Quando o Senhor Jesus
deliberou empreender as reformas em andamento no solo terreno, e isto já faz
muitos séculos, a sua primeira preocupação consistiu em preservar as almas
encarnadas de qualquer sofrimento, em virtude dessas reformas. O Senhor reuniu,
então, e por várias vezes, o seu corpo de assessores e conselheiros aos quais
pediu sugestões das medidas a serem tomadas antes do início das reformas em
todo o solo terreno. O resultado dos estudos e meditações daquelas elevadas
Entidades é exatamente o que vem sendo posto em prática na Terra através dos
livros já divulgados e deste inclusive, para que avisadas sejam as almas
encarnadas em todas as regiões da esfera terrena, e assim se preparem para o
que possa acontecer. O Senhor Jesus sofreria muitíssimo, por conseguinte, se um
pequeno número de almas que fosse viesse a encontrar-se em dificuldades
decorrentes da falta de conhecimento do que está acontecendo ao longo do solo
terreno e não pudesse ser socorrido pelas Forças Superiores. Algumas ou talvez
mesmo muitas almas encarnadas poderão vir a encontrar-se em tal situação num
momento dado, mas isto acontecerá unicamente pela sua resistência aos conselhos
que estão sendo divulgados, não acreditando neles, ou por outros motivos que
não vêm ao caso. Essas almas, contudo, conseguirão afinal também o socorro
desejado, mas poderão padecer um pouco antes disso, em face da sua resistência
ou descrença no que está sendo divulgado pelos emissários do Senhor.
Minha tarefa no momento,
solicitada ao meu Amado Jesus, consiste em tentar falar diretamente ao coração
das minhas queridas filhas e filhos encarnados, para lhes dizer que as grandes
coisas anunciadas para acontecer na Terra têm a finalidade de operar modificações
que se tornaram indispensáveis à vivência das almas que estão chegando em todos
os lares terrenos. A Terra, assim como todos os demais planetas disseminados na
imensidade do cosmo, também está sujeita ao progresso evolutivo, a fim de poder
receber e alimentar populações sempre mais evoluídas espiritualmente. É por tal
motivo que o início do terceiro milênio da era cristã foi escolhido para a
realização das reformas em curso. O fato de poderem estas reformas importar na
partida de muitas almas presentemente encarnadas, só lhes trará vantagens,
porque ascenderão imediatamente à categoria espiritual imediata. Quando tais
reformas estiverem concluídas, haveis todas vós, almas queridas, de contemplar
com alegria, donde quer que vos encontreis, a bela transformação operada no
planeta e também nos hábitos de vida de sua nova população. Uma aura assaz
luminosa então se levantará da Terra, como reflexo da harmonia e entendimento
que hão de reinar entre as populações terrenas.
Isto posto, minhas queridas,
eu quero dizer-vos algo a respeito do que ireis encontrar no vosso plano de
vida espiritual, uma vez fechados os olhos do corpo que carregais, sabe Deus
com que sacrifício muitas de vós o fazem. Encerrada, por conseguinte, a vossa
atual peregrinação pelos caminhos terrenos, e desprendidas dos liames que aqui
vos prendem ao meio terreno, logo empreendereis um vôo mais ou menos longo, em
direção ao vosso plano de vida no Além, donde viestes para a Terra. Lá ireis
encontrar, então, uma pequena multidão que vos espera sorridente ao fim de uma
nova encarnação vivida neste plano, e muitos abraços recebereis por motivo do
vosso regresso da Terra. E quem serão, porventura, os componentes dessa pequena
ou grande multidão? Quem será que assim se interessa em receber uma alma de
volta da Terra, ao fim de uma existência de trabalhos, lutas, dificuldades e
sofrimento? Eu vos direi, minhas almas queridas, que tal multidão é constituída
pelas almas que foram vossos parentes em muitas encarnações e não apenas na
atual. Naquela multidão de almas que vos receberão sorridentes no Além, haveis
de reconhecer pais, mães, irmãos, irmãs, filhos e filhas do vosso ser em vidas
pretéritas, agora ligadas à vossa alma por sólidos laços de afinidade e
parentesco. Verificareis que vos esperam também, em maior ou menor número,
outras almas com as quais tereis convivido na Terra e que partiram antes ou lá
permaneceram enquanto vós descestes ao solo terreno. Nesses momentos pode
suceder encontrar-se também à vossa espera, algo afastada da multidão das
vossas almas afins, parentes ou amigas, uma ou outra criatura cuja intenção não
seja a de abraçar-vos. Poderá encontrar-se à vossa chegada, certamente em
atitude nada amiga, alguma ou algumas almas que se julgam prejudicadas por vós
na Terra, seja em que circunstâncias forem. Certos fatos ocorridos na Terra
entre seres humanos alcançam quase sempre repercussões nos planos
extraterrenos, sobre o que devem estar esclarecidas todas as almas encarnadas.
É por isso de toda a conveniência para todas vós, almas que eu muito estimo,
que procedais a uma espécie de exame diário em torno dos vossos atos e
procedimentos; não vá existir algo cujo reflexo possa vir a incomodar-vos por
ocasião do vosso regresso ao mundo espiritual. Pode suceder, e sucede realmente,
muito frequentemente, que no tumulto da vida diária de todas as almas algo
possa ocorrer em desacordo com as boas normas da vida, e assim se tornar
prejudicial a terceiros. Isto sucede em meio à chamada luta pela vida, em que
cada qual trata de cuidar exclusivamente de si, dos seus próprios interesses,
com o que é comum sacrificar algumas vezes os interesses de companheiros de
peregrinação terrena. São estes, ou estas almas, que frequentemente se postam
no Além à chegada ou passagem das almas regressadas da Terra para as injuriarem
ou admoestarem por aqueles fatos que não conseguiram esquecer. Eu venho
trazer-vos então um conselho no sentido de poder cada qual ir apagando as
arestas que porventura existiam ao longo dos dias decorridos. O conselho que
aqui vos dou a todas, minhas filhas e filhos queridos é bem simples e fácil de
praticar. Consiste em incluirdes nas vossas preces diárias ao Senhor um pedido
de perdão às almas que, consciente ou inconscientemente, possais haver
prejudicado. E acrescentareis então um pedido ao Senhor, de luzes e bênçãos
para todas elas, a fim de transformá-las, pelo amor, em vossas amigas. Não
necessitarei de dar aqui uma fórmula para essa vossa prece, porque a melhor
fórmula deve partir do vosso coração. Nesses momentos o pensamento percorre
instintivamente os diversos caminhos percorridos, onde a memória de quem ora
consegue recordar fatos ou atitudes que justifiquem a prece. Orai então com
sinceridade pelos vossos semelhantes porventura prejudicados, ou sequer desgostosos
pelas vossas ações, e haveis de surpreender-vos bem agradavelmente ao
regressardes ao Além, encontrando essas criaturas integradas na multidão de
parentes e amigos ansiosos em receber-vos.
Vedes pelo que acabo de
dizer-vos, quão poderosa é a força da prece impregnada do sentimento de amor
aos semelhantes. Poderei, acrescentar, mesmo, que nada no Universo consegue
resistir à força do amor. O amor enche, repleta e faz vibrar todos os corações,
inclusive os mais endurecidos. Estes, pela continuidade das amorosas vibrações
que recebem, amoldam-se, abatem-se, transformam-se, com o tempo, em novas
fontes de amorosas vibrações. Dos homens que a história registra como maus,
violentos opressores, quando encastelados em altas posições do mundo terreno,
nenhum deles sequer reconhecereis hoje como tal. A grandiosidade da
misericórdia divina penetrou algum dia no âmago de seus corações, eliminou de
lá os maus sentimentos que os faziam tão maus, e neles plantou a minúscula
sementinha do amor, em circunstâncias várias, onde o amor então se desenvolveu
e prosperou. Eu vos relatarei um desses casos para vossa edificação.
Tratava-se se um potentado
como existiram muitos na Terra. Tendo nascido rico como costumais dizer, em
berço de ouro, esse homem cresceu em meio da fortuna e da riqueza,
habituando-se a ver nos semelhantes apenas criaturas miseráveis destinadas a
servi-lo. O pai, imperador poderoso, usava os súditos como elementos escravos
na formação de seu exército de conquistas sem fim. Sua alma afeita ao mando incontestável,
respeitada e temida em derredor, era obedecida por bem ou por mal, uma vez que
dispunha da força para fazer-se obedecer. Um dia que sempre chega na vida de
todos os encarnados, pressentindo a chegada do fim, chamou o filho mais velho e
assim falou:
— Meu filho. Eu deixarei
este mundo dentro em pouco, estou bem certo disto. Desejo fazer-te então a
seguinte recomendação, a ti que serás o meu sucessor: jamais te deixes
humilhar, seja por que motivo for. Reage sempre e com toda a violência à
humilhação. Serás tu o próprio Deus na Terra. Combaterás sempre,
continuadamente, até implantares teu domínio em toda a Terra. Uma única vida
terá valor na Terra de ora em diante, que é a tua. Adeus.
O poderoso imperador fechou
os olhos do corpo para sempre. Abriu, porém, os olhos da alma, ao transpor as
fronteiras do mundo espiritual, começando nesse momento a perceber a verdadeira
realidade das coisas. No plano terreno, o filho, aclamado novo imperador, não
teve escrúpulos em dar cumprimento às insensatas recomendações do pai. Lançou
os seus exércitos à conquista do mundo em volta, regozijando-se com a sucessão
de vitórias assim alcançadas. Esta era em verdade a sua maior preocupação:
engrandecer continuamente o império, até que conseguiu considerar-se maior do
que o próprio pai.
Deus, porém, não dorme, como
sabeis. Deus, o Criador do Universo, vela permanentemente, e sempre opõe um basta!
quando isto lhe parece necessário. Assim aconteceu ao herói desta
narrativa. Numa de suas batalhas mais árduas, após haver engrandecido de muito
o seu império, viu-se envolvido pelo inimigo numa forte armadilha, com todo o
seu exército. Caiu também prisioneiro, e em que condições! Era, porém, muito
grande o seu orgulho para se conformar com a situação. Ofereceu ao inimigo
devolver-lhe as províncias e países conquistados por seus exércitos, em troca
de sua liberdade. A proposta foi recusada. Prometeu devolver igualmente as
províncias e países conquistados por seu pai, nos derradeiros vinte anos do
antigo imperador. A proposta foi também recusada pelo inimigo, que o tinha
feito prisioneiro. Era, porém, tão grande o seu desejo de liberdade que o jovem
imperador resolveu oferecer tudo o que possuía: o seu luxuoso castelo ricamente
instalado, em cujo subsolo existiam grandes blocos de ouro, produto dos saques
executados durante as suas e as conquistas de seu pai, nos países submetidos.
Tudo isto, ele, jovem imperador, transferiria ao inimigo em troca de sua
liberdade pessoal. A resposta do inimigo foi simples e categórica: — “tudo
quanto nos ofereces, jovem imperador, já é nosso, inclusive o teu próprio país,
que se nos entregou. Assim, tudo quanto apenas desejamos é a tua própria
pessoa. Tua pessoa em nossas mãos é para nós a maior garantia de que jamais
ordenarás novas matanças pelos teus exércitos”.
O jovem imperador tomou-se
de profundo abatimento moral e entrou num estado tal de depressão orgânica que
em breves anos, dois talvez, levou sua alma a desencarnar. Não podia conceber o
jovem imperador que houvesse na Terra uma força mais poderosa do que a sua, uma
vez que o pai lhe dissera ser ele próprio o Deus da Terra. Esta circunstância
levou aquela alma à depressão total, e ao consequente regresso ao mundo
espiritual. Como disse em princípio, e sucede habitualmente, aguardava a alma
do jovem imperador uma grande multidão de almas que não vieram esperá-lo como
parentes nem amigos, mas desejosas de vingança, em face dos sofrimentos por que
haviam passado sob sua ação guerreira. Esta alma, apavorada, clamava por seu
pai, seu mestre na Terra, em cuja proteção unicamente confiava então. Passados
instantes de chamamento e espera, eis que o velho imperador se aproxima, tão
abatido pelo sofrimento, que se tornara irreconhecível ao filho. Este, ao
certificar-se da realidade, atirou-se-lhe nos braços em pranto, lamentando do
fundo d’alma o infortúnio que o envolvera. O velho imperador, entretanto, dando
mostras de que se esclarecera no Alto, assim lhe falou:
— Tranquiliza-te, filho meu.
Tranquiliza o teu coração e regozija-te no Senhor. Recebe esse infortúnio
aparente como uma graça do Senhor que nos dirige em nossas vidas, seja no mundo
terreno, seja neste mundo de luz. Devo dizer-te que me considero responsável
pela tua sorte e a do nosso povo, pelos conselhos e ensinamentos que na Terra
te proporcionei. Regressando, porém, a este plano de vida, tive abertos os
olhos da alma pela graça e misericórdia do Senhor, e pude enxergar então a
extensão do mal que havia praticado. Arrependi-me sinceramente e passei desde
então a orar por quantas almas eu prejudiquei com minhas ações na Terra. Por
fim, incumbiu-me o Senhor de me aproximar de ti com a missão de sustares também
as tuas ações guerreiras, no teu próprio bem. Foi o que fiz, filho do meu
coração.
O velho imperador silenciou
por instantes para refazer as energias combalidas e assim concluiu:
— Foi, pois, por minha
inspiração que os teus inimigos prepararam a armadilha em que caíste com os
teus exércitos naquela garganta sem fim entre as duas montanhas, para que
cessasses também as tuas ações guerreiras de uma vez. Repousa, então, nos meus
braços meu filho, e eleva também as tuas graças a Nosso Senhor Jesus.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.