Havia em certa época da história do mundo
terreno uma grande nação muito interessada no domínio das demais, e para
conseguir semelhante objetivo empreendeu uma grande campanha de suas forças
armadas, que marcharam sobre os vizinhos mais fracos. A violência dos primeiros
embates coroou de êxito o empreendimento, submetendo as nações menores ao seu
domínio, e transformando os habitantes em vassalos incondicionais e pacíficos
dos seus interesses. A campanha militar prosseguiu durante vários anos, dando à
nação conquistadora a sensação de absoluta segurança quanto ao domínio de suas
irmãs mais fracas, visto como estas por si próprias nada poderiam fazer para se
libertarem do jugo que lhes fora imposto pelas armas.
Os tempos decorriam sem que se pudesse prever
qualquer alteração no status quo terreno. No Alto, porém, as coisas se
passavam de maneira diferente. Os Dirigentes Espirituais da Terra não se
mostravam conformados com a situação imposta por meio da violência, dos mais
fortes sobre os mais fracos, movimentando-se as Forças Superiores no sentido
não só de oporem um dique a violência, como ainda preparar as coisas para a
volta da liberdade aos povos caídos sob o jugo do opressor. Examinadas foram,
por conseguinte, todas as possibilidades desse objetivo, chegando-se por fim a
conclusão de que somente por um movimento operado no subsolo, tal resultado
seria possível, em face do poder guerreiro da nação conquistadora. Apurada
meticulosamente a circunstância, ordens foram dadas aos departamentos
especializados, no sentido de que preparados fossem determinados
acontecimentos, destinados à transformação das condições topográficas
existentes na própria capital da nação guerreira, reduzindo-lhe sensivelmente,
não apenas o impulso conquistador como também as condições econômicas.
Tudo preparado com esse objetivo, apenas
havia a considerar por parte das Forças Superiores, a situação individual dos
seres humanos que viessem a ser atingidos em suas vidas terrenas,
organizando-se então, com aquela perfeição e segurança que preside a todos os
empreendimentos levados a cabo pelo Alto, um serviço especial de socorro e
atendimento a todas as almas que viessem a interromper a sua encarnação em meio
aos acontecimentos em vias de realização. Assim se fez, mobilizadas foram
alguns milhares de Entidades socorristas, prontas a entrar em ação ao primeiro
fato verificado. Não me é permitido registrar aqui o nome da nação terrena em
referência, mas todos vós que passastes os olhos pela história da Terra
facilmente a identificareis.
Algumas das suas cidades mais importantes
miram por completo, ao abalo sofrido em conseqüência das explosões verificadas
na profundidade do subsolo, causando o pânico e mortandade nas populações,
arrebatando-lhes inclusive alguns de seus dirigentes.
O fato produziu, como era esperado por parte
das Forças Superiores, uma mudança radical nos intuitos guerreiros em
andamento, que tiveram de ser abandonados, assim como na própria economia, pois
que, de nação rica e poderosa que era, viu-se transformada por completo,
obrigada já então a apelar para a boa vontade e espírito de solidariedade
daqueles povos que subjugara. Para concluir este relato sucinto, acrescentarei
que a nação em referência, a partir de então jamais pensou sequer em tentar
subjugar pela força ou não, povos pacíficos e trabalhadores a quem a Divina
Providência destinou viver em pequenas frações deste pequeno mundo.
Aludi a este fato histórico para
apresentar-vos uma pequena idéia do que se encontra preparado no Alto para ser
realizado na Terra, também por meio de operações na profundidade do solo
terreno. Conforme já estais perfeitamente esclarecidos em capítulos anteriores
e nos livros do Irmão Thomé, devem ser realizadas modificações substanciais no
solo terreno visando à encarnação no planeta de um número bem maior de
habitantes do que os atualmente na Terra. Para que um número bem maior de
habitantes aqui possa viver para estudar e progredir, há necessidade de contar
com um volume de alimentos muito maior do que o atual, e para isso necessário
se torna operar substanciais mudanças na topografia do solo terreno. Calculados
e medidos os campos atuais de produção de alimentos no mundo, serviço que foi
há muito empreendido pelos setores especializados no Alto, chegou-se a uma
conclusão desfavorável quanto à sua suficiência, havendo por isso necessidade
de se operarem sérias modificações topográficas.
Tais modificações devem importar em alguns
setores, na demolição de montes, morros e montanhas, dando dimensões novas a
numerosos vales hoje existentes, transformando-se desta maneira em campos
férteis, regiões atualmente inadequadas a esse mister.
A realização destas transformações do solo
terreno será acompanhada de uma nova distribuição das águas indispensáveis ao
trabalho da cultura agrícola, assunto que foi também meticulosamente projetado
pelos setores especializados do Alto.
Como não poderia deixar de ocorrer em face de
tão profundas quanto extensas modificações a serem operadas no solo terreno,
foi igualmente prevista a desencarnação em massa de almas viventes nos locais a
serem beneficiados topograficamente.
E aqui reside por assim dizer, todo o
objetivo da vinda ao ambiente terreno de grande número de Entidades por
determinação do Senhor do Mundo, preocupado em que nem uma só se perca na
imensidade do espaço cósmico quando os acontecimentos se sucederem. Deseja o Senhor
do Mundo que encontre a seu lado cada alma desencarnada, uma Entidade
socorrista pronta a recebê-la em seus braços e conduzí-la carinhosamente ao
plano espiritual a que pertence, isenta de preocupações e sofrimentos. Esta é,
sem dúvida, a parte mais cara ao Senhor do Mundo em todas as operações já em
véspera de realização; salvar para o seu coração e para Deus, todos os seres
humanos que vierem a ser atingidos pelos acontecimentos. O Senhor deseja que,
tal como sucedeu no passado aos habitantes daquela nação castigada por suas
ambições guerreiras, nenhuma alma atualmente na Terra venha a sofrer o menor
abalo espiritual em face das operações transformadoras do solo terreno. Nossa
vinda até vós é, pois, irmãos estimados, para dizer-vos estas coisas em letra
de forma para que possais tê-las sempre presentes, e convidar a todos os
terrenos da era presente a que meditem seriamente em quanto deste livro consta,
como a melhor maneira de poderem receber o necessário socorro no momento
psicológico.
Para os Espíritos atualmente encarnados,
sobretudo para os maiores de idade, é do maior interesse cultivarem
carinhosamente a idéia de que poderão ser chamados ao plano espiritual de um
momento para outro. Este interesse, acreditai-me, deve superar aquele que vos é
inato, de cultivar o engrandecimento do patrimônio material de cada um.
Isto porque, quantos se dedicarem seriamente
ao cultivo da idéia de uma desencarnação próxima, receberão em contrapartida,
elementos que muito os ajudarão na parte material de sua vida. Isto posto,
apenas acrescentarei aqui uma informação a mais sobre aquelas que já conheceis
através da leitura deste livro. O Senhor do Mundo acaba de enviar a Terra,
distribuídas por todos os setores humanos, legiões e legiões de Entidades em
condições de se tornarem conselheiros amigos para quantos emitirem pensamentos
elevados e bons a respeito dos acontecimentos em véspera de começo na Terra,
Entidades que antes se submeteram a uma preparação adequada no mister de
socorro e salvamento dos nossos irmãos encarnados. Estas Entidades estão
munidas das necessárias instruções para acompanharem de perto os pensamentos e
atos dos nossos irmãos encarnados, e bem assim de os registrarem fielmente para
futuro exame no Alto, quando ocorrer o regresso de cada um ao plano a que tiver
feito jus. Eu me explicarei. O plano ao qual são conduzidos os Espíritos que
vão desencarnando na Terra, está sempre em perfeita harmonia com o nível de
suas vibrações mentais.
Assim, se um Espírito encarnado primou na
Terra em cultivar pensamentos bons, sãos, elevados, em relação aos seus irmãos
terrenos, esse Espírito construiu uma categoria espiritual que se reflete em
sua aura e o conduzirá instintivamente a um plano de vida no Alto, onde suas
vibrações se harmonizem perfeitamente com as dos demais habitantes desse plano.
Da mesma maneira, aqueles que preferirem viver no solo terreno uma vida farta
de gozos materiais, emitindo, em conseqüência, uma classe de pensamentos dessa
categoria, a cessação da sua vivência terrena os conduzirá também
instintivamente, a um plano onde as vibrações dos seus habitantes se harmonizem
com as suas. E como, no Alto não existem os gozos materiais nem a possibilidade
de a eles voltar no ambiente terreno, o que sucede a esta classe de Espíritos é
o arrependimento amargo do precioso tempo perdido, numa encarnação que tanto
lhes terá custado a conseguir.
Minha sugestão, meu conselho, meu pedido a
todos os felizes leitores desta obra, é, portanto, de que todos figurem
mentalmente a sua partida de regresso para a próxima semana, e tratem de se
preparar desde hoje para essa viagem, assim como fariam se tivessem de
empreender uma viagem autêntica a qualquer parte deste mundo em que vivem. Em
tal hipótese, o que faria cada um dos leitores? Sem dúvida pensaria nessa
viagem pela manhã ao levantar, pensaria nela durante os dias que a
antecedessem, e seus pensamentos ao deitar todas as noites iriam igualmente
para as várias coisas a providenciar a respeito da mesma. Pois, meus caros, a
viagem de regresso de cada ser humano ao plano espiritual, deve ser encarada
com maior carinho ainda do que aquela outra de que falei. Da viagem terrena,
todos esperam regressar ao domicílio para a continuação dos seus afazeres e
interesses; ao passo que a viagem de regresso é definitiva, com o abandono de
quanto ficou na Terra. Eu perguntarei então, meus estimados irmãos leitores:
qual das duas viagens requer melhor preparação? Aquela que empreendereis para
regressar ao vosso lar, ou esta ou outra que vos conduzirá ao plano de onde viestes
à Terra, onde também deixastes um lar, um lar espiritual que também é vosso?
A resposta impõe-se por si mesma. Toda a
importância deve consistir, então para cada um dos viventes terrenos, em se
encontrarem preparados para viajar quando o momento chegar, e só o Senhor do
Mundo o conhece. Preparai-vos então, atentamente, estimados leitores e amigos.
Pensai nesta viagem também pela manhã, durante o dia e à noite, purificando o
quanto possível a vossa maneira de viver, os vossos pensamentos, os vossos atos
e, conseqüentemente, as vossas vibrações mentais, para que, tão apuradas e
purificadas elas estejam no momento da vossa partida, que possam conduzir-vos
aos mais altos planos do mundo espiritual.
Com todo o empenho e maior carinho, lá vos
receberá e acomodará, este vosso irmão e amigo milenar de muitas passagens pela
Terra,
BARTOLOMEU DE GUSMÃO
Not.
biogr. — Bartolomeu Lourenço de Gusmão — 1685-1724 —Inventor português
da máquina de voar. Nasceu em Santos em 1685, irmão de Alexandre de Gusmão, que
foi político e estadista português. Bartolomeu de Gusmão estudou no colégio dos
jesuítas em Coimbra, onde recebeu ordens de presbítero. Começou bem cedo a
notabilizar-se pelos seus sermões, em que revelou gosto apurado na linguagem e
bela dicção. Foi nomeado por D. João V capelão fidalgo da casa real, quando
falou a el-rei na sua “máquina aerostática” que era a sua invenção da máquina
de voar. O rei interessou-se vivamente pelo invento, custeando do seu bolso as
despesas de sua construção, e concedendo a Gusmão o registro do privilégio. A
primeira experiência teve lugar em 1709 no pátio da Casa da Índia perante
el-rei, toda a corte real e grande multidão de assistentes, tendo a máquina do
padre Gusmão subido suavemente e descido pouco adiante, arrancando aplausos da
grande assistência, o que lhe valeu receber do povo o apelido de “Padre
voador”. A Inquisição, porém, passou a olhar o padre Gusmão como feiticeiro, só
não o perseguindo desde logo devido à proteção real de que gozava. D. João V,
como prêmio pelo invento, concedeu ao padre Bartolomeu de Gusmão o lugar de
lente de prima de matemática da Universidade de Coimbra, e fê-lo membro da
Academia real de história portuguesa.
Em
1711 el-rei encarregou o padre Gusmão de ir a Roma obter da Santa Sé o grau
patriarcal para a capela real de Lisboa, o que, entretanto, ele não conseguiu.
Bartolomeu de Gusmão era profundo conhecedor das línguas portuguesa, latina,
francesa e italiana, conhecendo suficientemente o grego e o hebraico. Deixou
várias obras publicadas, entre elas diversos sermões notáveis. Em relação ao
seu invento publicou: “Descrição do novo invento aerostático ou máquina
volante, do método de produzir o gás ou vapor com que esta se enche, etc.”
Publicou ainda: “Vários modos de esgotar sem gente os navios que fazem água”, e
a “História do bispado do Porto”, tarefa de que o incumbira D. João V, ao
nomeá-lo membro da Academia real de história portuguesa.
Mais
tarde, no governo do marquês do Pombal, Bartolomeu de Gusmão voltou a ser
acusado de feitiçaria, tendo sua prisão decretada pelo santo ofício, mas
conseguiu refugiar-se em Toledo, na Espanha, onde veio a desencarnar na pobreza
em 1724. A esse Grande Espírito pertence à glória da descoberta dos balões
aerostáticos, precursores da aviação atual. Os despojos do padre Bartolomeu de
Gusmão e os de seu irmão Alexandre Lourenço de Gusmão, desencarnado este em
1753, também perseguido por Pombal, chegaram ao Brasil em 1966, sendo entregues
à guarda do cardeal-arcebispo de São Paulo, D. Agnelo Rossi, para serem
depositados no monumento erigido em Santos ao “Padre Voador”, o que foi feito.
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