Desejo manifestar a todas as minhas filhas
terrenas a minha maior disposição em
cooperar na medida em que puder, para a solução dos seus problemas pequenos ou
grandes, pelo desejo que me anima de tornar mais alegre e feliz a sua
permanência na Terra. Eu falo desta maneira porque conheço de ciência própria
os problemas com que se defrontam a cada passo, principalmente as mulheres na
Terra. Devo dizer-vos que ainda no século XIX aqui estive e muito lutei para
poder manter-me na minha determinação de
viver independente para melhor servir aos desígnios do Senhor. E foi tão árdua
para o meu Espírito essa minha última
estada na Terra, que eu procuro recordar apenas os momentos de êxito, quando
pude verificar que algo havia produzido em favor do esclarecimento dos demais.
Lutei por isto intensamente porque o meu Espírito ansiava por espalhar luz em
meio à treva da ignorância de então. Podereis pensar talvez, minhas filhas, que
sendo eu já portadora de um intenso foco luminoso como de fato era, não poderia
encontrar dificuldades nem obstáculos ao cumprimento da minha tarefa. Eu vos direi então, minhas queridas,
que assim não é, desde que tenhamos mergulhado na carne, assim como ora vos
encontrais. O mundo terreno está cheio de obstáculos à realização de todas as
idéias alevantadas, colocados estes pelos homens que preferem prosseguir na
comodidade dos seus interesses pessoais. Por isto é que aqui têm vindo,
seguidamente, Entidades de grande luminosidade para o cumprimento de belas
tarefas em prol do progresso e da felicidade dos seres humanos, e acontece
regressarem ao Alto sem poder cumpri-las ou as cumprindo pelo mínimo.
Uma prova disto vós a tendes
na vinda do Senhor Jesus há quase dois mil anos, animado dos melhores
propósitos em relação aos viventes de então. Jesus lutou denodadamente pela
idéia fundamental que o Pai Celeste lhe entregara, que era incutir no coração
de todos os homens a necessidade de se amarem uns aos outros, e não a prática
condenável de se considerarem uns superiores aos outros devido a circunstâncias
fortuitas. O Senhor palmilhou longos caminhos, como sabeis, na pregação daquele
luminoso princípio, e todas sabeis igualmente como encerrou os seus dias na
Terra. Se ao Senhor fizeram o que fizeram, com o propósito de impedirem a
continuação de sua sementeira de amor e entendimento entre os homens, quanto
mais o fariam e têm feito realmente a outros emissários menores que vieram
pregar também o doce princípio da igualdade humana perante as leis
divinas.
Eu aqui me encontrei, por
conseguinte, fartamente munida do desejo de iluminar pela palavra e pela pena,
se possível, a uma grande parcela da humanidade. Para esse fim estabeleci a
norma de vida que me convinha, que era a minha
independência econômica que a princípio me pareceu fácil de conseguir.
Em pouco, porém, dadas as idéias que enunciava, compreendi que teria de lutar
muito e sofrer bastante para poder manter-me na situação idealizada. Aconteceu,
entretanto, algo de muito triste logo no começo de minha mocidade, algo que eu rezarei muito para que
não aconteça a nenhuma de vós minhas filhas queridas. Meus olhos passaram a
preocupar-me de tal maneira, porque deles dependia o meu pão de cada dia, que
me encontrei em breve quase completamente privada da visão de que tanto eu
dependia para viver. Eu estou vos relatando este fato, minhas queridas, com
este duplo objetivo: para fortalecer em vós a convicção de que podeis vencer
todo e qualquer obstáculo que porventura se vos defronte, e para que saibais
igualmente que nenhuma Entidade, por mais elevada no mundo espiritual, escapa
às contingências da matéria, uma vez ingressada na vida terrena. Na triste
situação em que então me encontrei, quase totalmente privada da luz dos olhos,
eu apenas podia apelar para a Misericórdia Divina, para que me socorresse em
sua magnanimidade, a fim de que eu não sucumbisse à míngua naquela situação.
Foi o que fiz, minhas queridas, e tive a alegria de receber o socorro divino
por mãos humanas, uma maneira muito comum de a Providência Divina atender aos
filhos encarnados. Recebi certo dia a visita de uma criatura de Deus, que me
vinha informar que havia na mesma cidade um núcleo de trabalhos espirituais,
onde algumas pessoas quase cegas haviam recuperado a visão. Esse núcleo ficava
bastante afastado do local em que eu vivia, e para me locomover até lá eram
necessários recursos que me faltavam por me encontrar inteiramente privada de
trabalhar. Eu resolvi então o problema transferindo-me para as proximidades
desse núcleo para assim poder frequentá-lo. Foi uma resolução inspirada
certamente pelo Alto, a qual eu muito agradeci na ocasião e ainda hoje recordo
reconhecida. Passei então a receber passes na vista, proporcionados por um
senhor que para mim era um santo, tal o poder de que dispunha para curar ou
amenizar situações semelhantes à minha. Com o perpassar dos dias comecei a
sentir melhoras que muito me alegraram, e que eu agradecia comovida à Divina
Providência. Com as primeiras melhoras pareceu-me que já poderia trabalhar para
ganhar o meu sustento, e tentei. Verifiquei, porém, que a minha visão ainda não resistia ao esforço do
trabalho manual. Eu tentei então escrever para a imprensa alguns artigos que me
pudessem render o suficiente para me alimentar, e assim fiz. Enviei o primeiro
artigo a uma revista de estudos filosóficos
da cidade onde morava, e foi com grande alegria que recebi dias depois a visita
do diretor da revista com o meu artigo publicado, e pedindo-me outros no mesmo
sentido. Ele compreendeu desde logo a minha situação e me ofereceu pelos artigos
uma quantia bem superior ao que eles podiam valer. Era a ajuda, ainda, da
Providência Divina que chegava uma vez mais pela mão humana. Agradeci,
comovida, esta retribuição, e passei a considerar-me nessa ocasião a criatura
mais feliz do mundo. Os meus olhos estavam melhorando sensivelmente com os
passes magnéticos do núcleo espiritualista, e já me permitiam redigir alguns
artigos para poder alimentar-me. Isto tudo, minhas queridas, na situação em que
então me encontrava, era para mim a felicidade, por me proporcionar a esperança
da recuperação total da minha visão, da qual havia certamente de depender a
minha alegria de viver.
Eu não desejo transportar
para este livro a biografia da minha
última estada na Terra, por ser outra a finalidade que agora me traz em
Espírito ao meio terreno. As referências que aqui vos deixo servem para todas
ou qualquer de vós que porventura se encontrar momentaneamente em situação
menos favorável ou menos feliz, não perca jamais a esperança de vencer a
dificuldade, firmando-se na idéia luminosa do socorro espiritual, que nunca
falta àqueles que souberem apelar para essa fonte inesgotável de assistência em
todas as circunstâncias.
Uma conclusão ainda se
oferece em face do pequeno relato que aqui vos deixo, e esta é que qualquer Espírito
por mais evoluído, uma vez encarcerado pelo invólucro carnal, perde totalmente
a própria idéia ou a lembrança de quem foi, e todo o seu poder de superação das
dificuldades, para se lembrar apenas quem é, e de estar inteiramente sujeito às
contingências da vida terrena como qualquer dos seus contemporâneos. O que
unicamente subsiste nos Espíritos evoluídos quando encarnados, é a fé nas
Forças Superiores que dirigem o Universo, e para elas apela frequentemente ou
diariamente, como meio e esperança de proteção e ajuda nas suas dificuldades. A
propósito e como exemplo do que acabo de dizer, eu vos apresentarei o caso
deste meu estimado intermediário, Espírito particularmente querido do meu
coração, porque meu conhecido desde os primórdios do Cristianismo, quando se
constituiu, já então, um dedicado servidor do meu filho Jesus. Em sua presente
romagem terrena este querido intermediário teve como berço um lar bastante
modesto, constituído por Espíritos de grande elevação. Muito cedo ele emigrou
do seu país para este em que passou a viver sem nenhuma ajuda que não fosse a
da sua própria fé e devoção ao Senhor Jesus, e – por que não dizê-lo? – também
a mim. Neste país ele cresceu e muito lutou, valendo-se unicamente da sua
oração diária, e muitas vezes até em suas horas de trabalho, com o fim de
amenizar dificuldades que ele considerava superiores à sua capacidade de as
vencer. Assim esta alma atravessou vários decênios, orando, trabalhando e
orando, o que nós, o Senhor e eu muito apreciávamos do Alto, como uma das mais
belas facetas do seu Espírito. Ele, que viera à Terra desta vez com a missão
que hoje desempenha, era acompanhado de perto por Entidades incumbidas de o
proteger contra os perigos de que está semeado o ambiente terreno, deixando-se,
porém, à sua própria capacidade, a tarefa de reunir os elementos necessários à
sua sobrevivência, foi, porém, o seu apego à oração em várias horas do dia, mas
sobretudo ao deitar, que pôde conservar bem próximos os seus Protetores,
empenhados estes em contribuir para que esta vida perdurasse para a execução
que ora realiza a serviço da Grande
Cruzada de Esclarecimento de que este livro faz parte como o quinto volume.
Vedes, portanto, filhas do
meu coração, que todas as almas grandes, quando encarnadas, necessitam de
apelar constantemente para as suas forças internas que são bastante poderosas,
para superarem dificuldades ou circunstâncias aparentemente insuperáveis. Deus,
em sua infinita misericórdia, e o Senhor Jesus em sua permanente dedicação ao
bem-estar de quantas almas se encontram na Terra, jamais deixaram nem deixarão
de atender e socorrer as que souberem utilizar as forças internas, apelando por
meio da oração quando se sentirem necessitadas.
Eu disponho na Terra de duas
categorias, pelo menos, de filhas, a quem estimo e quero igualmente. Uma dessas
categorias é constituída pelas filhas abastadas, aquelas que, ou nasceram em
berços de ouro ou foram conduzidas pelas circunstâncias a elevadas situações
materiais. A outra categoria é formada pelas filhas mais modestas ou
desprovidas de reservas financeiras, vendo-se na necessidade de prover à
própria subsistência para viverem condignamente. Eu recebo desta categoria de
minhas filhas terrenas o maior volume de pedidos de proteção e ajuda, tantos e
tantos são eles, que toda a minha equipe
de assessores se movimenta ininterruptamente para atender a todos, e com a
graça do Senhor, jamais deixei ou deixarei um desses pedidos sem a devida e
pronta atenção.
Eu identifico, então, nas
filhas que mais se me dirigem, as almas mais evoluídas, precisamente porque a
circunstância de uma alma se dirigir constantemente às Entidades protetoras, já
a identifica como possuidora de uma dose maior de fé, do que aquelas que apenas
se lembram de apelar para o Alto, em seus momentos mais difíceis. As almas que
oram constantemente, e o fazem munidas de sua maior sinceridade, embora
atravessem por vezes fases algo mais difíceis, podem alimentar a convicção de
serem já possuidoras de um determinado grau evolutivo, que as qualificará em
seu regresso ao mundo espiritual na categoria de Espíritos Superiores, que
realmente são. As demais, as filhas que ainda se não lembram, ou apenas se
lembram muito raramente de apelar para a minha ajuda, essas estão desfrutando
uma existência bastante tranquila, e eu regozijo-me com isso por não estarem
necessitando de nada. Eu amo, porém, estas filhas, com o mesmo amor que dedico
às demais.
Concluindo o presente
capítulo, desejo exortar a todas as filhas terrenas, para que se firmem mais
ainda nos milagres da oração, uma vez que ela foi instituída precisamente para
pedir, rogar, suplicar às Forças Superiores do Universo, aquilo de que os
filhos, encarnados ou não, estejam necessitando. Orai, pois, orai muito, orai
sempre, filhas e filhos queridos, porque a oração vos confortará, uma vez
chegada ao coração do Senhor.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor Jesus vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.
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