As luzes e bênçãos,
que ornam a personalidade espiritual das Entidades mais e menos evoluídas do
Universo, têm todas a mesma origem que é o esforço de cada uma através de suas
inúmeras encarnações vividas neste e em outros mundos de Deus. Não há no mundo
espiritual um único ser que haja agregado ao seu diadema de luzes e bênçãos uma
onça que seja desses divinos dons por compra, dádiva ou empréstimo de qualquer
outro ser. Absolutamente, meus estimados leitores. As luzes que todos nós já
podemos ostentar podem ser comparadas às lições da experiência; cada qual vai acumulando
essas lições de conformidade com o grau de experiência que vai adquirindo ao
longo de sua vivência nos diversos planos em que tiver sido chamado a viver. Da
mesma maneira que a experiência nunca mais se perde, porque se incorpora
definitivamente ao patrimônio dos Espíritos, as luzes e bênçãos conquistadas
também à custa da prestação de serviços à causa da humanidade, nunca mais se
separam daqueles que as conquistaram com seu próprio esforço e trabalho. Isto
constitui tão grande verdade que deve ser devidamente meditada pelos homens e
mulheres viventes na Terra nesta fase de transição em que acaba de ingressar a
humanidade terrena.
As luzes e bênçãos,
que todos haveis de observar em vosso próximo regresso ao vosso plano de vida
espiritual, constituem, por conseguinte, o prêmio de muitas e muitas obras
realizadas pelos seus portadores em milênios de trabalho, oração e meditação em
torno da verdadeira finalidade da vida. É preciso frisar ainda uma vez para que
bem gravado fique em todas as mentes, que a única finalidade da vida humana,
outra não é senão a aquisição de maiores luzes e bênçãos para o Espírito de
cada ser encarnado.
Por isso é que todos
nós que acompanhamos do Alto os movimentos, atitudes e pensamentos de quantos
se encontram na Terra, muito lamentamos os desvios verificados na trajetória de
muitos dos nossos irmãos encarnados do seu verdadeiro itinerário, para se
jogarem não poucos deles dentro de precipícios que voluntariamente procuraram.
É necessário que
todos vos compenetreis desta grande verdade, para o vosso exclusivo bem e
felicidade: os bens do mundo, assim como a fortuna e as riquezas, têm para
quantos os reúnem, as recompensas dos esforços feitos, quando leal e
honestamente feitos, porém se tornam completamente inúteis à felicidade do
Espírito por ocasião do seu regresso ao mundo espiritual, com esta única
exceção: quando esse patrimônio material puder servir para a prática de obras
meritórias para o próprio Espírito. Só neste caso o ser humano terá conseguido
contribuir para a própria iluminação.
Porque, estimados
leitores, a idéia que a quase totalidade alimenta, de preparar o futuro dos
seus descendentes ao se esforçar na aquisição do seu patrimônio material, é uma
idéia inteiramente desapoiada pelas Forças Superiores. Eu explicarei em seguida
a razão. Todo Espírito que baixa á Terra, numa nova encarnação, já traz consigo
todas as condições em que deverá cumprir mais esta trajetória terrena. Se
dessas condições fizer parte a acumulação de bens, o enriquecimento, isso virá
ao seu encontro porque as Forças Superiores colocarão essa criatura no caminho
apropriado para os adquirir. Mas se, ao contrário, o encarnado necessitar de
compor uma trajetória de condições menos propícias ao enriquecimento, porque
tal situação se ajustará melhor às suas necessidades espirituais, então de nada
lhe poderá valer o maior ou menor volume de bens havidos por herança de seus
progenitores, porque as circunstâncias se incumbirão de diluí-los. Melhor será,
portanto, agir cada ser humano de maneira a ter sempre presente a idéia de
estar vivendo uma vida transitória, devendo por isso vivê-la mais com o
pensamento voltado para o Alto, para Deus e Jesus, do que para as coisas
materiais que lhe não pertencem, mas que apenas possuirá transitoriamente.
O homem como a mulher
que se dispuserem a viver em tais condições, alimentando o contato permanente
com as Forças Superiores, ver-se-ão tão largamente enriquecidos de paz e
felicidade em seu coração, que nenhuma falta sentirão jamais do quanto lhes seja
necessário a uma vivência tranqüila e próspera na Terra. Esta é uma lei
espiritual que se cumpre em todos os planos do Universo.
Cada ser espiritual
que se encontra no mundo terreno, representa efetivamente um outro mundo
completo, portador de todas as qualidades que lhe são inerentes. Ele apenas
necessita de desenvolver algumas delas para se tornar cada vez mais dono de si
mesmo, até se tornar completamente consciente no Universo. Esse é o objetivo superior
que preside à reencarnação de todos os seres espirituais: tornarem-se de tal
maneira conscientes dentro de si mesmos, que possam chegar — e chegarão
inevitavelmente — a tornar-se deuses oniscientes, onipotentes e onipresentes,
tais como o verdadeiro Deus que todos veneramos.
Para atingir a tão
elevado grau, o homem como a mulher devem começar por se considerar desde já
possuidores de todas as qualidades morais necessárias à conquista da sua
consciedade espiritual. Iniciem então desde agora a prática mental de que são criaturas
perfeitas na Mente Divina, possuidoras de quanto necessitem para nela se
integrarem a seu tempo. O fato de começarem a pensar desta maneira, de que de
nada necessitam do exterior para se tornarem donas absolutas de si mesmas, as
criaturas já estão iniciando o desenvolvimento de determinadas células que lhes
darão esse poder. Pelo desenvolvimento mental de que podem ser e serão efetivamente
criaturas absolutamente conscientes no Universo, tanto os homens como as
mulheres começarão a sentir-se como tais, o que quer dizer que se colocaram
realmente nesse caminho.
Bom será esclarecer a
propósito do que aí fica, que tanto o homem como a mulher que decidirem pôr em
prática este princípio de consciedade como seres do Universo, sentirão desde
logo uma notável modificação tanto de hábitos como de pensamentos. O sentimento
de consciedade de cada ser humano passará a operar instintivamente a correção
de certos hábitos antigos até então inobservados como inconvenientes, mas que
de agora em diante estarão sujeitos ao crivo do Espírito: os que forem
inconvenientes ou prejudiciais à consciedade desejada do ser humano, o Espírito
se encarregará de os afastar, o que equivalerá à retirada de obstáculos do
caminho na direção desta grandiosa meta: a consciedade espiritual, já alcançada
por muitos milhões de almas no Universo.
A segunda
conseqüência a registrar por quantos se decidirem a alcançar a consciedade
espiritual, é a que se relaciona com o fator pensamento. Efetivamente, o homem
ou a mulher que, compreendendo toda a grandiosidade do que acabo de expor, se decidirem
a alcançar a sua consciedade espiritual, sentirão dentro em pouco que uma força
absolutamente nova passou a manifestar-se em si, nas suas vontades, nos seus
gostos, nos seus hábitos e também nos seus pensamentos, o que não acontecia
antes. A explicação do fenômeno é a seguinte, facilmente compreensível a todos:
aqueles que assim se decidiram a empreender o caminho da sua consciedade espiritual,
atribuíram com essa decisão uma força nova e pujante ao próprio Espírito, que
passou desde então a viver a vida que lhe convém, a vida que veio realmente
viver na Terra, que não foi absolutamente o gozo dos prazeres materiais que em
nada contribuem para a felicidade do Espírito. A mente humana passará a admitir
então somente pensamentos selecionados pela mente espiritual, afastando dela
tudo quanto no campo mental se não harmonize com o objetivo visado pelo ser
encarnado na mais perfeita harmonia com a sua Entidade espiritual.
E a oração e
meditação serão ainda necessárias nestas circunstâncias? — perguntarão alguns
leitores. Sim, é a minha resposta. A oração, como sabeis, tem o mérito
insubstituível de estabelecer a ligação do Espírito com a Divindade, para o fim
de receber através da corrente magnética que estabelece, vibrações de harmonia,
amor e felicidade para o Espírito que ora. A oração tem também o mérito de
eliminar do campo mental daquele que ora,
todas as vibrações
inferiores ou pejorativas provenientes da atmosfera terrena, as quais, de muito
acumuladas podem provocar uma série de males à criatura humana.
Quanto à meditação,
creio não precisar de maior esclarecimento, quando sabeis que a sua virtude
consiste em transmitir à Mente Divina aquilo que desejardes dizer-lhe, e dela receberdes
em seguida o que houverdes solicitado. A meditação consiste, pois, no estado de
comunhão do ser encarnado com as Forças Superiores, sempre atentas aos
pensamentos e solicitações dos Espíritos encarnados no ambiente terreno.
Conclui-se assim que a circunstância de qualquer de vós, estimados leitores,
vos decidirdes a alcançar a vossa consciedade espiritual, o que vale dizer,
preparar-vos para ingressar dentro em pouco na elevada categoria de Espíritos Superiores,
não impede nem cancela as vantagens ou virtudes existentes na prece e na
meditação, as quais todos nós cultivamos empenhadamente como o mais precioso
alimento do nosso Espírito.
Cultivar a
consciedade, cumpre esclarecer, não significa traçar um roteiro de vida em que
o homem ou a mulher se desinteressem dos seus companheiros de jornada terrena.
Não, irmãos e amigos leitores. Cultivar a consciedade significa, antes,
observar e ajudar no que puderem os semelhantes, sem, entretanto, incorporarem
a si mesmos as mágoas ou infelicidades que afetem os demais. Devem socorrer os que
necessitarem de socorro, aconselhar os que necessitarem de conselhos, minorar
no que puderem situações lamentáveis que se deparem, sem se esquecerem,
contudo, de que a cada um segundo suas obras, ou que cada um virá a colher
aquilo que semeia. Não existem na Terra, como de resto em qualquer outro mundo
evoluído ou não, infelicidades humanas provocadas pela ação de terceiros.
Tudo quanto cada ser
humano venha a registrar em sua vida, seja de bem ou de mal, de felicidade ou
infelicidade, a causa exclusiva de tal fato ou situação, reside no próprio
indivíduo que a sofre ou suporta. O terceiro, no caso, será apenas um agente
providencial a deflagrar uma situação ou acontecimento de antemão preparado por
aquele que os recebe. É a lei de causa e efeito em plena execução dos seus postulados
milenares: aquele que com ferro fere, com ferro será ferido e nada mais.
Voltando ao assunto
consciedade espiritual — para encerrar o capítulo, devo acrescentar aqui um
esclarecimento. É que aqueles que se decidirem a empreender tal atitude, e a
seguirem com verdadeiro amor, tratem de situar-se bem comodamente no solo
terreno, porque muito poderá demorar a sua partida de regresso ao plano
espiritual.
Os noventa e tantos
ou até os cem anos poderão decorrer na mais perfeita paz de Espírito na Terra
para quantos exercitarem a sério a sua consciedade espiritual. É que a vida,
quando vivida mais pelo Espírito que pela matéria, prolonga-se muito mais do
que a vivida em contrário. O Espírito humano possui poderes de prolongar à sua vontade
a vida do corpo que lhe pertence. Fica assim depositada nas mãos dos meus estimados
leitores a facilidade de só encerrarem a presente encarnação quando não mais
lhes aprouver à vida que estão vivendo nesta pequena esfera, e que, pelos
cuidados que deu a construir, deve ser aproveitada ao máximo em prol do engrandecimento
espiritual de cada um.
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