Quando este mundo
terreno foi entregue aos seres humanos a fim de nele desenvolverem suas
aptidões e faculdades espirituais, foram destacados para aqui encarnarem
também, Espíritos possuidores de grande evolução, com o objetivo de orientarem
os outros viventes em tudo quanto eles necessitassem. Por essa época a vida humana
era simples, porque sendo a Terra bastante espaçosa para abrigar a todos os
viventes, os homens circunscreviam as suas ambições a pouco mais do que a
própria alimentação e moradia, áreas de pastoreio dos animais domésticos e nada
mais. Até então conservavam ainda os encarnados no subconsciente algumas recordações
das recomendações recebidas no plano espiritual, o que os ajudava a solucionar
grande parte dos problemas que a vida terrena lhes oferecia.
A época à qual me
refiro estendeu-se por vários milênios, durante os quais algum progresso foi
alcançado pelo homem, sendo também implantados vários melhoramentos que
contribuíram para elevar bastante as condições da vivência humana. Os melhoramentos
implantados, trazidos ao meio terreno por Espíritos adiantados que aqui
encarnaram, se tiveram o mérito de proporcionar melhores condições de vivência
ao homem, também despertaram nele o sentimento de ambição de grandeza e domínio
de seus contemporâneos de outras regiões, originando-se desse fato o processo
guerreiro que tanto tem prejudicado o desenvolvimento espiritual que a
humanidade terrena veio conquistar neste plano físico. A ambição de grandeza
alimentada desde então por muitos Espíritos encarnados, e os desdobramentos a
que deu causa, é que constituiu o estacionamento do progresso espiritual de
muitos milhões de almas encarnadas na Terra.
Ignorantes ainda, os
homens de então, do grande princípio de que só o amor constrói para a eternidade,
desenvolveram pela superfície terrena o processo guerreiro na ânsia de se
tornarem donos do mundo, na ignorância de que a vida humana tem limites
impostos pelas leis divinas, e que na Terra ninguém é dono de nada, nem do
próprio corpo em que se movimenta. A circunstância de alguns chefes de tribos
dos primórdios se prepararem para conquistar aos habitantes de outras áreas as
suas propriedades, obrigava estes a se prepararem por sua vez para a defesa dos
seus lares, absorvendo tais preocupações de uma e outra parte, todo o período
de que dispunham para viver na Terra, não lhes sobrando tempo para cuidar dos
bens do Espírito.
Uma agravante
resultou ainda das preocupações guerreiras de muitos seres humanos ao fazerem
sua passagem para o plano espiritual. De tal modo se preocupavam numerosos
Espíritos com a idéia de conquista pela força do que a outros seres humanos pertencia,
que sua maior e constante preocupação no mundo espiritual continuava a ser o
aperfeiçoamento de planos e processos guerreiros para quando lhes fosse
permitido regressar ao solo terreno.
Efetivamente, todos
aqueles Espíritos que na Terra se empenharam em processos guerreiros,
continuavam a preocupar-se com eles no Alto, ao mesmo tempo em que reuniam
idéias e estudos destinados ao aprimoramento daqueles processos. Nunca,
entretanto, um Espírito que assim se tenha conduzido numa existência terrena, logrou
reencarnar na mesma região ou país, para que não fosse tentar a continuação do
procedimento anterior. Sempre que alguns desses Espíritos conseguiram permissão
para reencarnar, foram conduzidos a regiões ou países distantes daquele em que
tivessem vivido, para que não fossem provocar novas discórdias e conflitos.
Pois bem, amigos
leitores; nem assim esses irmãos nossos conseguiam acomodar-se, pelo menos uma
minoria deles. Uma vez radicados em novo
ambiente, suas antigas idéias os assaltavam, e ei-los a pregá-las aos seus
compatriotas, não poucas vezes com o resultado desejado. Assim se desenvolveram
e multiplicaram os conflitos humanos por toda a superfície terrena, em prejuízo
de um número já hoje incontável de irmãos nossos que foram sacrificados por
esses conflitos. Até que, a certa altura, medidas foram tomadas pelas Forças
Superiores para pôr cobro a esse grande entrave ao progresso espiritual. Foi
deliberado então, pelas Forças Superiores, que nenhum dos Espíritos
responsáveis pelas guerras chamadas punitivas ou de conquista, jamais voltariam
a Terra, ou se sujeitariam a viver em condições preestabelecidas, as quais lhes
não possibilitariam de maneira alguma qualquer ascendência sobre os seus
semelhantes. Tal era o desejo de quase todos de reencarnar, que aceitaram de
bom grado as condições acima, contanto que pudessem respirar novamente esta
pesada atmosfera terrena que todos respirais. Tiveram então esses irmãos
guerreiros encarnações as mais variadas em quantos novos mergulhos tiveram na
carne. Aqui estiveram alguns na profissão de agricultores na qual muito se distinguiram,
outros como artífices de várias especialidades, outros ainda como operários, de
onde regressaram ao mundo espiritual completamente transformados em suas
idéias, compreendendo finalmente os objetivos da vida terrena, que são única e exclusivamente
o aprimoramento das qualidades morais do ser humano no seu caminho para Deus.
Nem assim, contudo,
foi possível às Forças Superiores evitar em definitivo os conflitos humanos
arquitetados e empreendidos pelos governantes de algumas regiões da Terra. Mas
isto está chegando ao fim com as medidas estudadas no Alto e em início de
execução no solo terreno. Os homens hão de compreender finalmente que a circunstância
de terem outros povos nascido em determinadas regiões que reputam melhores e
mais férteis do que as suas, não lhes confere o direito de as conquistar,
porque, se nelas vivem e prosperam outros filhos de Deus, foi porque as Forças
Superiores assim o determinaram. É sabido que ninguém leva da Terra seja o que
for que à Terra pertença, por maiores que tenham sido os bens, propriedades ou
tesouros que nela haja podido acumular. Da Terra apenas pode portar cada alma
que nela tenha vivido uma nova encarnação, aquilo que tiver podido acumular em
luzes e bênçãos para si própria. Os tesouros, bens, propriedades e grandezas adquiridas
no labor terreno, pertencendo diretamente à Terra, ficam na Terra para o bem
dos que ficarem. Em face de tal princípio, para quê empenharem-se os homens na
conquista do que a outros pertença, se daqui nada disso podem conduzir?
Raciocinem pois os chefes de povos e de governos, e estudem os meios de
proporcionar aos seus governados melhor nível de vida, alimentação e conforto, mas
isto dentro das possibilidades de cada país ou região, porque encontrarão
forçosamente as idéias e os meios de o conseguirem.
Devem ter presentes
os governantes terrenos, que sendo transitórias as encarnações na Terra, também
o são as regiões em que ocasionalmente se encontram os seres humanos das várias
regiões da Terra. Assim, Espíritos que viveram possivelmente duas ou mais encarnações
no Oriente para assimilarem ensinamentos e costumes ainda desconhecidos,
reencarnarão a seu tempo no Ocidente, nas Américas, na África ou na Austrália,
sempre com o fim de adquirirem novos conhecimentos. Isto sucede tal como sucede
à criança que ingressa na escola primária. Inicia-se pelos últimos bancos e vai
subindo até próximo da professora, segundo os conhecimentos que vai adquirindo,
os quais lhe são necessários no futuro.
Com a transformação
da Terra muito proximamente em planeta espiritualizado, isto é, um planeta onde
se firmará o primado do Espírito sobre a matéria, não mais se registrarão os
erros praticados pelos homens do passado contra os semelhantes mais fracos.
Mais fracos, digo bem, porque não existe um único fato em toda a História em
que algum povo ou país se arriscasse a provocar um conflito contra uma nação
mais forte. Sempre aconteceu o contrário: os mais fortes, ou assim se julgando,
é que provocavam os mais fracos. Isso tem um nome universalmente conhecido, que
eu não desejo escrever aqui. O que no futuro todos haveremos de constatar, será
então o contrário do passado: as nações tidas como fortes, num sentimento coletivo
de grandeza espiritual, não apenas respeitarão as mais fracas ou mais pobres,
como até as ajudarão a solucionar problemas superiores às próprias forças,
algumas vezes em épocas de calamidades.
A Terra do futuro
virá a ser um conjunto de almas de média e superior evolução, aninhando cada
uma em seu coração os mais puros sentimentos de amor e fraternidade para com
todas as demais. Não será isto uma novidade no Universo porquanto assim é a
vida em outros planetas em que vivem também seres humanos como vós. Com a
seleção em curso nos planos superiores, os elementos humanos que não tiverem
conseguido ajustar-se às condições da vida terrena, estão sendo retirados de
vez deste mundo a fim de que não voltem a constituir-se em exceções à regra já
em vigor na Terra.
Vou relatar-vos em
seguida um fato ocorrido em outro plano de vida, pelo qual podereis aquilatar
melhor em que consiste o processo de seleção em funcionamento no Alto em
relação a Terra. Cogitava-se como agora, no plano em referência, de afastar
dele certo número de elementos (Espíritos) inconformados com as determinações
recebidas no sentido de modificarem hábitos e procedimentos incompatíveis com o
nível de vida da quase totalidade dos seus contemporâneos. Esses elementos
vinham sendo esclarecidos de longa data e convidados a meditar seriamente sobre
as imperfeições ainda demonstradas em sua vida de relação. Devo esclarecer que
uma boa maioria deles realmente aceitou as determinações do Alto e conseguiu corrigir-se,
pelo temor de ver-se banida para sempre desse planeta, no qual ingressara após
longa peregrinação através de outros. Numerosos elementos, contudo,
subestimando as determinações recebidas, prosseguiram inalteradamente em suas
práticas e procedimentos condenáveis, tal como na Terra acontece com seres humanos
que, partindo de uma concepção errada da vida, preferem sacrificar vidas e bens
do próximo para aqui se manterem, ao invés de se entregarem como os demais a
uma ocupação honesta embora trabalhosa para viverem.
No plano em
referência sucedia coisa parecida, que era necessário eliminar. Os elementos
rebeldes, aqueles que se recusaram a cumprir determinações amorosas que lhes
foram transmitidas, viram-se de um momento para outro cerceados em seus passos,
e conduzidos a outro plano relacionado com o mundo em que viviam. Examinados
atentamente por verdadeiros especialistas, constatou-se que esses elementos, de
tão afeitos à prática de atos incompatíveis com o nível de vida em que viviam,
já não possuíam capacidade de auto-correção, seja pelo seu endurecimento no
mal, seja pelo enfraquecimento da própria vontade de se modificarem. A Divina
Bondade foi então solicitada a opinar acerca de como agir em tal caso: se
deveria reter por tempo indeterminado aqueles elementos num plano estagiário,
na esperança de uma auto-cura, ou se deveria encaminhá-los a mundo inferior,
onde o sofrimento pudesse despertar neles os sentimentos e potencialidades
cristalizados. A Bondade Divina emitiu então seu parecer, que foi seguido pelos
cientistas especializados. Esse parecer foi que, tratando-se de almas bastante vividas,
havendo peregrinado milênios através de mundos de diversas categorias, onde
haviam conquistado o direito à vivência no plano donde procediam, não deveriam
ser jamais enviados a mundos inferiores para iniciarem nova peregrinação através
de sofrimentos sem conta. Opinou então a Bondade Divina que se operasse aquelas almas para substituir nelas a base dos
sentimentos e potencialidades cristalizados, por outros absolutamente
perfeitos, a fim de que, conservando a memória e os elementos de progresso
duramente conquistados em longos milênios, aquelas almas pudessem prosseguir em
sua onda de vida. Bem sei que há de parecer-vos estranho que almas possam ser
operadas, como no caso presente, mas o foram realmente. Uma vez isto
determinado pela Bondade Divina, trataram os especialistas da extirpação, do
corpo mental das almas em referência, de todos os átomos relacionados com o
poder volitivo que se achava praticamente anulado, substituindo-os por outros absolutamente
novos e puros, que facilmente se integraram e adaptaram. Estas operações podem
ser comparadas, num altíssimo refinamento, às dos cirurgiões da Terra na
implantação de órgão novo substituindo o imprestável, com o qual pode o
paciente viver o resto da vida tranqüilamente, com a diferença de que, no caso
terreno o órgão implantado não chega a integrar-se definitivamente, mas apenas exerce
a função, ao passo que no caso espiritual os átomos implantados integram-se
definitivamente no corpo mental da alma operada.
O resultado
verificado com grande alegria por quantos tiveram conhecimento ou presenciaram
o fato que venho de narrar, foi o mais feliz que imaginar se pudesse,
permitindo que numerosas almas já bastante evoluídas pudessem progredir em sua
onda de vida, regressando mais tarde ao planeta de onde vieram, apenas numa situação
bastante curiosa: elas se mantinham como seres curiosos de tudo quanto viam e
ouviam, desde o período infantil até à juventude e velhice. Os átomos que
passaram a constituir boa parte de seu corpo mental, iam sendo impregnados dos
hábitos e processos em curso no mundo em que aquelas almas viviam, nada mais
contribuindo para as antigas práticas indesejáveis. A Bondade Divina em sua
altíssima sabedoria dispõe de processos ainda desconhecidos para solucionar todos
os problemas, inclusive os considerados insolúveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário