Passa já da hora o vosso despertar espiritual . . . Saiba que a tua verdadeira pátria é no mundo espiritual . . . Teu objetivo aqui é adquirir luzes e bênçãos para que possas iluminar teus caminhos quando deixares esta dimensão, ascender e não ficar em trevas neste mundo de ilusão . . .   Muita Paz Saúde Luz e Amor . . . meu irmão . . . minha irmã

quinta-feira, 26 de junho de 2014

CAPÍTULO VIII – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. A propaganda assume maiores proporções e as novas doutrinas fazem prosélitos.






A partir de minha estada em Cafarnaum, a semente de minha predicação parecia haver chegado ao ponto da sementeira, pois o povo acudia cada vez mais pressuroso a ouvir minhas palavras e mais disposto parecia também para a aceitação, na prática, dos ensinamentos que iam assim recebendo.

Cafarnaum, terra querida, albergue de meus melhores momentos, desde que abandonado havia as terras dos pagãos. Muitas vezes a idéia e o afeto voaram para ti em meus momentos de angústia!... Quando, entrado eu no desfiladeiro inexorável que não tinha outra saída para mim senão a do calvário e da cruz, a lembrança de tuas noites agradáveis, rodeado pelo mistério dessas horas silenciosas e pelo ambiente de terna veneração com que me distinguiam os simples pescadores de tuas margens, enchia minha alma de doce melancolia, fazendo-me exclamar ao mesmo tempo:

— Há também amor, há sentimentos ternos e benévolos nesta mísera morada terrestre e eles farão que não se torne estéril o sacrifício de minha tranqüilidade e de minha vida! — Quando o pensamento dulcíssimo da amorosa contemplação desse passado, tão próximo ainda, levantava diante de meus olhos a apinhada multidão de pequenos semblantes sorridentes e olhares angélicos, de mães carinhosas simbolizando a própria ternura, tímidas jovenzinhas e galhardos e formosos mancebos, pais de olhar indulgente e veneráveis anciãos, formando uma grinalda brilhante e viva, pendente toda ela da palavra ungida do Filho de Deus, e mais do que nunca nesses momentos o era, então parecia por um momento querer meu espírito fechar os olhos ao brilho da luz que me apontava o caminho da redenção passando pela ponte do martírio, porém, ao mesmo tempo surgia todo o vigor desse brilhante princípio para amparar-me e estimular-me para o êxito no porvir. Todo esse amor, todo esse sentimento e as aspirações vagas, porém unânimes, a um mundo melhor, que fixas em seus olhares me haviam demonstrado a porção mais sincera desse povo, eram para mim a prova evidente do caminho que devia seguir.

O fim que me aguardava resultava demasiado evidente e tampouco tratava de ocultar-mo. Em vez disso, havia-me firmado no deliberado propósito de ir de encontro à morte, que por lei correspondia a todo aquele que ensinasse e propagasse doutrinas contrárias à religião do Estado, tanto mais arrogando-me eu o título pretensioso de Filho de Deus.

Certamente uma força invencível agia nas profundidades de minha consciência, elevando meu espírito a tais condições de superioridade sobre o finito que me rodeava, que as brilhantes aspirações de minha alma tomavam a eficaz aparência da própria realidade, vendo-se então meu ser pairar na imensidade do amor e da verdade eterna, no próprio seio das grandiosas manifestações do Pai, de quem me sentia realmente o enviado.

Filho de Deus resultava realmente, segundo a idéia messiânica e pelas extraordinárias coincidências que haviam rodeado meu nascimento e as que também na idade adulta e viril acompanhavam a minha pessoa.

Coincidências disse, mas no reino de meu Pai, que o Universo inteiro comporta, nada por coincidência sucede, porquanto a mais leve brisa e o diminuto grão de areia não se movem sem sua vontade. O messianismo, portanto, e a filiação divina deviam confundir-se em uma entidade só, como o era, isto é: na pessoa de Jesus.

Toda a abnegação e grandeza de alma que tal estado comportava, somente a mesma pessoa de Jesus, assim iluminada, amparada e elevada, podia valorizá-lo, dando-lhe também sua prática execução. Por isso mesmo vinha já preparado, antes de seu nascimento, mediante numerosas e elevadas alianças no Senhor, que lhe deviam aplainar o caminho da redenção humana, iluminando-o também e amparando-o em tão árdua missão. Este propósito que guiara o Messias em sua vinda à Terra, é hoje o mesmo de então; o pensamento primordial que abriga em seu ser, e a ele, agora como antes, avassala tudo o mais, que outra cousa não comporta senão o meio e o tempo para a semeadura e a colheita da semente do amor fraternal, em que devem alimentar-se, fortalecer-se e engrandecer-se até alcançar o reino de meu Pai.

Felizes os que por tal caminho marcham, porque deles será o porvir, que somente a obra do amor há de ser. Certamente estreita é a porta que até o Pai leva, ao passo que espaçosa vê-se a que à perdição conduz.

Vós, avezinhas sois que os primeiros passos haveis dado já pelas vias do Senhor, mas não intentastes ainda o auxílio de vossas asas. O amor são vossas asas, apoiai-vos pois nelas e levantai-vos acima das estreitezas do caminho, para chegar ao ninho onde o cálido afeto de quem vos deu o ser vos aguarda; Pai, é esse que jamais olvida a suas criaturas, porquanto pequeninos e fracos ante Ele sempre hão de ser, como sempre vós, como eu, sempre filhos de Deus, fostes, sois e sereis.

Filhos meus queridos, compreendei pois de uma vez, que o amor a única base há de ser que sobre si comporte o peso do inteiro porvir vosso. As obras inspiradas assim, sobre o amor de nosso próximo, devem levar consigo o suave aroma do sentimento que lhes deu vida.

terça-feira, 24 de junho de 2014

CAPÍTULO VII – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. Refere-se o Messias à sua passagem e predicação por terras distantes e cita Cafarnaum como o ponto onde sua predicação começou a assumir caráter de eficácia para seu apostolado.



Cafarnaum, da tribo de Nephtali, sobre a costa do Mar de Tiberíades, ou também Genezareth, onde me foi dado encontrar meus primeiros discípulos no Senhor, foi também a pedra primeira do edifício de meus trabalhos na fé daquele que me enviou. As gentes simples e ignorantes, mais dadas às ocupações em proveito do corpo que do espírito, entregues estavam ao mercantilismo de seus afazeres para conseguirem bens terrenos, e as palavras do Messias saído das mesmas terras na Judéia, mais faziam ruído em seus ouvidos que entretenimento eficaz para o bem de seus espíritos. Foi-me possível, não obstante, estabelecer alianças dos sentimentos dos que escutavam minha palavra, entre os rudes pescadores do lugar principalmente, com os propósitos de minha sementeira na fé do Pai e no amor que dele vem.

Depois da larga estada em Jerusalém que minha educação exigira, meus ensinamentos, levados mais além do território da Judéia, se certamente encontraram acolhimento de afeição e reconhecimento, apenas recolheram elementos para a obra futura; não ganhou aí em alianças nem meios para o cumprimento do que o motivara, a vinda à Terra do Filho de Deus e o que devia ter repercussão em todos os âmbitos do mundo.

Mas os propósitos do Messias chegaram a formas melhor definidas e fizeram-se mais apropriados ao objetivo proposto, conseguindo também firmar-se melhor em seu espírito, pela afabilidade com que ele se viu acolhido, escutado e atendido; sem dúvida mais amado que compreendido era justamente o que os secretos desígnios de Deus lhe haviam preparado nessas terras distantes, como para a conservação, por sua lembrança mais tarde, do valor que o devia acompanhar na empresa de tanta transcendência para a qual destinado era. Na mesma Cafarnaum não podia encontrar sua verdadeira base meu apostolado, cujas raízes em Jerusalém tão somente haviam de achar-se, para dar nascimento, no porvir, à árvore frondosa de minhas doutrinas, sob cuja sombra benéfica se haviam de acolher as gerações futuras, saboreando seus doces frutos de amor e de verdade.

Havia-me sentido, não obstante, débil no grande centro da Cidade Santa, débil pelas insídias do fanatismo, pelas prevenções do clero, que em repetidas ocasiões havia levantado desconfianças e resistências contra mim; entretanto via-me quase órfão de elementos de valor que me apoiassem.

Meus primeiros passos tinham sido, no entanto, afortunados e as vezes que fizera ouvir minha palavra no templo foi sempre com vantagem para as novas doutrinas. Mas assim também aumentou contra mim a mal dissimulada cólera dos sacerdotes. Isto foi justamente o que afastado me teve por algum tempo de Jerusalém, andando por Damasco, Tiro, Sidon e outras cidades distantes, onde certamente muito melhor se vira Jesus acolhido que nas terras de seu próprio nascimento. Mas, ainda que seguido e agasalhado, não foi daí, senão recentemente de Cafarnaum, de onde a doutrina do Messias começou a tomar realmente corpo, dando expansão ao que já de Jerusalém trazia, principalmente no que, como conjunto de ensinamento, se podia compreender.

No tempo de minha educação em Jerusalém também no que se refere ao alívio dos males do corpo havia-me ocupado, porque as ciências, então ainda em sua infância, todas estavam reunidas, e assim também dos ensinamentos da Cabala, muito tinha aprendido para tudo o que havia de ser em benefício do povo; tudo o que tinha contribuído para o prestígio da fé como que me iam envolvendo. Essa fé pôde bem fazer milagres, porquanto já dito está que a fé transporta montanhas, mas se certamente algumas curas inesperadas, porque julgavam-se enfermos incuráveis, cercaram o Filho de Deus da admiração e quase até da adoração de alguns homens excessivamente entusiastas, não menos certamente vos asseguro que tais cousas não foram filhas de uma virtude especial do Messias, que o tornasse superior aos demais homens neste caso, mas sim quanto à atmosfera benéfica que a seu derredor espalha todo espírito puro e desejoso do bem de seus semelhantes. Isto é justamente o que aproveitado foi por meu discípulo predileto para erigir ao Filho de Deus o culto que só a Deus mesmo é devido.

Irmãos meus, filhos meus, amigos meus, pelo grande amor que vos professo e pela ternura dos sentimentos que me inspira a desgraçada situação vossa, peço-vos que isto compreendais de uma vez para sempre: “Que um só é o Deus criador do Universo e a fonte de todo o poder, de toda a grandeza, de todo o saber, de todo o amor e de toda a justiça. Só a ele portanto toda a adoração deve ser consagrada. Só dele todo o bem havemos de esperar. Só nele a pureza de nossa fé há de descansar. Tão-só para seu excelso trono nossas orações devem se elevar e de suas mãos tão-somente hão de baixar sobre a Terra todos os dons que hão de elevar até o céu todos os seus filhos”.

Crede, pois, na palavra desse Deus único, que pela boca de seu filho vos diz:

“Tende fé no porvir da alma, porquanto para todos os homens, ela há de chegar até à cúspide da montanha, cuja encosta destinados estais a subir penosamente. Mas o passo com firmeza dado antes de vós por aquele que haveis chamado O Mestre, vos sirva de guia, de ensinamento e de amparo para vossos próprios passos, que atrás dele hão de ser dados, se diretamente e com presteza ao fim quereis chegar.

“Desprendei-vos de vossas paixões, colocai-vos acima dos vossos desejos imoderados e contrários aos interesses de vossa alma, que é do único de que deveis cuidar. Mova-vos em vossos atos mais o amor por vossos semelhantes que o interesse por vossas pessoas. Tende como bem certo que quanto por vosso próximo fizerdes, centuplicado vos será devolvido por meu Pai que está nos céus.

“A alma sopro é que de Deus vem e o que de Deus vem, eterno é como a mesma essência de que saiu. Mas só é a essência aquilo que de tão alto recebeu, porque tudo o que mais tarde há de conseguir do que em seu caminho encontre há de consegui-lo com paciência e trabalho.

Tão-somente o amor é viático que as jornadas abrevia e que forças dá ao homem para com maior presteza os maiores obstáculos vencer. Portanto, quanto mais ameis mais próximos vos encontrareis da libertação da vossa alma, das cadeias que a sujeitam à maldade e ao vício, que dificultam a emancipação da alma, pela cegueira que vos produz e pelo domínio que sobre vós têm estabelecido. Por isso assim foi dito, e bem o foi: Ama a Deus sobre todas as cousas e a teu próximo como a ti mesmo, estes são os profetas e os mandamentos”.


Com estas palavras de amor, amorosamente me despeço hoje de vós.

CAPÍTULO VI – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. A queda do homem e sua redenção



“O homem caído de sua primitiva pureza”, tem-se dito, “porquanto toda obra saída das mãos de Deus há de ser naturalmente pura; caindo na impureza tão depressa ele se verá por si mesmo amparado e guiado, porque o seu pensamento é curto, acha-se em trevas a fé, e a visão da alma entravada pela falta de conhecimento do espírito. Essa primitiva pureza é pois com relação ao que se refere ao ponto de partida do ser como obra do Pai, porém pobre dos dons do espírito, que tão-só pela queda e pela regeneração, pelo sacrifício e pelo esforço, hão de ser alcançados.”

Difere portanto a primitiva pureza do ser, que lhe foi dada, da que ao ser lhe pertence por sua própria aquisição, com o esforço e o sacrifício, com a queda e a penitência. Mas quando muito fundo a alma mergulhou na impureza e no erro, muito andou a desordem e muito intimamente se entregou às baixezas da materialidade do corpo e das paixões carnais e satisfações de desejos impuros, converteu-se então a alma em escrava da matéria e do corpo; nada já por si mesma pode e preciso lhe é um Salvador, o que portanto aconteceu com o Filho de Deus.

A redenção humana não era já possível somente pelo esforço do homem e necessária era a vinda do Messias prometido, para encaminhá-lo novamente pelo direito caminho que o conduzirá para sua salvação, no além.

O homem espírito é encarcerado no cárcere da matéria, mas para vida de espírito foi criado; fora da matéria há de ser sua liberdade e sua grandeza.

Os anjos no céu moram e anjos também os espíritos dos homens hão de ser.

Nos espaços é o céu, mas não são os espaços o céu. Os espíritos do Senhor estão nos espaços e no céu. Os espíritos do Senhor estão em Deus e o que em Deus está no céu está também.

Irmãos meus, filhos meus, amigos meus, ouvi pois minhas palavras, que a salvação vos traz, com o conhecimento das verdades necessárias para alcançá-la. Abri vossos espíritos à confiança, acreditai em minha palavra que é a palavra do Pai.

Melhorai-vos em vossos hábitos e em vossos desejos, elevai vosso pensamento a Deus e fazei penitência de vossos pecados, confessando-vos também uns aos outros.¹

¹ Deduz-se claramente do que aqui se diz, que a queda do homem não é tal como o Catolicismo o entende, senão que tal expressão possui um significado muito relativo. Compreende-se que o ser possui em embrião todas as faculdades ao vir à vida; inocente como uma criança, é perfeito em sua relatividade, porque não cometeu erros, porém a mesma falta de desenvolvimento em suas faculdades faz que seus primeiros passos sejam seus primeiros erros e a pertinácia consciente neles constitui mais tarde a verdadeira queda.

Mas chegou a tais extremos o domínio que, pela obstinação no erro, lograram as baixas paixões sobre o homem que este não pode já emancipar-se delas, sendo necessária a vinda do Messias para ajudá-lo a retomar o domínio de si mesmo. — Nota do Sr. Rebaudi.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

CAPÍTULO V – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. Da Fé



Pedi, sobre todas as cousas, estas três: fé, humildade e caridade. Assim vos disse, queridos irmãos meus, e também vos havia dito já que a fé transporta montanhas e é deste poder da fé que pretendo falar-vos agora. Mas deve-se compreender qual há de ser a fé, não a que se encerra somente em crer as cousas, que foram ditas em nome do Pai e por quem do Pai havia recebido mandato para que as ensinasse e divulgasse, mas a fé que é de Deus e que em nome dele há de ser recebida, aquela que para Deus eleva em essência os espíritos e não em palavras. Crer na palavra que de Deus vem, muito é já, mas elevar-se até ela, bebendo seus preceitos como a própria essência do próprio ser, muito mais é; e quando por meio dessa fé se vêem as cousas de Deus com tanta clareza como por meio dos olhos do corpo as cousas do mundo, e quando nessa fé vive o espírito vida de luz e o invade, nela e por ela, intenso calor de amor e de sentimento puro da verdade e do desejo de justiça, de maneira que essa fé, por si tão intensa que com a própria essência do Pai nos confunde, porque até ele nos eleva, participantes nos faz dos divinos atributos e proporciona-nos tudo o que em Deus existe até onde a intensidade e a pureza de nossa fé alcança.

Em grande erro estão pois os que ensinam que a fé unicamente se encerra na crença do que não se viu, porquanto mau e bom se viu e não se viu, pois que até a verdade e até o amor, não em crença, mas sim em sentimento, faz-nos levantar a fé, sim, certamente esta fé há de ser a fé. Se tão simples cousa fosse a fé, que bastasse fechar os olhos e dizer sim do que não se viu, para estar nela, que justiça teria havido no Pai ao premiá-la de vida eterna, se dito foi em seu nome que as portas do céu sofrem violência e somente os violentos entram por elas? Deve-se entender que a violência há de ser contra as nossas próprias paixões e não materialmente contra as portas do céu que não as tem, porquanto a casa de meu Pai é o que chamado foi o firmamento, e não tem limites; sem portas é portanto.

A fé transporta montanhas, também foi dito; ensinando com isto o grande impulso que em si mesma encerra a fé, e sendo assim, que de maior pode opor-se-lhe? — É pois a virtude suprema, porque as encerra a todas e vem depois de todas, mas há de ser tal como eu vos ensinei, fé que percorreu já vitoriosa a encosta da montanha, chegando ao seu cume e dominando do alto o que está abaixo do ser, em apetites desordenados, em aspirações de uma materialidade sem horizontes.

Que todas as gentes, ou senão todas, muitas dentre elas procurassem arrimar-se ao Messias porque tinham fé, que saísse dele virtude que os curasse de suas enfermidades, certo foi muitas vezes, e certo também chegou a ser em mais de uma ocasião que fizera sua fé o milagre de que iam em busca junto ao Messias. Portanto foi dito por ele muitas vezes: tua fé te salvou; quis dizer porventura, a minha fé te salvou? — Assim, quando dito foi “a fé transporta montanhas”, é porque grandes cousas foram e são obtidas por virtude da fé, porque nada chega até onde ela chega; e quando vós tiverdes fé igual à do Filho de Deus, igual a ele vos vereis; tanto é grande a fé que por ela somente tão alto ascendereis. Mas tende isto por certo, que semelhante fé, que até o Pai alcança, tão-somente espíritos do Senhor, os que anjos foram chamados, têm-na conseguido, porque muito viveram, muito caminharam, muito sofreram, muito aprenderam e só no bem pensam e para o bem obram. Tão-somente eles, porém nenhum homem até agora, compreendem a fé, e a têm como a que aqui se entende e a que pode fazer milagres, ou o que assim chamais, como agora também pode fazê-los, e os faz. Nunca Jesus os fez.

Quando se disse que só pela fé sereis salvos, deste modo entendeu-se que devia de ser a fé;¹ mas vós mesmos que recebeis o que estou dizendo não o entendeis, porque se o entendêsseis mais elevados estaríeis, compreendendo o que excede da crença à fé e dessa fé, de que todavia sois capazes, até à fé de que agora vos falo.


¹ Bem entendido, isto significa que somente por nosso próprio progresso havemos de ser salvos, posto que unicamente ele nos há de elevar para a verdade e para o bem, até o infinito, quer dizer, até Deus. Eu disse muitas vezes que ninguém pode crer o que quer, senão o que pode, querendo significar com isto que a Fé é tanto mais elevada quanto mais elevado é o ser que a possui. Resulta, como se vê, um grave erro o dos católicos que pretendem opor o cristianismo à ciência, porquanto é ele precisamente o que mais propende à ciência verdadeira, porém não à que freqüentemente o atraso humano pretende impor como ciência e que é conseqüência de falsas miragens, devidas aos pontos de vista errôneos de que costuma partir por seu materialismo, não já pela observação severa e experimentação conscienciosa, senão por meios primitivos e antigas preocupações dos que alcançam compreender o que podem ver e tocar. Este superficialismo e falso critério de observação é o que tem conduzido para o materialismo muitas mentes pouco profundas, demasiado amigas de detalhes e escravas das aparências. — Nota do Sr. Rebaudi.

CAPÍTULO IV – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. Insiste em que sua nova manifestação entre os homens, sob esta forma, não constitui outra cousa senão a continuação da obra começada por ele, em nome de Deus.



Já vos disse, irmãos meus, que, pois que Deus consentiu em enviar seu filho para a salvação do homem, caído tão abaixo de sua pureza primitiva, devido à sua falta de progresso, ele não pode deixar sem cumprimento seu propósito. Assim, pois, truncados pela morte do corpo esses divinos propósitos, só podiam ser cumpridos no momento, pois não podia a vontade do Pai estar sujeita à dos verdugos de seu enviado senão enquanto a obra deles pudesse servir de instrumento eficaz, embora cego, para o cumprimento da vontade divina,¹ que nunca pode deixar de ser cumprida. Cumpre-se, pois, novamente agora repito-vos, a obra do Pai, aparentemente interrompida por minha ausência material de entre vós e comporta especialmente dito cumprimento em estabelecer a verdade, tal qual ela foi dita. Se certamente a palavra que recolhestes de minha anterior predicação, cheia era de ambigüidades para vossos entendimentos tão atrasados então, e de contradições aparentes com relação ao que agora vos digo, preciso é que compreendais que a verdade há de buscar-se na essência do ensinamento e não em sua forma, posto que esta há de ser da que se aproveite o meio em que se fala e o ambiente em que o ensinamento se produz. É, portanto, no que à palavra se refere, dando a entender sobre as chamas eternas, sobre as potestades infernais e outras cousas que foram ditas, que se deve compreender a necessidade, para o Mensageiro, de falar a língua dos que suas mensagens haviam de receber e preciso lhe era também ainda vestir seus ensinamentos com a roupagem das idéias imperantes. Se outro houvesse sido o modo de minhas palavras, ninguém as teria escutado e estéril teria resultado a vinda do Messias, o que não podia acontecer pelo que já vos disse com relação ao necessário cumprimento dos desígnios de Deus. Assim, pois, tudo aconteceu como devia acontecer. Assim também acontece, hoje, que minha palavra não é acreditada, como já antes disse: Mas quando vier o Filho de Deus, pensais que encontrará fé na Terra? Esses também, os que se dizem mestres de minhas palavras e os que se julgam o porta-voz de meus ensinamentos, vão mal, porque lhes falta a fé, que só é dada aos humildes de coração, aos que sofrem perseguição pela justiça, aos que resignados choram e aos que padecem sede e fome de verdade e de amor. Onde estão vossas aflições pelo bem? — Onde estão vossos grandes sofrimentos pela verdade? — Onde vossos sacrifícios para que frutifique em vossa mísera morada a semente que semeei e que hoje volto a regar com lágrimas ardentes, por vossa pertinaz cegueira?

Recordai o que antes vos falei do homem que tinha uma figueira em sua vinha, foi buscar seu fruto e não o achou. E disse ao que lavrara a vinha: Olha, três anos há que venho buscar fruto nesta figueira, e não o encontro; corta-a pois; para que há de ocupar ainda a Terra?

Venho pois agora buscar o fruto da figueira que plantei na vinha do Senhor, e não o encontro. Esperais que a figueira seja cortada pela raiz e lançada ao fogo?

Oh! irmãos meus, crede de uma vez na palavra que novamente vos trago, para recordar-vos o nenhum valor das cousas humanas, o enganoso de toda a felicidade que não seja do espírito, a falsidade de toda a aspiração posta nas cousas passageiras da vida e o vazio de toda a esperança que não veja mais além do corpo.

Muitas cousas vos poderia dizer, mas, de que vos valeriam se cegos vos obstinais em permanecer, com a alma acorrentada aos torpes apetites do corpo? — De que vos serviria que vos mostrasse melhor luz, se vós teimais em manter fechados vossos olhos?

Não acreditais muitos de vós que sou eu quem vos fala, e nem mesmo vendo-me o acreditaríeis e tampouco o acreditaríeis se novamente crucificados vos exibissem meus pobres despojos; porém, isto é porque fechados conservais os olhos de vossa fé, fechadas as portas da humildade, fechados os caminhos de vosso coração!

Oh! — Quão distante vos encontrais de onde deveríeis encontrar-vos! — Por isso muda é minha palavra para vós, sem calor meu sentimento, sem eco a voz de meu constante chamado.

Sede sábios, porque de Deus vem também a ciência. Mas não olvideis que toda a sabedoria e toda a grandeza nada são sem a fé, sem a humildade e sem a caridade. Pedi, pois, a Deus sobre todas as cousas, estas três: fé, humildade e caridade

¹ Efetivamente, foram os verdugos de Jesus quem, com o martírio do Gólgota, engrandeceram e imortalizaram a obra do Nazareno, contribuindo involuntariamente para que a vontade do Pai se cumprisse. — Nota do Sr. Rebaudi.


CAPÍTULO III – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. Os homens interpretam mal a pessoa de Jesus e sua atuação; Ele pede que o atendam agora e o escutem pelo que verdadeiramente é.



Querem hoje os homens ver no Messias, a quem antes negaram, não já o mediador como a vontade do Pai o estabelecera, senão a personificação nele, do mesmo Pai que o enviara. Jamais, porém, saíram, dos lábios de Jesus, tão temerários ensinamentos; mas preciso é, irmãos meus, curvarem-se antes os altos desígnios de Deus, que por meios incompreensíveis para o homem rodeia a verdade em cada tempo, da forma de prestígios que lhe convém, para que sejam cumpridos os propósitos de seu novo ensinamento entre seus filhos; honrai pois, assim, ao Messias, nessa época de sua filiação divina na Terra; honrai-o com a verdade que o dito por ele comporta, no meio do tempo e dos acontecimentos que o rodearam. Irmãos meus, os justos desígnios de Deus, já vos disse, permitem que por muitos diversos caminhos chegue o ser ao conhecimento do que ele precisa para a sua salvação. Esses caminhos, que são freqüentemente desviados em suas aparências, conduzem muitas vezes à certeza, no fim, porquanto, se não foi Jesus o Deus que lhes falou e os dirigiu em pessoa, foi entretanto Deus mesmo quem o fez por intermédio de seu filho.

A superstição e o desejo do maravilhoso, fomentados pelas fantasias de um discípulo, que muito longe se encontrava dos verdadeiros propósitos do mestre, rodearam a minha pessoa dos prestígios da divindade, pela divulgação de falsos milagres, concorrendo com isto a que corresse o povo ao encontro do portador da boa nova, do novo profeta, do Messias tantas vezes anunciado, do salvador prometido e esperado tão pacientemente pelas gerações que se sucediam. Eis, pois, explicado o único, o verdadeiro milagre, do que dependia a notoriedade avassaladora do filho do humilde carpinteiro de Nazareth, a rápida divulgação de seus ensinamentos e o selo de tão indiscutível autoridade, que se erguia frente a frente das Sagradas Escrituras, frente a frente do orgulhoso Sinedrim e frente a frente da tradição inteira, com todos os seus profetas e com todos os seus divinos mensageiros. Assim também devia acontecer, pois que a criança só compreende a linguagem da criança e não era possível que resultassem estéreis os esforços do celeste semeador da nova semente, do revelador da palavra do Senhor que vinha em seu nome estabelecer a paz entre o império da Terra e os impérios dos Céus. Se, certamente, sua palavra não estava destinada a ser compreendida e seguida completamente durante o tempo de sua presença entre esses homens atrasados e rudes da Judéia, tinha ela, entretanto, seu papel importante no seio do único povo que fazia da religião uma necessidade e da prática de suas doutrinas uma parte inerente de sua vida diária. Era daí, de onde devia tirar sua força e expansão e tirou-a, não sem que dela algo aproveitasse também o mesmo povo hebreu, tratado com excessiva dureza mais tarde, em conseqüência do horrível crime de haver tingido as mãos no sangue do Enviado Celeste, que veio para levantá-lo de sua abjeção e das rudes condições de sua vida, pelo atraso moral e intelectual em que gemia.

Erro é o afirmar a falta de oportunidade para a nova revelação na Judéia, porquanto não era o prestígio do êxito, não era a vitória das paixões sanguinárias e do domínio estabelecido pelo terror, o que podia dar força de expansão à doutrina do amor aos nossos semelhantes, do perdão das ofensas e do retribuir o bem por mal. São justamente os fracos e os vencidos, os que sofrem, os que têm fé e fome de verdade e de justiça, são estes, justamente estes os únicos que elevam seus olhares ao céu, suas preces ao Senhor, e foram justamente os pobres e os deserdados, os enfermos e os perseguidos, os que eram vítimas da opressão dos poderosos, foram eles os que recolheram minhas palavras e as espalharam aos quatro ventos.

Oh! ... Não me rechaceis agora vós outros porque não me apresento com os sinais da evidência material e com o prestígio dos grandes fenômenos. Sempre o milagre, sempre o maravilhoso para dar valor à verdade!

Eu não posso deixar minha natureza espiritual para entregar-me a exercícios de um fenomenismo material, esplêndido para vós, porém indigno da elevada missão que venho novamente desempenhar entre vós, ao abandonar as elevadas regiões onde a bondade do meu Pai me colocou.


Oh! Não me rechaceis pois, não rechaceis minha palavra, que é hoje a mesma de ontem, porquanto fui sempre vosso Messias, o Filho de Deus que haveis desconhecido, o Enviado de meu Pai, o revelador da eterna verdade, assim como da vontade divina. Não rechaceis, pois, minhas palavras porque rechaçaríeis a palavra de Deus. Vinde a mim de preferência pela humildade e pelo amor; chamai-me com a alma que prontamente a vosso lado estarei e sempre me encontrarei onde dois ou mais se reúnam em meu nome. Não vos enganeis pois, porque o que agora vos digo já antes vos disse. Não vos ofusquem a vaidade e os interesses mundanos. Desprendei-vos de vossas paixões e do apego aos bens materiais. Pensai em mim com sinceridade e com amor e me reconhecereis.

domingo, 22 de junho de 2014

CAPÍTULO II - 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por ele Mesmo. O Mestre faz alusão aos seus primeiros passos no meio das agitações do povo Hebreu, oprimido sob o poder romano, porém manifesta suas idéias opostas a toda a revolta.



Duas correntes de opinião se formaram desde o princípio para com a minha pessoa: a dos que me exaltavam e a dos que me combatiam. Pouco a pouco, o círculo dos que me conheciam e escutavam minha palavra, ia aumentando. Com isto aumentavam as simpatias e a consideração, por um lado; os ciúmes, a inveja e a murmuração, por outro.

Minha obra era santa, pois era a obra do Pai, era de amor e não de ódios; podiam talvez os dominadores da Judéia duvidar de meus propósitos, que algumas vezes chegaram a ter as aparências de um nacionalismo perigoso para o dominador estrangeiro. Mas, na realidade, minha alma era completamente alheia a todo o espírito de violência, a toda a idéia de revolta armada. Minha idéia comportava um propósito, esse propósito era o bem e a finalidade era o Pai, fonte de todo o bem, aspiração suprema do verdadeiro espírito de verdade, não Espírito de Verdade, como pretenderam personificá-lo depois; e ainda quando a princípio, levado pelo espírito ardente do meu sentimentalismo avassalador, comprometi os elevados propósitos de minha missão com manifestações abertamente hostis para com os opressores do povo, que gemia e clamava a Deus por justiça, foi sempre o amor o móvel de minhas palavras e jamais houve, detrás delas, idéias de sangue e de represálias.

Compreendiam meus verdadeiros propósitos os que me seguiam? Sim, com certeza, pois eram desprotegidos do poder e da fortuna, gente simples, que via fechadas na Terra todas as vias de suas aspirações e que se precipitavam ansiosos para os esplendores do porvir, cujas portas, em nome do Pai, eu lhes abria de par em par. Mas, se compreendiam meus propósitos, longe estavam da elevação requerida por eles, porquanto a ambição do bem, mais que o próprio bem, inspirava seus propósitos de seguirem-me, pois que buscavam grandeza antes para si mesmos que para os fins que o Pai me enviara a propiciar sobre a Terra; buscavam para si o que deviam buscar para os outros; suas aspirações eram grandes, porém essa grandeza não comportava a idéia do Pai, senão a dos homens, e levava em si os germes de sua própria destruição, disto foi prova a desgraçada traição de meu querido Judas. A traição de Judas filha foi dos ciúmes como já vos disse, de nenhum modo do amor ao dinheiro; esses ciúmes vieram comprovar os germes de destruição que vos digo e que já outras vezes se demonstraram, dando motivos a pequenas dissensões que chegaram a dividir entre si, ainda que por pouco tempo, a meus amantíssimos discípulos.

A compreensão, pois, dos que me ouviam e seguiam, pouco se elevava do nível geral do sentimento dos homens da época, e é assim que o espírito de minha doutrina melhor frutificou depois de minha morte, com a qual, com já vos disse, começou verdadeiramente o mais importante de minha obra, tanto pela influência que ela exerceu, quanto pela luz que derramou sobre meu espírito e sobre os meus discípulos, que outros se sentiram desde esse momento. Filhos meus, irmãos meus, admiremos e adoremos os desígnios de Deus, que de tudo e a todos os momentos fazem brotar o bem e o amor, a harmonia e a luz, ainda quando tudo parece desfalecer e até a morte põe seu selo, aterrador para vossos olhos, como que cortando toda a esperança e matando toda a fé; é então, quando tudo rejuvenesce e se renova no Pai e pelo Pai, que é, finalmente, o princípio e o termo de todas as cousas.

Nada morre, irmãos meus, tudo ressurge dentre as mesmas aparências da morte, para a confirmação mais acabada da vida e de seu aperfeiçoamento por sua aproximação paulatina para Deus.

Para Deus, pois, elevem-se constantemente vossos pensamentos e seja a oração, em todos os momentos, o laço que a Ele vos una; mas deve ser a oração tal como já vos disse: o que ama, já amando ora e o que ama sabe antes que tudo enxugar as lágrimas dos seres amados; estes são vossos irmãos, os homens todos, todos os espíritos do Universo

¹ Este elevado conceito da oração, estão longe de compreendê-lo tanto os rezadores de ofício como os que combatem a oração com o ridículo argumento de ser ela inútil, porque o que há de ser — dizem como os fatalistas turcos — há de ser, não valerão rogos e mais rogos para desviar a rota dos acontecimentos. Não compreendem estes senhores que a verdadeira oração é uma força poderosa, que por si mesma pode determinar os fatos mais assombrosos. Eis, pois, que tais pessoas não compreendem o espírito do cristianismo. Eles são os mesmos que confundem a caridade com a esmola e a humildade com o servilismo.


Para poder distribuir esmolas basta ter dinheiro, para ter caridade é preciso ser espírito evolucionado. Ninguém foi tão pobre como Jesus e ninguém fez tanta caridade como Jesus. — Nota do Sr. Rebaudi.

sábado, 21 de junho de 2014

CAPÍTULO I – 2ª Parte – Livro: Vida de Jesus ditada por Ele Mesmo. Jesus continua sua missão.


Pensam os homens que a missão do Messias ficou terminada com o sacrifício de sua vida, porém sua morte não foi mais que o remate com que devia ficar consagrada a grandeza de sua obra, recém começada por ela. Sua morte significa, pois, mais que outra cousa, o grande compromisso de futuras alianças entre Deus e os homens, pelo esforço destes para o acatamento das leis divinas e pela elevada manifestação do Pai no que tem de compreender-se como sua vontade, para ser acatada e cumprida sobre a Terra.

Venho assim novamente entre os homens, como já disse outras vezes, para continuar a tarefa começada, confirmando o que já disse, retificando o mal compreendido, ampliando também aquelas manifestações e esclarecendo-as em tudo o que permite a compreensão dos homens

Não duvideis de minha filiação divina, porque o Pai me havia honrado assim ao mandar-me como Messias entre vós, para que as elevadas alianças espirituais, que me rodeavam, e os altos compromissos contraídos, que me apoiavam ao descer à Terra, lograssem assegurar a obra de redenção humana, muito retardada já. Mas não acrediteis na redenção do pecado pela maneira que se disse, porque o pecado só se redime pelo esforço de quem pecou.

Irmãos meus, sois espíritos tão materializados ainda que nada vos ocorre fora da matéria e resumis entretanto vossa felicidade na posse dos bens materiais.

E é só pela decidida renúncia de tudo quanto forma um atrativo para a carne e para vossos mal dissimulados desejos de predomínio, que conseguireis elevar-vos o suficiente para ingressar pela nova via de vossa regeneração. Sois espíritos jovens ainda; vossos pensamentos, vossos desejos e os mesmos laços carnais que vos ligam à família, tudo vos traz agarrados à terra que habitais. Porém podeis, pouco a pouco, levantar-vos acima dessa materialidade com o arrependimento de vossas faltas e com o cumprimento de vossos deveres, porque é assim como o espírito começa a sua elevação e na elevação espiritual encontra-se o desprendimento da matéria.

Recordai-vos do que antes já vos disse: “Eu não trago a paz se não a guerra. Levantai, pois, esta bandeira de guerra e não a enroleis”.

Irmãos meus: — Oxalá possais compreender o significado de minhas palavras e ligar-vos a mim, como irmãos, na adoração do verdadeiro Deus. Como irmãos meus na reforma de vossos hábitos, nas meditações de vosso espírito e no acordo de vossa vontade com a minha, para honrar vossos pensamentos e vossas ações com a elevada emanação divina.

Eis-me, pois, entre vós para o cumprimento do que escrito está a respeito de minhas palavras e de meus ensinamentos para o porvir, que é hoje o presente, cumprindo a vontade do Pai que não me haveria enviado antes se não me houvesse de permitir mais tarde ajudar a frutificação do que eu havia semeado em seu nome.
Vêm assim a constituir estas manifestações como que o resultado natural de meus primeiros trabalhos da vinha do Senhor.² Crede, pois, em minha palavra porque eu vos falo pelo amor, e o amor é a essência de Deus. Assim como antes vos disse: Amai-vos uns aos outros, agora repito-vos: Só pelo amor será salvo o homem.

1  Os ensinamentos de Jesus são de tal natureza, que guardam sempre algo mais para o que mais sabe alcançar, pois seu espírito tanto mais se eleva quanto mais nossa compreensão se alarga.  Basta observar, por exemplo, a comunicação referente à fé, da qual algum proveito recolhem os espíritos simples, maior conhecimento alcançam os inteligentes e intensas cintilações de inesperada luz brilham para as almas mais evolucionadas. — Nota do Sr.Rebaudi.

2  Desde então Jesus não cessou seus trabalhos, sendo ele o Diretor deste intenso movimento espiritualista que se vem produzindo sob a denominação de “Moderno Espiritualismo”, mas que na verdade não constitui outra coisa senão manifestações do próprio Cristianismo dentro de sua orientação constantemente progressiva, pois que, segundo palavras do próprio Mestre, “tudo ressurge dentre as mesmas aparências da morte para a confirmação mais completa da vida e de seu aperfeiçoamento, para sua aproximação paulatina para Deus”.

Essa tendência, constantemente progressiva do Cristianismo, se deduz também, entre outras muitas coisas, do Espírito de Verdade do Consolador prometido por Jesus, que revelaria e explicaria o que os homens da Judéia não podiam compreender.


A incansável laboriosidade do Mestre sobre esta rota por ele empreendida há cerca de dois mil anos, vê-se claramente manifestada em todas estas comunicações e muito especialmente também na de S.João. que se encontra no final da obra, sendo esta nota agregada recentemente em 1992, para a reimpressão do II tomo, editado na Espanha pela Sociedade “A Verdade pela Ciência”. — Nota do Sr. Rebaudi.