Aconteceu certa vez
encontrarem-se reunidas no plano espiritual onde viviam algumas centenas de
almas já possuidoras de um grau assaz elevado de evolução, as quais se achavam
preocupadas com a lentidão do progresso espiritual alcançado na Terra pelas
almas aqui encarnadas. Sua reunião fora então convocada para debater este
assunto, considerado altamente importante na vida de todas as almas. Embora as
opiniões variassem em certos detalhes, havia unanimidade na circunstância de
que o livre arbítrio concedido a todos os seres humanos na Terra, muito
contribuía para a lentidão do progresso espiritual das almas encarnadas. Foram
então expostos os pontos de vista das participantes da reunião, os quais iam
sendo devidamente anotados para estudo das almas presentes.
Dos diversos pontos de vista
apresentados, todos eles refletindo observações e estudo aprofundado do
assunto, eu procurarei reproduzir alguns realmente considerados fundamentais
para o aceleramento do progresso evolutivo das almas na Terra. Opinou a
respeito uma das almas presentes, portadora de um belo diadema de luzes
espirituais alcançadas em milênios de trabalho neste mundo terreno, que na sua
maneira de encarar tão sério problema, a causa da lentidão do progresso das
almas na Terra devia ser debitada à incapacidade demonstrada pelas religiões
terrenas. E argumentava aquela alma em apoio do seu ponto de vista:
— Temos verificado com
tristeza que os ensinamentos divulgados pelas religiões terrenas nestes dois
últimos milênios, muito pequena relação estabelecem entre o verdadeiro objetivo
da vida terrena, preocupando-se mais com a vida material propriamente dita, do
que com a vida espiritual. Temos verificado, inclusive, que os ensinamentos
religiosos atualmente difundidos na Terra não só não admitem a evolução anímica
através de vidas sucessivas no mundo terreno, como até se opõem à teoria
espiritualista que prega a sobrevivência da alma. Uma tal atitude religiosa faz
com que as almas encarnadas entrem a considerar sua existência como a única e
definitiva, levando-as em muitos casos a se desinteressarem da vida espiritual,
da qual não conseguem recordar-se no estado de encarnadas.
A alma em referência
desenvolveu o assunto com muita justeza, terminando por apresentar a solução
deste grande problema, que será, em sua opinião, a criação na Terra de centros
de estudos religiosos onde possam apresentar-se, visíveis, Entidades
missionárias, a ministrar os ensinamentos que possam esclarecer as almas
encarnadas a respeito do seu progresso espiritual. Na opinião da alma em
referência, os templos religiosos existentes em todo o mundo terreno seriam
franqueados à palavra de Entidades imateriais, que neles se manifestariam para
transmitir aos seus frequentadores a palavra do Alto, capaz de despertar nos
corações humanos um ardente desejo de progredir espiritualmente. A idéia foi
recebida pelas almas presentes com a maior simpatia, sendo considerada viável,
quando se encontrarem em postos religiosos de destaque, Espíritos de grande
evolução em vias de reencarnar. Belo seria, pois, se, antecipando-se à idéia
aqui enunciada, a classe dirigente das várias religiões terrenas, decidisse
colocar os respectivos templos à disposição do Senhor do Mundo, para que os
seus mensageiros neles se manifestassem, para divulgar ensinamentos capazes de
apressarem o progresso humano-espiritual.
Outras Entidades igualmente
se manifestaram sobre o assunto, cuja palavra despertou o maior interesse. Na
opinião de outra alma presente, o que muito virá contribuir para o mais rápido
progresso das almas encarnadas, será a concessão das faculdades mediúnicas da
vidência e audiência, permitindo às almas encarnadas ver e ouvir as
desencarnadas, durante a sua permanência no corpo. Argumentava a alma em
referência, que nenhum ensinamento divulgado na Terra pelas religiões terá a
penetração e aceitação por parte dos encarnados, alcançada pelos que forem
divulgados pelas almas categorizadas do mundo espiritual. E então, concluía, de
posse destas duas importantíssimas faculdades — vidência e audiência —, as
almas encarnadas não só se esclareceriam muito mais facilmente, como também
poderiam ser advertidas pelo Alto, em todas as oportunidades em que estivessem
na iminência de falir.
A reunião prosseguiu
bastante animada, dado o interesse que todos nós temos no Alto, em podermos
contribuir para o aceleramento do vosso progresso evolutivo. Porque, filhas e
filhos a quem eu muito amo, não podeis sequer imaginar o quanto decepciona os
vossos dedicados Protetores espirituais que vos assistem em todos os momentos,
terem de testemunhar atitudes de todo incompatíveis com o vosso progresso e
bem-estar espiritual. As almas encarnadas na Terra cometem às vezes faltas de
tal modo prejudiciais à sua própria felicidade, que deixariam certamente de
cometer se antes tivessem podido ouvir a voz amiga do seu protetor espiritual.
O assunto foi igualmente anotado para ser continuado noutras reuniões. Foi, não
obstante, deliberado pelas almas reunidas, levá-lo ao conhecimento do Senhor
para a sua apreciação. Constituiu-se para esse fim uma comissão de almas,
incumbidas de levar ao Senhor do Mundo as idéias e conclusões daquela reunião,
como sucede, aliás, ao fim de todas as reuniões das almas interessadas em
contribuir para o progresso da coletividade espiritual.
Como parte do resultado do
debate dos assuntos levados à reunião em apreço, já posso antecipar-vos que
importantes trabalhos estão sendo realizados no Alto, com vistas à concessão
daquelas duas faculdades mediúnicas, se não a todas as almas em processo de
reencarnação, a uma grande maioria delas. Este fato virá permitir aos seres
humanos comunicarem-se de viva voz com os respectivos Protetores espirituais,
deles recebendo em todas as oportunidades os conselhos e ensinamentos de que
possam carecer, não só no desempenho de suas tarefas, mas, sobretudo, em
matéria de espiritualidade. Preparai-vos, então, jovens do presente, para
ouvirdes dos vossos irmãos encarnados dentro de breves anos a informação de que
estarão vendo e ouvindo almas desencarnadas, inclusive os seus familiares que
partiram.
Em matéria de religiões,
contudo, algo de muito importante se operará em breves anos na Terra, em
consequência da substituição natural de muitos dos seus mentores de hoje, por
outros especialmente preparados para esse fim. Há necessidade, por assim dizer,
de se espiritualizarem os ensinamentos religiosos ministrados aos seres
humanos, com o objetivo de despertar neles a sua memória espiritual, adormecida
desde que a alma ingressou no ventre materno. Este é que deve ser o objetivo
principal dos ensinamentos religiosos na Terra, considerando que do seu
despertamento é que resultará a integração da alma encarnada no seu verdadeiro
caminho, para alcançar as luzes que veio buscar mais uma vez neste plano de
vida.
Muito haverá, porém, que
modificar no que diz respeito ao ensino e práticas religiosas do presente. Uma
dessas práticas que está a exigir arquivamento urgente e definitivo, pela sua
verdadeira inoperância, é a da confissão auricular, em que as almas
confessandas são inquiridas em suas respeitáveis intimidades, desnecessária e
imprudentemente. Nada de positivo resultou até hoje de semelhante prática
milenar, criada precisamente para perquirir no íntimo das criaturas, pensamentos,
atitudes, e até delações de terceiros. Isto não é religião. Semelhante prática
dita religiosa precisa cessar de todo e o quanto antes. As almas encarnadas só
podem encontrar um confessor autêntico em Nosso Senhor Jesus, a quem devem
dirigir os seus pensamentos e os seus pedidos de perdão, sempre que se
considerarem em falta. Nosso Senhor Jesus auscultará amorosamente o coração das
almas que a Ele se dirigirem em orações fervorosas, sendo Ele a única Entidade
com poderes para perdoar. O Senhor se regozijará, inclusive, com as almas que
assim procederem, porque verificará nesse gesto o desejo sincero de caminharem
para Ele. Que cessem, pois, as confissões auriculares ditas religiosas. Ouçam-
me os responsáveis pela religião que tal prática conserva, na certeza de que eu
aqui lhes transmito a própria palavra do Senhor. Abulam o quanto antes do
número de preceitos a confissão auricular, aliás já hoje repelida pela maioria dos
seus adeptos, por absolutamente desnecessária. A esta prática se deve atribuir,
inclusive, o afastamento dos templos, de muitos milhares de famílias cristãs,
discordantes de semelhante preceito. Que prevaleça o princípio da consulta ao
sacerdote por quantos adeptos desejem um conselho amigo, em situações que isso
lhes pareça necessário, é coisa perfeitamente admissível; mas que isso se realize
fora do confessionário, e melhor ainda se em presença de terceiros, em
benefício mesmo da religião, cuja missão deve ser ensinar, orientar, conduzir
em voz alta, para que todos ouçam. Façam isso os responsáveis diretos pelas
religiões atuais, e estarão servindo ao Senhor, como o Senhor deseja que O
sirvam verdadeiramente.
Agora um pequeno detalhe
para encerrar o presente capítulo. Todos quantos compulsaram a história
religiosa sabem os motivos que levaram os mentores religiosos do passado a
instituir no Ocidente a confissão auricular, como preceito religioso
obrigatório para receber a comunhão. Todos vós que compulsastes a história
religiosa verificastes que o verdadeiro objetivo desse estranho preceito era
muito diferente do apontado e divulgado. E sabeis, por conseguinte, quantas
criaturas de Deus foram encarceradas, martirizadas ou queimadas nas fogueiras
inquisitoriais, em consequência de denúncias nem sempre verdadeiras, de
atitudes contrárias ao pensamento religioso da época. Os responsáveis por semelhante
procedimento, tanto delatores como executores, são hoje almas completamente
redimidas dessas faltas graves do passado, após terem purgado no solo terreno,
em vidas e vidas de sofrimento, tudo quanto impuseram às suas vítimas. É que a
Misericórdia Divina, em sua infinita bondade, oferece a todas as almas, por
mais enegrecidas se encontrem, oportunidades de lapidação e resgate, para que a
luz espiritual brilhe intensamente em sua fronte, purificando-as de todas as
suas faltas pretéritas.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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