Acontece frequentemente aos viventes da Terra
encontrarem-se em situações inteiramente imprevistas, e sobretudo indesejáveis,
pelas condições e consequências que das mesmas lhes poderão advir. Tais situações
decorrem invariavelmente de duas causas possíveis: uma delas poderá ser a sua
programação no Alto, como fazendo parte do plano de vida a ser cumprido pelo
Espírito nessa encarnação, motivada por acontecimento análogo do passado,
proporcionado a outro irmão seu contemporâneo naquela existência terrena. Outra
causa poderá ser proveniente de ato praticado pelo Espírito encarnado, do qual
estará apenas colhendo os frutos daquilo que semeou.
Como quer que seja, as situações
imprevisíveis vêm sempre acompanhadas das respectivas soluções, invariavelmente
benéficas para aquele que as defronta. Benéficas, digo bem, porque uma vez
transpostas, transposto foi igualmente um marco existente na vida pregressa do
encarnado, desaparecendo com ele um ou mais obstáculos ao seu progresso
espiritual. Se se tratar de causa originada na presente existência terrena do
Espírito, terá este aprendido uma nova lição no sentido da aplicação da Lei de
Causa e Efeito, sabido como é que não pode existir efeito sem causa. Semelhante
lição se imprime indelevelmente na memória do Espírito encarnado, e
dificilmente ou nunca mais o mesmo concordará em semear ventos para colher
novas tempestades.
Observamos todos nós do Alto, tanto quanto
vós outros na Terra, a trajetória de irmãos que parecem não querer conformar-se
com insucessos repetidos em sua presente existência, lançando-se novamente a
certo tipo de empreendimentos que os levam a novos fracassos, embora em campos
diferentes. Trata-se no caso, de irmãos acompanhados de um núcleo assistencial
de Espíritos pouco escrupulosos, interessados em se divertirem com os repetidos
insucessos daquele de quem se aproximam, inspirando-lhe idéias de todo modo
ilusórias, com as quais suas vítimas inteiramente se afinam e tratam de as pôr
em prática. O resultado é infalível mais cedo ou mais tarde: o desastre moral
ou financeiro, senão os dois ao mesmo tempo.
Isto sucede entretanto, por felicidade, a um
número reduzido de criaturas que ainda se deixam fascinar por miragens.
Examinando-se os sentimentos dessas criaturas, como os temos nós todos
examinado, verificamos tratar-se de irmãos que, ou se afastaram dos postulados
divinos que a todos mandam agir sempre com Deus no coração, ou então ainda os
desconhecem, e por isso agem corajosa mas inadvertidamente, subestimando um
possível resultado desfavorável em seus empreendimentos ou atividades.
A dedução a extrair dos numerosos fatos
constatados por toda a parte é que tais criaturas necessitam de se aproximar do
Senhor Jesus por meio da oração diária, de cujo hábito resultará instalar-se
Deus em seu coração. E isto feito, instalado Deus no coração do homem, jamais
será este inspirado por Forças do Mal, que outra coisa não fazem que
tentar arrastar ao infortúnio os Espíritos encarnados que lhes derem aproximação.
Claro fica por conseguinte, que a oração e a vigilância constituem poderosos
elementos defensivos do ser encarnado contra as investidas do mal.
O tema que escolhi para o capitulo que tenho
a honra insigne de redigir para o livro a ser em breve divulgado na Terra pelas
Forças do Bem, é um tema de grande atualidade, não apenas nos tempos que correm
como em todos os tempos do porvir. Dada a variedade imensurável de
inteligências que baixam ao plano terrestre em busca de aprimoramento espiritual,
sucede reencarnarem freqüentemente algumas que preferem observar o desenrolar
da vida terrena através de prismas imperfeitos ou deformados, recolhendo a
impressão enganosa de ser-lhes possível em muitos casos, aproveitar-se da
sinceridade e boa fé de seus semelhantes. Convencidos disso, passam esses
irmãos à elaboração de planos de enriquecimento fácil por meio de sua
aplicação, cujo resultado todavia, não pode ser outro senão a decepção e o
sofrimento para quantos neles acreditaram. É necessário esclarecer, igualmente,
que aqueles encarnados que trouxerem Deus no coração, não serão sequer tentados
a participar dos planos mirabolantes que surgirem no seu ambiente, porque o
fato de trazerem Deus no coração e se encontrarem em contato diário com o
Senhor Jesus, representa para todos um poderoso escudo contra toda espécie de
tentações malévolas.
Existe em vossa literatura popular um
conceito muito certo porque inteiramente verdadeiro, que é aquele que envolve
no mesmo princípio de desonestidade tanto o autor como a vítima desse
desagradável fato que designais, bem ou mal de conto de vigário. Se o
autor propõe à vítima uma boa fortuna por um quase nada, esta não deixa
realmente de tentar aproveitar-se duma situação momentânea, mas desonesta, para
se locupletar. Ambos, evidentemente, são mal intencionados. Se, entretanto, a
vítima visada trouxer Deus no coração, como aliás tem sucedido vezes sem conta,
uma voz amiga lhe segredará que a transação não lhe convém por ser falsa,
desonesta.
Trazer Deus no coração deve constituir, por
conseguinte, a pre-ocupação maior de todos os viventes da Terra, como sói ser a
de outras humanidades mais adiantadas. Com o ato diário do homem e da mulher de
se porem em contato direto com Nosso Senhor Jesus, uma segurança a todos envolverá
contra as práticas infelizes ou desonestas de certos companheiros de jornada
terrena. Eu bem sei que todos gostaríeis de conhecer algo mais a respeito desta
segurança, e eu com satisfação o abordarei neste capítulo. Sabem todos os
encarnados que o ambiente que circunda o planeta é constituído de planos e
sub-planos espirituais, todos eles habitados por Entidades desencarnadas,
segundo o grau evolutivo de cada qual. Existem planos de grande luminosidade,
iluminados por assim dizer, pelos próprios reflexos dos seus habitantes,
pertencentes à categoria mais elevada da espiritualidade. Vivem e trabalham
nesses planos todos os Espíritos que, por seu aprimoramento moral já mereceram
neles viver, de onde irradiam para os demais e também para este plano físico,
as idéias mais puras de amor e fraternidade que vão ser absorvidas pelos seus
habitantes. Existem em graduações inferiores outros planos de vida espiritual
habitados por Espíritos desencarnados do respectivo grau, nos quais se vive e
trabalha infatigavelmente pelo bem e felicidade dos semelhantes. Mas há também
sub-planos espirituais, assim designados aqueles núcleos de vida em que
preponderam Entidades em grau de relativo atraso espiritual, Entidades ainda
presas à materialidade que deixaram neste plano físico que é a Terra, e que
outra preocupação não alimentam que não seja a de aqui voltarem o mais depressa
possível, para se emaranharem novamente nas teias de procedimentos culposos ou
infelizes. Não alimentando, por conseguinte, outra idéia em seus corações,
estas Entidades, pela aproximação em que vivem do ambiente terreno, conseguem
insinuar-se junto a outros irmãos em quem descobrem afinidades vibratórias, e
passam a assisti-los a todo momento com suas idéias malsãs, induzindo-os não
raro à realização de empreendimentos que vêm a redundar em verdadeiros
fracassos. Estas Entidades encontram nessa prática um tipo de diversão que lhes
dá prazer, qualquer que venha a ser o resultado para a vítima que escolheram.
Esta se vê muitas vezes arrastada pelas chamadas ruas da amargura, visada e
desmoralizada perante a opinião de seus contemporâneos, podendo tratar-se
entretanto, como freqüentemente sucede, de almas boas, simples e bem
intencionadas, que apenas foram vítimas de sua falta de oração e vigilância.
E sabeis, acaso, como escolhem suas vítimas,
as Entidades ima-teriais às quais me venho referindo? Escolhem-nas pelo
conjunto vibratório que emitem em sua vida terrena. Se uma criatura humana
preocupada exclusivamente com o objeto de sua grandeza terrena, da construção
de uma fortuna, emite vibrações desta natureza sem a contrapartida da sua
oração e vigilância, cuja vibração luminosa traduza o seu desejo honesto de
proceder em harmonia com as leis divinas, aquela vibração puramente interesseira,
material, atrai e se afina com outras do plano invisível e, reunidas, chegam à
elaboração de planos de grandeza material que podem ser executados com êxito a
princípio, mas que, faltando-lhes a indispensável base moral, ruem
fragorosamente, com danos mais ou menos graves para a coletividade.
Se, entretanto, um encarnado irradia
vibrações de progresso material para a sua vida presente, mas o faz sob a
influência de vibrações emanadas de um coração bondoso, iluminado pela presença
de Deus que ele cultiva diariamente com grande empenho, a soma dessas vibrações
constitui um escudo poderoso contra a infiltração das idéias malsãs irradiadas
pelas Entidades perturbadas, e apenas as boas idéias podem ocorrer para a
realização ou prosseguimento de empreendimentos honestos. Este tipo de
empreendimentos, que são aqueles que se submetem ao princípio moral de não
intentarem locupletar-se da boa fé dos semelhantes, embora proporcionando
resultados bem mais modestos que os de outro tipo, tornam-se mil vezes mais
propícios à felicidade de seus empreendedores.
Há fortunas construídas rapidamente que
também podem rapidamente eclipsar-se, como as há que foram construídas ao longo
de anos e anos de labor honesto e paciente que perduram, resistindo
heroicamente aos vendavais adversos que agitam de tempos em tempos os
fundamentos da vida terrena. Teremos no primeiro caso aquela imagem do homem
que construiu sua casa sobre a areia, e que as chuvas e o vento destruíram e
carregaram. No segundo caso teremos a outra imagem, a do homem que construiu
sua casa sobre a rocha e esta resistiu aos temporais porque possuía sólidos
alicerces.
O mundo atual ainda necessita, e muito, da
repetição destas duas imagens, para manter vivo na memória física o princípio
de que só o bem constrói, edifica, e ilumina para sempre. O Bem se aplica aqui
como no Alto a todo tipo de vida e deve presidir a todos os atos e
empreendimentos do homem. Construir com o Bem significa meditar maduramente em
tudo o que desejeis empreender em vossa presente existência, o que fareis bem
frutiferamente se implantardes e conservar Deus no coração. Ele vos dirá em
todos os momentos se aquilo que pretendeis é justo e se da semente que
pretenderdes lançar vireis a colher frutos compensadores e saborosos.
Implantai e conservai, pois, Deus no coração,
e tereis solucionado todos os vossos problemas da presente existência,
preparando-vos para ascender brevemente, quando os tempos chegarem, a um
daqueles planos iluminados onde a felicidade de seus habitantes não pode ser traduzida
pela pobre linguagem terrena.
É o que sincera e empenhadamente vos
recomenda, este vosso irmão mais velho e muito afeiçoado
MAQUIAVEL
Not.
biogr. — Nicolau Maquiavel —1469-1527— Estadista famoso e grande
historiador florentino. Nasceu em Florença, de família modesta, tendo sido
educado pelo escritor Virgílio Adriano. Dotado de inteligência invulgar,
Nicolau Maquiavel galgou com brilho todos os degraus do saber, assumindo aos 29
anos a chancelaria do Conselho dos Grandes de Florença, e pouco depois o alto
cargo de Secretário de Estado, o qual desempenhou durante cerca de 15 anos.
Nesse cargo Maquiavel ditava toda a correspondência pública e o registro das
deliberações do poder executivo de Florença. Incumbia-se da redação dos
tratados e das relações diplomáticas, funções que o tornaram um dos homens mais
importantes da época. Viajava freqüentemente ao estrangeiro em missões
diplomáticas, várias delas junto ao rei Luis XII da França, seu grande amigo.
Seu empenho consistia em assegurar a independência dos florentinos, chegando a
criar milícias nacionais com esse objetivo. A entrada dos Médicis novamente em
Florença, porém, com a queda do governo, proscreveu Maquiavel, que se retirou
para S. Cassiano, onde escreveu várias obras, sendo a mais importante
“Opusculo dei principati” (Opúsculo dos governos) em 1515, obra que o
público passou a chamar O PRÍNCIPE.
Maquiavel
escreveu ainda no exílio “Tratado da arte da guerra”, “Discursos sobre Tito
Lívio”, em 1516, e “Histórias florentinas”, em 1525. O Papa Leão X promulgou
uma anistia por ocasião de sua elevação, beneficiando Maquiavel, a quem
encarregou de fazer reconstruir as fortificações da cidade, e tomando-o como
conselheiro sobre várias reformas que pretendia realizar em Florença.
Maquiavel, entretanto, desencarnava dentro em pouco, suspeitando-se ter sido
envenenado pelos adversários. Maquiavel foi historiador poderoso que soube unir
a erudição à profundeza, e a gravidade ao encanto e ao interesse das
narrativas, sendo considerado um dos maiores escritores da Itália, segundo os
seus biógrafos . Foi também estadista notável e grande patriota.
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