Atendo com a maior alegria ao honroso convite
com que me distinguiu Nosso Divino Mestre e Senhor, para vir ao ambiente
terreno grafar algumas palavras dirigidas aos Espíritos que aqui se encontram
no cumprimento de mais uma encarnação. Sejam pois minhas palavras que por este
meio dirijo aos meus estimados irmãos de todo o mundo, um convite que por minha
vez lhes faço eu no sentido de que abram os ouvidos às vozes que do Alto lhes
chegam, porque outro objetivo elas não têm senão o de procurar acautelá-los dos
perigos que podem chegar a qualquer momento.
Todos os encarnados já sabem de sobra que a
vida na Terra tem o seu limite, e que ao fim dessa existência todos devem desaparecer
das vistas dos que ficam, uma vez que a matéria ficou oculta no seio da Terra.
Disso todos os seres humanos estão perfeitamente cientes porque a Lei da Vida
assim o determina desde o início da vida humana neste pequeno mundo de Deus. O
que certamente uma grande maioria ainda não sabe, porque não procurou saber, é
o destino a seguir que o Espírito faz após o decesso do corpo. E por não
conhecer este destino, seja por falta de oportunidade para isso, seja por sua
provável filiação a alguma corrente religiosa que ensina erradamente, que tudo
acaba no túmulo, ou seja ainda pelo temor que lhe cause o estudo das leis
espirituais que regulam e superintendem a vida de todos os seres; por não
conhecerem este particular é que essa grande maioria se assusta ao lhe falarem
do futuro do Espírito ao deixar seu veículo na Terra.
É precisamente para esclarecer a todos os
encarnados que Nosso Senhor está dirigindo uma Grande Cruzada já iniciada na
Terra por um dos seus mais dedicados servidores, o antigo Apóstolo Thomé, cujos
livros repletos de ensinamentos e generosos conselhos já circulam pelo mundo em
fora. Este Espírito que hoje vos fala, interrompeu as suas atividades no Alto a
serviço do Senhor Jesus, para a seu convite vir juntar aos conselhos do bom
irmão Thomé, e de outros irmãos que neste volume me precederam, a minha sincera
palavra de fé, a palavra de quem tanto se empenhou no século passado em cantar
em verso e prosa as belezas da vida terrena, a minha palavra de fé, repito,
para vos dizer a todos do íntimo do meu coração, que é necessário desperteis já
e já, sem mais demora, para o cumprimento de deveres que solenemente aceitastes
ao reencarnar mais uma vez.
Quero dizer-vos ao ouvido espiritual que não
deis ouvidos àqueles que costumam apregoar que o que deste mundo se leva é
apenas o que dele se aproveita à sua maneira. Nada mais errado do que
semelhante conceito, emitido invariavelmente por Espíritos bastante atrasados
com aspirações de orientar os demais. Nada mais contrário aos postulados da
verdade, quando sabemos que exatamente do quanto haja pertencido à matéria,
seja na satisfação de seus apetites alimentares, seja no que respeita a toda
outra sorte de prazeres, nada disso pode contribuir para formar a bagagem
daquele que foi chamado de regresso ao mundo espiritual. É em conseqüência de
semelhante equívoco que uma aluvião de almas permanece ao léu da sorte em meio
aos encarnados, ora prejudicando a uns, ora tentando prejudicar a outros,
exatamente por haverem levado toda a existência finda na ilusão de possuírem
apenas o corpo sensível que perderam.
Eu vos direi então, meus irmãos encarnados,
que a única bagagem que acompanhará a cada um dos vossos Espíritos em sua
partida deste plano material, tem de ser constituída pelo valor das boas ações
que houverdes praticado ao longo da vossa existência terrena, da essência dos
vossos bons pensamentos dirigidos a Nosso Senhor Jesus Cristo, quando
iluminados pela prece sincera de todos os dias, partida do vosso coração.
O Espírito que vive uma nova existência na
carne, recebeu para isso uma permissão prévia das Forças Superiores, já vossas
conhecidas pela designação de Forças do Bem que o são realmente. Para
essa permissão cada um de vós encarnados apresentou um plano de vida que
prometeu cumprir na Terra, assim que lhe fosse permitido reencarnar uma vez
mais. Confiadas nessa promessa foi que as Forças do Bem autorizaram a
reencarnação solicitada, designando também Guias e Protetores para acompanhar,
aconselhar e proteger individualmente a quantos aqui reencarnaram. Esperaram
porém, e ainda esperam as Forças do Bem, o cumprimento de uma parcela mínima
que seja, daquilo que todos vós prometestes, mas, infelizmente já decorreram
algumas dezenas de anos sem que a maioria dos encarnados se disponha sequer a
meditar neste particular. O resultado só poderá ser o que tem sucedido a essa
aluvião de almas que perambulam pela superfície da Terra sem direção nem
objetivo, nisto podendo levar anos e anos, se alguma mão amiga se não
compadecer delas e vier em seu auxílio.
É infelizmente uma verdade o fato provado
através dos séculos, de se julgarem os seres humanos uma espécie de pequenos
deuses na Terra, e se dispensarem de orar ao Senhor do Mundo como tanto
necessitam. Eu vos direi de todo o meu coração, porém, que mais necessária se
faz a oração ao Espírito do que o alimento ao corpo. Se quiserdes experimentar
esta verdade, o que eu entretanto, não aconselho, podereis viver normalmente de
vinte a trinta dias sem vos alimentardes, orando diariamente ao Senhor com todo
o vigor da vossa fé. A oração tem poder maravilhoso sobre todo o organismo
humano, irradiando sobre ele poderosas vibrações capazes de o manter num estado
permanente de saúde, e aumentar dia a dia a luz espiritual daquele que ora.
Então devo dizer-vos com todo o vigor da
minha fé de Espírito que cumpriu todos os seus deveres espirituais na Terra,
Espírito que em milhares de vidas neste planeta adquiriu todo o progresso que
alguém aqui possa adquirir — eu devo dizer-vos que todos vós estareis em tempo
de voltar as vossas energias mentais para o cumprimento dos vossos deveres
espirituais, traçando um plano de ação a partir de agora, mediante o qual
possais ainda alcançar a meta que vos traçastes quando ainda no Alto. O artigo
primeiro desse plano de ação, se me permitis, deverá ser a vossa determinação
de vos colocardes diariamente em contato com o Divino Mestre, a quem pedireis
perdão pelo que até agora não houverdes feito e forças e determinação de o
fazerdes nos dias que vos restarem. Poderá parecer utopia a alguns leitores
esta minha orientação, dizendo-vos que vos coloqueis diariamente em contato com
o Senhor, por estarem esses convencidos — mal convencidos — de que o Senhor
Jesus deve estar muito longe ou muito alto, e que não irá dar atenção ao que
lhe pedirem ou disserem estes pobres peregrinos da Terra.
Em contestação a essa teoria tão
profundamente pessimista, eu vos afirmo que o Senhor Jesus recebe e atende a
todos os pedidos de seus guiados terrenos, sempre que estes saibam dirigi-los.
Para isso é necessário estabelecer cada um primeiramente o contato com o
Senhor, o que se faz por meio da prece-sincera, partida do íntimo da alma em
recolhimento, em vez e apenas pronunciada com os lábios enquanto o pensamento
vaga pelas coisas frívolas da Terra. Elevada a prece em tais condições, abra
cada um o seu coração ao Senhor e conte-lhe as suas necessidades reais, exatas,
ou seja, aquilo de que realmente precisa para a sua tranqüilidade e a dos seus.
Nosso Senhor aprecia sobremodo a atitude dos filhos que assim se lhe dirigem e
jamais deixou ou deixará de atendê-los.
É preciso esclarecer que todos os viventes
humanos têm direito ao conforto, bem estar e tranqüilidade de Espírito, para
que bem possam cumprir a existência em que se encontram. É entretanto
necessário esclarecer igualmente, que os desvios morais, as infrações
porventura cometidas contra as leis divinas e humanas, só contribuem para
reduzir o poder mental de cada um para chegar ao boníssimo coração do Senhor
Jesus. Corrijam-se, pois, aqueles que a seu próprio juízo tenham infringido
aquelas leis; meditem o quanto puderem em tudo o que possa contribuir de agora
em diante para tornar o seu viver particularmente feliz; entreguem a Nosso
Senhor os seus problemas espirituais ou materiais, mas faça isto cada um com
verdadeira unção em seus momentos de recolhimento, e eu lhes asseguro que dia
virá, e bem próximo, em que estarão repetindo a outrem quanto eu aqui lhes
deixo grafado no papel.
O primeiro passo em tal sentido é apenas este:
fazer de Nosso Senhor o seu verdadeiro confidente e grande conselheiro,
falando-lhe a sós em seu recolhimento como se o fizesse ao próprio pai material
ou ao seu maior amigo. Este é em verdade o primeiro passo: pôr-se em contato
direto com o Senhor para que o Senhor saiba que esse filho existe e precisa de
algo. Isto feito, irmãos meus, tudo o mais vos chegará por acréscimo, porque o
Senhor anseia verdadeiramente por entrar em contato com os filhos que vivem na
Terra. Nosso Senhor escolherá então esses filhos, pelo conhecimento que lhe
deram de um coração dedicado, e não apenas os atenderá pressuroso, como também
os designará para o desempenho de tarefas que só os filhos encarnados podem
desempenhar. Esta, por exemplo, que o meu intermediário vem desempenhando com
tanto amor e dedicação, grafando para a Terra a palavra dos emissários do
Senhor, é uma das tarefas que muitos dos leitores poderão também desempenhar,
prestando ao Divino Mestre um serviço que só os encarnados podem prestar.
Eis aí ao vosso alcance uma tarefa que apenas
requer boa vontade e dedicação sincera à causa de Jesus na Terra. Procurai
exercitar-vos também com amor e dedicação porque no Alto sobram Entidades
sinceramente desejosas de encontrar na Terra irmãos encarnados em condições de
poderem servir ao esclarecimento da humanidade, servindo igualmente ao Senhor
Jesus. A recompensa, irmãos meus, é um verdadeiro fanal a ser entregue no Alto,
oportunamente, a quantos assim fizerem por merecê-lo.
Ora bem, meus queridos irmãos. Creio poder
dar por bem cumprida a minha missão junto a vós, nestas palavras que vos deixo,
e que são um pedaço de mim mesmo. Peço-vos que não vos contenteis em as ler uma
vez; lede-as várias vezes com o pensamento neste vosso irmão e amigo, e eu de
onde estiver farei por as tornar mais e mais clara, para que a sua luz se
incorpore aos vossos belos Espíritos. Aqui se despede e vos abençoa em nome do
Nosso Divino Mestre e Senhor, este vosso amigo
LONGFELLOW
Not. biogr. — Henrique
Wadsworth Longfellow — 1807-1882. Grande
escritor e poeta norte-americano. Nasceu em Portland (Maine) e desencarnou em
Cambridge (Massachusetts). Foi professor de línguas vivas no Colégio Bowdoin,
em Brunswick, e mais tarde na Universidade de Harvard. Entre os numerosos
trabalhos de sua autoria, destacam-se a tradução da célebre elegia de Manrique
sobre a morte de seu pai (Coplas de Manrique) precedida de um estudo sobre a
poesia moral espanhola; o poema Evangelina e o Canto de Hiawatha, nos
quais descreveu com felicidade a natureza americana. Suas pequenas poesias são
encantadoras pela delicadeza do sentimento um pouco melancólico e pela justeza
da expressão. Entre os trabalhos de Longfellow encontram-se mais de trezentas
traduções de autores de diversas nacionalidades, na série Poetas e poesias
da Europa, publicada em 1845; uma bela tradução de Dante em 1867-1870, e a Divina
Tragédia, drama tirado do Evangelho, em 1871.
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