Aconteceu certa vez no mundo espiritual, por
ocasião da seleção das almas que deviam voltar à Terra numa nova encarnação,
apresentarem-se várias delas com o propósito de realizarem no mundo terreno uma
pequena revolução no que diz respeito aos assuntos espirituais, principalmente
em matéria de fé.
Haviam aquelas almas
elaborado planos de trabalho espiritual a serem executados no plano terreno,
tão logo lhes fosse permitido voltar à Terra. Encontravam-se entre elas
Entidades de grande evolução adquirida em muitas existências vividas na Terra,
cuja experiência as autorizava a empreender a execução dos planos que estavam
apresentando na ocasião.
Ouvidas atentamente pelos
Dirigentes Espirituais a quem competia decidir a respeito, foram os planos
considerados inteiramente viáveis e proveitosos para as almas encarnadas à
época em que viessem a ser postos em prática. Tais planos envolviam um programa
de trabalho árduo a ser desenvolvido ao longo de alguns séculos a fim de que os
frutos esperados se não perdessem.
Embora bastante reduzido o
grupo de Entidades que se propunham a executar o referido plano, foi o mesmo
aceito pelos Dirigentes Espirituais após haverem-no submetido à apreciação do
Senhor Jesus. O mundo terreno vivia, na
época, completamente imerso num emaranhado de crenças religiosas,
principalmente a parte ocidental, numa mistura de religião, comércio e de outra
natureza, que realmente necessitava de melhor coordenação por parte das
organizações religiosas.
Isto passou-se há perto de
quatro séculos, por conseguinte não faz muito tempo e os registros históricos
estão aí para serem consultados por quem necessitar de maiores detalhes. Reencarnadas
as Entidades referidas, com o apoio indispensável de outras muitas que
permaneceram para esse fim no plano espiritual, foi dado início ao trabalho
assim preparado no Alto, tendo os seus executores reencarnado em países
diferentes com o propósito louvável de se tornarem em seus respectivos países
arautos da idéia por eles concebida no plano espiritual.
E para melhor poderem atuar
no meio próprio, quase todos se tornaram também religiosos, ascendendo
rapidamente a altos postos, em virtude de sua capacidade intelectual. Com o que
certamente não haviam contado as Entidades já então reencarnadas, fora
evidentemente a reação contrária de quantos aqui se encontravam à frente das
organizações religiosas, em face da profunda reforma a que os novos religiosos
se propunham, sinceramente empenhados em imprimir nova e melhor direção aos
ensinamentos a serem ministrados às almas encarnadas.
Travaram-se por isso grandes
batalhas intelectuais, primeiro entre os baluartes dos dois lados, às quais
aderiram intelectuais destacados, uns pró e outros contra as novas idéias
religiosas. Pode mesmo dizer-se que o assunto empolgou as elites intelectuais
dos países do Ocidente, tendo dado causa a não poucos procedimentos
caracterizados por medidas violentas e perda de liberdade para certo número de
bons batalhadores da grande causa.
Os tempos, porém, não
esperam, e com eles se consumiram mocidade, madureza e entusiasmo no âmago das
Entidades encarnadas, portadoras das grandes idéias de reforma dos ensinamentos
e práticas religiosas na Terra, sobretudo em sua parte ocidental. Consumidas
assim as suas encarnações, regressaram aquelas Entidades ao Alto portadoras de
um mínimo do quanto pretendiam realizar na Terra, em face das reações que
tiveram de defrontar.
As sementes lançadas,
contudo, não se perderam de todo em meio à incompreensão principalmente das
camadas populares, porque aqui e ali sempre lograram germinar nos corações
melhor preparados. Passaram-se novos tempos e outras Entidades desceram à Terra
inteiramente afinadas com as idéias semeadas pelos seus antecessores, sendo
hoje de notar que algum progresso foi alcançado nessa matéria, se bem que muito
já tenha sido deturpado até aos dias presentes.
Verificamos todos nós do
Alto, ao apreciarmos o panorama religioso do Ocidente, que grande empenho é
posto de uma e outra parte do ensino cristão, em se negar a existência do
Espírito a dirigir a pessoa humana, e sua sobrevivência a esta, uma vez
encerrada a vida do corpo. Nega-se, por conseguinte, a existência e funcionamento
de uma lei imutável a dirigir os destinos de todos os seres viventes no
Universo, em virtude da qual as almas encarnam, desencarnam e voltam a
reencarnar em busca de luz, perfeição e progresso.
É falho por conseguinte o
ensino religioso que não admitir e proclamar a existência do Espírito no
Universo, subordinado à lei evolutiva que preside a sua reencarnação nos
diversos mundos, para neles adquirir conhecimentos e experiência de que tanto
necessita. Vemos assim com melancolia, inteligências das mais brilhantes da
Terra ainda aferradas à idéia de há muito superada da existência única, finda a
qual a alma ou ingressa no céu
imaginário para toda a eternidade, ou segue em direção a outros planos de
sofrimento que eu me recuso a citar. Não, absolutamente meus queridos; as
coisas passam-se em verdade de maneira bem diferente dessa que tão
obstinadamente propagais. Não só não existem as penas eternas para as almas
faltosas ou menos afortunadas moralmente, como também o céu de que falais é
mera ficção.
Gostaria de poder
conduzir-vos desde agora para, em minha companhia, testemunhardes o equívoco
dos vossos ensinamentos religiosos, certa como estou de que no vosso regresso
vos apressaríeis em reformá-los totalmente.
O ensino religioso que se faz mister adotar em todo o mundo terreno deve
assentar primeiramente na obediência aos princípios doutrinários trazidos pelo
meigo Nazareno de há dois mil anos, princípios fundamentados na lei do amor e
da fraternidade. Esta lei não foi criada pelo Senhor Jesus, como a alguém possa
parecer em face de ser trazida por Ele à Terra; esta lei é universal, reina e
impera em todos os planos adiantados do Universo, mediante cuja prática vivem
muitas e muitas humanidades evoluídas. Trata-se, portanto, de uma lei criada
por Deus para ser cumprida em todos os mundos, por ser aquela capaz de
implantar a felicidade, a paz, e o verdadeiro amor em todos os corações. Esta é, por conseguinte, a lei a ser ensinada
na Terra a todas as almas encarnadas como verdadeiro ensinamento religioso.
A segunda lei que deverá
constituir o segundo ensinamento religioso pelas organizações que a isso se
propõem, é a lei das reencarnações, aquela que permite às almas regressarem à
Terra para animar novos corpos, após um estágio mais ou menos longo no Alto ou
Espaço, como quiserdes, ao término de cada uma delas. Isto é muito fácil de
explicar, meus filhos queridos.
Sabendo-se que as almas (Espíritos) são criadas absolutamente ignorantes
até de si mesmas, necessitando, portanto, de percorrer toda a imensa escala de
aprendizado nos diversos planos ou escolas disseminados na imensidão do
Universo, não poderiam as almas assim criadas adquirir o volume de
conhecimentos e experiências de que todas necessitam em apenas uma vida
terrena.
E sabendo-se que o espaço de
tempo realmente útil à alma encarnada se inicia praticamente aos vinte e cinco
anos, tempo não haveria absolutamente para que daí até à desencarnação a alma
pudesse adquirir aquilo de que tanto necessita e veio buscar na Terra. É
necessário, por conseguinte, meus queridos, reverdes a base dos ensinamentos
que ministrais aos vossos seguidores à guisa de religião, a fim de não
incorrerdes vós próprios em ato de responsabilidade perante os vossos
Dirigentes Espirituais ao regressardes por vossa vez ao plano a que
pertencerdes.
Os dois pontos que venho de
citar devem ser estudados, porque são fundamentais ao ensino religioso na
Terra. As almas que estão descendo à Terra e bem assim as que se preparam para
descer mais adiante, são em sua grande maioria almas bastante evoluídas, e
talvez se recusem a aceitar os ensinamentos que vêm sendo ministrados, os quais
não correspondem mais às realidades da época.
Em continuação é preciso
admitir e mesmo ensinar às crianças e aos adultos o princípio do intercâmbio
espiritual entre as almas encarnadas e as desencarnadas, como um dos fatores do
progresso moral e intelectual da humanidade encarnada. É preciso ensinar às
almas encarnadas que a circunstância de haverem concluído o seu período de vida
no corpo e por isso regressado ao seu plano espiritual, não consiste
absolutamente no seu fim, no seu desaparecimento como ser inteligente que já
era antes de haver encarnado.
Com este ensinamento
desenvolvido nos termos que lhe são próprios, ficarão as almas encarnadas
cientes de que um dia também se transportarão deste para o seu plano de vida
espiritual, no qual se reunirão àquelas que lhes foram caras na Terra como
parentes e amigos, mas que não morrerão absolutamente porque continuarão a
viver a sua vida eterna, infinita,
juntamente a milhares de outras que conheceram e amaram em encarnações
precedentes.
Ora bem, pois. Se tudo isto
que digo é real, porque acontece, não por vontade dos Espíritos, como possa
alguém imaginar, mas em virtude de uma Lei de Deus à qual todos nós estamos
sujeitos, não há como negar ou condenar a prática do intercâmbio com o mundo
espiritual, como fonte insuperável que é de muitos e preciosos ensinamentos
para todos vós, almas encarnadas. O que é necessário ter em conta é a
autoridade espiritual das Entidades com as quais se deve travar relações de
intercâmbio, para não virem os encarnados a se deixar ludibriar por falsos
mentores. Há, porém, o meio infalível de afastar possíveis impostores de se
fazerem passar por Espíritos de Luz. A chave para isso está ao alcance de todos
e consiste apenas da elevação de uma prece sincera ao Senhor Jesus, rogando-lhe
permissão e proteção, para o trabalho que pretenderem realizar com elementos
categorizados do mundo espiritual e essa proteção ocorrerá no mesmo instante.
Nenhuma Entidade
mistificadora resiste aos efeitos de uma prece sincera ao Senhor, quando se tem
em mente a realização de um trabalho sério com assistência ou patrocínio de
Entidades invisíveis.
Resolvi tornar o assunto
supra para tema deste capítulo, meus queridos filhos e filhas, pela necessidade
e urgência de se proceder a uma reforma substancial em torno dos ensinamentos
religiosos na Terra. Existe já uma corrente de pensamento filosófico digna dos
nossos aplausos, pelo fundo de verdade em que baseia os seus ensinamentos. É a
corrente espiritualista, à qual eu me filiei em minha última estada na Terra,
após ter sido monja em pelo menos duas outras encarnações. Ao regressar ao
Alto, após aquelas duas encarnações anteriores, eu pude verificar que bem pouco
útil havia sido a minha vida, pelo nada
ou quase nada que consegui realizar em favor dos demais. Enquanto na última
existência vivida entre vós, eu dediquei todos os meus pensamentos e esforços à
causa espiritualista, tanto pela pena como pela palavra, pelo conselho sempre
ministrado em todas as oportunidades. Ao regressar ao meu plano de vida no
Além, tive a satisfação imensa de constatar o acerto dos passos dados em favor
da difusão da chamada Doutrina dos Espíritos, aquela que consegue
realmente esclarecer as almas encarnadas acerca do seu futuro, e consolá-las em
seus momentos dolorosos. É para lamentar, e muito, pois, o fato de haver na
Terra organizações ditas religiosas que combatem denotadamente o ensino
espiritualista como arte do demônio, quando o seu chefe Supremo é o Senhor
Jesus, que incentiva e abençoa todo o trabalho empreendido no esclarecimento
das almas encarnadas.
Um fenômeno interessante que
no Alto se verifica entre as almas chegadas da Terra, é precisamente quanto ao
grau de esclarecimento de que são portadoras. Enquanto as que foram adeptas de
religiões infensas ao espiritualismo, se apresentam assustadas em face da
multidão de desencarnados que as cerca, apreensivas com o que aprenderam a
denominar de fantasmas, as almas espiritualizadas sentem-se desde logo muito
felizes e à vontade, por se encontrarem cercadas de outras almas
espiritualizadas, que aprenderam a compreender desde a Terra.
Ressalta deste fato a
diferença existente entre um e outro ensinamentos religiosos ministrados na
Terra, proporcionando um, o espiritualista, a imediata compreensão e até
familiaridade com Entidades que aprenderam a estimar e até a venerar em suas
organizações espiritualistas, onde muitas vezes as ouviram dissertar sobre as
leis espirituais. Enquanto as outras almas, embora seguidoras da mesma doutrina
do Senhor Jesus, foram ensinadas a repudiar como demônios os Espíritos de Deus,
e ao encontrarem-se com eles no Alto, recordam-se dos ensinamentos recebidos e
ficam preocupadas. Mas acontece em breve o seguinte a estas almas: constatando
o erro dos ensinamentos religiosos que lhes foram ministrados na Terra, como
que se revoltam contra eles, e aderem imediatamente à teoria espiritualista das
reencarnações sucessivas, como o único meio de chegar cada alma à perfeição e à
luz espiritual.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.
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