições de várias finalidades que não são senão cópias
grosseiras das que existem no Espaço, ou seja no plano espiritual a que
pertenceis. Em matéria de hospitais, por exemplo, o mundo terreno ainda se
encontra a bem dizer na infância de sua atividade. No Alto encontrareis
numerosas organizações hospitalares que são verdadeiros modelos no gênero, as quais
atendem diariamente a quantos delas necessitam, e o fazem de uma maneira que
encanta aos Espíritos atendidos.
Estou percebendo o vosso espanto, meus
queridos irmãos leitores, ao lerdes estas minhas palavras, quando supúnheis que
as almas deveriam viver no Alto uma vida contemplativa apenas, sem outras
ocupações. Absolutamente, amigos meus. No Alto trabalha-se e trabalha-se muito
em todos os setores, muito mais ainda do que na Terra.
Para que possais ter uma vaga idéia de alguns
desses trabalhos, acompanhai-me em pensamento nas poucas visitas que vamos
fazer junto, a alguns setores de trabalho espiritual. Ora bem, pois. Vejamos
aqui à nossa direita este Espírito radioso que tão ocupado se mostra. Vejamos o
que faz assim tão atento. O que tem ele à sua frente na mesa de trabalho? Vedes
o pequeno motor que ele manobra? Sabeis o que é? É uma miniatura de um motor de
aviação no qual este esforçado irmão está testando um combustível diferente,
para aplicação futura na Terra. Está este Espírito empenhado nesse estudo há já
alguns anos, objetivando trazer a Terra esse novo motor que será capaz de
revolucionar a vossa aviação atual. Vedes ao seu lado, meio imperceptível, a
figura de outro Espírito, assistindo, interessado no seu trabalho? Pois bem;
trata-se de um Espírito com ele afinado no propósito de descobrirem esse revolucionário
processo, Espírito cujo corpo dorme na Terra neste momento e ele aproveita
esses minutos para prosseguir junto ao seu amigo no Além o estudo dessa
inovação.
Neste mesmo local em que em pensamento vos
encontrais, um pouco mais adiante, outros engenheiros espirituais estudam
empenhadamente a estabilização do avião, cuja descoberta já está bem próxima de
descer a Terra. O processo, a bem dizer, já foi encontrado; o que no momento
ainda constitui objeto de estudo, é a espécie de material requerido para isso,
o que está sendo pesquisado na superfície terrena. Necessita-se de uma espécie
de material que possa produzir no ar o mesmo efeito da cortiça sobre a água, e
este já foi encontrado mas em quantidades insuficientes. Mas os estudos
prosseguem com todas as probabilidades de êxito. Em relação ao nosso irmão que se
encontra preocupado com o novo motor, estamos observando os apontamentos que
vai transmitindo ao seu colega encarnado e ali presente em Espírito, para que o
mesmo os prove em sua oficina terrena, logo que o dia amanhecer na Terra.
Isto é apenas um detalhe do trabalho que se
realiza diariamente no Alto, ao qual se devotam todos os Espíritos empenhados
em auxiliar o progresso planetário dos planos a que pertencem. Enquanto estes
dois amigos se empenham no estudo do seu novo motor, vede estes outros irmãos
que passam ao vosso lado conduzindo várias espécies de alimentos. Vejamos mais
de perto o que conduzem em seus veículos. Vede que beleza de frutos
maduríssimos, cujo perfume nos chega e nos atrai. Vede a espécie de alimentos
outros, produzidos em suas belas confeitarias, que vão servir a inúmeros
Espíritos que se encontram no trabalho e os remuneram fartamente. Sim, amigos e
irmãos meus; lá como aqui há trabalho, trabalhadores e alimentos como na Terra,
com exceção absoluta da carne. Os animais que lá vivem, e são de muitas
espécies, ajudam os trabalhos que podem ajudar, e recebem como paga um
tratamento adequado, porque são como nós outros, seres em busca de progresso
espiritual. Muitos deles já se haviam afeiçoado na Terra a determinados
Espíritos; e em se reencontrando no Além, celebram alegremente o fato,
prosseguindo na sua dedicação.
Agora, amiguinhos meus, chegou à hora do
descanso. Vamos assistir no Templo às orações do dia, que todos fazem. Como
vedes, o Templo ergue-se ao centro da grande praça que temos ali à nossa
frente. Observai a verdadeira multidão que se dirige para lá. Eu vos explico
por que o fazem todos ao deixarem o trabalho em vez de voltarem depois de sua
refeição da noite. O motivo é pois o seguinte: considera-se nos planos
espirituais mais evoluídos, ser o trabalho a maior graça concedida pelo Pai
Celestial a todos os filhos que sentem necessidade de trabalhar. Por isso é que
se usa, ao encerrar os trabalhos de cada dia, dirigirem-se as almas ao Templo
para agradecer em palavras de verdadeiro reconhecimento ao Senhor, aquele dia
de trabalho que lhes proporcionou também um passo a mais em seu progresso espiritual.
Este espetáculo é belíssimo, amigos meus. Repleto o Templo, com numerosas almas
acomodadas e muitas outras formando um colar externo porque não puderam entrar
nesse dia, eis que Entidades de grande luminosidade, incumbidas do serviço
religioso, abrem a solenidade espargindo sobre quantos se encontram no Templo e
cercanias, um delicioso perfume, irradiado de seus elevados Espíritos.
Pronunciam todos com o maior recolhimento a sua oração ao Senhor Jesus pelas
bênçãos recebidas nesse dia em forma de trabalho espiritual, e entoam em
seguida os mais belos cânticos que imaginar se possa neste mundo ainda tão
desafeito à oração noturna.
Apesar de haver templos por toda parte, sua
freqüência cresce constantemente, sucedendo como acabais de ver, permanecerem
do lado de fora muitas almas que hoje chegaram tarde. A oração é considerada no
mundo espiritual muito mais necessária à vida dos Espíritos do que na Terra o
vosso pão cotidiano. Por tal motivo é que apenas encerradas as tarefas do dia
todos os habitantes do plano — quase todos porque também vivem ali os
preguiçosos — se dirigem diretamente ao Templo para só então se recolherem às
suas residências para o necessário repouso.
Meus queridos irmãos: o assunto é riquíssimo
e eu gostaria de descrever mais algumas cenas diárias do plano espiritual que
vos aguarda. Foi-me traçado porém um limite à minha mensagem, o qual não posso
ultrapassar. Meditai no que ai fica porque para os vossos Espíritos não
constitui nenhuma novidade. Aqui se despede rogando ao Senhor bênçãos em
profusão para todos vós, o Espírito de
JOAQUIM NABUCO
Not.
biogr. — Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo — 1849-1910 — Escritor e
diplomata brasileiro. Filho de José Thomaz Nabuco de Araújo, conselheiro e
senador do império. Diplomado pela Faculdade de Direito do Recife, sua terra
natal, em 1870, ingressou logo na imprensa política do país, onde demonstrou a
exuberância do seu talento na defesa das idéias liberais, como defensor
apaixonado da abolição da escravatura. Ainda acadêmico, funcionou como advogado
no Juri por três vezes em defesa dos escravos. Pode dizer-se que a extinção
daquela mancha negra que era a escravatura no Brasil, constituiu a idéia mater
de Joaquim Nabuco, iniciada desde os seus tempos de estudante, e que só
terminaria com a Lei Áurea sancionada pela Princesa Isabel a 13 de maio
de 1888.
Como
deputado pela então Província de Pernambuco, Joaquim Nabuco pronunciou
discursos parlamentares notáveis em defesa da libertação dos escravos, que
causaram profunda impressão, tanto entre os seus pares como no país inteiro.
Sua atuação na tribuna do Parlamento, iniciada em 1880, teve o mérito de
projetar o movimento abolicionista por todo o território nacional. Nabuco
desempenhou vários mandatos parlamentares como deputado por Pernambuco,
destacando-se sempre como orador primoroso, alinhando ao dom do improviso a
correção literária. Com a proclamação da República, à qual não aderiu, Nabuco
abandonou as atividades políticas para se dedicar ao estudo e à literatura.
Nabuco
era grande admirador de Camões, tendo publicado em 1872 o livro “Camões e os
Lusíadas” para comemorar o tri-centenário da publicação desse poema, no qual
ressaltou sua admiração pelo épico português. Mais tarde, quando embaixador em
Washington, proferiu conferências em inglês sobre a obra de Camões em três
Universidades norte-americanas. Publicou vários livros, destacando-se dentre
eles “Balmaceda”, “Minha formação” e “Um Estadista do Império” onde evidenciou
suas belas qualidades de escritor.
A
convite do governo brasileiro foi árbitro da questão de limites entre o Brasil
e a Guiana Inglesa, a cuja difícil tarefa dedicou toda a sua energia e talento,
figurando as memórias que apresentou, entre os seus melhores trabalhos.
Terminado o litígio foi nomeado ministro do Brasil na Inglaterra e depois nos
Estados Unidos da América do Norte, onde a sua distinção pessoal e o seu
talento, granjearam-lhe grandes simpatias e admiração nos círculos
diplomáticos. Sua desencarnação ocorreu inesperadamente em Washington a 17 de
janeiro de 1910, tendo o governo dos Estados Unidos, numa homenagem ao seu
talento e à sua cultura, enviado ao Brasil o couraçado “North Carolina”
conduzindo os despojos deste grande brasileiro.
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