O trabalho realizado no ambiente terreno
pelos emissários de Jesus por meio da palavra falada ou escrita, teve e tem por
objetivo fundamental despertar o coração dos encarnados precisamente para a
ocorrência dos acontecimentos predeterminados. Esse trabalho há de ter
alcançado sem dúvida o êxito esperado, em face da melhora operada no conjunto
vibratório da Terra, tal como está sendo observado pelos encarregados deste
serviço no Alto. Conseqüentemente à melhora do conjunto vibratório dos
Espíritos ora encarnados, muito se reduziram às possibilidades de sua partida
em massa para os planos do Além, visto como, tendo decidido apoiarem-se esses
Espíritos na misericórdia do Senhor, aumentaram suas possibilidades de
sobreviver aos acontecimentos, o que é motivo da maior alegria para todos os
emissários do Senhor Jesus.
Uma observação que ainda perdura perante os
servidores do Senhor no Alto, incumbidos do registro vibratório da humanidade
terrena, é aquela resultante do empenho da grande maioria dos encarnados em se
apegar com afinco mais aos interesses materiais, passageiros, perecíveis,
relegando a segundo plano aqueles que deveriam constituir prioridade: os
interesses espirituais, os únicos que podem contribuir para a verdadeira
felicidade de cada um. Trabalhar, sim, é um dever que a todos se impõe, como
necessidade de sua manutenção enquanto na matéria; mas um outro dever não menos
importante se impõe igualmente, que é, não apenas dever, mas necessidade
imprescindível de cada ser humano durante sua permanência na Terra, o dever de
orar diariamente ao Senhor, a fim de que, orando, saiba o Senhor que esse filho
existe e se encontra na Terra, esperando receber a necessária proteção.
Já foi abordado num dos livros do Irmão
Thomé, o fato de que a oração não deve ser encarada como contribuição daquele
que ora para o engrandecimento da Divindade a quem é dirigida, mas, isso sim,
como uma necessidade do ser encarnado para o recebimento de quanto possa necessitar
durante a sua permanência na carne. Se o indivíduo deixa de se dirigir ao
Senhor ou a Deus por meio da oração diária, também denominada prece — pedido —,
pode suceder que o mesmo venha a encontrar-se em certa fase de sua vivência
terrena em circunstâncias porventura bastante críticas sem poder contar com a
ajuda ou socorro das Forças Superiores, das quais não procurou aproximar-se. Em
tais circunstâncias, o socorro ou ajuda, desde que solicitados, também virão,
pela razão de que ninguém jamais apelará em vão para a Providência Divina, no
caso as Forças Superiores de que falamos neste livro. Uma coisa é, porém,
ver-se socorrido em meio do perigo, quando algum dano já tiver sido causado, e
outra coisa muito mais agradável é ter presente, em todos os momentos essa
espécie de socorro, proporcionado por elementos sempre presentes, representados
pela misericórdia do Senhor resultante do hábito diário da oração.
Dir-me-eis provavelmente alguns de vós, meus
estimados irmãos leitores, que conheceis alguém que não ora, que nunca orou,
segundo afirma, e seus interesses prosperam, tudo lhe corre otimamente. Isto
pode acontecer aos vossos olhos, porque a esse alguém interessa manifestar-se
dessa maneira. O que sucede entretanto, é que a idéia da prece se encontra incrustada
em seu Espírito, o qual se entrega devotadamente a ela apenas cerrados os olhos
do corpo para o sono diário. O Espírito desse alguém, uma vez afastado de sua
matéria densa, prostra-se e ora fervorosamente, encontrando-se mesmo entre
irmãos assim, Espíritos de grande luminosidade. De sua oração constante é que
resulta necessariamente a situação cômoda ou próspera do homem físico, o qual,
negando embora o seu devotamento à oração, sabe e sente no íntimo que seu
Espírito cumpre agradavelmente esse dever para com a Divindade.
Agora tratarei de outro assunto que reputo de
grande interesse para todos os irmãos encarnados, e que muito útil lhes será
quando da Terra se despedirem para regressar ao seu mundo espiritual. Tratarei
então da maneira pela qual será possível a quantos se encontram na Terra
prolongarem essa vivência ao máximo que puderem ou desejarem, no gozo de um
estado relativo de saúde que poderá mostrar-se ótimo em algumas pessoas, e
bastante regular em outras. O processo é muito fácil de praticar por não
apresentar nenhuma dificuldade e consiste no seguinte: — Sabido como é ser a
higiene o melhor dos bens relacionados com a vida humana, vamos começar por
expor o método capaz de conduzir as pessoas à longevidade. Isto exige então, daqueles
que desejarem atingi-la, habituarem-se a proceder à sua descarga intestinal
todas as manhãs logo após o levantar, o que pode ser conseguido mediante o
emprego de uma vontade determinada nesse sentido. Um pouco de exercício,
ginástica de tronco, dos braços e das pernas, fará com que o intestino se
prepare para a eliminação. Isto feito, e havendo uma autodeterminação prévia de
ingressar em hábito tão salutar, o organismo corresponderá a essa determinação.
O dia transcorrerá para a saúde do corpo de maneira admirável, uma vez que o
organismo se encontrará livre das toxinas que foram eliminadas. Este é o
primeiro passo no caminho da longevidade, inteiramente comprovado por quantos
já a atingiram, tanto no presente como no passado.
O segundo passo será o estabelecimento das
refeições em horas certas às quais se habituará o organismo, em vez de usar
alimentar-se irregularmente como sucede a muitos seres humanos, seja por falta
de tempo segundo alegam alguns, ou outras causas, sempre, porém, por falta de método
em sua vida. O estabelecimento de horário regular, certo, para as refeições,
leva o próprio organismo a adaptar-se a essa prática, tudo dispondo em seus
órgãos e células para um metabolismo também regular, perfeito, com os melhores
resultados para a saúde física. Ao contrário disto, uma alimentação em horas
incertas, não apenas obriga o organismo a um trabalho acelerado em certos
momentos, como a manter-se paralisado nos intervalos, resultando dessa
irregularidade encontrarem-se freqüentemente subnutridas de substância as
células incumbidas de manter inalterado o ritmo circulatório, com grave
prejuízo para o todo. É como se privássemos de combustível o gerador principal
de uma indústria, levando-o por vezes à paralisação de sua atividade geradora,
obrigando o maquinário a recorrer à energia dos acumuladores. Isto feito
freqüentemente pela irregularidade verificada na alimentação do gerador
principal, resultará no próprio desgaste e enfraquecimento mais rápido que o
previsto. Com o organismo humano sucede coisa parecida. Ao passo que uma
alimentação proporcionada em horas certas, determinará o funcionamento
inalterado de toda a máquina humana, e bem assim a sua maior duração.
O terceiro passo no caminho da desejada
longevidade será a aquisição de hábito do repouso noturno de pelo menos sete a
oito horas, que é o tempo indispensável à recuperação pelo Espírito das
energias mentais despendidas durante as atividades diárias. O hábito de dormir
estas sete a oito horas é de importância fundamental à manutenção da saúde e
bem-estar do corpo. Se até certa altura os mais imprudentes apenas concedem de
quatro a cinco horas ou menos até, para o repouso noturno, este hábito virá a
custar-lhes caro nos anos de maturidade orgânica, pelo enfraquecimento irremediável
de suas células. As pessoas que assim entenderem de viver, em regra não chegam
a ultrapassar o meio século; e quando o atingem demonstram não raro haverem
vivido muitos anos mais. Ao passo que aquelas que se dispuserem a seguir a
prática aqui apontada, melhorando também o seu viver com inteira abstinência,
ou o uso muito bem moderado do álcool, estas pessoas terão assegurada uma
longevidade sadia, com a mente em perfeitas condições de poder empreender ou
dirigir toda sorte de interesses do seu agrado.
Agora o complemento final ao alcance da
longevidade saudável e tranquila. Se, adquirindo os hábitos de linhas acima, o
ser encarnado se houver devotado ao uso de suas faculdades mentais para
estabelecer e manter contato com as Forças Superiores do Universo
personificadas pelo Senhor Jesus, havendo cultivado igualmente em sua vivência
terrena o sentimento da bondade, do amor ao semelhante, da caridade e do bem,
se isto tudo se houver incorporado ao patrimônio moral de um ser humano, então,
amigos e leitores meus, um ser em tais circunstâncias já não será apenas um
encarnado comum em busca da perfectibilidade espiritual, porque a terá então
alcançado perante a Divindade, de quem passará a ser um autêntico representante
na Terra. Um ser humano que haja estabelecido como norma de sua vivência
terrena os princípios a que venho de me referir neste meu capítulo, terá, com
grande surpresa para si próprio, alcançado com a longevidade terrena, tais e
tão belos predicados, que poderá chegar a tornar-se elemento da maior utilidade
para os seus contemporâneos, a quem chegará a falar em nome do próprio Senhor
Jesus.
Aqui fica para todos vós meus irmãos
leitores, embora a largos traços, um plano infalível de alcançardes a
longevidade com saúde e alegria na vida terrena, para cuja prática eu não vejo
nenhuma dificuldade. Tudo se resume no disciplinamento de vossas atividades
fisiológicas diárias, em vez de vos submeterdes vós a elas no momento em que se
manifestam. Vós sois os construtores e os donos do vosso corpo, que começastes
a edificar desde o ventre materno. Dependendo então do tratamento que lhe
derdes e dos hábitos que lhe impuserdes, ele tanto poderá durar quarenta, cinquenta,
como setenta ou oitenta anos de perfeito funcionamento. Se, por conseguinte,
lhe impuserdes hábitos salutares como os que venho de apontar, e vós mesmos
cumprirdes a parte que vos toca, podeis ficar então certos de que chegareis a
alcançar os mais belos resultados em vossa presente existência terrena. É
precisamente isto o que constitui o programa de quantos obtiveram permissão de
reencarnar, como vós, e que desta maneira o cumprirão inteiramente.
Dada por bem cumprida a minha tarefa, ao ser
designado pelo Senhor para vos falar através deste grande livro, aqui me
despeço de vós, meus estimados irmãos e amigos, e me prontifico a acorrer ao
vosso chamado quando e onde possais vir a precisar deste irmão verdadeiramente
dedicado,
JOSÉ DO PATROCÍNIO
Not.
biogr. — José do Patrocínio — 1854-1905 — Jornalista brasileiro dos mais
brilhantes. Nasceu na cidade de Campos, transportando-se para o Rio de Janeiro
muito jovem ainda, onde ingressou na Escola de Medicina, não chegando a
concluir o curso. Tentado pelo jornalismo, ingressou como repórter na
"Gazeta de Notícias” ao lado de Ferreira de Menezes, e mais tarde na
“Gazeta da Tarde”, fundada por Menezes. Nessa folha enfrentou Patrocínio os
mais rudes ataques dos seus inimigos, partidários da escravatura, os quais não
lhe poupavam nem a família nem a honra, a descendência, a pobreza e a cor, por
ser de cor preta a sua progenitora. Patrocínio empolgava a opinião pública de
todo o país com os artigos que publicava no Rio de Janeiro, tendo sido
considerado o maior baluarte contra a escravidão no Brasil, a ponto de ter
forçado o governo do conselheiro João Alfredo a redigir o famoso decreto da
abolição da escravatura, que a princesa Isabel assinou no dia 13 de maio de
1888. Ele intensificava a propaganda abolicionista pelo jornal e em
conferências públicas, fazendo um número crescente de prosélitos. Organizava
a fuga de escravos em massa das fazendas, fato em que foi muito ajudado em São
Paulo por Antônio Bento. No dia glorioso para o grande brasileiro, ele beijou,
de joelhos, as mãos da princesa Isabel em regozijo pela assinatura da que ficou
sendo chamada Lei Áurea. Por ocasião da morte de Patrocínio em 1905, o
povo prestou-lhe verdadeira consagração. Uma multidão avaliada em dez mil
pessoas que acompanhava o funeral, desatrelou os cavalos do coche, que foi
puxado pelo povo até ao cemitério.
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