Atendendo de todo o coração ao chamado de meu
mestre amado, Nosso Senhor Jesus Cristo, afasto-me por instantes do meu posto
multissecular na montanha do Himalaia, para ligar também o meu nome terreno e o
meu Espírito de leal servidor do Senhor, a esta obra mediúnica que tanto bem e
tanta luz irá derramar pelo mundo inteiro. Disse que me afasto por instantes do
meu posto de serviço multissecular para vir até aqui, e disse bem, porque em
verdade acabo de traçar uma diagonal entre a velha Índia e o Brasil, país
destinado pelas Forças Superiores a servir de farol aos povos de outros
continentes no desdobramento dos dias, anos e séculos do porvir. Confesso que,
vivendo a muitos séculos naquele meu posto situado em alguma parte da Montanha
Sagrada, ainda não havia tido ensejo de conhecer de perto este grande país tão
próximo do pólo Sul, porque vivo no extremo Oriente, onde para vós outros
parece nascer o Sol todas as manhãs. Vindo então até aqui para escrever algumas
palavras em apoio de quanto vos disseram outros iluminados do Espaço, eu
explicarei a quantos o ignoram, o motivo de minha permanência no corpo por todo
este tempo, em vez de ir-me embora do plano físico como todos os demais
Espíritos que por aqui passaram como vós. Existe para isto uma razão muito
forte que eu tentarei explicar em palavras até ao ponto em que a linguagem
humana mo permita, visto como a linguagem terrena — qualquer que seja o
idioma — é insuficiente para traduzir fatos espirituais com a necessária
clareza.
Começarei por dizer-vos que o meu e o
Espírito do Senhor Jesus, de tão identificados como há milênios se encontram,
já se constituem numa Força Espiritual, como se disséssemos uma só Entidade.
Permanecendo então no meu pobre organismo físico numa das numerosas grutas ou
covas existentes na Montanha Sagrada, eu desempenho uma importante função
auxiliar do governo de Nosso Senhor Jesus, recebendo das regiões superiores do
espaço cósmico todas as vibrações dirigidas a este plano físico, e em seguida
distribuindo-as ao respectivo destino. Mantenho-me assim no mais estreito
contato com os mundos espirituais, para deles receber quanto se destine a este
plano em qualquer latitude que seja, uma vez que do meio das rochas e clareiras
em que permaneço, eu posso entender-me com quantas Entidades se encontram em
contato convosco, na qualidade de vossos Guias e Protetores.
Direi ainda que, recebendo e distribuindo por
toda a Terra as bênçãos provenientes do espaço cósmico, eu sou também incumbido
de captar no ambiente terreno e enviar a esse destino, todas as vibrações
emitidas neste ambiente, e relacionadas com a felicidade e bem-estar da
humanidade.
Direi por conseguinte, que de tão complexa, a
missão que me cabe desempenhar na Terra não me permite conciliar o sono por um
instante sequer, nem de tal eu me recordo, em face de uma integração absoluta
da minha vida terrena na vida espiritual.
Vou satisfazer um pouco a vossa curiosidade
acerca de como me tem sido possível conservar meu corpo físico em plena forma
durante os séculos em que o constituí. Se tal explicação me é fácil de dar-vos,
muito mais fácil me tem sido conservar o meu corpo terreno. Não desejo
fornecer-vos semelhante explicação apenas como elemento de curiosidade para
vós, mas principalmente como um ensinamento a todos os encarnados, para que se
esforcem em atingir por sua vez esse mesmo objetivo. Sabendo como sabeis que ao
Espírito incumbe a função, ou obrigação, de construir e conservar o seu veículo
de carne no plano físico, para nele viver e se locomover durante suas
encarnações, está na vontade e determinação do Espírito conservar esse veículo
pelo tempo que desejar, e por tanto mais tempo o conservará, quanto mais
benéfica para a coletividade possa resultar a sua permanência na carne. E
quando essa permanência se afirmar por uma vontade resoluta de servir às Forças
Superiores junto à coletividade terrena, um interessante fenômeno então se
verificará: o Espírito deixará de utilizar-se dos elementos nutritivos
provenientes do solo terreno, para manter e alimentar seu veículo físico apenas
das emanações oriundas dos planos superiores do Universo, atraídas por efeito
de sua própria vontade conscientemente dirigida.
Todos os viventes humanos do presente momento
possuem em estado latente algumas qualidades capazes de conduzi-los a um avanço
notável em sua caminhada espiritual, dependendo apenas da vontade de cada um
desenvolver e entrar na posse dessas qualidades. É certo que se torna
imprescindível à adoção de certos preceitos para que possam os seres humanos
marchar resolutamente por tão bela estrada. Se isto vos parecer empresa difícil
nesta latitude da Terra, onde a alimentação carnívora, o álcool e o fumo ainda
impedem a espiritualização das almas encarnadas, eu posso assegurar-vos que no
país em que vivo, aquela bela, sábia e misteriosa Índia, como a designais, tal
empresa já se tornou realidade há vários séculos, tendo vivido ali e lá se
desenvolvendo espiritualmente através da Kriya Yoga um número já
incontável de Espíritos que se tornaram Grandes Luminares do espaço cósmico.
Conheço na Índia muitos milhares de almas
cuja maior preocupação consiste em jejuar e orar ao Senhor do Mundo,
invocando-o por intermédio de Entidades que viveram e ensinaram as Leis Divinas
em muitos lugares daquele país, santificando-os a tal ponto, que para esses
lugares se deslocam de grandes distâncias milhares e milhares de peregrinos com
o só objetivo de se prostrarem e orarem perante suas santas relíquias. As almas
peregrinas que assim se abalam de longe para homenagear as almas dos Mestres
que viveram nesses lugares assim procurados, são elas próprias que santificam
as povoações às quais se dirigem, pela força da sua fé expressada na
profundidade dos sentimentos que exteriorizam e das orações e jejuns a que
durante semanas seguidas se entregam. O Senhor do Mundo regozija-se sobremodo
ao registrar quão profundos são os sentimentos manifestados pelas almas
peregrinas aos lugares de sua predileção, constatando ao mesmo passo que nem
uma só empreende tão longa e muitas vezes até perigosa caminhada com o mais
recôndito sentimento de pedir bens, fortuna, progresso material, para si ou os
seus. O objetivo precípuo, preponderante em todos os seres humanos que se
abalam dos seus próprios lugares em peregrinação aos chamados lugares santos da
Índia, consiste exclusivamente na Realização Divina, visa unicamente à
purificação de seus dotes espirituais desde muito exercitados, na esperança de
verem manifestar-se perante sua presença, embora de modo fugaz, este ou aquele
Instrutor espiritual que haja vivido ou feito de tais lugares o seu centro de
pregação e de purificação.
Para felicidade desses milhares de almas
peregrinas que se deslocam de seus lares animados de tão belos propósitos,
elas jamais voltaram desiludidas ou de mãos vazias. Seus objetivos, que são
puros e santos, pois que visam exclusivamente ao desenvolvimento e
perfeccionamento de seus Espíritos, encontram invariavelmente o que procuram e
às vezes muito mais. Sucede não raro, num ambiente que permanece impregnado das
vibrações mais elevadas e puras, serem os próprios peregrinos guiados aos
lugares desejados, por seres espirituais que procuram ajudá-los, conforme este
fato que vou narrar sucintamente.
Encontrava-me certa feita em minha gruta
situada a um terço da Montanha Sagrada, quando percebi que alguém de muito
longe procurava um roteiro que conduzisse ao Himalaia, pelo só desejo de repousar
alguns dias na montanha e respirar os ares que supunha facilitarem sua
realização espiritual. Eram cinco ou seis peregrinos que bem pouco conhecimento
tinham da região. Observei-os por algum tempo por meio da minha visão
espiritual e tentei inspirar-lhes o roteiro a seguirem. Minha inspiração,
porém, não fora suficiente, dado o pouco desenvolvimento de suas faculdades
mediúnicas.
Penalizado diante da sinceridade que animava
esses peregrinos e das dificuldades encontradas, resolvi eu mesmo ajudá-los e
foi isto a solução miraculosa, como disseram então. Materializei-me na figura
de um viajante que se dirigia a uma localidade no sopé da Montanha Sagrada,
isto a cerca de seiscentas milhas de distância, e aí me encontrei com os
peregrinos. Melhor direi que eles me encontraram porque eu me acostara a uma
sombra benfazeja no caminho que levavam. Ao se aproximarem de mim,
dirigiu-se-me o chefe do grupo:
— Amigo que repousas à sombra desta bela
árvore: podeis ensinar-nos o caminho mais curto para alcançarmos a Montanha
Sagrada, a nós que há várias semanas o procuramos em vão?
— Que pretendeis porventura alcançar nessa
montanha que procurais? — indaguei.
— Um quase nada talvez muito, amigo. Nosso
objetivo é acomodar-nos lá e orarmos ao Senhor Deus durante uma semana ou dez
dias, se lá pudermos chegar — respondeu o chefe do grupo de peregrinos.
— Vejo que estais com sorte, amigos,
exatamente porque vou para lá e poderei indicar-vos o caminho — atendi, e
prossegui: tomaremos o trem na estação que fica a sessenta milhas daqui e
amanhã todos chegaremos ao lugar que procurais.
A alegria que logo se refletiu no semblante
dos peregrinos foi imensa. Caminhamos um pouco apressadamente as sessenta
milhas para podermos alcançar o trem nessa noite, Os peregrinos foram bastante
gentis, pedindo-me licença para comprar também o meu bilhete, e em pouco estávamos
todos sentados no trem. Na manhã seguinte desembarcávamos, muito alegres os
peregrinos quando lhes apontei o caminho do Himalaia, aí nos despedindo. À
tardinha desse dia, ao anoitecer mesmo, pude contemplar os meus amigos
acomodados no centro de uma clareira situada a pouco mais de seis milhas da
encosta, e notei com alegria que oravam ao Senhor Deus, a quem suplicavam a
misericórdia de alcançarem a visão espiritual de algum Mestre que pudesse
instruí-los de viva voz, acerca de sua realização da Divindade. Um riacho
descia do alto da montanha e produzia na alma dos peregrinos um grande
bem-estar que os refazia do cansaço da viagem. Soadas as três badaladas das Ave-Marias
no carrilhão do Infinito, iniciei uma tênue projeção de luz sobre o local
em que se encontravam, logo percebida com sinceras demonstrações de fé e
reconhecimento. Continuaram com maior alento a sua oração, agora em
agradecimento ao Senhor Deus por haverem sido ouvidos.
Acerquei-me então dos meus amigos peregrinos,
não mais na indumentária do viajante da véspera, mas em meu corpo translúcido e
falei-lhes:
— Irmãos que vos encaminhastes até aqui para
orar ao Senhor Deus, alegrai-vos, porque vossas orações foram ouvidas. Minha
presença entre vós, é disso o melhor sinal.
Aquelas boas almas prostraram-se aos meus pés
em sinal de agradecimento ao Senhor Deus, supondo que fosse Ele próprio em
Espírito. E falei-lhes novamente desta maneira:
— O Senhor Deus não sou eu, mas um Seu
enviado. O Senhor Deus deseja que fiqueis sabendo que não existe lugar
privilegiado onde se manifeste. Para o Senhor Deus são lugares apropriados à
Sua manifestação todos aqueles em que sejam proferidas orações fervorosas como
as que acabais de proferir. Nesta montanha, na planície, em vossos lares ou
noutra qualquer parte em que se eleve a prece de um filho, o Senhor Deus aí
estará e se manifestará sempre que solicitado. Ide pois em paz e conservai
vossas almas permanentemente em ligação com o Senhor Deus, e Ele estará para
sempre convosco.
Foi com indizível alegria que pude
testemunhar a grandiosidade do bem que pude proporcionar àquele punhado de
peregrinos que tão sinceramente buscavam a Realização Divina. Este fato,
relatado assim sucintamente, pode servir para o momento em que qualquer de vós
intente também a sua Realização Divina, o que poderá dar-se em seu próprio lar,
sem necessidade, portanto, de se deslocar até à Montanha Sagrada, ou outro
local fora do seu próprio ambiente.
Despedindo-me de vós neste ponto, prometo
atender prontamente a quantos desejarem ver-me ou falar-me, bastando para isso
pensarem fortemente, sinceramente, no nome de
BABAJI
Not.
biogr. — Babaji — As referências que no Ocidente se conhecem a
respeito deste Grande Espírito, devem-se ao Paramhansa Yogananda, de cuja
autobiografia, d.v., extraio as notas seguintes.
“Os
desfiladeiros dos Himalayas, perto de Badrinarayan, são abençoados pela
presença vivente de Babaji, o guru (instrutor) de Lahiri Mahasaya. O solitário
Mestre tem conservado sua forma por séculos, quiçá milênios. O estado
espiritual de Babaji está muito além de toda compreensão humana —segundo
explicou Sri Yukteswar. A raquítica visão humana não pode penetrar através de
sua estrela transcendental.
“O
fato de não existirem referências históricas acerca de Babaji, não deve
surpreender-nos. O grande guru nunca apareceu ostensivamente em nenhum século;
o brilho negativo da publicidade não tem tido lugar nos seus planos milenares.
Como o Criador, e único embora silencioso Poder, Babaji trabalha numa obscura
humildade. A missão de Babaji na Índia tem sido ajudar aos profetas a levar a
cabo o que se lhes encomendou. Assim se pode qualificar o que nas escrituras se
denomina Mahavatar (Grande Avatar). Foi Babaji quem deu a iniciação na yoga a
Shankara, antigo fundador da Ordem dos Swamis, e a Kabir, famoso santo
medieval. Seu principal discípulo no século XIX foi Lahiri Mahasaya, reavivador
da quase perdida Kriya Yoga.
“O
Grande Avatar encontra-se em comunicação constante com Cristo, e juntos, mandam
suas vibrações de redenção e planejaram a técnica espiritual de salvação para
esta era. A obra destes dois Grandes Mestres, um em corpo físico e o outro em
Espírito, é a de inspirar às nações a desterrar as guerras suicidas, os ódios
raciais, os sectarismos religiosos e os males cruciais do materialismo.
Diz
ainda Yogananda: “Não se conhecem dados concretos acerca da família de Babaji
ou do lugar de seu nascimento, dados que seriam preciosos para os analistas.
Babaji fala geralmente o hindi (idioma falado pela gente culta do
Industão) porém pode conversar com facilidade em qualquer outro idioma. Vários
títulos lhe têm dado os discípulos de Lahiri Mahasaya, dentre eles os de Mahamuni
Babaji Mahardj (Supremo santo extático); Maha Yogi (o
maior dos yogis).
“O
imortal guru não apresenta sinais de idade em seu corpo; parece ser maior que
um jovem de vinte e cinco anos. É de tez clara, estatura e compleição medianas.
O corpo formoso e forte de Babaji iradia um brilho perceptível. Seus olhos são
escuros, ternos e serenos. Seu largo e lustroso cabelo é de cor acobreada.”
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