No princípio da
consolidação dos elementos materiais que deviam constituir o mundo terreno,
quando nenhum ser vivente se cogitava de enviar à Terra, foram estudadas
meticulosamente as várias camadas geológicas segundo a conveniência da
constituição do solo em toda a superfície terrena. Estudadas foram as
necessidades relacionadas com a vivência futura de animais, aves e homens para alguns
milênios mais tarde, no que dizia respeito à alimentação, assim como a
distribuição dos condutos interiores das águas à conveniência do seu afloramento
em nascentes nos terrenos elevados. É digno da maior admiração o planejamento
executado por verdadeiros sábios espirituais, de tudo quanto deva existir num
mundo em formação, destinado a receber e alimentar muitos milhões de seres em
seu solo, alimentá-los e provê-los de quanto eles necessitem para nele se manterem.
Dizendo muitos milhões, eu refiro-me à espécie humana que já excede a casa dos sete
bilhões de almas encarnadas, segundo as vossas próprias estatísticas. Mas há
ainda toda a vastíssima escala animal da qual não existe levantamento na Terra
mas que, somados os diversos setores, devem exceder um pouco a casa dos cem bilhões.
É de imaginar-se, por conseguinte, a meticulosidade com que foi elaborado no
passado longínquo o plano de constituição da Terra com a indicação segura de
suas nascentes mais e menos volumosas, o leito dos rios que deveriam
conduzi-las até ao mar, reunindo-se vários deles em determinados pontos com
estes dois objetivos igualmente previstos: tornar certos rios navegáveis para a
facilidade de comunicações de várias regiões entre si, e diminuir desta maneira
o número daqueles que chegariam até ao mar.
Já imaginastes,
estimados leitores, o valor de todo este trabalho de planejamento e execução
realizado pelas Forças Superiores na constituição do mundo que habitais? Já
imaginastes, igualmente, o quanto de sabedoria e experiência terão presidido à
instalação dessa monumental ramificação dos condutos de água que vós encontrais
em todas as latitudes para matar a sede em primeiro lugar, e em segundo formar
os córregos que procuram os rios em direção ao mar? Certamente nenhum de vós
terá tido oportunidade de meditar sobre isso, por parecer à primeira vista uma
obra da Natureza que é sábia e perfeita em suas realizações. Muito bem, pois. E
quem é a Natureza? Será porventura alguma força misteriosa que age de maneira
invisível mas sempre eficiente e perfeita? Sim, estimados irmãos, em parte assim
é, uma vez que sua ação se processa invariavelmente de maneira invisível para
os seres encarnados. Se falarmos, porém, em Forças da Natureza, o que é mais
certo, estaremos falando realmente das Forças Superiores que superintendem e
dirigem a vida planetária sob a sua jurisdição. São essas Forças multimilenares
as que elaboram no Alto as modificações requeridas pelo avanço do planeta em
sua escala evolutiva quando acontece como agora ao mundo terreno, ter de
receber uma nova categoria de seres espirituais que estão reencarnando.
Tratando-se de uma categoria espiritual bem mais refinada do que a média da
humanidade atual, necessário se tornou modificar certas condições planetárias
ajustando-as às necessidades de seus novos habitantes. Decorrem dessa
necessidade as transformações em curso no seio da Terra, não tardando a aparecerem
na superfície os seus efeitos visíveis a todos os seres humanos. Devo
informar-vos paralelamente que os estudos relacionados com as modificações em
curso datam de quase três milênios, quando no Alto se decidiu operá-las no
mundo terreno. Foram estudados, por conseguinte, novos condutos de água a
regiões e setores até agora privados dessa preciosa linfa, possibilitando a fertilização
de grandes áreas até então absolutamente improdutivas. Isto sucederá,
logicamente, em conseqüência da própria modificação topográfica dessas regiões,
tornando-as habitáveis.
Eu estou abordando
certos detalhes acerca do que tendes lido e ouvido com a simples designação de
transformação ou modificação das condições atuais do solo terreno. Os detalhes
que abordei linhas acima têm o objetivo de explicar de certo modo em que
consistem as operações transformatórias que deram motivo à vinda ao meio terreno
das Entidades incumbidas de vos falar por meio da palavra falada e escrita. E
como esses tipos de operações implicam na modificação do solo terreno nos
lugares em que elas se realizarem, foi julgado necessário pelas Forças
Superiores, colocar todos os seres humanos inteiramente a par do que se trata,
para que se mantenham atentos e prevenidos em relação ao que possa
acontecer-lhes.
Uma segurança, porém,
se oferece a todos, que é a assistência espiritual que a todos envolverá em
quaisquer circunstâncias. O fato de um homem ou mulher
poder ver-se atingido pelos efeitos de qualquer operação transformatória e em
conseqüência vir a ter fechados para sempre os olhos do corpo, nada representa
de mau ou inconveniente para eles, porque logo constatarão ter abertos e bem abertos
os olhos do Espírito num plano de luz sem possível confronto com a nebulosidade
da Terra. Esse é o trabalho atento a que se entregam desde algum tempo os
emissários do Senhor no meio terreno, uns como este que vos fala, através da
palavra escrita, esta palavra que aqui fica gravada para sempre, a qual pode e
deve ser relida muitas vezes para que o próprio Espírito dela tome conhecimento.
Outros usarão a palavra falada nos lugares próprios, sempre com este mesmo e
grande objetivo: aconselhar a todos, homens e mulheres, que se preparem para
empreender sua viagem de volta a qualquer momento. A preparação, de tão
recomendada e repetida, não precisarei referi-la. Acredito que todos os homens
e mulheres já estejam em ligação permanente com o Senhor Jesus, a fim de que o
Divino Mestre saiba exatamente quantos dos seus guiados terrenos desejam
salvar-se por meio de sua ligação espiritual.
Assim perfeitamente
claro o assunto que aí fica, eu tratarei de um caso que fez parte em minha vida
de apóstolo dos gentios, segundo a denominação com que me distinguiram
aqueles povos bons aos quais andei pregando a excelência da doutrina cristã. O
fato ocorreu numa pequena povoação muito próxima da cidade de Éfeso, habitada
principalmente por gente do campo, aquela que se ocupava da criação de pequenos
animais e tecelagem de linho e cânhamo. Eu havia marcado reunião para uma tarde
de domingo, dia em que todos podiam comparecer, como era hábito no lugar. Eu
cheguei cedo ao local e meditava sobre a minha tarefa do dia, reunindo meus argumentos
para demonstrar a necessidade de todos os habitantes se filiarem ao
Cristianismo, que eu apresentava como ainda hoje, como a doutrina consoladora
por excelência, em todas as circunstâncias da vida. Meditava eu então sobre o
desenvolvimento dos meus argumentos neste sentido, quando vi aproximar-se uma
figura de homem que tudo denotava tratar-se de pessoa culta, responsável por algum
setor do governo. Dei-lhe minha atenção respeitosa e aguardei a sua palavra. O
visitante fitou-me demoradamente sem nada dizer, ao que eu julguei conveniente
dirigir-lhe a palavra, o que fiz nestes termos:
- O que desejais, senhor?
O homem retirou de
mim aquele olhar firme, penetrante, e falou:- Vim aqui atraído pela tua missão
que é nobre e santa. Eu não sou deste lugar. Recebi, porém, onde moro, o
sentido das tuas palavras e desejei ouvir-te de perto.
- Pois bem,
respeitável senhor - retruquei-lhe, acrescentando: - Se minhas palestras lhe
têm agradado, pode dizer-me onde as ouviu ou assistiu?
O respeitável senhor
lançou-me agora um olhar de grande simpatia e falou assim:
- Eu não sou deste
lugar nem desta terra. Soube das tuas palestras por ouvir dizer, mas o assunto
agradou-me sobremodo e por isso resolvi comparecer à que hoje farás. Desejo
porém recomendar-te muita atenção e cautela com este povo fanático que poderá surpreender-te.
Eu agradeci as suas
palavras, que me deixaram um pouco preocupado realmente. À hora aprazada, já ao
cair da tarde, havia um regular número de ouvintes, enquanto outros vinham
chegando e se acomodando da melhor maneira, formando filas laterais, assentados
no chão, como era costume nos lugares em que não havia salões mobiliados.
Iniciei então a minha
pregação como fazia nos outros lugares que percorri. Comecei dizendo à
assistência que ali estava para informar que uma nova religião se encontrava em
franco crescimento na Síria, trazida à Terra por um homem santo que a pregara
durante três anos desde Jerusalém, e que voltara depois de morto para reafirmar
que não se morre. Declarei que eu próprio tinha visto esse homem próximo à
cidade de Damasco, de quem ouvira que a sua doutrina salvaria o mundo porque
salvaria antes todas as almas dos homens que a seguissem.
Nesta altura fui
interrompido por um ouvinte que me perguntou o seguinte:
- Que provas podes
dar-nos de que esse homem de quem falas, já tinha morrido? Não terias sido
enganado na tua boa fé?
As palavras deste
ouvinte deram lugar à manifestação de outros dos ouvintes, aos quais eu
procurava esclarecer da melhor maneira, com argumentos cuidadosamente
preparados. O primeiro interlocutor, todavia, procurava refutar-me, e exigia
que lhe apresentasse provas da ressurreição da figura humana que me havia
aparecido e me falado próximo à cidade de Damasco. O tumulto crescia com a solidariedade
dos circunstantes ao meu interlocutor, que eu logo compreendi não desejava que
minha pregação prosseguisse. Em pouco toda a assistência se achava de pé à
minha frente, bem próxima de mim, numa atitude significativa. Recordei-me então
do respeitável senhor que me procurara antes da reunião e não o vi em parte
alguma. O fato causou-me certa estranheza porquanto as suas palavras traduziam
interesse pela minha palestra e no entanto ele se retirara sem que eu visse. O
fato pareceu-me realmente estranho.
O tumulto da reunião
continuava, entretanto. Percebi a certa altura que alguns dos presentes
manifestavam atitudes pouco cordiais para comigo, ao que eu não dei maior
importância. Não era aquela a primeira pregação em que os ouvintes, liderados
por pessoas deliberadamente contrárias à pregação do Cristianismo nascente, fossem
por sua própria convicção ou por interesses contrariados em grande parte dos
casos, procuravam abafar a palavra do orador até por meios violentos.
Eu prosseguia
tentando expor a excelência da doutrina que propagava, apresentando inclusive a
existência de ocorrências extraordinárias, como a cura de aleijados, cegos e
enfermos pelos adeptos categorizados de tão consoladora doutrina. Concluí que o
ambiente me era já totalmente desfavorável em face do empenho dos líderes em
obstar que eu prosseguisse em minha pregação. A reação apresentava-se já com
tendências ao uso da violência contra o orador, que continuava a argumentar com
toda a calma em favor da doutrina de Jesus de Nazareth. Os intuitos da
assistência eram já perfeitamente visíveis: ou eu encerrava a pregação ou seria
removido dali e expulso do lugar.
Verificou-se nesta
altura um fato absolutamente inesperado que produziu efeitos deveras
surpreendentes em todo o auditório. O senhor respeitável que me visitara em
princípio, assomou à entrada e abriu caminho por entre os presentes exaltados e
veio postar-se ao meu lado, olhando firmemente o auditório. Este, de agitado
como estava, aquietou-se,
silenciou, passando a reinar em todos os semblantes um ar de surpresa e
expectativa. Passados alguns instantes de silêncio, o senhor respeitável falou
novamente:
- Vim até este lugar
no dia de hoje, especialmente para ouvir a palavra verdadeira deste irmão em
Israel. Ele é portador de uma boa nova para todos vós, e deve ser ouvido com
atenção. A palavra que ele vos traz é verdadeira, incontestável. A prova disto
é que tendo tido conhecimento desta palavra na região em que hoje vivo, resolvi
vir escutá-la de perto e por isso aqui estou junto a vós, irmãos meus que eu
tanto amei noutros tempos e ainda hoje. Escutai, pois, com atenção, a palavra
deste nosso querido irmão.
O senhor respeitável
calou-se e sua figura em pouco se desvaneceu aos olhos admirados de todos.
Surgiu um sussurro entre os assistentes que procuravam uma explicação para o
fenômeno. Aquela figura respeitável era bastante conhecida e estimada de todos os
presentes, por haver sido um dos mais poderosos dirigentes de povos da região a
que pertenciam. Havia sido um chefe estimado e admirado por sua grandeza de
alma, sempre solícito ao atendimento de quantos o procuravam. Desencarnara,
todavia, fazia então mais de vinte anos. E concluíram daí os meus ouvintes, que
este fato verdadeiro, justificava aquele que eu apresentara, ocorrido próximo de
Damasco. Os ânimos mudaram completamente a meu respeito desde aquele momento.
Na pequena povoação eu fundei uma igreja cristã que bastante se desenvolveu.
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