As Forças Superiores do Universo,
orientadoras da vida em todos os planos, tanto a que é vivida pelos Espíritos
encarnados no solo terreno como a daqueles que permanecem nos diversos planos
espirituais, prepararam no decorrer dos dois últimos milênios o acesso do
planeta terráqueo a um estágio mais evoluído do que o atual. A Terra completou
ao findar o século XX da era cristã, o período de seu estágio atual de vida
planetária, devendo ascender àquele a que fez jus no transcurso de milhões de
anos, durante os quais gerações e gerações de Espíritos de Deus aqui fizeram a
sua evolução.
Baixando ao planeta em corpo físico há cerca
de dois milênios, Nosso Senhor pretendia despertar a humanidade de então para
esta fase grandiosa, já naqueles tempos preparada para isso. A incompreensão e
a resistência opostas à pregação do Senhor, em face da materialidade da vida
terrena que ainda predominava, levaram as Forças Superiores do Universo a
conceder ao planeta um prazo suficiente para o amadurecimento do pensamento
filosófico dos viventes terrenos, motivo pelo qual só agora se procederá as
indispensáveis modificações na estrutura planetária do vosso mundo. Isto
sucederá numa era em que a Terra está sendo habitada pela maioria dos Espíritos
que aqui se encontravam encarnados no início da era cristã, os mesmos, por
conseguinte, que o Divino Mestre pretendia despertar àquela época para as
coisas de Deus, do que resultou ser crucificado como todos sabeis. O fato
deveria importar em consequências bastante terríveis para os homens e mulheres
de então, num possível reflexo da ira divina para com os seres humanos; Deus, porém,
na sua infinita misericórdia, preferiu conceder à humanidade terrena um novo
período de dois mil anos, a fim de que apurar pudessem, homens e mulheres, as
suas qualidades morais através do sofrimento que um grande número de
acontecimentos lhes havia de impor, entre os quais fácil vos será arrolar a
imensidade de conflitos apontados pela vossa história, sabido como é que não há
como o sofrimento moral para despertar o Espírito para as coisas de Deus, ou
seja, para o próprio aperfeiçoamento espiritual.
Um bom número de seres humanos realmente
despertou através dos sofrimentos impostos à humanidade nestes dois milênios.
Perdão; não deverei dizer impostos mas permitidos, visto como a grandeza
divina nada impõe aos seus filhos, sendo assim realmente permitidos os conflitos
que tantas vidas ceifaram ao meio terreno desde a estada de Jesus entre vós no
início da era cristã. Os homens em sua ânsia de poder e grandeza empreendem
toda a sorte de questiúnculas de menor ou maior porte, sentindo se impulsionados
a executá-las no seu exclusivo interesse puramente terreno. A Providência
Divina que a tudo assiste no seu trono celeste, consente que os homens assim se
lancem no encalço dos seus objetivos, na certeza de que no decorrer de suas
lutas algum proveito possa resultar para alguma das partes. Sucede não raro que
a parte vencida num embate guerreiro de hoje tenha sido vitoriosa no passado,
quando terá imposto bem pesado sacrifício aos seus vencidos. Voltando a Terra
séculos após, e sendo conduzidas à situação preponderante na mesma ou em outras
regiões da Terra, as almas vitoriosas no passado vêem-se em novos conflitos, ao
fim dos quais receberão tratamento idêntico àquele que impuseram aos seus
vencidos de outros tempos.
Os conflitos armados surgidos na Terra de
tempos em tempos, têm servido a uma outra finalidade que é atrair sobre as
partes em guerra a inspiração do Alto na descoberta de um sem número de
processos relacionados com o progresso da vida terrena, que de outra maneira
jamais aqui aportariam. O empenho dos responsáveis por esses conflitos leva-os
a apelar para os conhecimentos científicos de todo o gênero, com o fim de
surpreenderem o inimigo com algo que possa abatê-lo mais rapidamente. Desse
apelo resulta a aproximação de Entidades dispostas a ajudá-los, menos com o
objetivo de esmagar o inimigo do que para fixar na face da Terra esta ou aquela
descoberta científica que, ultrapassando a fase do conflito do momento, aqui
perdurará indefinidamente. Todos verificamos no Alto que só em épocas de conflitos
armados na Terra, o cérebro humano se empenha dia e noite na busca de algo que
imagina e chega a conseguir finalmente. Não fossem, pois, esses lamentáveis
desentendimentos entre os governantes das nações da Terra, e não haveria entre
vós o índice de progresso que hoje verificamos.
Chegou entretanto um momento verdadeiramente
histórico para o mundo terreno, momento que, como disse, deveria ter-se
verificado há cerca de dois mil anos. O valor histórico do momento que se
aproxima não será avaliado propriamente em seu aspecto guerreiro nem inventivo,
tal como os demais momentos que a vossa história registra. Inventos ou
descobertas, estão caminhando realmente para a Terra, carinhosamente acomodados
no subconsciente de milhares de almas prestes a reencarnar no solo terreno, e
de muitas outras que já aqui se encontram frequentando desde o curso primário
até às universidades. Essas almas são portadoras em verdade de muitos inventos
ou descobertas, como preferirdes denominá-los, destinados a instituir novos e
mais adiantados processos em vários setores da vida terrena.
Reportando-me, porém, ao momento histórico a
ser verificado neste pequeno mundo, eu desejo referir-me ao gigantesco processo
de transformação do planeta, de mundo de provações e sofrimentos que o
caracterizam na atualidade, em mundo feliz, onde a vida de seus habitantes
humanos deverá decorrer-lhes num ambiente de compreensão e fraternidade, onde
todos devem considerar-se membros da mesma e única família espiritual,
ajudando-se mutuamente, para que a alegria e felicidade envolvam todas as
almas, onde não haja lugar para conflitos humanos visando ao domínio de uns
sobre os outros.
Essa é a fase que se aproxima para o pequeno
mundo em que viveis uma vez mais, sob a direção amorosa de Nosso Senhor Jesus.
Provavelmente voltareis a viver na Terra no próximo ou nos séculos futuros, se
isso desejardes e possuirdes as condições indispensáveis para essa nova
existência. Condições indispensáveis? Quais serão elas? — perguntareis
certamente. Eu vos esclarecerei com alegria que serão indispensáveis certas
condições aos futuros viventes da Terra, precisamente para que a harmonia, o
amor e a fraternidade não sejam interrompidos nem alterados no futuro, quando
uma nova civilização estará instalada no solo terreno. Estas condições,
evidentemente não se improvisam nem podem ser adquiridas de um momento para
outro. Sabendo-se que tudo na vida universal requer esforço e determinação, e
que as qualidades morais são disso o melhor atestado, torna-se necessário a
quantos pretenderem voltar à Terra, quando este plano físico se tornar um
autêntico paraíso, empreenderem desde agora a sua jornada para poderem vir a
gozar desse privilégio. A jornada a que aqui me refiro não consiste absolutamente
em qualquer esforço ou caminhada porventura fatigantes para os seres humanos do
presente momento terreno. A jornada assim denominada, deve consistir na
preparação moral de cada um, começando por alijar de sua maneira de viver tudo
quanto a seu próprio juízo não ajude a sua elevação moral.
Para os leitores desta obra não é necessário
traçar nenhuma espécie de catecismo do procedimento moral, porque o fato de um
irmão encarnado se interessar por esta leitura e chegar até ao presente
capítulo, já o define como em condições plenas de empreender com êxito a
reforma de algo negativo que ainda esteja a pesar na balança de sua evolução.
Um exame de consciência que fará cada um dos meus irmãos leitores, exame que
deve ser continuado para que possa evidenciar quanto se mantenha oculto ou
nebuloso em sua matéria física, será o suficiente para ir colocando na estrada
do futuro paraíso terreno a quantos nele pretenderem viver com a graça do
Senhor.
Poderá ocorrer a algum leitor deste capítulo
a curiosidade de conhecer a alternativa do que venho de enunciar. Na hipótese,
por exemplo, de que algum ou alguns leitores, seja por espírito de resistência
aos conselhos do Alto, seja por simples comodismo, não façam nenhum esforço no
sentido de sua reencarnação quando a vida terrena se houver modificado
sensivelmente, quando o viver na Terra se houver elevado à categoria de
verdadeira espiritualidade, se tal lhes não interessar, por conseguinte, o que
poderá suceder-lhes? Eu informarei então a esses estimados irmãos que,
existindo várias categorias também nos planos espirituais, certo é que poderão
permanecer indefinidamente no plano que lhes corresponder, donde poderão
contemplar a vida terrena repleta de alegria e felicidade, assim como alguém
que observasse aqui mesmo seus amigos e conhecidos ingressarem numa bela
festividade, não podendo nela ingressar esse alguém por falta de indumentária
protocolar. Essa a situação em que poderão vir a encontrar-se quantos se não
esforçarem desde agora no aprimoramento do que analogamente denominarei a sua indumentária
espiritual com a qual lhes será possível ingressar e participar do
espetáculo magnífico que será a vida terrena.
Como as Forças Superiores jamais obrigam seja
quem for a reencarnar, mas apenas atendem ou não às solicitações recebidas
nesse sentido, poderá dar-se que os Espíritos regressados da presente
encarnação desprovidos das necessárias condições morais para voltar a Terra,
poderão permanecer séculos ou milênios estacionados em planos espirituais
inteiramente desligados de seus companheiros da presente onda de vida terrena.
E quando, tempos e tempos se passarem e cansados estiverem de seu
estacionamento, e entenderem de rogar às Forças Superiores uma nova
oportunidade de tomarem corpo de carne, só o poderão conseguir num mundo que
ostente as condições atuais da Terra ou mesmo inferiores, onde então
reencarnarão em situação que os obrigue a recorrer ao próprio esforço para
alcançarem paz e tranquilidade de espírito. Por que, então, não fazerem desde
agora esse esforço pela elevação do seu progresso moral para poderem acompanhar
esta onda de vida, se o mesmo tem forçosamente de empreender daqui a
quatrocentos, mil, ou mil e duzentos anos, após uma estagnação decepcionante
nos planos do Além?
Enquanto estiverdes na Terra tudo vos é
fácil, meus irmãos encarnados. Tudo quanto desejardes empreender na carne tudo
conseguireis com vontade e determinação, inclusive resistir aos conselhos e
ensinamentos que vos chegam do Além, vossa vontade é soberana e portanto
respeitada pelas Forças Superiores do Universo que a ela se curvam porque isso
é Lei. Enquanto no corpo todos vós podeis usar o vosso livre arbítrio, seja em
benefício do vosso progresso espiritual como para vos precipitardes no abismo
da vossa perdição. Ao passo que desencarnados, limitadas se tornam todas as
vossas possibilidades em qualquer sentido, visto como vosso único instrumento
sendo o pensamento, sua potencialidade se reduz segundo o que justo e razoável
nele se manifestar. É por esta razão que milhões e milhões de almas que tudo
dariam para verem deferida a sua aspiração de reencarnar no solo terreno, ali
permanecem estagnadas por vários séculos, precisamente por haverem perseverado
contra as leis divinas em suas últimas oportunidades. Haverá porventura entre
os meus irmãos leitores, algum que não haja bem compreendido o que aí fica? Eu
próprio me aventuro a responder que não.
Eis o que me ocorreu dizer aos meus irmãos
encarnados, atendendo ao honroso convite de Nosso Senhor e Mestre Jesus ao
Espírito que na última romagem terrena se viu distinguido com o título de rei
D.CARLOS
DE BRAGANÇA
Not.
biogr. — D. Carlos de Bragança — 1863-1908 — Rei de Portugal, filho de
el-rei D. Luiz I e da rainha D. Maria Pia de Saboya. D. Carlos I nasceu em
Lisboa a 28 de setembro de 1863. Casou ainda príncipe herdeiro com a princesa
D. Maria Amélia Luíza de Orléans, filha de D. Luiz Philipe, conde de Paris.
Subiu ao trono por morte de seu pai em 19 de outubro de 1889, sendo aclamado
rei em 28 de dezembro do mesmo ano. Nasceram do seu casamento dois filhos
varões: o príncipe D. Luiz Philipe (1887) e o infante D. Manoel (1893). D.
Carlos e o príncipe D. Luiz foram vitimados no atentado de Lisboa em 1º de
fevereiro de 1908 contra a carruagem em que viajavam em companhia da rainha e
do infante D. Manoel, que ficou ligeiramente ferido, assumindo em seguida o
trono de Portugal com o título de D. Manoel II.
D.
Carlos de Bragança era um Espírito culto, amante das belas artes, sobretudo da pintura,
tendo recebido duas menções honrosas no Salão de Paris. A tragédia em que
perdeu a vida com o príncipe herdeiro causou profunda consternação em todo o
mundo, onde o soberano português e sua família gozavam de grande estima.
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