As circunstâncias em
que a Terra se encontra, com sua população já bastante preocupada com o
problema alimentar, é que determinaram as modificações a serem operadas em sua
superfície, tal como foi projetado há muitos séculos. Isto prova que estas
circunstâncias não estão sendo agora consideradas pelas Forças Superiores para
inspirarem as providências, mas foram previstas de longa data em face do
crescimento anual da população terrena.
O problema, aliás,
não existe apenas na Terra porque é comum a todos mundos habitados e requer em
todos eles soluções muito semelhantes às que foram preparadas para implantar
neste mundo terreno. O problema alimentar será solucionado concomitantemente pela
qualidade e quantidade dos alimentos a serem utilizados pela população. Pela
qualidade, com o aparecimento de outros tipos de alimentação concentrada
cientificamente preparada, aos quais aludi em capítulo anterior.
Estes alimentos concentrados oferecerão aos seres humanos uma alimentação
completa, mais eficiente do que o uso da carne na alimentação atual. Pela
quantidade, com a ampliação das áreas de cultura agrícola, onde se desenvolverá
notavelmente produção de legumes de grande teor alimentício, alguns ainda desconhecidos
do homem. Desta maneira será solucionado por alguns séculos ou talvez milênios
o grande problema alimentar de vários milhões de almas a reencarnar na Terra.
O outro grande
problema terreno também em vias de solução dentro de alguns anos é o da
instrução envolvendo a educação em geral. O processo atual, por excessivamente
materializado, retira aos alunos toda idéia de que são seres espirituais
provindos de outro plano para progredir na Terra, com o que se embotam suas
melhores tendências espirituais, para só admitir o corpo como centro e causa da
sua existência. Resulta deste ensinamento errado, palmilharem os Espíritos
encarnados os longos caminhos terrenos preocupados exclusivamente com sua
existência material, ignorando quase todos que essa existência é apenas mais
uma dentre muitas outras que aqui viveram nas mesmas condições. Em face desta
verdade constatada desde muito no Alto, é que se tornou necessário modificar verticalmente
o tipo de instrução ministrada às crianças e aos jovens, preparando-os
carinhosamente para uma vivência espiritual através do corpo, a fim de que
todos possam firmar no íntimo de seus corações o conceito de que são Espíritos
em tarefa de aprendizado na Terra, objetivando unicamente o aperfeiçoamento
moral e a prática de ações meritórias aos olhos das Forças Superiores.
Efetivamente, se
ensinardes às crianças desde os primeiros anos que seu corpo é apenas uma
roupagem de carne de que o Espírito carece para permanecer na Terra, mas que
elas, as crianças, não são o corpo que fala e se move, se alimenta e dorme, que
elas são a inteligência que conduz e movimenta o corpo, a inteligência que estuda,
pensa e raciocina, exatamente por serem Espíritos encarnados naquele corpo, se
isto ensinardes às crianças desde o berço, estareis contribuindo decisivamente
para despertar nelas as excelentes qualidades do Espírito, suas tendências e
aptidões. Um tipo de ensino baseado nestes princípios imprimirá um
extraordinário impulso à evolução de todos os homens e mulheres na direção de
suas metas espirituais, reduzindo ao mesmo tempo suas enormes preocupações de
enriquecimento, considerado geralmente como o grande objetivo da vida humana. É
necessário reconhecer e proclamar bem alto que os seres humanos são apenas
Espíritos em tarefas de serviço na Terra, e por conseguinte a preocupação
número um em todos eles deve consistir na aquisição de novas e maiores luzes
espirituais, único patrimônio que podem conduzir ao deixarem o solo terreno,
uma pequena ou grande fortuna que jamais se apagará.
A propósito relatarei
aqui um episódio registrado na vida de um ser humano há vários séculos quando o
progresso da Terra se encontrava ainda bastante atrasado. Esse ser humano
costumava entregar-se diariamente por alguns momentos a um tipo de meditação
que ele considerava de grande utilidade para pensar nos seus negócios, conforme
dizia. Terminada a refeição da noite ele acomodava-se confortavelmente, cerrava
os olhos e assim se entregava à sua meditação por meia hora ou algo mais.
Recomendava antes que o não incomodassem nesses momentos, o que todos obedeciam.
Na verdade porém, aquele homem não meditava, porque adormecia todo aquele
tempo. O fato é que se sua intenção era meditar nos seus negócios, e essa era a
idéia do Espírito, este se desprendia e seguia a rota dos interesses materiais
a que estava ligado. Numa daquelas meditações o Espírito foi atraído por um pequeno
grupo de outros Espíritos que o convidaram a visitar no Espaço uma escola
infantil, já que ele mantinha à sua custa na Terra uma escola para os filhos
dos seus obreiros, que eram cerca de meia centena. Disseram-lhe então os amigos
no Espaço que ele prestaria um assinalado serviço à Providência Divina se
concordasse em acrescentar aos deveres das crianças um pouco de espiritualidade
traduzida em conselhos e ensinamentos de grande valor para elas em sua vida
terrena. Ele apreciou muitíssimo o ensino ali ministrado às crianças, cujos
Espíritos emitiam vibrações de contentamento ao fim da aula.
Estava tudo muito
bem, declarou o Espírito do homem que meditava. Gostaria em verdade de
instituir na escola, que mantinha na Terra, também aquele tipo de ensinamentos;
havia, porém, esta grande dificuldade: quem e onde buscar o professor, dada a
falta de pessoa assim
capacitada na localidade onde vivia. Não fosse essa a dificuldade, esclareceu
um dos amigos presentes, acrescentando que ele próprio se materializaria para
cumprir essa tarefa e iria ministrar aqueles ensinamentos em sua escola.
Declarou ainda que faria isso sem que as crianças chegassem a perceber a sua
manifestação. Desejava apenas que se fizesse silêncio à sua entrada, que seria
igual à de qualquer outro professor, e ele daria as aulas duas vezes por semana.
Assim combinado, assim se fez.
O negociante
compareceu pessoalmente à sala de aulas da escola e avisou em palavras impregnadas
de bondade, que havia contratado um professor muito longe dali, para dar aulas
de religião das quais as crianças necessitavam para melhor se relacionarem com
a Divindade. Informou que as aulas de religião seriam apenas duas vezes por semana,
porém, requeriam esta condição, sem a qual o professor não voltaria: silêncio
absoluto.
As crianças
demonstraram-se contentes com a novidade e prometeram manter rigoroso silêncio.
Tudo assim convenientemente preparado, todas as crianças ansiavam pela chegada
do dia em que iriam receber a primeira aula de religião.
Este dia chegou
finalmente e com grande alegria para todos. Estava presente à hora
convencionada o comerciante e alguns dos seus auxiliares que manifestaram
desejo de assistir àquela primeira aula.
O professor,
entretanto, só o negociante o conhecia. A ninguém ele dera conhecimento do
assunto tratado no Espaço. Quatro horas da tarde. Hora de encerramento das
aulas na escola. Solicitado silêncio pela professora às crianças e atenções voltadas
para a entrada da sala à espera do professor de religião.
Ei-lo que aparece,
cumprimenta com um aceno de cabeça às crianças e aos presentes e se coloca em
frente ao quadro negro, olhando serenamente aquele grupo de crianças que o
fitavam embevecidas. E assim principiou sua aula inicial em palavras bem
claras, perfeitamente audíveis em toda a sala:
“Meus filhos! Venho hoje à vossa escola para
vos ensinar a amar a Deus sobre todas as coisas. Mas também quero ensinar-vos a
amar a todas as outras crianças porque todas as crianças são filhas de Deus,
embora os seus pais na Terra sejam diferentes. Isto é um pedaço da religião que
todos necessitais de conhecer. A religião nos ensina que todos os seres humanos,
os homens, as mulheres e as crianças, são filhos de Deus, de um só Deus, do
mesmo Deus, que é o Pai Espiritual de todos nós. A religião nos ensina, por
conseguinte, a olharmos para todas as pessoas como se irmãos fossem de pai e
mãe, porque sendo também filhas de Deus, são igualmente nossas irmãs”.
“Desejo ensinar-vos
agora a vos dirigirdes diariamente a Deus e a Jesus que é o seu representante
na Terra, para agradecerdes a proteção recebida cada dia, e pedir nova proteção
para o dia seguinte. Isto se faz ajoelhando junto ao leito na hora de deitar,
de mãos postas e o pensamento em Deus, para que Ele receba a vossa oração e vos
lance a Sua bênção. Fazei isto todos vós a partir de hoje.”
Esta foi em síntese a
primeira aula de religião ministrada pela Entidade materializada, com uma
duração de cerca de cinco minutos. Terminada que foi, a Entidade cumprimentou a
escola com novo aceno de cabeça e dirigiu-se para a saída. O grupo de crianças
ficou como que magnetizado. Elas entreolhavam-se sem proferir palavra. Assim
permaneceram alguns instantes até que a professora, ela própria também
magnetizada, indagou do negociante mantenedor da escola:
- Quem é este
professor, Senhor. . . ?
- Este professor
foi-me recomendado por um amigo, como um grande professor de religião, declarou
o negociante.
- Pareceu-me
realmente extraordinário – acrescentou a professora, olhando pela janela a
estrada que levava à escola, e voltando-se para o mantenedor da escola,
exclamou:
- Mas,
extraordinário! O professor saiu daqui há poucos momentos e ainda não apareceu
na estrada! Eu vejo a estrada desde a escola e ele não apareceu!
- Falaremos a
respeito desse professor oportunamente - disse-lhe o mantenedor, acalmando-a.
Chegado o dia da
segunda aula, tudo ocorreu como na primeira. O professor ingressou na sala,
cumprimentou a todos com o aceno de cabeça e postou-se no seu lugar em frente
ao quadro negro. A atenção das crianças assim como o silêncio eram completos.
Só a professora o olhava com visível curiosidade. O professor iniciou com estas
palavras a sua segunda aula:
“Meus filhos, a quem
muito estimo em meu coração! Para a nossa aula de hoje, eu vou falar-vos do
vosso Espírito. Ficai sabendo que todos vós, meninos e meninas, tendes um
Espírito. Direi melhor esclarecendo-vos que todos vós sois Espíritos. E sendo
Espíritos, já tivestes muitas vidas
na Terra animando outros corpos que não esse que possuís agora. E sendo
Espíritos, já regressastes ao Espaço outras tantas vezes a fim de lá
descansardes e vos preparardes para voltar à Terra em outro corpo. Hoje vós
sois crianças apenas porque vosso corpo atual ainda está crescendo, mas logo
será adulto, e então vosso Espírito encontrará meios de manifestar as
qualidades e aptidões que já possui. Ficai sabendo então que esta não é a
primeira vez que nascestes na Terra e que sois crianças. Todos vós já fostes grandes,
tivestes um lar vosso, tivestes filhos que também criastes e educastes. Agora
sois novamente filhos e haveis de crescer e construir novos lares, porque isso
faz parte da lei da vida.
“Estais presentemente
nesta escola para aprenderdes a lidar com as coisas da Terra, para o que se
torna indispensável saber ler e escrever corretamente. Depois desta escola
vosso Espírito vos guiará aonde tiverdes de ir, sempre com o objetivo de
aprimorardes os vossos conhecimentos e a vossa moral. É necessário, entretanto,
que procureis ver em todas as outras crianças e em todas as pessoas, criaturas
filhas de Deus como vós próprias, e por isso merecedoras da vossa amizade e
respeito. Quando vossos corpinhos de hoje se tornarem velhinhos e imprestáveis
ao seu uso pelos vossos Espíritos, eles, os corpos, morrerão, serão sepultados
no seio da terra. Vós porém, filhos meus, vós não morrereis nunca, porque os
Espíritos não morrem jamais. A vida do Espírito é eterna, infinita. Quando,
pois, os vossos corpos se tornarem imprestáveis ao uso deles pelo Espírito, vós
os abandonareis e regressareis ao mundo espiritual, onde tendes estado muitas
vezes nos intervalos das vossas encarnações, e onde encontrareis todas as
pessoas que foram vossos parentes e muitos conhecidos que partiram da Terra
antes de vós.
“O que então eu quero
deixar bem claro ao vosso entendimento é isto: os Espíritos não morrem nunca. A
vida do Espírito é uma sucessão de encarnações e desencarnações neste pequeno
mundo terreno. Por isso é
preciso que procureis aprimorar as vossas boas qualidades e orar constantemente
a Jesus para que vos abençoe, guie e proteja nesta nova vida que estais
iniciando. Amai, portanto, a Deus e a Jesus de todo o vosso coração e amai aos
vossos amigos e conhecidos como se irmãos vossos também fossem, filhos dos
vossos pais. Esta é a lei da vida, e portanto, a lei de Deus.”
O professor
despediu-se e se retirou como da primeira aula. Os ouvintes, crianças e adultos
manifestaram-se maravilhados com esta segunda aula, ministrando ensinamentos
jamais ouvidos na localidade. A professora sentiu-se um tanto enciumada em face
dos ensinamentos dados aos seus alunos, e que ela se sentia incapacitada para
dar. Resolveu por isso tomar as suas notas com o objetivo de se preparar para
ministrar futuramente aulas semelhantes para as novas turmas de alunos.
O mantenedor da
escola mostrava-se radiante e continuava as suas meditações diárias, durante as
quais muito ouvia e aprendia no Espaço. As aulas de religião continuaram
naquela escola duas vezes por semana durante algum tempo.
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