Passa já da hora o vosso despertar espiritual . . . Saiba que a tua verdadeira pátria é no mundo espiritual . . . Teu objetivo aqui é adquirir luzes e bênçãos para que possas iluminar teus caminhos quando deixares esta dimensão, ascender e não ficar em trevas neste mundo de ilusão . . .   Muita Paz Saúde Luz e Amor . . . meu irmão . . . minha irmã

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CAPÍTULO IV - Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Visita de uma grande dama recém-desencarnada. — Uma retribuição de ação. — Duas almas secularmente rivais reencarnam como mãe e filha. — Todos os atos praticados na Terra são conhecidos no mundo espiritual. — A criatura que viajou inesperadamente.





As dificuldades encontradas vida afora pelas almas encarnadas na Terra constituem os pequenos problemas que lhes são propostos como parte das lições que vieram aprender em sua nova encarnação. São pequenas lições que lhes cabe estudar ao longo dos seus dias terrenos, como exercício que todas devem fazer para marcharem adiante, em busca de cursos mais adiantados. Não há, por conseguinte, problemas, superiores à capacidade de cada alma, porque tudo é determinado exatamente segundo as possibilidades de cada uma. 

Paralelamente é facultado às almas encarnadas apelarem aos céus em qualquer momento em que defrontem dificuldades aparentemente superiores às suas forças, e receberão então do Alto o socorro, ajuda ou esclarecimento que lhes permita vencer o impasse. Bom seria para todos os encarnados firmarem-se nesse princípio de recorrerem ao Alto o mais frequentemente possível, porque essa prática lhes proporcionaria sem dúvida uma trajetória terrena bem mais suave e tranquila do que possam imaginar.

Todos nós que vivemos no Alto após havermos percorrido seguidamente os vários caminhos da Terra, onde logramos acumular os conhecimentos e experiências que possuímos, todos nós nos empenhamos de toda a maneira em cooperar com as almas encarnadas, sempre que um pedido nos chega nesse sentido. Da observação que habitualmente fazemos do nosso plano de vida, temos constatado que ainda vivem muitas almas encarnadas no solo terreno, inteiramente desligadas do seu plano espiritual, onde não chega um pensamento sequer, por se encontrarem completamente mergulhadas nos interesses da vida material. Muitas há, inclusive, que nesse estado de absoluto desinteresse partem de regresso deste mundo terreno, onde não cuidaram, mesmo por alto, da vida espiritual. 

Essas almas assim desencarnadas sem o menor cabedal de conhecimentos da vida espiritual e inteiramente desprovidas da luz que teriam adquirido através do hábito da oração diária, encontram-se numa situação deveras lamentável. Não tendo adquirido a luz que vieram buscar na Terra, motivo principal da sua encarnação, não podem ascender, em muitos casos, aos planos que lhes estavam reservados. Eu vos apresentarei uma imagem terrena que poderá ajudar a compreensão do que venho dizer-vos.  

Imaginai uma criatura humana que, por motivos superiores à sua vontade, foi retirada da cidade em que vivia confortavelmente, mas absolutamente despreocupada de seu futuro, e foi levada para bordo de um navio juntamente com muitas outras, cujo destino ignorava. Isto não fora, entretanto, uma surpresa, porquanto todas aquelas criaturas sabiam que um dia isso aconteceria, mas sem saberem quando. Uma vez a bordo, essa criatura da minha  imagem começou a pensar seriamente em sua situação, uma vez que não se prevenira de recursos para viver no porto onde tivesse de desembarcar. Chegado então o momento de desembarcar, teria essa criatura verificado tratar-se duma bela cidade muito bem construída, muito ampla, dotada de excelentes casas de hospedagem, hotéis de fino trato, etc. Verificou porém, profundamente constrangida a criatura imaginária, que não dispunha sequer de um mínimo que lhe permitisse tentar viver nas condições mais precárias da cidade. 

Seus pensamentos voltavam-se, desolados, para a vida que logrou construir na cidade que deixara para trás, donde não trouxera o necessário, o indispensável mesmo para viver em sua nova situação. E o que testemunhava, então, a nossa criatura imaginária? Apenas isto: outros passageiros do mesmo navio em que viera, iam-se acomodando confortavelmente nos melhores hotéis e outras casas de hospedagem, para o que se encontravam fartamente providas da moeda que tal situação lhes permitia. E depois de muito peregrinar através dos vários bairros de sua nova cidade, sentindo já necessidades alimentares impossíveis de satisfazer, o que é que restava à nossa criatura imaginária? Nada mais do que estender a mão à caridade pública para poder sobreviver.  

Transportemos em seguida esta imagem para o plano espiritual, e facilmente vos convencereis, filhas e filhos meus, do valor da oração sincera, com o mesmo propósito com que diariamente cuidais da alimentação do corpo. As almas que aportam ao plano espiritual desprovidas de um foco de luz própria, objeto fundamental de sua vinda à Terra, podem ser comparadas àquela criatura da imagem precedente. Não possuindo luz própria decorrente de seus atos e pensamentos vividos no corpo, as almas nestas condições ou permanecem estacionadas no local em que foram deixadas após largarem na Terra os seus despojos, ou se decidem a implorar a caridade daquelas que lhes passarem próximas, para que as ajudem a caminhar. 

Direis vós talvez: e essas almas não possuíam luz antes de reencarnarem? Sim, é a resposta certa. A luz anteriormente alcançada pelas almas em referência pertence-lhes, efetivamente, mas está-lhes reservada para ser entregue no momento oportuno.

No regresso ao mundo espiritual, deve viver cada alma daquilo que logrou adquirir em sua última existência no corpo, como prova e consequência do que tiver alcançado ao longo dessa existência. Já tem acontecido, serem tão precárias as condições em que regressam ao Espaço certas almas que não se preocuparam jamais com esse momento, que muitas outras se reúnem para orar por elas, com o objetivo de implorar ao Senhor uma velinha que seja para que possam caminhar.  Isto que aqui escrevo, filhas e filhos a quem muito quero e estimo, tem o propósito de radicar em vossos belos Espíritos a idéia da necessidade que a todos assiste de vos preparardes para a vivência nos planos do Além. 

Nenhum de vós aqui se encontra pela primeira vez, nem provavelmente pela última, tendo reencarnado muitas e muitas vezes nas várias regiões do mundo terreno, mas sempre com este único objetivo: aumentar a luz do vosso Espírito por meio da prática de ações meritórias, mas também da oração constante, como alimento que é do vosso Espírito. Efetivamente, enquanto o corpo se alimenta e conserva por meio do alimento material oriundo do solo terreno, o Espírito, que é luz, só se alimenta de luz, luz e mais luz, mediante a qual se engrandece e progride. A luz espiritual, o Espírito a adquire em primeiro lugar por meio da oração proferida como hábito diário em momentos de recolhimento, nos quais ele se dirige ao Senhor Jesus para agradecer as graças recebidas nesse dia e pedir sua continuação para o dia seguinte. Recebe igualmente luz o Espírito que ora pelos semelhantes, os quais lucram com isso esclarecer-se e vencer possíveis dificuldades momentâneas, graças à oração proferida em seu favor pelos Espíritos bondosos, a quem a Misericórdia divina distribui porção igual à que solicitaram para outrem. É, pois, da prática da oração que resulta a iluminação das almas encarnadas, para o seu engrandecimento. É também a oração uma das maneiras ao alcance dos mais humildes, para praticarem a caridade aos semelhantes. Enquanto a prática de obras assistenciais requer a posse de recursos que a possibilitem, a caridade por meio da oração depende exclusivamente do desejo de praticá-la, de boa-vontade apenas.  

Em seguida eu vou narrar-vos uma pequena história que muito haveis de apreciar pelo ensinamento que da mesma há de resultar para os vossos Espíritos. Eu recebi certa ocasião, em meio às minhas ocupações habituais de orientação e ajuda a quantas almas boas apelam para mim de muitos recantos da Terra, uma comunicação dos meus assessores de que uma grande dama da Terra, recém-desencarnada, desejava muito falar-me e solicitava dia e hora para ser recebida. Este protocolo era comum na Corte donde provinha a grande dama, e por isso assim marcava o seu pedido de audiência. Recebida a comunicação dos meus auxiliares, eu determinei que mandassem entrar imediatamente a ilustre dama, porque eu a atenderia naquele mesmo momento, como costumo fazer a quantas almas me procuram, e que são muitas diariamente.

Levada a minha  resolução à visitante, ela surpreendeu-se com a minha  disposição de a receber prontamente, porém pediu para a receber no dia seguinte, visto desejar apresentar-me certos documentos que não estavam presentes. Ela estava habituada, como é óbvio, às audiências em seu palácio deixado na Terra, e por isso desejava apresentar-me elementos que possuía e que julgava importantes. Cientificada deste fato, resolvi dirigir-me ao seu encontro no salão em que se encontrava, e isto surpreendeu-a bastante. Com o propósito de a deixar à vontade, fui-lhe dizendo que era meu o interesse em receber naquele momento a sua visita, cuja vivência terrena eu acompanhara atentamente do Alto. E quanto aos documentos, seria bastante citá-los ela mesma, porque eu lhe daria ali mesmo o conteúdo de cada um. A minha  visitante ficou maravilhada com este fato, mas ao mesmo tempo notei o seu receio de que eu conhecesse em minúcias todos os detalhes da sua última existência terrena. Para a tranquilizar eu disse-lhe mais ou menos o seguinte:  — Minha  filha muito querida: não há um único ato praticado no mundo terreno, pelas almas que nele se encontram, que não seja aqui conhecido por nós, sobretudo pelo Senhor e por mim, pelas responsabilidades que nos pesam em relação à vivência de cada uma. No teu caso, por exemplo, eu te direi que conheço todos os atos que praticaste nos setenta anos que na Terra estiveste, tanto aqueles extremamente meritórios, em que muitas lágrimas enxugaste graças à generosidade do teu coração, como alguns outros que não desejo recordar, mas que estão visíveis na tela da tua consciência. 

A milha filha presente, ao ouvir minhas últimas palavras, perturbou-se e arrojou-se aos meus pés em pranto e implorando perdão pelo que de injusto e condenável praticou na Terra. Eu levantei-a carinhosamente, abracei-a e sentei-a novamente no lugar próprio. E prossegui:  — Como vês, minha  filha querida, aqui não necessitamos de comprovantes para ajuizarmos da conduta dos filhos que se encontram na Terra. No teu caso particular, eu verifico que possuis uma percentagem muito alta de atos bons, mediante os quais proporcionaste internação e assistência hospitalar a milhares de criaturas necessitadas. No caso o teu mérito inconteste reside na tua ação decidida no sentido de que o Estado construísse os hospitais para a população pobre; ainda assim, vale a tua iniciativa e determinação de insistir para que os homens do governo fornecessem os recursos para as obras. Verifico, igualmente, com grande alegria que muito te empenhaste em povoar de escolas o território do teu país, em virtude das quais muitos milhares de seres infantis lograram despertar a inteligência para a vida terrena. Sim, minha  filha; louvo e muito a tua decisão de angariar recursos através das reuniões sociais que organizaste, e que muitas foram, para atender aos necessitados de tudo: roupas e alimento. Observo que boa parte da tela na qual a tua vida se reflete, está iluminada de estrelas muito belas, nela incrustadas por esses atos bons, altamente meritórios. 

A sombra do brilho refletido para esse conjunto de estrelas é que produz este belo foco de luz que ostentas e pelo qual eu te felicito, minha  filha muito estimada.  Ela, profundamente emocionada, desejava falar-me. Desejava dizer-me algo que eu bem conhecia. Concedi-lhe a palavra, porém aquela filha ali presente, envolvida na intensa onda de amor que eu projetava sobre ela para seu maior conforto na minha  presença, não conseguia articular as palavras. Para a consolar eu disse-lhe que apenas pensasse o que desejava dizer-me, e eu lhe responderia o que fosse necessário. Ela assim fez. Projetou na tela de sua consciência alguns fatos em que fora parte principal na Terra, entre eles, lamentavelmente, o sacrifício de uma criatura por motivo de zelos excessivos. Contribuíra, se não mesmo determinara o extermínio de uma vida que não lhe pertencia, mas desejava livrar-se de sua presença. Eu conhecia realmente o fato lamentável, e assim lhe falei:  — Filha do meu coração: a vida terrena, infelizmente, ainda comete dessas infrações às leis divinas, uma vez que a ninguém é dado interromper o fio da vida do semelhante. Compreendo bem, que esse ato condenável muito influiu para que te dedicasses posteriormente à prática de todos aqueles atos meritórios já mencionados. Isto redimiu em boa parte a falta que cometeste. 

Devo acrescentar, porém, que a tua falta ainda sofreu uma redução bastante notável, por se tratar duma retribuição de ação, na qual a vítima foste tu própria em vida precedente. As circunstâncias determinaram que novamente vos encontrásseis no mundo, e os fatos assim aconteceram. Houve, por conseguinte, aí, uma retribuição pela lei de causa e efeito. Levanta, pois, o teu moral, minha  querida. Eu me incumbirei em seguida de vos reaproximar, não mais como rivais, mas como boas amigas, numa encarnação em que sereis mãe e filha. Acalma-te, pois, minha  filha. Afasta essa triste recordação da tua memória, e prepara-te para regressares à Terra, onde receberás em teu lar como filha a quem muito hás de amar, essa nossa irmã.  Foi assim que eu me desempenhei da visita daquela filha muito querida. Devo acrescentar, para finalizar, que ambas voltaram à Terra como eu desejei, aqui viveram uma longa existência como mãe e filha, através da qual se constituíram em verdadeiras e grandes amigas.  

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha  própria que eu vos ofereço de todo o coração.

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