Os homens, as mulheres e as crianças que se
encontram no mundo terreno nos dias que correm, vão ter oportunidade de
testemunhar certo número de fenômenos que jamais se apagarão de sua memória.
Terão todos uma oportunidade única em toda a vida deste pequeno planeta, só
talvez a repetir-se daqui a uns vinte mil anos ou mais, quando novas
modificações de estrutura poderão verificar-se.
Dizendo-vos isto que ai fica, não estou
avançando senão uma parte do que poderia trazer ao vosso conhecimento sobre o
assunto, mas é, porém, o que me foi autorizado dizer-vos. Como estou falando
para irmãos espirituais encarnados, cuja sensibilidade se manifesta sempre
ampliada pelas vibrações da matéria que os envolve, não é prudente dizer muito
do muito que lhes poderia dizer, pelos reflexos que se poderiam manifestar em
sua organização psíquica. Por tal motivo é que nos recomenda o Senhor Jesus
usarmos sempre da maior cautela em nossas mensagens, em vez de nos alongarmos
demasiado num tema que possa causar perturbação aos encarnados, por mínima que
seja.
Aos homens e mulheres maiores de trinta anos,
eu direi em particular que não percam tempo, daquele que ainda lhes resta do
permanecer na carne, devendo antes tratar de aproveitar todos os minutos
disponíveis na elevação do nível moral ou espiritual de suas almas, num esforço
que bem cedo saberão reconhecer como bem aproveitado lhes foi. Certos como
todos já estão de que o que a Terra pertence nela tem de ficar, e que, por
conseguinte, apenas conduzirão em sua bagagem de volta o perfume das
boas ações que houverem praticado, perfume esse que se transformará em focos de
luz espiritual, necessidade não haverá mais, creio eu, de prosseguir na
vibração desta mesma tecla, pelo que passarei então a ocupar-me de outro tema.
Muito curioso e muito interessante mesmo, é em
todos os planos do Além, assistirmos à chegada de almas que voltam da Terra
após o cumprimento de sua última encarnação. É curioso e muito interessante,
repito, esse momento, pelos ensinamentos que fornece aos observadores atentos,
possuidores da necessária autorização para presenciá-lo.
Tratando-se do regresso constante de almas
que venceram sua última vida terrena nos lugares mais dispares da Terra, a
observação que ali fazemos constitui em verdade uma fonte insuperável de
ensinamentos para todos. Verificamos então quão diferente se apresenta o grau
de espiritualidade em meio a uma leva de desencarnados que viveram sua vida
terrena em latitudes várias, onde foram adeptos de credos religiosos também
diversificados. Essa observação se faz segundo a coloração projetada pelas
almas, variando de tal maneira, que verdadeiramente surpreende os observadores.
Todos sabemos que o objetivo dos vários
credos religiosos consiste, ou deveria consistir no esclarecimento dos
encarnados acerca da vida espiritual e sua relação com o Criador e Animador de
todos os seres do Universo. Pois bem, leitores meus; não vos cause espanto a
minha afirmação de que religiões existem na Terra empenhadas em destruir tal
princípio religioso, procurando incutir no coração dos adeptos a idéia de que o
Criador não passa de um mito, apenas acreditado pelos povos inferiores, e que
toda a criação é obra da geração espontânea, tão espontânea quanto o nascimento
de uma flor num monturo qualquer. As almas provindas dos setores humanos que
assim pensam e ensinam, nós as identificamos prontamente pela coloração
enegrecida de suas auras, sinal de que viveram vidas absolutamente voltadas
para a materialidade grosseira, sem nenhum sentimento mais elevado em relação
ao próximo. Estas almas assim saturadas de materialidade — porque materialistas
se confessam — são encaminhadas a determinados planos em que possam livrar-se
de sua concepção materialista. É tal entretanto, o arraigamento desta idéia em
muitas destas almas, que dificilmente mesmo, consentem em receber outra espécie
de ensinamento espiritual.
Ocorre-me a propósito uma imagem que poderá
ajudar-vos a ajuizar melhor a teimosia das almas profundamente impregnadas da
idéia materialista, que é a seguinte: acercai-vos de um regular bloco de granito,
figurando no caso o endurecimento das almas de quem vos falo. Derramai sobre
ele, em gotas delicadas, o mais saboroso néctar que possuirdes, e que eu
figurarei aqui como uma saborosa solução do mais apurado mel que conhecerdes.
Derramai diariamente duas, três ou quatro vezes ao dia várias gotas desse
néctar sobre o mesmo ponto do bloco de granito, observando atentamente se
alguma modificação nele se apresenta ao cabo de dias, meses ou anos dessa
experiência. O resultado, meus amigos, dar-vos-á a idéia aproximada do que no
Alto se verificará com a nossa tentativa de esclarecimento das almas assim
empedernidas.
A Justiça Divina é, porém, tão grande e tão
bela, que até nesses casos profundamente lamentáveis ela se manifesta em toda a
sua grandiosidade Nenhuma espécie de pressão nem de violência é jamais
empregada no esclarecimento da alma humana. Nada no Alto se processa nesse
objetivo que não esteja devidamente previsto ajustado a todas as
circunstâncias. No caso, pois, das almas que ali aportam com suas auras
enegrecidas pelas convicções e práticas materiais, o recurso a utilizar é
sempre aquele que melhor possa sensibilizá-las em seu coração, meio que não
falha em nenhum caso específico. E que meio é esse? — perguntareis justamente
interessados. Esse meio, meus queridos leitores, é o amor. Sabendo-se ser o
amor a maior força existente no Universo, a força que consegue movimentar e
sustentar no Espaço a todos os mundos vivos ou não, empregamos então a força do
amor para converter à espiritualidade todas as almas desviadas desse caminho.
Vós podereis fazer também a vossa experiência neste sentido, a qual vereis
igualmente coroada de êxito. Se conhecerdes alguém impregnado da idéia
materialista que nega a existência duma força superior a dirigir a vida
universal, uma força que existe, vive e está presente em todos os momentos e
circunstâncias da vida terrena, se conhecerdes alguém que assim pense, certos
estareis de que nele se encontra encarnada uma alma materialista. Procedei
então da seguinte maneira em vossa experiência: no momento da vossa oração
seguida de meditação noturna, enviai um pensamento de amor a essa criatura.
Imaginai por alguns momentos que a estais envolvendo num círculo de luz
projetado pelo vosso pensamento, mas imaginai igualmente que essa alma,
sentindo-se assim envolvida pela luminosidade do vosso pensamento, passa a dar
sinais desse sentimento, e, estranhando-o, eleva seu pensamento para Deus como
a agradecer esse belo momento de bem-estar em que se sente envolvida. A continuação
dessa prática alcança invariavelmente o seguinte resultado: a alma assim
envolvida, certa de que não pode tratar-se de um fenômeno produzido pela
matéria, já que a matéria é completamente insensível, passa a raciocinar acerca
da procedência do fenômeno. A esta altura a alma ou a criatura humana, já terá
perdido toda a rigidez do seu materialismo, passando a um estado de
investigação, no qual todas as suas células se encontrarão seriamente
empenhadas.
E sabeis acaso, leitores meus, o que
significa nas terras cobertas de vinhedos o aparecimento do pintor nos
primeiros cachos de uva? Para o vinicultor esse fato significa a certeza
matemática de que seus vinhedos começaram a amadurecer e em breve estarão sendo colhidos e transformados nesse apreciado licor
que se derrama por toda a Terra. No caso das vossas experiências, o fato tem
igualmente uma grande semelhança. No Alto, ao observarmos os primeiros sinais
de interesse demonstrado pelas almas empedernidas pelo materialismo, em desejar
conhecer a razão do que com elas se passa, logo adivinhamos a presença também
do pintor mas de outra espécie, em virtude do qual podemos esperar a
conversão total daquelas almas ao amor de Nosso Senhor Jesus. Conceituado está
por conseguinte, que o materialismo traduz a ausência do amor espiritual no
coração dos homens, e a crença de que o nascimento da flor perfumada num
monturo, pode responder questão do nascimento das almas na Terra. Ignoram
assim, os adeptos do materialismo que ainda resta na Terra, que seu próprio
nascimento do íntimo de um ser humano, foi uma obra do mais puro amor
espiritual, traduzindo em sua grandeza a existência de um Poder Superior a
governar a vida e enriquecer de felicidade todos os povos do Universo infinito.
Esse Poder Superior que dirige e superintende a vida dos próprios mundos, pode
ser designado de diferentes maneiras, segundo o estado evolutivo de cada ser
humano ou espiritual. Nós o designamos por esta carinhosa expressão: DEUS, ou
então Pai Celestial, as quais nos transportam, logo que pronunciadas
amorosamente, às mais elevadas regiões que nossos Espíritos possam imaginar, e
por isso só as devemos pronunciar em ocasiões em que possamos fazê-lo com
verdadeiro sentimento de veneração em nossos corações.
Amigos leitores: minha tarefa ao redigir esta
mensagem por determinação do Nosso Amado Jesus, é a de abordar um assunto que
deve constar deste grandioso livro, talvez o último da série iniciada pelo
iluminado Espírito do apóstolo Thomé visando ao chamamento de quantos se encontram
presentemente na Terra, para o caminho de sua verdadeira felicidade. Belo
seria, por conseguinte, que qualquer de vós que identificar um irmão ainda
dominado pela idéia materialista, iniciasse um serviço realmente apostolar,
envolvendo-o diariamente em ondas mentais do mais puro amor espiritual, com o
que terão antecipado de muitos anos talvez, a iluminação e conversão dessa alma
ao amor de Nosso Senhor Jesus e eliminado, dessa maneira, mais um bloco de
granito espiritual.
Aqui vos saúda muito carinhosa e
fraternalmente, um Espírito que anseia por servir sempre e sempre melhor ao
Divino Mestre Jesus,
TERESA D’ÁVILA
Not.
biogr. — Teresa D’Ávila — 1515-1582 — Nasceu na Cidade de Ávila,
Espanha, descendente da alta nobreza espanhola, revelando-se bem cedo
possuidora de uma inteligência superior e de uma fé ardente. Desde muito jovem
procurou subtrair-se às vaidades do mundo, ingressando na Ordem do Carmelo em
1534. Aí se iniciou para aquela que mais tarde seria chamada Santa Teresa, uma
vida singular, cujas práticas religiosas, visões espirituais e êxtases, logo
despertaram a atenção dos altos dignitários do clero romano. Durante muitos
anos as suas obras religiosas empolgaram toda a Espanha. Santa Teresa fundou,
num período de vinte anos, dezessete mosteiros de mulheres e quinze de homens,
instalando neles abrigos e escolas para as crianças pobres. Deu nova
organização às ordens carmelitas da Espanha, a qual passou a ser adotada em
muitas de suas congêneres do mundo inteiro.
Numa
fase em que uma peste violenta atacou grande parte da população, produzindo
deformações horríveis no rosto das vítimas, Santa Teresa recebeu indicações de
origem espiritual acerca do remédio para o tratamento das pessoas deformadas,
que eram muitas, de todas as idades, mas sobretudo crianças. Havia aí uma
condição: só ela própria poderia colher as ervas milagrosas na profundidade de
um abismo existente entre duas altas montanhas. Soror Teresa, fazendo-se
acompanhar de algumas de suas monjas, arrostou o perigo de descer sozinha ao
fundo do abismo por meio de uma corda, e colheu as ervas indicadas, com as
quais preparou o elixir que ela mesma ministrava aos enfermos. Inicialmente
tratou das suas crianças internadas, cujo resultado logo apareceu na
recomposição do tecido deformado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário