As coisas que acontecem às
almas encarnadas na Terra, acontecem semelhantemente em todos os planos do
Universo, e fazem parte do processo evolutivo de todos os seres viventes em
cada um desses numerosos planos. As coisas que todos vós registrais ao longo da
existência anual de almas encarnadas, têm todas o seu lado útil para cada um de
vós, embora possais registrar algumas menos agradáveis ou menos felizes a vosso
próprio juízo. O que, entretanto, haveis de constatar, é que uma experiência a
mais tenha sido aproveitada em face do acontecido, experiência que todos vós
assinalastes para sempre.
É certo que certas coisas
acontecem às almas viventes neste vosso plano atual, para cujo acontecimento
não tenhais contribuído. Nestes casos, que não são raros, tereis sido
envolvidos no acontecimento em que tereis sido parte, e dele colhereis também
alguma experiência, mas colhereis igualmente compensações de ordem espiritual
que se transformarão em bênçãos para vós, enriquecendo o vosso diadema. O que
cumpre, então, a quantos vivem a vida terrena, para que possam, ou livrar-se de
envolvimento por acontecimentos pertinentes a terceiros, ou se conservarem
imunes aos mesmos, é estarem permanentemente ligados à fonte do supremo bem que
é o Nosso divino Mestre Jesus, donde emana toda assistência e proteção para as
almas encarnadas em suas necessidades ou vicissitudes. O hábito da prece é,
nestes casos que podem surgir no vosso caminho, o elemento maior e mais eficaz
ao vosso alcance em quaisquer circunstâncias.
Haveis de constatar todos
vós, meus queridos, que eu, assim como os emissários que vieram ao vosso
ambiente ditar outros livros, todos nos apoiamos nesta grande recomendação em
torno da necessidade do hábito da prece. Eu direi então que esta recomendação
justificaria por si só a vinda de tantas Entidades evoluídas ao vosso meio
terreno, porque, efetivamente, é da prece que mais necessitam as almas
encarnadas para vencer os obstáculos de toda a sorte que encontram ao longo de
sua existência na carne. Livrando-se dos obstáculos por meio da prece, estarão
aumentando paralelamente a própria luz espiritual, objetivo único de sua vinda
mais uma vez a este proclamado vale de lágrimas.
A propósito deste
qualificativo dado ao mundo terreno, o qual não é de todo sem fundamento, eu
vos contarei um episódio bastante elucidativo. Encontravam-se no Alto certa vez
duas almas afins, cuja estada nesse plano já se prolongava bastante, ambas
desejosas de aumentar a luz espiritual. Como tal coisa só se possa conseguir
mediante a sequência de encarnações no plano físico, que é este a que chamais
vale de lágrimas, aquelas duas almas decidiram empenhar-se junto aos seus
Dirigentes Espirituais para deles conseguirem a necessária permissão para
reencarnarem. Atendidas carinhosamente, pelos Dirigentes do seu plano, as duas
almas expuseram o seu grande desejo de voltarem à Terra uma vez mais em busca
de maiores luzes, rogando inclusive a graça de na Terra se encontrarem e juntas
viverem a sua reencarnação. Ouvidas as suas rogativas com o carinho dispensado
pelos Dirigentes Espirituais aos seus dirigidos, houveram aqueles por bem
ponderar às duas almas a circunstância de ser a Terra designada por vale de
lágrimas onde de fato as almas sofrem às vezes dolorosamente, vertendo copiosas
lágrimas em seu trajeto. As duas almas ouviram atentamente a ponderação e
concordaram em reencarnar assim mesmo, certas, diziam, de que cada lágrima
vertida na Terra deve corresponder a uma aresta que se desprende da alma, a
qual desta maneira se eleva e ilumina. A permissão foi então concedida às duas
almas afins e estas tiveram marcado o mês e dia do seu nascimento, em lugares
muito distantes na Terra.
Passaram-se meses e anos com
o contínuo movimento circular da esfera terrestre, enquanto as duas almas afins
desenvolviam os respectivos veículos físicos, sem qualquer recordação do que no
Alto se passara para a sua vinda à Terra. Este fenômeno verifica-se
infelizmente com todas as almas que reencarnam, olvidando por completo a
memória espiritual deixada no plano em que no Alto viviam. Isto explica também
o fato de muitas almas encarnadas enveredarem por caminhos outros que não
aqueles que prometeram seguir na Terra para a realização dos objetivos visados.
Um único meio existe então, para que possa cada alma encarnada ou ser humano,
recordar planos, compromissos e objetivos determinantes da sua presente estada
na Terra. Este meio que nós não nos cansamos de recomendar a todos vós, pelo
nosso grande empenho em que consigais romper a treva das vibrações inferiores e
elevar-vos decididamente para a luz e para o Alto, este meio consiste
efetivamente na prece diária, na prece sincera do vosso coração dirigida ao
coração magnânimo do Senhor, sendo, como disse, o único pelo qual podereis
recordar em vossa memória física quanto deixastes guardado na memória
espiritual.
Volvamos, porém, às duas
almas reencarnadas em lugares distantes do vosso mundo, vivendo a vida
instintiva como todas as demais, olvidadas de promessas e compromissos firmados
no Alto. Dizeis vós com muita propriedade que o mundo dá muitas voltas e numa
dessas voltas muitas pedras se encontram. Este conceito é verdadeiro porque em
verdade, as criaturas constantemente se deslocam na Terra, podendo talvez
contar-se as que nascem, vivem e desencarnam nos mesmos lugares de nascimento.
Sucedeu, pois, que uma das almas afins se deslocou a seu tempo do lar em que
nascera e, conduzida inconscientemente por Forças Superiores, foi pousar ou
aportar precisamente na cidade, vila ou metrópole em que a outra vivia despreocupadamente
a sua vida simples de alma inteiramente olvidada de promessas e compromissos
firmados no Alto.
Há um ditado muito certo que
todos conheceis, o qual diz que o que tem de ser traz força, e assim sucede
realmente. As Forças Superiores se incumbem de movimentar e conduzir as almas
encarnadas seguindo os reais objetivos e finalidades de cada uma, suprindo
dessa maneira a ausência das recordações de cada alma em sua memória física.
Desta maneira foi que vieram a encontrar-se as duas almas afins no mesmo núcleo
populacional onde uma delas havia nascido. As duas haviam prometido procurar-se
até se encontrarem na Terra, fossem quais fossem as dificuldades ou obstáculos
a vencer para isso. Assim aconteceu realmente. As duas almas encontraram-se, é
certo, mas não se reconheceram, em consequência ainda do olvido de sua memória
espiritual. As Forças Superiores, porém, se incumbiram de as aproximar por
inspiração de outras mentes, fato que realmente as aproximou pelo despertar
duma grande simpatia recíproca. Tal acontecimento teve lugar na segunda década do
século XX, e as duas almas afins se uniram desde então, constituindo
provavelmente o lar mais harmonioso e feliz do século. No momento em que
escrevo, as duas almas ainda permanecem, contentes, amando-se reciprocamente
como desde o Alto, atestando com isso que o mundo terreno pode ser considerado
vale de lágrimas apenas para quantos esqueceram suas promessas feitas
solenemente no Alto, e aqui perambulam tateando os caminhos terrenos, vertendo
lágrimas de dor cada vez que sentem nos pés o contato das urzes e espinhos que
não conseguiram afastar. Para almas, porém, que adotaram desde cedo o hábito de
orar a Jesus com o mesmo fervor com que se entregam ao alimento de sua matéria,
para essas almas a Terra já deixou de ser aquele vale de lágrimas de que
falais, para se constituir num estágio necessário à aquisição de maiores luzes
espirituais. Eu falo-vos desta maneira a respeito das duas almas irmãs que
realizaram na Terra o seu objetivo na presente jornada, porque as conheço muito
de perto e acompanho com atenção o desdobramento de suas atividades neste
plano. Eu e várias outras Entidades evoluídas percorremos periodicamente o
ambiente terreno, com o propósito de identificarmos os lares onde a harmonia e o
amor se hajam realmente instalado, tendo a felicidade de podermos já hoje
contar um bom número deles. Verificamos, outrossim, que quando os lares
terrenos são construídos por almas realmente afins, da mesma elevação
espiritual, a vida se constitui para essas almas um feliz passatempo, não
obstante os percalços naturais da existência a que muito poucas ou nenhuma alma consegue
fugir.
Em minhas vindas ao vosso
meio nesta tarefa de identificação dos lares harmoniosos, eu tenho adotado
hospedar-me incógnita em vários deles para melhor sentir o ciclo vibratório de
cada um. E quando tenho a ventura de me hospedar num lar como tenho encontrado
muitos, felizmente, em que o entendimento das almas que o compõem se constitui
a constante desse lar, de par com o apuro de linguagem usada pelos seus
ocupantes, eu vos confesso, minhas filhas e filhos queridos, que me sinto
nesses lares tão bem, tão feliz, que a eles procuro voltar sempre que se me
ofereça oportunidade.
Um desses lares, repito-o
aqui, onde muito me apraz hospedar-me, é o constituído por aquelas duas almas
afins, às quais me venho referindo. Aprecio sobretudo nesse lar o método
estabelecido desde muito em sua vivência, dividindo os encargos
administrativos. Estabeleceram aquelas duas almas um método que muito tem
contribuído para a sua harmonia e felicidade. À esposa foi atribuída a
administração interna do lar, com poderes de resolver todas as questões
relacionadas com os servos, a alimentação, os serviços internos, e por último
também a administração das economias do casal. À outra parte incumbe a formação
dos recursos da família pelo seu trabalho, e opinar quando necessário nos
assuntos internos. Com este método de vida não existem as questiúnculas tão
frequentes noutros lugares, sendo tudo resolvido na mais perfeita harmonia
entre as duas grandes colunas do lar. Eu ocupei-me deste caso no presente
capítulo, pelo meu grande desejo de que esse método se estenda a todos os
demais lares terrenos, a fim de que a felicidade e a harmonia neles se instalem
também e para sempre. Tenho apreciado igualmente em outros lares que tenho
visitado, o que muita me agrada e conforta, o sentimento de respeito e
consideração manifestado pelos filhos para com os pais, em consequência, aliás,
da maneira pela qual esses filhos receberam dos pais os princípios
insubstituíveis da educação doméstica, que só os pais sabem dar — quando sabem
e se acham em condições de dar.
Existe, porém, infelizmente,
o outro lado da medalha, minhas filhas e filhos queridos. Tenho tentado em vão
permanecer em lares de tal maneira desarmonizados em face do desentendimento
existente entre seus responsáveis, que eu muito deploro, e deles me afasto
verdadeiramente desconsolada. Não os abandono, porém. Retornando ao Alto,
realizamos reuniões de prece por esses lares e seus ocupantes, com o fim de
emitirmos vibrações de amor e entendimento sobre eles, e algo já podemos
registrar em favor desse objetivo. Nesses lares assim desarmonizados,
desentendidos, é que se encontra o verdadeiro vale de lágrimas, alimentado
pelas dificuldades e sofrimento das almas que neles vivem sua existência
terrena, inteiramente esquecidas de que a prece fervorosa elevada diariamente
ao Senhor Jesus ou ao Pai Celestial, constituem o mais sólido amparo de que
tanto carecem para superar todos os percalços da vida.
Eu vos declaro então, em
face da minha experiência, que a Terra
só pode merecer o conceito de vale de lágrimas, daqueles que tenham olvidado
por completo a memória espiritual e não se esforcem em recobrá-la. Porque para
aqueles que oram diariamente do íntimo d'alma o conceito que fazem da Terra é
de uma verdadeira escola viva, onde vieram para estudar e progredir
espiritualmente.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.
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