Quando eu me dispus a descer
ao ambiente terreno para ditar o conteúdo deste livro, tive em vista duas
grandes finalidades: aproximar-me o quanto possível das minhas queridas filhas
terrenas para melhor poder falar ao seu coração, e colaborar no empreendimento
elaborado por meu filho para despertar a quantos tomarem conhecimento das
minhas palavras. É certo que muitos dos
meus leitores de ambos os sexos já terão tido conhecimento dos trabalhos desta Cruzada de Esclarecimento e se estão
preparando para a vida futura, segundo as obras já em circulação, ditadas pelos
mais categorizados enviados do Senhor, entre eles o nosso querido Irmão Thomé,
o valoroso Espírito de São Paulo, e algumas dezenas de outras Entidades que vos
falaram através das páginas de Vida Nova,
nas quais eu também colaborei. Nunca será demais, contudo, o aparecimento de
mais um livro a engrandecer aquela Cruzada, porque, como no meu caso, eu vos
relatarei fatos e detalhes da vida espiritual para vós desconhecidos, e que
decerto muito vos interessarão.
Dizendo fatos desconhecidos
para vós, eu quero referir-me ao vosso estado atual de almas encarnadas, não
podendo por isso recordar muito do que já conheceis no estado de desencarnadas.
Depois, cada capítulo divulgado na Terra com este propósito que todos trouxemos
até vós tem o objetivo de contribuir para o aprimoramento do vosso viver
terreno, para que possais alcançar o máximo de luz e de progresso em vossa
presente estada no corpo.
Preparei então para vos
relatar no presente capítulo um acontecimento acorrido no mundo espiritual não
faz muito tempo, pelo qual ficareis conhecendo um pouco mais em relação à vida
espiritual. Processava-se no Ato, há coisa de três a quatro séculos, uma
espécie de seleção das almas que deveriam reencarnar proximamente, e esse
trabalho estava a cargo de uma grande Comissão de Entidades de grande evolução,
a quem competia dar a palavra definitiva acerca daquelas que preenchiam as
condições requeridas pelas Forças Superiores para virem constituir a Humanidade
terrena daquela época. Foram por esse processo selecionadas milhares de
milhares de almas consideradas nas condições desejadas, as quais seriam
encaminhadas à Terra à proporção em que as circunstâncias o permitissem.
Requeria-se em primeiro
lugar, das almas candidatas a reencarnar, a posse de um determinado patrimônio
espiritual constituído de experiências adquiridas através de várias vidas
passadas, mas sobretudo a posse de um grau regular de fé em seu coração. Muitas
foram, por conseguinte, as que assim se apresentaram e foram selecionadas.
Numerosas almas demonstraram a posse de um grande cabedal de conhecimentos e de
experiência, às quais faltava entretanto a fé. Estas almas haviam desenvolvido
o seu aprendizado através de suas antigas encarnações, voltadas exclusivamente
para a materialidade da vida, habituando-se por isso a somente crer naquilo em
que pudessem tocar e sentir, e jamais no que tivessem de admitir de abstrato.
Muitas das almas nestas
condições foram igualmente selecionadas para reencarnar, tendo-se então o
cuidado de as encaminhar aos lares terrenos nos quais lhes fosse possível
desenvolver esse poder extraordinário que é a fé. Outras muitas, cujo
patrimônio espiritual se demonstrava carente ainda dos elementos capazes de as
conduzir ao êxito na Terra, foram deixadas para mais tarde. Estas assim
desprovidas de conhecimentos e experiência, em grande parte devido à sua
juventude espiritual, foram reservadas para serem distribuídas aqui e ali, nos
lares terrenos constituídos de almas experientes, onde se desenvolveriam à
sombra das suas irmãs terrenas.
Vieram assim à Terra, em
consequência da seleção procedida no Alto, estas três categorias de almas a
constituírem novos corpos: as já possuidoras de conhecimentos, experiência e
fé, as evoluídas na experiência mas desprovidas de fé, e as almas ainda jovens,
pouco vividas ainda em corpo físico neste plano terreno, apenas bastante
sofridas ao longo de suas encarnações em planeta inferior à Terra. Todas essas
almas mergulharam por sua vez na carne, acompanhadas de perto por Entidades
protetoras, como de resto o são todos vós, meus filhos e filhas que eu muito
estimo.
Deste amálgama de almas
encarnadas foi possível obter-se certa homogeneidade espiritual desde os dois
últimos séculos, não obstante as lutas guerreiras que a História registra, e
que ainda não foi possível banir por completo deste planeta. Do resultado
obtido, muito lentamente, é verdade, chegamos finalmente ao aglomerado humano
deste século, onde todos temos a ventura de destacar muitas e muitas almas que
lograram atingir um elevado grau de evolução moral que as conduzirá em breve,
ou à vivência no plano de grande luminosidade, ou lhes permitirá reencarnar
neste mundo na qualidade de verdadeiros luminares a conduzir os semelhantes.
Nosso Senhor Jesus, em sua
preocupação ininterrupta em prol da felicidade e bem-estar dos seus guiados
terrenos, empreendeu esta Grande Cruzada
de Esclarecimento precisamente para os preservar de sofrimento em caso de
virem a ser atingidos pelos acontecimentos em curso, e também de os despertar
para as coisas do Alto, que é a vida espiritual à qual todas as almas se
destinam.
Muito está sendo conseguido,
aliás, nestes pouquíssimos anos da Cruzada, segundo temos observado pelo
aprimoramento das vibrações mentais partidas da Terra. Com a continuação deste
aprimoramento mental, espera o Senhor conseguir este grande, imenso resultado:
executar as operações projetadas para a transformação da Terra com um mínimo de
sacrifício de vidas humanas.
E como corolário, a promoção
de quase todas as almas atualmente encarnadas a novo e importante degrau em sua
escala espiritual. Mas eu não concluí
ainda a narrativa em torno da seleção procedida, no Alto, das almas que deviam reencarnar.
Ocorreu ali um episódio que eu desejo trazer ao vosso conhecimento, episódio
bastante significativo que foi o seguinte: — Prosseguiam normalmente os
trabalhos de seleção através do exame a que todas as candidatas se ofereciam,
desejosas de poderem ser consideradas nas condições desejadas para participar
da nova humanidade terrena. Surgiu a certa altura um grupo assaz numeroso de
almas já possuidoras de um grau bastante satisfatório de iluminação, que
manifestaram desejo de voltar à Terra, juntas, se possível, com o propósito de
promoverem na Terra uma verdadeira revolução em torno dos princípios da fé.
Achavam aquelas almas, à
época em que o caso se passava, que a fé ensinada na Terra estava como que
escravizada a princípios religiosos que a circunscreviam cada qual a seus
próprios dogmas. Era necessário e urgente, no entender daquelas almas, quebrar
as correntes religiosas existentes em determinadas regiões terrenas, e gritar,
gritar, sim, segundo diziam, aos ouvidos dos filhos de Deus viventes no solo
terreno, que o Espírito é tudo, que o Espírito não pode ser escravizado porque
é livre, foi criado livre, e livre há de viver sempre através de todos os
milênios de milênios do porvir.
Propunham então as almas em
referência o propósito de empreenderem na Terra a propagação de um tipo de fé
diferente da então ensinada, de maneira a poder acordar nos homens a força
enorme adormecida no íntimo, a força do Espírito, do Espírito livre e
eterno.
O fato causou enorme alegria
entre as Entidades da Comissão Selecionadora de almas porque representava na
idéia concebida por aquele grupo de almas um dos maiores impulsos já dados ao
progresso das almas encarnadas. Foram examinadas detalhadamente as condições
religiosas de todas as regiões da Terra, do Oriente ao Ocidente. Constatou-se
que nesta segunda parte do globo terrestre, a humanidade se encontrava assaz
tolhida no desenvolvimento da fé, em consequência dos métodos usados no ensino
religioso, considerado no Alto bastante precário.
Constatou-se que, enquanto
nos países orientais as religiões admitiam a vinda das almas à Terra em vidas
sucessivas, assim como já praticavam o intercâmbio inteligente com os “mortos”,
no Ocidente o ensino religioso circunscrevia-se à simples adoração do Criador e
das Entidades canonizadas, Jesus inclusive, sem nenhuma margem ao
desenvolvimento dos poderes espirituais de cada criatura humana.
Bem certo é, porque
absolutamente fora de possível contestação, que o ensino religioso ministrado
no Ocidente construiu não apenas grandes obras religiosas, como o florescimento
de grandes Espíritos encarnados nesta parte do mundo, Espíritos que, à sombra
da venerável Igreja de Roma, puderam difundir ensinamentos e exemplos de fé que
hão de perdurar ainda por muitos séculos.
Trata-se de almas escolhidas
pelo Senhor para virem à Terra difundir Sua Doutrina do amor e da fraternidade,
e muito bem se desempenharam da incumbência. A circunstância, entretanto, de
aquele grupo de almas desejar reencarnar no solo terreno com o propósito de
aqui abrir novos caminhos à fé, determinou o estudo demorado dos seus objetivos
e a maneira de os porem em prática, o que foi imediatamente submetido a outra
grande Comissão que passou a ser designada no Alto por Comissão da Fé.
A essa Comissão se
apresentaram as trezentas e tantas ou quatrocentas almas candidatas à
reencarnação, as quais lograram convencer facilmente as Entidades membros da
mesma, da inteira viabilidade dos seus objetivos. Uma vez concluído o exame dos
argumentos apresentados por aquele grupo de almas, assim se manifestou um dos
membros da Comissão da Fé reunida: —
Almas estremecidas dos nossos corações! Há mais de quatro séculos que
projetadas foram, neste plano, as idéias agora enunciadas por vós, já bastante
amadurecidas pela graça do Senhor. Há mais de quatro séculos por conseguinte,
que o Senhor deu início à irradiação, neste plano de luz, da idéia de uma
reforma do ensino religioso no mundo terreno, visando a acelerar o
despertamento da fé raciocinada em todos os corações.
A Humanidade terrena já se
encontra amadurecida para caminhar por si mesma nos caminhos da fé, mas é
necessário despertá-la nesse sentido. Esta idéia irradiada através de todo este
plano em que vivemos já conseguiu empolgar a todas vós aqui presentes, o que
constitui motivo de grande alegria para todos nós e também para Nosso Senhor.
Assim, eu vos declaro com o coração em festa, e o faço em nome de todos os
membros desta Comissão, que estais autorizadas a reencarnar no Ocidente, apenas
com a seguinte modificação nos vossos planos: não devereis surgir no mesmo local
e tampouco no mesmo país. É preferível que reencarneis em países e lugares
diferentes do Ocidente a fim de que a idéia divulgada num país seja recebida e
logo proclamada nos demais, para o maior êxito da boa nova. Ide, pois, almas
queridas. Ide propagar a boa nova na Terra, a idéia que há de empolgar desde
logo todas as almas sensíveis, cujo êxito todos nós aqui vos asseguramos.
Havia, integrando o grupo de
almas presentes, algumas que mais se destacaram na apresentação de argumentos
em favor da idéia nova. A Entidade membro da Comissão aproximou-se delas, em
número de dez ou doze, e disse-lhes: —
A vós, já portadoras de tão belo foco de luz espiritual, nós entregamos a
tarefa de liderar o movimento espiritualista na Terra, por ser o movimento
destinado a evidenciar toda a potência da alma ou Espírito encarnado. Para o
maior êxito, ireis nascer num país dos mais iluminados pela cultura e pelo amor
às ciências, onde a boa nova rapidamente se desenvolverá. Ireis aparecer no
território da França onde vivem numerosas almas bastante amadurecidas e por
isso em condições de receber e aceitar prontamente a idéia espiritualista que
ides levar à Terra. É conveniente, então, que as demais almas presentes se
disseminem por outros países e cidades, para o fim de se constituírem sólidos
pontos de apoio à boa nova irradiada da França. Ide, pois, com as bênçãos do
Senhor, ao desempenho de tão luminosa missão junto aos corações humanos que vos
aguardam.
Aquele numeroso conjunto de
almas missionárias partiu então para a Terra em princípios do século XIX e aqui
deu início à propagação do fenômeno espírita, logo recebido pelas almas puras
com grandes demonstrações de alegria. Essa pode ser tida como a história
espiritual do Espiritismo no Ocidente.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.
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