Passa já da hora o vosso despertar espiritual . . . Saiba que a tua verdadeira pátria é no mundo espiritual . . . Teu objetivo aqui é adquirir luzes e bênçãos para que possas iluminar teus caminhos quando deixares esta dimensão, ascender e não ficar em trevas neste mundo de ilusão . . .   Muita Paz Saúde Luz e Amor . . . meu irmão . . . minha irmã

terça-feira, 29 de novembro de 2016

CAPÍTULO VIII - Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Assistência espiritual aos viventes necessitados. — Correspondência mental com o Alto em horas certas. — Organização espiritual padronizada em estudo na Corte Celeste. — Psicografia, uma das mais belas faculdades ao alcance de todos. — Há necessidade de mais obras mediúnicas na Terra. — Importante papel da mulher dona-de-casa.





Os fatos em perspectiva para terem lugar na Terra e que muito próximos já se encontram, justificam e deram causa à vinda de Entidades das mais categorizadas do mundo espiritual para aqui se dirigirem aos viventes terrenos. Seria uma grande felicidade para todos, encarnados e desencarnados, podermos assistir ao desenrolar desses fatos em plena paz e sossego de todos vós que ainda vos encontrais vivendo no corpo. Seria uma grande felicidade, repito, podermos assistir aos acontecimentos em curso com a naturalidade das águas correntes, sem nenhum sobressalto para as vossas almas, minhas filhas do coração. Eu estendo este meu grande anelo também aos meus filhos muito estimados, porque os quero igualmente com todo o fervor. 

Minha missão atual, vindo em Espírito ao vosso ambiente, tem, porém, objetivos outros, os quais eu procuro alcançar com a maior eficiência possível. Estes objetivos consistem principalmente no desejo que eu alimento em meu coração de mãe espiritual de quantos assim me aceitarem, de estabelecer uma ligação bem sólida entre o meu e o coração de todas minhas filhas terrenas, sem distinção de cor nem de origens raciais, a fim de nos empenharmos desde agora numa campanha de assistência espiritual a todos os viventes encarnados que dela necessitem. 

Meu pensamento é no sentido de estabelecermos uma espécie de correspondência mental em horas certas cada dia em todos os pontos do mundo terreno, a fim de nos comunicarmos e nos entendermos sobre todos os assuntos peculiares à vida terrena. Este assunto que apenas estou abordando nestas linhas espero poder apresentá-lo mais adiante já perfeitamente estudado, dado que o mesmo está sendo convenientemente preparado no Alto. Eu tenho observado através das rogativas, pedidos e apelos que no Alto recebo das minhas filhas encarnadas nas diversas regiões do mundo em que vivem, que está faltando na Terra uma organização espiritual padronizada segundo as necessidades de entendimento entre este plano físico e o plano espiritual, através da qual possam as almas encarnadas receber com presteza e segurança aquilo de que tiverem necessidade para a sua tranquilidade na Terra. 

Este tipo de organização está sendo estudado no Alto por Entidades membros da Corte Celeste, com a inteira aprovação do Senhor Jesus, e eu espero poder oferecer o modelo terreno ainda neste livro, para que o mesmo venha a se firmar também neste plano. Voltarei, pois, ao assunto em capítulo posterior. 

Desejo ocupar-me agora de assunto que eu considero de grande importância para todas as minhas estimadas filhas terrenas, que é o seguinte:--- É hoje em dia ponto pacífico no meio terreno, a existência de faculdades psíquicas em todas as criaturas humanas independente do grau de instrução de cada uma. Tais faculdades não foram concedidas por acaso a essas criaturas, e tampouco se revelaram com a espontaneidade do aparecimento da grama em todos os terrenos cultivados ou não. As faculdades psíquicas de que são portadoras quase todas as almas encarnadas foram-lhes concedidas desde séculos em numerosas delas, como meio de poderem acelerar o seu progresso espiritual através do uso que vierem a fazer dessas faculdades, contribuindo com sua prática para o adiantamento dos semelhantes.  Acontece, porém, que este assunto não tem sido tratado no plano terreno com o empenho e método conveniente, razão do atraso ainda verificado no progresso espiritual em geral. 

Existem na Terra faculdades realmente preciosas se convenientemente desenvolvidas e aplicadas. Citarei, por exemplo, esta de que me estou utilizando para conversar convosco por meio da palavra escrita, e que é uma das mais belas de todas. Embora concedida, por assim dizer, a todas as almas encarnadas ainda é pouco cultivada por seus portadores, quando são tantas as Entidades desejosas de falar à Terra por este processo. Tais Entidades, possuídas de tal desejo, têm em vista apenas contribuir para a felicidade, paz e bem-estar das almas encarnadas, e jamais a satisfação pura do que eu denominarei de diletantismo. A razão disto é o que todos observamos do Alto em relação à vossa movimentação pessoal ao longo dos caminhos a percorrer.

Sabemos por isso que muitos dos erros cometidos pelos seres humanos o são em grande parte devido à falta de uma palavra de esclarecimento espiritual, ao desconhecimento das leis reguladoras da vida universal, o que não sucederia se todos tivessem à mão um maior número de obras mediúnicas fartamente esclarecedoras. Nós bem sabemos da existência de extensa bibliografia terrena abrangendo quase todos os assuntos do interesse das criaturas que vivem na Terra. Trata-se, entretanto, de obras redigidas segundo determinados programas didáticos, a maioria dos quais se circunscreve ao meio para o qual foram escritas. 

São assim os tratados de ensino médio e superior, de cujo conteúdo as demais classes não têm oportunidade de tomar conhecimento. Vêm a seguir as obras propriamente literárias, como os romances sentimentais, as novelas de todo o gênero, seguidas dos valores poéticos de todos os tempos destinados estes por sua natureza imaginativa e artística a um público assaz reduzido. Em nenhuma dessas obras, contudo, se encontram ensinamentos capazes de orientar e conduzir as almas encarnadas na direção que lhes convém, que é aquela que as trouxe à Terra. Somente, por conseguinte, as obras ditadas por Entidades autorizadas do mundo invisível estão contribuindo para o encaminhamento das almas para a luz, falando-lhes a palavra orientadora, aquela que se empenha em despertar em seu coração os verdadeiros objetivos de sua vinda uma vez mais à vivência no corpo.  

Bem, para que haja na Terra boas obras mediúnicas, é indispensável a existência de  pessoas com  a respectiva faculdade mediúnica para as receber e divulgar. Para isso se torna necessário o empenho daqueles que vieram à Terra com essa faculdade, tratando de a desenvolver e aprimorar o quanto possível. Casos existem em que tal faculdade é perfeitamente sensível ao seu portador, o qual, entretanto, ou não conseguiu adquirir conhecimentos linguísticos suficientes para grafar no papel o que lhe estiver sendo inspirado, ou, o que é mais comum, o portador dessa faculdade inteiramente dela se desinteressa. Qualquer dos dois casos é deveras lamentável pela falta de apoio às Entidades que desejam cooperar com as almas encarnadas por meio da palavra escrita.  

Existem neste País, e também noutros mas em menor escala, organizações espiritualistas nas quais se procede ao exercício da faculdade psicográfica, mas de modo tão superficial que nada resulta para o público em geral. Essas organizações se contentam, em regra, com pequenas mensagens individuais relacionadas ou com a própria organização ou com o médium, quando muito bem fariam se dispusessem a receber obras mediúnicas para divulgação. Há exceções, é claro, e algumas poucas obras deste gênero estão sendo divulgadas. Seria então de desejar que os responsáveis pelas organizações espiritualistas de todo o mundo determinassem um dia dos seus trabalhos para o desenvolvimento e prática da mediunidade psicográfica, cuja determinação receberia desde logo todo o apoio do plano espiritual sob as vistas do Senhor Jesus.  

Desejo tratar ainda neste capítulo de outro assunto que o Senhor me recomendou para imediato conhecimento de todas as leitoras. Tratarei então do que diz respeito à vivência de cada uma em sua permanência na Terra, e a maneira ao alcance de todas, de a prolongar ao máximo possível, a fim de poderem todas beneficiar-se de sua presente encarnação. É fundamental, por conseguinte, que haja um método de vida capaz de manter inalterada a saúde do corpo, base do bem-estar e da longevidade. Dirijo-me então às minhas queridas filhas para recomendar a elaboração e cumprimento desse método de vida, já não apenas como obrigação que a todas assiste, como também um esforço pessoal de cada uma. 

Darei a seguir alguns elementos para esse fim, como contribuição de minha parte, no que diz respeito à mulher dona-de-casa, por exemplo, é necessário que a sua mão esteja em tudo quanto se passe no seu lar. Cumpre-lhe ser a primeira a levantar para dar andamento à vida do lar, seja transmitindo instruções às suas servidoras, se as tiver, assistir a preparação da primeira refeição para que marido e filhos com horários certos de trabalho ou estudos possam comparecer em tempo útil. Cumpre à mulher dona-de-casa acompanhar de perto a vida do lar, se não mesmo fazê-la girar em torno da sua pessoa. É a ela que incumbe determinar o que tenha de ser adquirido em matéria de alimentos e jamais permitir que isso se faça à sua revelia. Cumpre-lhe, inclusive, organizar sua pequena contabilidade, embora simplificada ao máximo, na qual fiquem registradas todas as despesas feitas com alimentação, vestuário, e as que mais houver, e jamais permitir que os recursos existentes no lar sejam utilizados a granel, isentos do respectivo registro. 

Procedendo desta maneira a dona-de-casa cumpre dois deveres essenciais. O primeiro deles é o de poder apresentar ao seu companheiro que lhe fornece os recursos, uma relação sucinta dos gastos feitos durante o período, para que o mesmo se capacite sempre mais da excelência da sua companheira de vida terrena que é a esposa, e continue a considerá-la, se possível, a melhor que poderia ter encontrado. O outro dever que escapa ao conhecimento das almas encarnadas em corpo feminino é o seguinte: a escrituração regularmente feita pela dona-de-casa de todos os gastos da família no período mensal é conhecida e estudada também no plano espiritual pelas Entidades disso incumbidas, e serve para que desse plano se providencie, quando considerada necessária, uma adequada melhoria dos proventos capazes de fazer face ao déficit porventura existente no respectivo orçamento. Isto acontece muito frequentemente a vários lares terrenos cujo exame demonstra uma aplicação sensata dos recursos obtidos pelos seus responsáveis, havendo por isso necessidade de os acrescentar, e isto se verifica. Ao passo que nos lares em que não haja anotação positiva, regular, dos dispêndios efetuados, e tudo se resuma ao esgotamento dos recursos domésticos, nenhuma referência existirá, igualmente, no plano espiritual. Os gastos feitos, por assim dizer, no escuro, levam quantas vezes a família ao desentendimento, com grave prejuízo para todos. Torna-se, por conseguinte, necessário que as minhas filhas a quem tanto quero, se preparem desde a mocidade para desempenhar mais tarde, não apenas o elevado papel de esposa e mãe, mas sobretudo o difícil papel de dona-de-casa, pelo valor que o mesmo representa na felicidade e harmonia do lar. 

Eu falo-vos desta maneira, minhas queridas, por conhecer muitos e muitos lares em que suas donas bem pouco se preocupam com o cumprimento dos deveres apontados, confiando às suas servas ou a terceiros a função que a si mesmas compete. Muitas destas filhas preocupam-se mais com os assuntos da vida social puramente diletante, colhendo da mesma simples entretenimento, em prejuízo quantas vezes da sua felicidade e harmonia no lar.  

Vejamos a seguir a decorrência em que tal maneira de viver implica. Filhos e filhas deixados entregues às servidoras domésticas ou aos cuidados de terceiros, sofrem com a ausência das mães que se divertem fora, recebendo esse procedimento como possível exemplo a adotarem também mais tarde em sua própria vida. 

Repito, então, filhas queridas do meu coração: habituai-vos ao papel da verdadeira dona-de-casa como autêntica rainha do lar que ajudastes a construir, uma vez mais, e tratai de apurar na sua administração todas as boas qualidades que possuís, desenvolvendo-as o mais possível para aumentardes assim a vossa felicidade. Tende sempre presente que a vida terrena é muito curta para ser desperdiçada. Cada mergulho dado pelas almas num corpo de carne seja ele de que sexo for, representa uma concessão feita a cada uma delas pelas Forças Superiores para ser utilizada no único sentido da sua iluminação. Guardai isto no vosso coração, minhas filhas muito queridas. Espero voltar ao assunto ainda neste livro.  

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha  própria que eu vos ofereço de todo o coração.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CAPÍTULO VII - Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Objetivos da vida terrena. — O melhor professor. — O que é preciso compreender. — Multiplicai escolas e universidades. — As crianças não podem esperar. — Vivência e felicidade na Terra. — As boas qualidades. — Instrução como programa de governo.




A vida terrena representa para todas as almas que aqui encarnam de século em século, com algumas exceções, o melhor, se não o único meio de poderem todas alcançar os degraus da escala espiritual que se encontra no porvir de todos os seres. 

A vinda das almas a este plano físico obedece a um plano sabiamente elaborado desde os primórdios dos primórdios, para que as almas já merecedoras de cursar esta escola aqui aportem, vivam, estudem e assimilem as lições que lhes forem propostas pelas circunstâncias. 

Diz-se habitualmente ser o tempo o melhor professor, e na realidade assim é. Com o andar do tempo e com ele a vida de todos os seres conscientes ou não, aqueles que se encontrarem em posição de recolher as lições que o tempo oferece, estarão realmente enriquecendo o seu patrimônio de conhecimentos e experiência.

Ao contrário do que muitos viventes dizem e acreditam, a vinda das almas à Terra não tem absolutamente o objetivo do gozo duma encarnação repleta dos prazeres momentâneos que possa desfrutar, mas sim, e unicamente, a finalidade de aprender um pouco mais, ilustrar-se o quanto possível em relação aos conhecimentos peculiares à vida terrena. 

Conforme ficou dito e todos tomastes boa nota, existe uma população de almas algumas vezes superior à que se encontra encarnada, todas aguardando oportunidade de voltar à Terra no prosseguimento do seu aprendizado. O que muitas almas encarnadas não chegam a compreender devidamente, em relação à sua presente existência no corpo, por se encontrarem imersas numa trama de interesses puramente materiais, as almas desencarnadas o compreendem perfeitamente, que é a oportunidade de progredirem um pouco mais no caminho da sua iluminação.  

Para vos apresentar uma imagem terrena muito vossa conhecida,  capaz de traduzir o interesse das almas no prosseguimento do seu aprendizado, eu citarei o fato presente nesta e noutras cidades e que eu também tenho testemunhado nos dias em que aqui me encontro para ditar este livro. Vejo que uma pequena multidão de jovens desejosos de ingressar nas universidades para desenvolver e aprimorar conhecimentos se movimentam, se agitam, com o objetivo de conseguir dos dirigentes ocasionais providências urgentes para serem admitidos ao estudo. Isto que eu tenho testemunhado representa em boa parte a necessidade sentida também no Alto pelas almas desejosas de voltar ao solo terreno em busca de novos conhecimentos. 

Aquilo que vós outros não conseguis vislumbrar sequer, as almas desencarnadas o sentem duramente, apenas não fazem como os vossos jovens estudantes. A demonstração que fazem desse desejo é absolutamente ordeira e pacífica, porque feita por meio da oração ao Senhor por uma nova oportunidade. Mas o Senhor não consegue atender a todos os pedidos que nesse sentido lhe chegam de todos os recantos do mundo espiritual. O Senhor defronta-se desde séculos com o grande problema dos lares terrenos onde possam reencarnar as almas desejosas de uma nova peregrinação pelos caminhos da Terra. Surge a questão alimentar em primeiro lugar, com a qual muito se preocupam, hoje em dia, todos os dirigentes da Terra. Vem em seguida o problema social envolvendo a dificuldade de manterem os pais os filhos nas universidades pelo tempo necessário à conclusão dos cursos de que tanto carece o mundo de hoje. As dificuldades crescentes da vida terrena impedem os jovens de aprimorar conhecimentos vários de que são portadores, adquiridos no passado. E dizer-se que em regra todas as almas que estão descendo à Terra nos últimos decênios são portadoras de conhecimentos e experiência que apenas necessitam de serem despertados no cérebro dos jovens!

O Senhor Jesus exultará no dia que há de chegar muito breve para a Terra em que todas as crianças de todas as regiões do mundo frequentem as escolas, não apenas as de curso primário como também as do ensino técnico e científico, do que resultará então um grau de progresso e de felicidade tal para todos os viventes deste plano físico como jamais poderão imaginar nos dias que correm. O Senhor se empenha por isso, em que os responsáveis pela direção dos povos se empenhem também em oferecer anualmente às crianças e aos jovens as vagas de que possam necessitar nas universidades, encerrando para sempre o triste espetáculo da atualidade, de terem os jovens de lutar para poderem estudar. 

Sem pretender com estas palavras dirigir a mais leve censura aos responsáveis pelo que está acontecendo, por não estar isso na minha  intenção, eu os exorto aqui a que escrevam no alto de seus programas de governo estas luminosas palavras: instrução, instrução, instrução e o Senhor fará o resto.  

Desejo tratar em seguida de outro assunto igualmente importante para todas as minhas queridas filhas e filhos terrenos. Desejo tratar do que diz respeito à conduta mais aconselhável à vivência e felicidade em sua permanência neste plano físico. Referir-me-ei então à conduta que devem manter no meio social de que fazem parte, e que muito útil deve ser para todos pela convivência tão necessária ao progresso das almas. O meio social é constituído, como sabeis, por elementos espirituais de várias categorias, necessitados todos eles da luz e progresso que vieram buscar na Terra. Será então da maior conveniência para todos quantos compõem o meio social, procurar descobrir sempre as boas qualidades existentes no seu próximo e proclamá-las sempre que possível, com o que lograrão despertar as mesmas qualidades em outros elementos. 

A proclamação das boas qualidades existentes num ser humano das vossas relações terá o mérito, não só de as fortalecer e ampliar, como ainda de incentivar o seu aparecimento em seres que as não tenham demonstrado. E todo aquele que ouvir dos seus semelhantes referências elogiosas às boas qualidades de que for portador, por certo se empenhará em procurar desenvolvê-las o quanto puder em virtude do estímulo de que foi alvo. Somente aquele, entretanto, que possuir ou cultivar empenhadamente as boas qualidades estará apto a descobri-las nos outros. 

É, pois, de grande transcendência nas relações sociais, procurar cada um cultivar no íntimo boas qualidades de coração para poder por sua vez descobri-las nos elementos componentes do meio social em que vive. 

Perguntar-me-eis provavelmente: e quais são essas boas qualidades que todos devemos cultivar? A resposta é simples, filhas e filhos meus que muito quero e estimo. As qualidades principais que um ser humano deve cultivar empenhadamente na Terra podem contar-se pelos dedos, que são: Em primeiro lugar a honestidade em todos os seus atos particulares ou públicos. O culto da honestidade cria no indivíduo uma pequena auréola que o identifica desde logo perante as Entidades imateriais que o visitam, e são várias, muitas mesmo durante a sua vivência terrena. A honestidade imposta aos menores atos individuais torna-se em breve uma espécie de automatismo que nenhum esforço requer para  predominar em tudo quanto o indivíduo pratique. Essa criatura passa então à categoria das almas honestas por índole em todos os seus atos e pensamentos. Este fato constitui-se com o tempo numa verdadeira fonte de luzes para esta categoria de almas.  A segunda qualidade a ser cultivada com empenho pelas almas encarnadas deve ser a bondade para com todas as demais. Plantar e fazer crescer a bondade no coração é construir cada um em seu coração um elo a mais na imensa cadeia universal da bondade, e a ela se ligar para todo o sempre. A bondade cultivada pelas almas encarnadas acarretar-lhes-á pelos anos, séculos e milênios em fora alegrias tão grandes e tão gratas, além de toda a vossa imaginação atual. Pela bondade ligareis o vosso viver de hoje a esse mesmo sentimento manifestado por todas as Almas Grandes do Universo, e delas, recebereis a parcela de que possais necessitar em todas as circunstâncias da vossa existência neste e em outros planos em que fordes chamados a viver. Cultivai, por conseguinte, a bondade em vossos corações. Reparti-a com os vossos semelhantes sempre que se ofereça oportunidade, porque assim a ampliareis e vos engrandecereis também. A bondade reunida à honestidade constituem, por assim dizer, a chave mágica que vos abrirá todas as portas e todos os corações dos mundos superiores. Estas duas qualidades insuperáveis aparecem na auréola de todas as almas que as souberam cultivar, como poderosos focos de luz que jamais se apagarão. Cultivai, pois, minhas filhas e filhos queridos, estas duas boas qualidades, sobre as quais havemos de voltar a falar algum dia quando estivermos reunidos no plano em que agora vivo e desejo receber-vos em vosso regresso da Terra.  As demais boas qualidades podem ser consideradas assessórias, mas nem por isso destituídas de grande valor. Há, entretanto uma, pelo menos, que deve ser considerada essencial à vida infinita de cada um: é a verdade. O culto da verdade pelas almas encarnadas deve representar para elas uma espécie de religião. Efetivamente, uma das principais colunas a sustentarem o edifício de uma vida na Terra tem de ser, sem dúvida, a verdade. Dizer a verdade, viver a verdade, proceder em todos os atos em função da verdade, é algo capaz de dignificar uma vida em toda a sua existência. A verdade assim como a honestidade e a bondade são hábitos e procedimentos que se incrustam no diadema espiritual das almas, quer enquanto encarnadas na Terra quer após o seu regresso e permanência no plano espiritual. Ao nos aproximarmos em nossa vivência no Alto, de almas ostentando no seu diadema estas três características representadas em luzes: honestidade, bondade e verdade, nós as reverenciamos de todo o coração, pelo muito que souberam conquistar através dos seus mergulhos na carne. Essas almas assim dignificadas passaram a constituir ornamento da categoria de Espíritos Superiores, e unicamente voltarão à Terra para desempenhar missão relevante do Senhor.  O culto da verdade pelas almas que a ele se entregarem torna-se praticamente automático. A alma cultora da verdade não necessita de produzir nenhum esforço nesse sentido. A verdade torna-se um hábito na vida de cada uma e de tal modo radicado, que a criatura ao ter de se manifestar em qualquer circunstância, só o fará para dizer, cultuando-a, a verdade, ou nada dirá. Se a verdade não puder ser dita por motivos possivelmente poderosos, ou porque possa ferir fundo a terceiros, então que não seja dita, se assim for possível vencer a circunstância. 

Fazei então das boas qualidades o símbolo das vossas vidas na Terra, minhas filhas e filhos queridos, afastando dessa maneira do vosso caminho possíveis obstáculos capazes de produzir sofrimento. Se estais na Terra para aprimorar qualidades iniciadas há séculos ou milênios de milênios, desde que recebestes um dia aquele sopro divino, nada melhor fareis do que firmar-vos nos sólidos princípios que aqui vim apontar-vos, iluminado-os diariamente com as luzes da vossa oração sinceramente dirigida a Nosso Divino Salvador, para assim vos preparardes para mais altos vôos e vivências em planos dos quais nem sequer já ouvistes falar.

Minha presença através das páginas deste livro, teve e tem este único objetivo: despertar em vossos belos Espíritos o entusiasmo pela vida espiritual com todo o seu luminoso cortejo de felicidade e bem-aventurança. Firmar então vossa presente existência  principalmente neste expressivo triângulo de que acabo de falar: a honestidade, a bondade e a verdade, iluminando-o, como disse, com as luzes da oração ao Senhor, e contai em todos os momentos com todo o meu apoio espiritual para mais facilmente poderdes transpor obstáculos que julgueis mais difíceis de vencer. Eu estarei convosco, filhas e filhos a quem muito quero e estimo, em todos os momentos em que precisardes de mim.  

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha  própria que eu vos ofereço de todo o coração.

CAPÍTULO VI - Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. A alma, suas origens e crescimento. — O sopro divino. — Integração no núcleo de vidas da escala animal. — Sua chegada à condição de ser espiritual. — Possível retorno ao planeta primitivo. — Cruzada Espiritual Feminina. — Eliminação do sofrimento físico na Terra.






Um assunto que eu considero da maior importância para conhecimento das almas encarnadas, é sem dúvida a origem de suas numerosas vindas à Terra durante séculos e milênios, com o fim de aqui aperfeiçoarem qualidades e aptidões para poderem alcançar, de degrau em degrau, toda a escala espiritual. 

Devo começar então por dizer às minhas queridas filhas terrenas, que suas almas se originaram de um quase nada, e simples desejo do Criador em dar vida a novos seres, no início de cada um uma simples idéia na Mente divina. Uma vez a idéia mentalizada, foi projetada na imensidade do éter universal, onde perdurou por milênios de milênios como um átomo em processo de desenvolvimento. 

Passados os períodos de tempo necessários, a idéia mentalizada pelo Criador adquiriu luminosidade e se movimentou em busca de crescimento, dentro das suas possibilidades. A idéia foi pouco a pouco adquirindo a consciência de si mesma como ser existente no Universo, tratando então de buscar em torno,  condições e ambiente que lhe permitissem o próprio desenvolvimento.

Certamente, a idéia já não estava sozinha em seu núcleo de vida. Muitos milhares de outras idéias semelhantes assim conviviam. na absoluta ignorância de tudo quanto não fosse ela própria, assim como todas as demais. Com o perpassar dos milênios foi a idéia agraciada com o que eu poderei denominar o sopro divino, que é o sopro de vida emanado do Criador, e a idéia se metamorfoseou em alma, em toda a simplicidade e pureza.  

Uma segunda fase então se manifestou ao longo dos novos milênios de milênios, num processo de crescimento anímico para esse ser pouco mais do que imperceptível, durante o qual ele próprio passou a reunir e absorver do núcleo a que pertencia, os elementos constitutivos de que carecia para o seu desenvolvimento anímico. 

A esta altura, a idéia mentalizada na Mente divina, já progredida na categoria de ser anímico, passou a viver sua própria vida e a se movimentar segundo as suas possibilidades anímicas. A continuidade dos tempos e a atividade desenvolvida no campo mental da sua existência, granjearam-lhe novos graus de luminosidade, chegando desta maneira a se constituir no que poderei denominar uma fagulha divina, embora sem qualquer espécie de autonomia no campo mental da sua existência.  

Nesta altura de sua constituição, foi o ser anímico conduzido à vivência no plano físico, integrando o núcleo de vidas dos seres mais ínfimos da escala animal, onde peregrinou durante milênios, com alternativas de idas e vindas do plano físico ao mental e vice-versa, galgando lentamente os degraus que lhe tiver sido possível galgar dentro do respectivo núcleo de vida. 

Concluída a escala na qual tiver ingressado, esse ser anímico logrou transferir-se a outro setor de vida animal, a fim de despertar e desenvolver o próprio sistema, e conquistar novas aptidões de autodefesa, já então em maior contato com novos elementos de progresso na circunscrição da sua vivência.     

Desnecessário será descrever todo o processo de desenvolvimento anímico enfrentado e percorrido pelo ser até alcançar o reino animal mais desenvolvido, conseguido finalmente ao cabo de uma trajetória tão longa e sofrida, que não será possível traduzir em números de séculos ou milênios. O certo é que, cumpridas as existências necessárias em meio a todas as vicissitudes da espécie, e que muitas foram, para todos os seres, chegou o ser anímico a seu tempo à condição de ser espiritual, desprovido, porém, de experiência em todos os setores, necessitando, então, de mergulhar num veículo físico para adquiri-la. 

Isto equivale a dizer que chegada foi a fase em que o sofrimento começa para as almas, com o mergulho que se lhes depara num mundo onde a luta constante pouco difere daquelas que tiveram de sustentar em sua vivência puramente animal. Nesse mundo em que vai ingressar receberá um veículo de forma humana, é verdade, porém bastante mais grosseiro e rude do que os da Terra, e nesse veículo a alma aprenderá a conviver com milhares de outras iguais, em cujo contato se desenvolverão novas aptidões, mercê das lutas que terá de enfrentar para sobreviver. 

Não estará, porém, abandonada a alma ingressada nesse mundo inferior. Ela terá a seu lado Guias e Protetores espirituais empenhados em a proteger contra os percalços, de lhe inspirar idéias necessárias à sua felicidade relativa, e, através dessa inspiração e ajuda a alma desenvolverá preferencialmente a sua faculdade intuitiva da maior utilidade em toda a sua vida ocasional e futura.  

A permanência duma alma nesse mundo bastante primário de vida não obedece a um período determinado de tempo. Em regra, porém, contam-se por doze a quinze mil anos os períodos de vivência das almas primárias nesse mundo, com alternativas de regresso e repouso no Espaço que lhe é próprio. Há, porém, numerosos casos em que almas de tal modo se empregaram na sua vivência nesse plano, que lograram alcançar o termo de sua experiência relativa em pouco mais de cinco mil anos.

Desenvolvendo empenhadamente várias das aptidões peculiares ao plano físico, muitas almas têm logrado alcançar justa promoção a mundos melhores, mais adiantados, tendo inclusive algumas delas sido trazidas a encarnar na Terra.  Bem verdade é, contudo, que algumas destas aqui se perturbaram ante a absoluta liberdade que encontraram em sua vivência, e tais distúrbios praticaram, que estão sendo devolvidas àquele mundo donde vieram, provando com isto que ainda não mereciam a promoção recebida. 

E essas almas retiradas da vossa convivência após períodos mais ou menos longos entre vós, não irão, certamente, voltar ao estado de materialidade no qual lá se desenvolveram. Tendo aprendido em sua estada na Terra muitas coisas que lhes permitirão implantar novidades e descobertas de grande utilidade nesse plano físico de vida primitiva, as almas retiradas da Terra e a ele recambiadas estão aptas a conquistar a admiração e o respeito dos seus contemporâneos. 

Entre os seres humanos em referência, muitos há de haver que aqui se relacionaram no campo da física e da mecânica, assim como nos transportes e também na indústria alimentar, estando por isso em condições de implantar nesse mundo em que vão reingressar os melhoramentos que puderem recordar nesses setores, o que lhes granjeará a auréola de grandes inventores.

Bem, minhas filhas muito queridas, toda esta longa história, se bem que apenas sintetizada, em torno das origens da alma, eu quis trazê-la para vós com este grande objetivo: fornecer-vos uma idéia do estado de adiantamento em que já vos encontrais a esta altura da vossa existência multimilenar, após haverdes percorrido os caminhos mais áridos e pedregosos que jamais podereis rememorar. 

Desde a simples idéia criada na Mente Divina até ao vosso estado presente de almas superconscientes como já o sois, responsáveis por todos os vossos atos e pensamentos, capazes inclusive de operar o próprio milagre ao vosso semelhante, eu não errarei em vos dizer que sois nesta altura de vossas vidas autênticos pequenos deuses, porque realmente o sois. 

E se assim é, dada a posse das excelentes qualidades e sentimentos que lograstes conquistar ao longo dos vossos quase cem mil anos desde o sopro inicial do Criador, eu venho dizer-vos ao vosso coração de filhas que muito quero e estimo, que a partir de agora vos considereis cada uma, uma representante minha  na Terra, para operar em meu nome todo o bem que entenderdes possível operar. 

Sempre que uma oportunidade se vos deparar em que podereis realizar uma ação meritória, não vacileis em fazê-lo em meu nome, que eu me prontifico a confirmar o vosso ato. Sempre, pois, que no vosso entender puderdes proporcionar ao vosso semelhante um conselho necessário, uma vibração amorosa num caso de sofrimento ou acidente, eu vos peço e autorizo: enviai-me um pensamento de prece, e eu estarei prontamente convosco para confirmar a boa ação que praticardes. 

Eu desejo manter-vos bem perto de mim desde agora, minhas queridas filhas, um dos motivos pelos quais resolvi descer à Terra para ditar este livro. E mantendo-vos bem perto de mim, minhas queridas, nós constituiremos juntas uma força poderosa quanto eficiente, contra a qual nenhuma vibração maligna poderá prevalecer. 

Assim autorizadas por mim, cada uma das minhas filhas terrenas  terá oportunidades várias de usar o poder que eu aqui lhes confiro, e com ele enxugar muitas lágrimas à sua volta. Fazei isso, minhas queridas! Eu estarei atenta no Alto a todos os vossos pensamentos, e atenderei no mesmo instante aos pedidos que me dirigirdes. A distância que só aparentemente separa este plano do plano espiritual, nossos pensamentos — o meu e os vossos — a transpõem numa fração de segundo, um milésimo, quando muito.

No Estatuto que espero enfeixar ainda neste livro, regulando a Cruzada Espiritual Feminina já organizada no plano espiritual, encontrareis, segundo espero, as regras e maneiras de vos conduzirdes como membros da Cruzada e minhas representantes no ambiente terreno. Isto constituirá apenas o início da vossa cooperação nos meus trabalhos espirituais, porquanto, uma vez ingressadas na Cruzada na Terra, sereis automaticamente consideradas minhas auxiliares categorizadas também no plano espiritual, quando a ele regressardes.  

Agora algumas palavras apenas para concluir o capítulo. Dir-vos-ei, então, minhas filhas, que se prepara no Alto, igualmente, uma atividade a ser implantada no meio terreno, destinada a reduzir ao mínimo o sofrimento das almas encarnadas, mediante a aplicação de certos princípios já em curso em planetas mais adiantados.  Um destes princípios consiste, por exemplo, no uso de determinadas fórmulas mentais para minorar ou mesmo eliminar sofrimento físico, de grande eficiência. Eu não estou autorizada por enquanto a pormenorizar o de que se trata, porém desejo assegurar-vos que isso não demorará, segundo o conhecimento que tenho do andamento do assunto.  

Nosso Senhor Jesus muito se preocupa em minorar os sofrimentos peculiares ao meio terreno, a fim de tornar bem mais alegre e feliz a permanência das almas encarnadas neste planeta. Um regular número de Entidades assessoras se empenha no momento em ultimar os trabalhos necessários à implantação neste plano físico, de vários processos para aquele fim. Aguardai, pois, filhas e filhos meus, o que muito breve conhecereis, segundo o que venho de antecipar-vos. Meu empenho, muito grande também, de me aproximar de vós todas que vos encontrais na Terra, tem o objetivo de vos unir a mim numa estreita união de vontades, a fim de que, assim unidas, possamos colaborar com grande eficiência nos trabalhos do Senhor neste plano terreno. 

Os dias que se aproximam hão de requerer muita união de pensamentos e de esforços, e eu assumi para com o Senhor o compromisso de conclamar as minhas filhas terrenas para fazerem parte da obra que pretendo realizar. Juntas, eu do Alto e vós na Terra, mas unidos os nossos pensamentos, havemos de operar maravilhas de socorro e atendimento aos necessitados de toda a esfera terrestre. Havemos de expandir de tal modo as vibrações puríssimas do nosso amor ao semelhante, e em tal magnitude o faremos, que os vossos e o meu Espírito celebrarão a seu tempo, no Alto, a confraternização gloriosa que nos reunirá para sempre.

Devo esclarecer ainda, minhas filhas, que abrigais cada uma no vosso coração uma tão grande parcela de poder, que se vos dispuserdes a utilizá-la para o bem e só para o bem, está claro podereis tornar-vos cada uma, uma Segunda Maria Santíssima no sentido do bem-fazer. Havemos de somar, então, o meu e o vosso poder em favor dos nossos irmãos terrenos, pela alegria e felicidade que isso proporcionará aos nossos Espíritos. E mais tarde, quando o tempo chegar, eu terei a satisfação de vos levar pela mão à presença do Senhor e lhe dizer: Eis aqui, Senhor Jesus, uma filha que  muito nos ajudou na Terra. Ela bem mereceu esse galardão que ora vem receber pela minha  mão!  

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha  própria que eu vos ofereço de todo o coração.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

CAPÍTULO V - Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. História espiritual do Espiritismo. — Seleção das almas que devem reencarnar. — Descem à Terra três categorias de almas. — Reencarnam em França os líderes do movimento espiritualista.





Quando eu me dispus a descer ao ambiente terreno para ditar o conteúdo deste livro, tive em vista duas grandes finalidades: aproximar-me o quanto possível das minhas queridas filhas terrenas para melhor poder falar ao seu coração, e colaborar no empreendimento elaborado por meu filho para despertar a quantos tomarem conhecimento das minhas palavras.  É certo que muitos dos meus leitores de ambos os sexos já terão tido conhecimento dos trabalhos desta Cruzada de Esclarecimento e se estão preparando para a vida futura, segundo as obras já em circulação, ditadas pelos mais categorizados enviados do Senhor, entre eles o nosso querido Irmão Thomé, o valoroso Espírito de São Paulo, e algumas dezenas de outras Entidades que vos falaram através das páginas de Vida Nova, nas quais eu também colaborei. Nunca será demais, contudo, o aparecimento de mais um livro a engrandecer aquela Cruzada, porque, como no meu caso, eu vos relatarei fatos e detalhes da vida espiritual para vós desconhecidos, e que decerto muito vos interessarão. 

Dizendo fatos desconhecidos para vós, eu quero referir-me ao vosso estado atual de almas encarnadas, não podendo por isso recordar muito do que já conheceis no estado de desencarnadas. Depois, cada capítulo divulgado na Terra com este propósito que todos trouxemos até vós tem o objetivo de contribuir para o aprimoramento do vosso viver terreno, para que possais alcançar o máximo de luz e de progresso em vossa presente estada no corpo.

Preparei então para vos relatar no presente capítulo um acontecimento acorrido no mundo espiritual não faz muito tempo, pelo qual ficareis conhecendo um pouco mais em relação à vida espiritual. Processava-se no Ato, há coisa de três a quatro séculos, uma espécie de seleção das almas que deveriam reencarnar proximamente, e esse trabalho estava a cargo de uma grande Comissão de Entidades de grande evolução, a quem competia dar a palavra definitiva acerca daquelas que preenchiam as condições requeridas pelas Forças Superiores para virem constituir a Humanidade terrena daquela época. Foram por esse processo selecionadas milhares de milhares de almas consideradas nas condições desejadas, as quais seriam encaminhadas à Terra à proporção em que as circunstâncias o permitissem. 

Requeria-se em primeiro lugar, das almas candidatas a reencarnar, a posse de um determinado patrimônio espiritual constituído de experiências adquiridas através de várias vidas passadas, mas sobretudo a posse de um grau regular de fé em seu coração. Muitas foram, por conseguinte, as que assim se apresentaram e foram selecionadas. Numerosas almas demonstraram a posse de um grande cabedal de conhecimentos e de experiência, às quais faltava entretanto a fé. Estas almas haviam desenvolvido o seu aprendizado através de suas antigas encarnações, voltadas exclusivamente para a materialidade da vida, habituando-se por isso a somente crer naquilo em que pudessem tocar e sentir, e jamais no que tivessem de admitir de abstrato. 

Muitas das almas nestas condições foram igualmente selecionadas para reencarnar, tendo-se então o cuidado de as encaminhar aos lares terrenos nos quais lhes fosse possível desenvolver esse poder extraordinário que é a fé. Outras muitas, cujo patrimônio espiritual se demonstrava carente ainda dos elementos capazes de as conduzir ao êxito na Terra, foram deixadas para mais tarde. Estas assim desprovidas de conhecimentos e experiência, em grande parte devido à sua juventude espiritual, foram reservadas para serem distribuídas aqui e ali, nos lares terrenos constituídos de almas experientes, onde se desenvolveriam à sombra das suas irmãs terrenas.  

Vieram assim à Terra, em consequência da seleção procedida no Alto, estas três categorias de almas a constituírem novos corpos: as já possuidoras de conhecimentos, experiência e fé, as evoluídas na experiência mas desprovidas de fé, e as almas ainda jovens, pouco vividas ainda em corpo físico neste plano terreno, apenas bastante sofridas ao longo de suas encarnações em planeta inferior à Terra. Todas essas almas mergulharam por sua vez na carne, acompanhadas de perto por Entidades protetoras, como de resto o são todos vós, meus filhos e filhas que eu muito estimo. 

Deste amálgama de almas encarnadas foi possível obter-se certa homogeneidade espiritual desde os dois últimos séculos, não obstante as lutas guerreiras que a História registra, e que ainda não foi possível banir por completo deste planeta. Do resultado obtido, muito lentamente, é verdade, chegamos finalmente ao aglomerado humano deste século, onde todos temos a ventura de destacar muitas e muitas almas que lograram atingir um elevado grau de evolução moral que as conduzirá em breve, ou à vivência no plano de grande luminosidade, ou lhes permitirá reencarnar neste mundo na qualidade de verdadeiros luminares a conduzir os semelhantes.

Nosso Senhor Jesus, em sua preocupação ininterrupta em prol da felicidade e bem-estar dos seus guiados terrenos, empreendeu esta Grande Cruzada de Esclarecimento precisamente para os preservar de sofrimento em caso de virem a ser atingidos pelos acontecimentos em curso, e também de os despertar para as coisas do Alto, que é a vida espiritual à qual todas as almas se destinam. 

Muito está sendo conseguido, aliás, nestes pouquíssimos anos da Cruzada, segundo temos observado pelo aprimoramento das vibrações mentais partidas da Terra. Com a continuação deste aprimoramento mental, espera o Senhor conseguir este grande, imenso resultado: executar as operações projetadas para a transformação da Terra com um mínimo de sacrifício de vidas humanas. 

E como corolário, a promoção de quase todas as almas atualmente encarnadas a novo e importante degrau em sua escala espiritual.  Mas eu não concluí ainda a narrativa em torno da seleção procedida, no Alto, das almas que deviam reencarnar. Ocorreu ali um episódio que eu desejo trazer ao vosso conhecimento, episódio bastante significativo que foi o seguinte: — Prosseguiam normalmente os trabalhos de seleção através do exame a que todas as candidatas se ofereciam, desejosas de poderem ser consideradas nas condições desejadas para participar da nova humanidade terrena. Surgiu a certa altura um grupo assaz numeroso de almas já possuidoras de um grau bastante satisfatório de iluminação, que manifestaram desejo de voltar à Terra, juntas, se possível, com o propósito de promoverem na Terra uma verdadeira revolução em torno dos princípios da fé. 

Achavam aquelas almas, à época em que o caso se passava, que a fé ensinada na Terra estava como que escravizada a princípios religiosos que a circunscreviam cada qual a seus próprios dogmas. Era necessário e urgente, no entender daquelas almas, quebrar as correntes religiosas existentes em determinadas regiões terrenas, e gritar, gritar, sim, segundo diziam, aos ouvidos dos filhos de Deus viventes no solo terreno, que o Espírito é tudo, que o Espírito não pode ser escravizado porque é livre, foi criado livre, e livre há de viver sempre através de todos os milênios de milênios do porvir. 

Propunham então as almas em referência o propósito de empreenderem na Terra a propagação de um tipo de fé diferente da então ensinada, de maneira a poder acordar nos homens a força enorme adormecida no íntimo, a força do Espírito, do Espírito livre e eterno.  

O fato causou enorme alegria entre as Entidades da Comissão Selecionadora de almas porque representava na idéia concebida por aquele grupo de almas um dos maiores impulsos já dados ao progresso das almas encarnadas. Foram examinadas detalhadamente as condições religiosas de todas as regiões da Terra, do Oriente ao Ocidente. Constatou-se que nesta segunda parte do globo terrestre, a humanidade se encontrava assaz tolhida no desenvolvimento da fé, em consequência dos métodos usados no ensino religioso, considerado no Alto bastante precário.

Constatou-se que, enquanto nos países orientais as religiões admitiam a vinda das almas à Terra em vidas sucessivas, assim como já praticavam o intercâmbio inteligente com os “mortos”, no Ocidente o ensino religioso circunscrevia-se à simples adoração do Criador e das Entidades canonizadas, Jesus inclusive, sem nenhuma margem ao desenvolvimento dos poderes espirituais de cada criatura humana. 

Bem certo é, porque absolutamente fora de possível contestação, que o ensino religioso ministrado no Ocidente construiu não apenas grandes obras religiosas, como o florescimento de grandes Espíritos encarnados nesta parte do mundo, Espíritos que, à sombra da venerável Igreja de Roma, puderam difundir ensinamentos e exemplos de fé que hão de perdurar ainda por muitos séculos. 

Trata-se de almas escolhidas pelo Senhor para virem à Terra difundir Sua Doutrina do amor e da fraternidade, e muito bem se desempenharam da incumbência. A circunstância, entretanto, de aquele grupo de almas desejar reencarnar no solo terreno com o propósito de aqui abrir novos caminhos à fé, determinou o estudo demorado dos seus objetivos e a maneira de os porem em prática, o que foi imediatamente submetido a outra grande Comissão que passou a ser designada no Alto por Comissão da Fé. 

A essa Comissão se apresentaram as trezentas e tantas ou quatrocentas almas candidatas à reencarnação, as quais lograram convencer facilmente as Entidades membros da mesma, da inteira viabilidade dos seus objetivos. Uma vez concluído o exame dos argumentos apresentados por aquele grupo de almas, assim se manifestou um dos membros da Comissão da Fé reunida:   — Almas estremecidas dos nossos corações! Há mais de quatro séculos que projetadas foram, neste plano, as idéias agora enunciadas por vós, já bastante amadurecidas pela graça do Senhor. Há mais de quatro séculos por conseguinte, que o Senhor deu início à irradiação, neste plano de luz, da idéia de uma reforma do ensino religioso no mundo terreno, visando a acelerar o despertamento da fé raciocinada em todos os corações. 

A Humanidade terrena já se encontra amadurecida para caminhar por si mesma nos caminhos da fé, mas é necessário despertá-la nesse sentido. Esta idéia irradiada através de todo este plano em que vivemos já conseguiu empolgar a todas vós aqui presentes, o que constitui motivo de grande alegria para todos nós e também para Nosso Senhor. Assim, eu vos declaro com o coração em festa, e o faço em nome de todos os membros desta Comissão, que estais autorizadas a reencarnar no Ocidente, apenas com a seguinte modificação nos vossos planos: não devereis surgir no mesmo local e tampouco no mesmo país. É preferível que reencarneis em países e lugares diferentes do Ocidente a fim de que a idéia divulgada num país seja recebida e logo proclamada nos demais, para o maior êxito da boa nova. Ide, pois, almas queridas. Ide propagar a boa nova na Terra, a idéia que há de empolgar desde logo todas as almas sensíveis, cujo êxito todos nós aqui vos asseguramos.  

Havia, integrando o grupo de almas presentes, algumas que mais se destacaram na apresentação de argumentos em favor da idéia nova. A Entidade membro da Comissão aproximou-se delas, em número de dez ou doze, e disse-lhes:   — A vós, já portadoras de tão belo foco de luz espiritual, nós entregamos a tarefa de liderar o movimento espiritualista na Terra, por ser o movimento destinado a evidenciar toda a potência da alma ou Espírito encarnado. Para o maior êxito, ireis nascer num país dos mais iluminados pela cultura e pelo amor às ciências, onde a boa nova rapidamente se desenvolverá. Ireis aparecer no território da França onde vivem numerosas almas bastante amadurecidas e por isso em condições de receber e aceitar prontamente a idéia espiritualista que ides levar à Terra. É conveniente, então, que as demais almas presentes se disseminem por outros países e cidades, para o fim de se constituírem sólidos pontos de apoio à boa nova irradiada da França. Ide, pois, com as bênçãos do Senhor, ao desempenho de tão luminosa missão junto aos corações humanos que vos aguardam.  

Aquele numeroso conjunto de almas missionárias partiu então para a Terra em princípios do século XIX e aqui deu início à propagação do fenômeno espírita, logo recebido pelas almas puras com grandes demonstrações de alegria. Essa pode ser tida como a história espiritual do Espiritismo no Ocidente.  

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha  própria que eu vos ofereço de todo o coração.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CAPÍTULO IV - Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Visita de uma grande dama recém-desencarnada. — Uma retribuição de ação. — Duas almas secularmente rivais reencarnam como mãe e filha. — Todos os atos praticados na Terra são conhecidos no mundo espiritual. — A criatura que viajou inesperadamente.





As dificuldades encontradas vida afora pelas almas encarnadas na Terra constituem os pequenos problemas que lhes são propostos como parte das lições que vieram aprender em sua nova encarnação. São pequenas lições que lhes cabe estudar ao longo dos seus dias terrenos, como exercício que todas devem fazer para marcharem adiante, em busca de cursos mais adiantados. Não há, por conseguinte, problemas, superiores à capacidade de cada alma, porque tudo é determinado exatamente segundo as possibilidades de cada uma. 

Paralelamente é facultado às almas encarnadas apelarem aos céus em qualquer momento em que defrontem dificuldades aparentemente superiores às suas forças, e receberão então do Alto o socorro, ajuda ou esclarecimento que lhes permita vencer o impasse. Bom seria para todos os encarnados firmarem-se nesse princípio de recorrerem ao Alto o mais frequentemente possível, porque essa prática lhes proporcionaria sem dúvida uma trajetória terrena bem mais suave e tranquila do que possam imaginar.

Todos nós que vivemos no Alto após havermos percorrido seguidamente os vários caminhos da Terra, onde logramos acumular os conhecimentos e experiências que possuímos, todos nós nos empenhamos de toda a maneira em cooperar com as almas encarnadas, sempre que um pedido nos chega nesse sentido. Da observação que habitualmente fazemos do nosso plano de vida, temos constatado que ainda vivem muitas almas encarnadas no solo terreno, inteiramente desligadas do seu plano espiritual, onde não chega um pensamento sequer, por se encontrarem completamente mergulhadas nos interesses da vida material. Muitas há, inclusive, que nesse estado de absoluto desinteresse partem de regresso deste mundo terreno, onde não cuidaram, mesmo por alto, da vida espiritual. 

Essas almas assim desencarnadas sem o menor cabedal de conhecimentos da vida espiritual e inteiramente desprovidas da luz que teriam adquirido através do hábito da oração diária, encontram-se numa situação deveras lamentável. Não tendo adquirido a luz que vieram buscar na Terra, motivo principal da sua encarnação, não podem ascender, em muitos casos, aos planos que lhes estavam reservados. Eu vos apresentarei uma imagem terrena que poderá ajudar a compreensão do que venho dizer-vos.  

Imaginai uma criatura humana que, por motivos superiores à sua vontade, foi retirada da cidade em que vivia confortavelmente, mas absolutamente despreocupada de seu futuro, e foi levada para bordo de um navio juntamente com muitas outras, cujo destino ignorava. Isto não fora, entretanto, uma surpresa, porquanto todas aquelas criaturas sabiam que um dia isso aconteceria, mas sem saberem quando. Uma vez a bordo, essa criatura da minha  imagem começou a pensar seriamente em sua situação, uma vez que não se prevenira de recursos para viver no porto onde tivesse de desembarcar. Chegado então o momento de desembarcar, teria essa criatura verificado tratar-se duma bela cidade muito bem construída, muito ampla, dotada de excelentes casas de hospedagem, hotéis de fino trato, etc. Verificou porém, profundamente constrangida a criatura imaginária, que não dispunha sequer de um mínimo que lhe permitisse tentar viver nas condições mais precárias da cidade. 

Seus pensamentos voltavam-se, desolados, para a vida que logrou construir na cidade que deixara para trás, donde não trouxera o necessário, o indispensável mesmo para viver em sua nova situação. E o que testemunhava, então, a nossa criatura imaginária? Apenas isto: outros passageiros do mesmo navio em que viera, iam-se acomodando confortavelmente nos melhores hotéis e outras casas de hospedagem, para o que se encontravam fartamente providas da moeda que tal situação lhes permitia. E depois de muito peregrinar através dos vários bairros de sua nova cidade, sentindo já necessidades alimentares impossíveis de satisfazer, o que é que restava à nossa criatura imaginária? Nada mais do que estender a mão à caridade pública para poder sobreviver.  

Transportemos em seguida esta imagem para o plano espiritual, e facilmente vos convencereis, filhas e filhos meus, do valor da oração sincera, com o mesmo propósito com que diariamente cuidais da alimentação do corpo. As almas que aportam ao plano espiritual desprovidas de um foco de luz própria, objeto fundamental de sua vinda à Terra, podem ser comparadas àquela criatura da imagem precedente. Não possuindo luz própria decorrente de seus atos e pensamentos vividos no corpo, as almas nestas condições ou permanecem estacionadas no local em que foram deixadas após largarem na Terra os seus despojos, ou se decidem a implorar a caridade daquelas que lhes passarem próximas, para que as ajudem a caminhar. 

Direis vós talvez: e essas almas não possuíam luz antes de reencarnarem? Sim, é a resposta certa. A luz anteriormente alcançada pelas almas em referência pertence-lhes, efetivamente, mas está-lhes reservada para ser entregue no momento oportuno.

No regresso ao mundo espiritual, deve viver cada alma daquilo que logrou adquirir em sua última existência no corpo, como prova e consequência do que tiver alcançado ao longo dessa existência. Já tem acontecido, serem tão precárias as condições em que regressam ao Espaço certas almas que não se preocuparam jamais com esse momento, que muitas outras se reúnem para orar por elas, com o objetivo de implorar ao Senhor uma velinha que seja para que possam caminhar.  Isto que aqui escrevo, filhas e filhos a quem muito quero e estimo, tem o propósito de radicar em vossos belos Espíritos a idéia da necessidade que a todos assiste de vos preparardes para a vivência nos planos do Além. 

Nenhum de vós aqui se encontra pela primeira vez, nem provavelmente pela última, tendo reencarnado muitas e muitas vezes nas várias regiões do mundo terreno, mas sempre com este único objetivo: aumentar a luz do vosso Espírito por meio da prática de ações meritórias, mas também da oração constante, como alimento que é do vosso Espírito. Efetivamente, enquanto o corpo se alimenta e conserva por meio do alimento material oriundo do solo terreno, o Espírito, que é luz, só se alimenta de luz, luz e mais luz, mediante a qual se engrandece e progride. A luz espiritual, o Espírito a adquire em primeiro lugar por meio da oração proferida como hábito diário em momentos de recolhimento, nos quais ele se dirige ao Senhor Jesus para agradecer as graças recebidas nesse dia e pedir sua continuação para o dia seguinte. Recebe igualmente luz o Espírito que ora pelos semelhantes, os quais lucram com isso esclarecer-se e vencer possíveis dificuldades momentâneas, graças à oração proferida em seu favor pelos Espíritos bondosos, a quem a Misericórdia divina distribui porção igual à que solicitaram para outrem. É, pois, da prática da oração que resulta a iluminação das almas encarnadas, para o seu engrandecimento. É também a oração uma das maneiras ao alcance dos mais humildes, para praticarem a caridade aos semelhantes. Enquanto a prática de obras assistenciais requer a posse de recursos que a possibilitem, a caridade por meio da oração depende exclusivamente do desejo de praticá-la, de boa-vontade apenas.  

Em seguida eu vou narrar-vos uma pequena história que muito haveis de apreciar pelo ensinamento que da mesma há de resultar para os vossos Espíritos. Eu recebi certa ocasião, em meio às minhas ocupações habituais de orientação e ajuda a quantas almas boas apelam para mim de muitos recantos da Terra, uma comunicação dos meus assessores de que uma grande dama da Terra, recém-desencarnada, desejava muito falar-me e solicitava dia e hora para ser recebida. Este protocolo era comum na Corte donde provinha a grande dama, e por isso assim marcava o seu pedido de audiência. Recebida a comunicação dos meus auxiliares, eu determinei que mandassem entrar imediatamente a ilustre dama, porque eu a atenderia naquele mesmo momento, como costumo fazer a quantas almas me procuram, e que são muitas diariamente.

Levada a minha  resolução à visitante, ela surpreendeu-se com a minha  disposição de a receber prontamente, porém pediu para a receber no dia seguinte, visto desejar apresentar-me certos documentos que não estavam presentes. Ela estava habituada, como é óbvio, às audiências em seu palácio deixado na Terra, e por isso desejava apresentar-me elementos que possuía e que julgava importantes. Cientificada deste fato, resolvi dirigir-me ao seu encontro no salão em que se encontrava, e isto surpreendeu-a bastante. Com o propósito de a deixar à vontade, fui-lhe dizendo que era meu o interesse em receber naquele momento a sua visita, cuja vivência terrena eu acompanhara atentamente do Alto. E quanto aos documentos, seria bastante citá-los ela mesma, porque eu lhe daria ali mesmo o conteúdo de cada um. A minha  visitante ficou maravilhada com este fato, mas ao mesmo tempo notei o seu receio de que eu conhecesse em minúcias todos os detalhes da sua última existência terrena. Para a tranquilizar eu disse-lhe mais ou menos o seguinte:  — Minha  filha muito querida: não há um único ato praticado no mundo terreno, pelas almas que nele se encontram, que não seja aqui conhecido por nós, sobretudo pelo Senhor e por mim, pelas responsabilidades que nos pesam em relação à vivência de cada uma. No teu caso, por exemplo, eu te direi que conheço todos os atos que praticaste nos setenta anos que na Terra estiveste, tanto aqueles extremamente meritórios, em que muitas lágrimas enxugaste graças à generosidade do teu coração, como alguns outros que não desejo recordar, mas que estão visíveis na tela da tua consciência. 

A milha filha presente, ao ouvir minhas últimas palavras, perturbou-se e arrojou-se aos meus pés em pranto e implorando perdão pelo que de injusto e condenável praticou na Terra. Eu levantei-a carinhosamente, abracei-a e sentei-a novamente no lugar próprio. E prossegui:  — Como vês, minha  filha querida, aqui não necessitamos de comprovantes para ajuizarmos da conduta dos filhos que se encontram na Terra. No teu caso particular, eu verifico que possuis uma percentagem muito alta de atos bons, mediante os quais proporcionaste internação e assistência hospitalar a milhares de criaturas necessitadas. No caso o teu mérito inconteste reside na tua ação decidida no sentido de que o Estado construísse os hospitais para a população pobre; ainda assim, vale a tua iniciativa e determinação de insistir para que os homens do governo fornecessem os recursos para as obras. Verifico, igualmente, com grande alegria que muito te empenhaste em povoar de escolas o território do teu país, em virtude das quais muitos milhares de seres infantis lograram despertar a inteligência para a vida terrena. Sim, minha  filha; louvo e muito a tua decisão de angariar recursos através das reuniões sociais que organizaste, e que muitas foram, para atender aos necessitados de tudo: roupas e alimento. Observo que boa parte da tela na qual a tua vida se reflete, está iluminada de estrelas muito belas, nela incrustadas por esses atos bons, altamente meritórios. 

A sombra do brilho refletido para esse conjunto de estrelas é que produz este belo foco de luz que ostentas e pelo qual eu te felicito, minha  filha muito estimada.  Ela, profundamente emocionada, desejava falar-me. Desejava dizer-me algo que eu bem conhecia. Concedi-lhe a palavra, porém aquela filha ali presente, envolvida na intensa onda de amor que eu projetava sobre ela para seu maior conforto na minha  presença, não conseguia articular as palavras. Para a consolar eu disse-lhe que apenas pensasse o que desejava dizer-me, e eu lhe responderia o que fosse necessário. Ela assim fez. Projetou na tela de sua consciência alguns fatos em que fora parte principal na Terra, entre eles, lamentavelmente, o sacrifício de uma criatura por motivo de zelos excessivos. Contribuíra, se não mesmo determinara o extermínio de uma vida que não lhe pertencia, mas desejava livrar-se de sua presença. Eu conhecia realmente o fato lamentável, e assim lhe falei:  — Filha do meu coração: a vida terrena, infelizmente, ainda comete dessas infrações às leis divinas, uma vez que a ninguém é dado interromper o fio da vida do semelhante. Compreendo bem, que esse ato condenável muito influiu para que te dedicasses posteriormente à prática de todos aqueles atos meritórios já mencionados. Isto redimiu em boa parte a falta que cometeste. 

Devo acrescentar, porém, que a tua falta ainda sofreu uma redução bastante notável, por se tratar duma retribuição de ação, na qual a vítima foste tu própria em vida precedente. As circunstâncias determinaram que novamente vos encontrásseis no mundo, e os fatos assim aconteceram. Houve, por conseguinte, aí, uma retribuição pela lei de causa e efeito. Levanta, pois, o teu moral, minha  querida. Eu me incumbirei em seguida de vos reaproximar, não mais como rivais, mas como boas amigas, numa encarnação em que sereis mãe e filha. Acalma-te, pois, minha  filha. Afasta essa triste recordação da tua memória, e prepara-te para regressares à Terra, onde receberás em teu lar como filha a quem muito hás de amar, essa nossa irmã.  Foi assim que eu me desempenhei da visita daquela filha muito querida. Devo acrescentar, para finalizar, que ambas voltaram à Terra como eu desejei, aqui viveram uma longa existência como mãe e filha, através da qual se constituíram em verdadeiras e grandes amigas.  

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha  própria que eu vos ofereço de todo o coração.