Passa já da hora o vosso despertar espiritual . . . Saiba que a tua verdadeira pátria é no mundo espiritual . . . Teu objetivo aqui é adquirir luzes e bênçãos para que possas iluminar teus caminhos quando deixares esta dimensão, ascender e não ficar em trevas neste mundo de ilusão . . .   Muita Paz Saúde Luz e Amor . . . meu irmão . . . minha irmã

segunda-feira, 31 de julho de 2017

CAPÍTULO LXV – Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Estátua simbolizando a Primavera numa bela figura de mulher anunciando a fartura. — Foi à mulher que o Criador conferiu os mais importantes poderes na Terra. — O símbolo do Arrependimento segundo o artista. — O inverno.




A visita que estamos fazendo à Exposição de Belas-Artes num dos mais luminosos planos do mundo espiritual, tem-me fornecido inspiração para abordar e desenvolver vários temas estreitamente relacionados com a vida das almas encarnadas. E eu espero encontrar nas obras expostas outros motivos igualmente importantes para os comentários que ainda conto fazer neste livro, a fim de que possais regular os atos da vossa presente existência, segundo os princípios que mais vos favoreçam na aquisição das luzes e bênçãos que viestes buscar na Terra. Assim, pois, vamos prosseguir em nossa visita à grande Exposição de Belas-Artes.

Vamos admirar ainda no setor da escultura o que mais possa despertar a nossa atenção, dado o grande número de trabalhos expostos. Aqui está ao nosso lado, alegre e sorridente, a bela alma que nos serve de cicerone, e que tão inteligentemente nos tem ministrado a explicação e interpretação a respeito das obras expostas.

— Bela alma, o que deveremos apreciar hoje ainda neste setor da escultura? Que novos trabalhos nos sugeres visitar?

— Alma Excelsa! Eu gostaria de mostrar a totalidade das obras expostas, que são numerosas, e todas muito belas e interessantes. Sugiro então examinardes esta que aqui está. Foi modelada por uma verdadeira alma de artista, autora também de outros trabalhos. Esta estátua simboliza a Primavera, segundo a concepção do artista. Examinai-a, Alma excelsa. O artista imaginou simbolizar a Primavera nesta bela figura de mulher, por considerar tratar-se da mais bela das quatro estações. Ele se esmerou de tal maneira em sua concepção, que aqui nos apresenta nesta bela escultura, a sua idéia da Primavera. Como seja esta a estação em que as árvores se cobrem de flores, e também os prados e os jardins, eis a figura da Primavera tomada de flores, dando-nos a impressão de ser ela própria feita de flores. Examinemos este detalhe na base. Vemos aqui como que saudando a Primavera vários representantes do reino animal numa atitude de contentamento pela chegada da mais bela estação do ano, aquela em que todos eles iniciam uma nova vida, em que uns e outros se procuram, se aproximam para o amor e para a vida. Nesta mão estendida da Primavera, vieram pousar estas duas avezinhas atraídas por estes poucos grãos de alimento que a Primavera lhes oferece em sua mão espalmada. O artista pretendeu significar neste detalhe o início da fartura para os seres viventes no plano terreno, nesta fase em que uma nova vida se desperta por toda a parte. Mas vejamos ainda este outro detalhe. O artista colocou na outra mão da Primavera esta delicada cestinha contendo algumas flores de árvores frutíferas, sobretudo das cerejas, como a anunciar para breve o aparecimento destes saborosos frutos. Mas há na cesta ainda outras flores indicativas da próxima colheita dos respectivos frutos, desenvolvidos na seiva de cada espécie pelas irradiações benéficas da Primavera, a estação mais bonita e agradável para todos os seres viventes no solo terreno. Para coroar a obra, como vedes, Alma Excelsa, o artista imaginou com muita propriedade esta bela coroa de jasmins que tanta graça veio emprestar à fisionomia da estátua.

É realmente belo este trabalho, bela alma. Sua concepção e realização refletem bem a mais bela das quatro estações. Este lindo rosto de mulher coroado de flores, traduz bem o despertar da vida na Terra, após os sofrimentos impostos pela neve e, para muitas almas, algumas privações bem duras na fase do inverno.

Cabe então aqui, almas queridas, um pequeno comentário a respeito da Primavera, representada nesta obra que estamos apreciando. O artista foi muito feliz em esculturar uma figura feminina como símbolo da Primavera, porque em verdade foi às almas femininas que a bondade do Criador conferiu os mais belos e importantes poderes na Terra. As almas femininas foram dotadas de poderes tão importantes, que, utilizados com propriedade e inteligência na Terra, poderão operar verdadeiras maravilhas no seu próprio, assim como no interesse geral. Assim como sabemos ser na Primavera que se despertam na seiva das plantas as radiações criadoras que aos olhos humanos se apresentam na forma de suas flores precursoras dos saborosos frutos, também se concentram nas almas femininas os poderes capazes de imprimir à coletividade humana os sãos princípios do amor ao próximo, para que se instale no solo terreno igualmente o princípio da harmonia e do entendimento geral. Se percorrerdes atentamente as páginas da história, lá encontrareis pelo menos um nome de mulher como incentivadora, tanto dos fatos que levaram as nações aos conflitos armados, como daqueles que se assinalaram no mundo como acontecimentos grandiosos e úteis à coletividade. Em todos esses acontecimentos ireis encontrar um nome de mulher como elemento incentivador por excelência, no uso das faculdades e poderes persuasivos recebidos do Criador. Sirva então isto de incentivo a todas as almas viventes em corpos femininos, para que, como autênticas primaveras da vida terrena, só façam uso das suas belas faculdades e poderes persuasivos para o bem geral da coletividade, tal como procede a estação primaveril que vos visita anualmente.

Isto posto, vamos prosseguir em nossa agradável visita aos belos trabalhos aqui expostos.

— Aonde nos levas agora, bela alma?

— Temos aqui bem perto uma outra obra digna da vossa visita, Alma Excelsa. Ei-la, aqui está. Esta alentada escultura foi construída para simbolizar o Arrependimento. É bem curiosa, como podeis ver. Quase se poderia dizer que se trata de uma criatura humana sem cabeça, o que é bastante curioso. Examinai-a de perto, Alma Excelsa.

Realmente, bela alma! Está aqui bem refletido o gesto do arrependimento, segundo a imaginação do artista. Vejo que a figura traz a cabeça escondida sob as vestes, certamente porque o seu ato, do qual tanto se arrependeu, não lhe permite olhar de frente para os semelhantes. Então ele resolveu esconder a cabeça sob as vestes.

A idéia é perfeitamente acatável, almas queridas. Há fatos ocorridos na vida de muitas almas, dos quais o Arrependimento as aconselharia a se esconderem do público. O artista simboliza semelhante atitude escondendo a cabeça da estatueta sob as próprias vestes, com o que bem representa o Arrependimento imposto pelas atitudes impensadas de certas criaturas.

Esse sentimento, porém, não é daqueles que nós chamaremos irremediáveis. Não, almas queridas. Para os arrependidos há sempre remédio eficaz e ao alcance de todos. Para o Arrependimento existe o remédio da oração, do pedido sincero do perdão ao Senhor Jesus. O fato, mesmo, de alguém se arrepender sinceramente de algo praticado impensadamente ou por influência de terceiros, já representa por si mesmo o princípio da absolvição. Há, necessariamente, grande variedade de atos que podem levar seus autores ao arrependimento. A circunstância peculiar a cada um desses atos é que determinará a sua maior ou menor gravidade. Quando, por exemplo, um ato dessa natureza praticado contra uma alma semelhante, vivendo também a sua vida terrena, possa acarretar-lhe sofrimento ou prejuízo material, pode o autor desse ato ressarcir o prejuízo ou compensar o sofrimento infligido, com outro gênero de procedimentos capazes de eliminar de sua mente o arrependimento que nela se haja implantado. Se, entretanto, o ato praticado tiver importado em fato de maior gravidade, como, por exemplo, a supressão da vida de uma alma semelhante, nesse caso somente a misericórdia divina terá poderes para eliminar da mente do autor o arrependimento que nela se instalou: E de que maneira? — indagareis vós, almas queridas. Eu vos direi, então, que somente a prece sincera, fervorosa, do arrependido, poderá eliminar da sua mente, ou da sua consciência, o sentimento indesejável do arrependimento. O Senhor Jesus, ao receber a prece continuada duma alma arrependida em tais circunstâncias, transforma-a em luzes e bênçãos para a alma sacrificada, ao mesmo tempo em que acalma e tranquiliza a mente arrependida. E se esta decidir utilizar-se deste luminoso recurso da prece por muito tempo, por toda a sua vida, por exemplo, então um fenômeno se verificará ao partir ela própria deste mundo e regressar ao seu plano espiritual. A alma que assim proceder, que resolver orar a vida inteira por outra por ela sacrificada, terá contribuído de tal maneira para a iluminação da vítima, que ao encontrá-la no mundo espiritual será por ela recebida já como alma amiga, benfeitora, e não como algoz.

Vede, almas queridas, como pode ser praticada a prece sincera ainda com este belo resultado. Duas almas que na Terra se desentenderam e uma sacrificada pela outra, resultarem tornar-se verdadeiras amigas no plano espiritual, graças aos benefícios maravilhosos da prece. Casos desta espécie existem vários no Alto, felizmente. Se todas as almas que na Terra infringiram a Lei divina do não matarás, se arrependerem verdadeiramente desse ato e decidirem recorrer à prece sincera em favor da alma sacrificada, se não eliminarem de todo os efeitos da lei cósmica, terão conseguido reduzi-los ao mínimo em sua próxima encarnação. Eis, almas queridas, o comentário que esta escultura me sugere, e que eu considero da maior utilidade para todas as almas encarnadas de todos os tempos.

— Que mais tens para nos mostrar de importante, bela alma?

— Vejamos aqui bem perto este outro trabalho que o artista denominou o Inverno. Vede, Alma Excelsa, o que a imaginação do artista concebeu para simbolizar o Inverno. Vemos esta figura de homem arruinado pelo cansaço nesta pedra que encontrou no seu caminho, depois, certamente, de haver percorrido a longa estrada que aqui vemos bem nitidamente. Seus cabelos da cor do algodão já foram louros, certamente, quando menino, enegreceram com os anos, e por fim embranqueceram os fios que conseguiram resistir à sua própria neve. É uma figura de homem forte a deduzir pelas sandálias, pelo volume dos braços, e pelo rosto enérgico. Foi feliz o artista nesta concepção, como estamos vendo. Ele pretende simbolizar nesta figura humana o corolário de todas as almas encarnadas na Terra, representadas neste velho de tez cansada de lutar na Terra pelo pão de cada dia, não acha, Alma Excelsa?

Sim, bela alma. Esta figura de homem simbolizando o Inverno está bem imaginada. O Inverno é isso mesmo, realmente. O homem, nascido menino, depois crescido, jovem, e mais tarde amadurecido, vai percorrendo as quatro estações anuais do mundo terreno, para concluir a jornada na atitude que estamos vendo. Eu desejo esclarecer, contudo, que esta bonita escultura apresenta-nos apenas o lado externo da vida humana, que é simplesmente o veículo da alma. Se pudéssemos encontrar aqui ao lado desta figura exausta de lutar e viver, a alma que tal veículo teria animado, por certo que a encontraríamos bastante iluminada, radiosa e feliz, ao contrário deste homem cansado de caminhar.

É um ponto que eu muito desejo esclarecer a todas vós, almas queridas, este de que, ao passo que o corpo vai envelhecendo pelo perpassar dos anos de trabalho e permanência, a alma, bem ao contrário, se torna cada dia mais bela, radiosa e feliz em virtude das luzes e experiências adquiridas. Ao se desprender do corpo de carne, a alma se apresenta no mundo espiritual com toda a sua luminosidade num corpo fluídico em tudo semelhante ao deixado na Terra, porém isento dos sinais de cansaço demonstrados nesta escultura que temos a satisfação de analisar. Guardai, então, bem estas minhas palavras, almas queridas. Ainda que chegueis a esgotar na Terra as energias do corpo em vossas atividades constantes, ao regressardes ao Alto, vos apresentareis almas jovens, iluminadas pela experiência que tiverdes podido adquirir na Terra, e não alquebradas ou vencidas pelas vossas lutas terrenas. O que apenas se faz necessário ter em vista cada uma das almas encarnadas é o fator luz resultante de suas ações. O fator luz é que determina em todas as almas o seu índice de progresso na escala espiritual, e nenhum outro fator estreitamente relacionado com a vida material. Pode uma alma cumprir um programa de vida terrena, bastante pobre de sucessos ou de bens materiais, e no entanto ser capaz de refletir perante o Divino Mestre uma trajetória particularmente propícia à evolução da alma. Uma alma que assim tenha podido cumprir um programa de vida terrena, orando com devotamento e sinceridade ao Senhor todo o santo dia, ainda que não possa registrar determinado índice de prosperidade material, ela contará, contudo, uma pequena ou grande fortuna expressa em luminosidade no seu diadema espiritual. Ao se despedir da matéria para reingressar no seu lar espiritual, esta alma sentir-se-á imensamente mais feliz do que se na Terra houvesse possuído uma grande fortuna em bens terrenos. Estes, como sabeis de sobra, sendo terrenos, à Terra pertencem e nenhum reflexo oferecem às almas que os tenham edificado. Estas, partindo da Terra, não mais os aproveitam, uma vez que para nada lhes podem servir no mundo espiritual. Guardai bem isto, filhas e filhos que eu muito amo.

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu os ofereço de todo o coração.

CAPÍTULO LXIV – Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Uma alegoria simbolizando a Poesia. — A Inspiração, a Graça e a Beleza reunidas numa escultura. — Uma homenagem à Verdade. — Outra escultura simbolizando a Mentira: crustáceo, ofídio, ou outro animal horrendo? — Feio, traiçoeiro, horrendo mesmo.




A Exposição de belas-artes que estamos visitando, almas queridas, não é um certame improvisado neste plano espiritual, mas um acontecimento periódico, muito apreciado pelas almas amantes deste gênero de trabalhos elaborados por Entidades de apurado gosto artístico. A Exposição é realizada anualmente e a ela concorrem estas duas categorias: os chamados artistas de tradição, e os artistas novos, muitos dos quais comparecem pela primeira vez com os seus trabalhos. Há aqui o setor dos novos, como é designado, e este que estamos percorrendo onde se apresentam os trabalhos elaborados pelos artistas de tradição. Vamos prosseguir então em nossa visita ainda ao setor da escultura, a fim de apreciar outros trabalhos, em companhia desta bela alma que gentilmente nos serve de cicerone.

— O que deveremos visitar agora, bela alma?

— Temos tantos e tão belos trabalhos, Alma Excelsa, que o mais difícil é escolher os melhores. Apreciemos então este conjunto. É uma alegoria simbolizando a Poesia. O artista imaginou simbolizar a Poesia nestas três belas figuras de mulher, de uma confecção primorosa, como vêem. Esta que se encontra no alto do conjunto representa a Inspiração. A segunda colocada um pouco abaixo, portanto em segundo plano, representa a Graça; e esta terceira, colocada no mesmo plano, representa então a Beleza. Quer o artista significar que a Poesia para ser autêntica deve possuir a Inspiração, a Graça e a Beleza. É esta a concepção plasmada neste belo conjunto de três almas femininas, com o objetivo de traduzir o seu pensamento a respeito da Poesia.

Vede, almas queridas, o que o artista entende necessário à verdadeira Poesia: Inspiração, Graça e Beleza, no que eu estou de inteiro acordo. Efetivamente, para alguém expressar sentimentos poéticos, que são próprios das almas refinadas, necessita de traduzi-los de maneira que neles se encontrem essas três características, que eu denominarei aqui de divinos dons. Fazer alguém Poesia, é penetrar mentalmente nos planos mais elevados da vida universal, nos quais possa receber os divinos dons da inspiração, da Graça e da Beleza, traduzido-os então segundo o seu estado d’alma. A Poesia que conheceis neste mundo terreno pode ser considerada ainda no seu estado infantil, salvo raros momentos poéticos vividos aqui por algumas almas bem dignas dessa consagração. A arte poética é cultivada nos planos superiores do mundo espiritual em tão elevado grau de refinamento, como não podereis imaginar enquanto viverdes na Terra. Se tempo houver em nossa estada atual nesta Exposição eu terei grande alegria em vos conduzir ao Palácio da Poesia, onde tereis a ventura de entrar em contato com as mais belas concepções poéticas. Lá se reúnem diariamente as almas mais devotadas a este importante setor da expressão humana, estudando cada qual o seu ramo predileto segundo a forma e refinamento artístico. Comparecem lá igualmente em grande número almas desejosas de conhecer de perto as belas obras poéticas ali expostas, e também para se deleitarem com a declamação de importantes momentos poéticos pelas almas mais categorizadas que comparecem. O Palácio da Poesia é talvez um dos monumentos mais visitados no mundo espiritual pelas almas mais aprimoradas, e a tal ponto, que nos dá em certos dias a impressão de se estar realizando ali alguma festividade, tão grande é o número de almas presentes. Resulta deste interesse assim demonstrado pelas almas do Além no conhecimento dos mais belos momentos poéticos, como costumamos designar os trabalhos produzidos pelos poetas do Além, que o sentimento da poesia vai penetrando em todas as almas para se manifestar a seu tempo em novas expressões desta bela arte.

Em princípio podemos considerar que uma alma encarnada que se demonstre cultora ou aficionada da arte poética, já alcançou um grau assaz elevado de refinamento espiritual que lhe permite penetrar naquele plano, onde moram estas três figuras tão bem plasmadas neste conjunto que estamos apreciando: a Inspiração, a Graça e a Beleza, cujo semblante, como vedes, é todo alegria. Uma alma encarnada, por conseguinte, possuidora de determinado grau de refinamento espiritual encontra maior ou menor facilidade em se expressar através da poesia, como tereis podido constatar entre pessoas vossas conhecidas. Mas vamos prosseguir na visita. Eu desejei fazer o comentário que aí fica com o objetivo de chamar a vossa atenção para este detalhe da vida: as almas devotadas ao cultivo da poesia, e que já conseguem expressar através dela as suas idéias, são almas já em fase adiantada de refinamento espiritual, e bem próximas da sua redenção.

Prossigamos, porém, almas queridas. Vejamos esta bela escultura que parece feita de prata brilhante, tão bela se nos apresenta. Ouçamos a nossa bela cicerone.

— Esta escultura, Alma Excelsa, representa a homenagem do artista à verdade, segundo a sua concepção. O autor concebeu expressar assim a Verdade, construindo esta figura brilhante assim prateada, para significar o que ele acredita ser realmente a Verdade. Na concepção do artista a Verdade deve ser clara e brilhante, sem a menor nuança, para que não haja o menor sofisma na sua expressão. Escolheu também esta figura de mulher para expressar a Verdade, em homenagem ao sexo feminino. Também preferiu esta coloração prateada por lhe parecer mais adequada e ao alcance de todas as posses humanas. Esclareceu o artista que a Verdade bem merecia aparecer esculturada no metal mais caro, que houvesse, em face de ser ela própria a expressão mais preciosa na vida de todas as almas do Universo. Considerou, porém, que se assim procedesse, fixando o símbolo da Verdade em metal muito caro bem merecido, aliás, ele colocaria a Verdade unicamente ao alcance das classes mais abastadas, ou seja, dos ricos, quando a Verdade deve prevalecer tanto nas classes ricas como nas classes pobres. E concluiu então o artista por construir em prata este símbolo da Verdade que aqui está.

— Magnífico, minha filha! Estamos encantadas com a interpretação que nos dás, da concepção do escultor da Verdade.

Por minha vez vos direi, almas queridas, que concordo inteiramente com a concepção do artista, pois que a Verdade deve ser situada em todos os setores da vida, assim como deve constituir o ornamento espiritual de todas as almas. Uma alma que estabeleça como norma de sua vida a Verdade, e que à mesma se filie em todos os seus atos, esta alma pode ter a certeza de poder realizar a sua caminhada terrena livre dos escolhos tão comuns a quantos se afastam dos sãos princípios da Verdade. Uma alma amante apaixonada da Verdade pode considerar-se livre da prática de atos capazes de afastá-la desse belo princípio, e de caminhar assim em linha reta em direção ao seu desejado progresso espiritual. Construindo o artista a Verdade numa estátua de prata ou apenas prateada, ele imaginou muito acertadamente colocar esse belo princípio ao alcance de todos, como de fato assim deve ser. Sobre a necessidade de estabelecerem todas as almas o princípio da Verdade como norma de vida terrena, muito ainda pode ser dito no interesse geral. Assim, por exemplo, uma criatura amante da Verdade jamais concordará na prática de um ato contrário a esse belo princípio, ainda pela circunstância de não poder mencioná-lo em determinado e imprevisto momento, porque poderia ter necessidade de negar esse ato, com o que estaria faltando à Verdade. Desta maneira, para que uma tal circunstância não surja em vossa vida, almas queridas, o melhor, como vedes, é praticar só e exclusivamente os atos confessáveis em perfeita homenagem ao belo princípio da Verdade. Creio que podemos prosseguir.

— Bela alma, o que de importante terás para nos mostrar em seguida?

— Depois deste símbolo da Verdade, podemos apreciar este outro trabalho do mesmo autor da Verdade: é o símbolo da Mentira. Eis o que o artista concebeu para simbolizar a Mentira em forma de escultura. Bem vejo o horror que o objeto vos causa, Alma Excelsa. Ele é realmente o trabalho mais horrendo que há nesta Exposição. É difícil, como vêem, definir com precisão se se trata de figura humana ou de bicho. Ao contrário da Verdade aqui ao lado que é de prata brilhante, a Mentira é deste negro arroxeado difícil de definir. A figura imaginada pelo artista também se torna difícil de identificar se é crustáceo, ofídio, ou outro animal horrendo nesta atitude que nos leva a traduzir uma expressão traiçoeira, disposta a nos assaltar. Explica o artista que contra os assaltos da Mentira, sempre traiçoeiros, imprevistos, devemos conservar-nos permanentemente prevenidos. A Mentira é tão má, tão hipócrita e insidiosa em suas manifestações, que devemos manter-nos em harmonia com a Verdade, para derrotarmos a Mentira sempre que a mesma tente assaltar-nos. Esta é a interpretação do próprio artista ao idealizar este horrendo símbolo da Mentira.

— Eu te agradeço, sensibilizada, minha filha, a tua interpretação tão clara deste trabalho, realizado mesmo assim horrendo para nos afastar sempre dos assaltos da Mentira.

Vede, então, almas queridas, a grande diferença imaginada pelo artista, que deve ser uma alma de grande refinamento, entre os aspectos de dois sentimentos humanos: e que traduz a Verdade, límpida, prateada, brilhante, e este outro que simboliza a Mentira, feio, horrendo mesmo, caracterizado por esta figura indefinível de animal em atitude de nos atingir de modo imprevisto, traiçoeiro. Livrai-vos, pois, da Mentira em todas as circunstâncias, almas queridas, deste bicho terrível que aqui se nos apresenta, ora como ofídio ora como crustáceo, ou outro semelhante, nesta atitude de bote a qualquer instante sobre a alma desprevenida. Ficareis então sabendo que só a Verdade vencerá a Mentira, por mais alentada e poderosa como possa apresentar-se. E se vos apoiardes diariamente na Verdade em seus vários aspectos, certas estareis então, almas queridas, de que vos não atingirão jamais os botes traiçoeiros da Mentira. E no dia em que todas as almas encarnadas se tornarem cultoras sinceras da Verdade, desaparecerá então, perecerá de inanição, a traiçoeira e detestável Mentira da superfície terrena. Isto acontecerá muito breve, em face do nível moral e espiritual das almas que estão sendo selecionadas no Alto para encarnar na Terra, e também em face de muitas outras que já aqui se encontram.

Gostaria de estender o meu comentário neste sentido a vários outros aspectos condenáveis da Mentira no ambiente terreno, porém o coração me diz que cada uma de vós, almas que eu muito amo, vos encarregareis de os descobrir ao longo das vossas atividades. Conveniente me parece entretanto, frisar um ponto que deve merecer a vossa melhor atenção, que é adequação dos vossos filhos. Procurando incutir neles o princípio da Verdade e o repúdio à Mentira, desde que comecem a entender as palavras e as coisas, estareis fazendo-lhes um grande bem, porque plantando a boa semente em terreno no qual a mesma deverá frutificar abundantemente. E mais tarde, quando puderdes testemunhar tão belos frutos plantados por vós, haveis de sentir brilhar em vossas almas a recompensa do Senhor em luzes e bênçãos pela bela sementeira que soubestes fazer no devido tempo. Uma boa parte dessa recompensa vos chegará inclusive dos vossos próprios filhos, ao recordarem as vossas palavras em sua infância, fazendo dos mesmos novos cultores da Verdade.

Convém terdes também em vista o fato muito comum, de estarem encarnando almas não raro de maior evolução do que as dos próprios pais, e portanto aptas a compreender e assimilar de pronto os ensinamentos que ouvirem, tanto de ordem material como de ordem moral, entre estes o do culto apaixonado da Verdade. Mais tarde, ao recordarem em sua memória física o belo ensinamento recebido no lar, eles se demonstrarão agradecidos aos pais, emitindo vibrações que o Senhor transformará em outras bênçãos e luzes para os progenitores. Como o tempo de que hoje dispomos está a findar-se, não nos permitindo ir mais adiante, atentemos um pouco mais nestas duas interessantes esculturas, sobretudo nesta da Verdade, tão agradável ela se torna à nossa contemplação. Vejamos a delicadeza da imaginação do artista, na concepção deste belo símbolo da Verdade, mas igualmente na perfeição do trabalho que aqui nos apresenta. Esta linda figura de mulher de fisionomia tão simpática que parece cumprimentar-nos num sorriso apenas ensaiado, bem reflete o sentimento mais aprimorado na imaginação do artista. Os cabelos assim deixados cair com esta simplicidade, traduzem bem a ausência de preocupação quanto à expressão da própria Verdade, que deve ser simples, exata, sem artifícios. Assim deve ser encarada, portanto, a expressão da Verdade em todas as circunstâncias da vida humana: exata, simples, livre de artifícios, para poder ser aceita e acreditada. A Verdade sem artifícios é, por assim dizer, a Verdade verdadeira, a Verdade pura, aquela que não pode sofrer qualquer contestação. É assim, minhas almas queridas, que o Senhor deseja ver as almas encarnadas proceder em sua vivência na Terra, apenas preocupadas com o que é bom, puro e santo, como a própria Verdade. Repousemos então por hoje para voltarmos aqui amanhã a fim de prosseguir nesta agradável visita às belas-artes; onde tanto temos logrado aprender no exame dos trabalhos expostos. Até amanhã, pois, minhas almas queridas.

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo coração.

CAPÍTULO LXIII – Livro: Corolarium – ditado pelo Espírito de Maria de Nazareth ao médium Diamantino Coelho Fernandes. Escolas de belas-artes desconhecidas na Terra. — Entrevista com Miguelangelo. — O Amor sentimento. — O Amor sublimidade só Deus o pode fixar. — A Felicidade e o Amor. — O sentido da vida numa escultura monumental.




As almas que vivem no mundo espiritual, nos intervalos entre uma e outra encarnação, encontram muitas maneiras de se aprimorarem nas especialidades de sua preferência. Encontram, inclusive, numerosos cursos ministrados por outras almas mais adiantadas, nos quais aquelas que aspirarem a novos conhecimentos podem matricular-se e adquiri-los. No setor das belas-artes, por exemplo, existem no Alto trabalhos e escolas ainda desconhecidos no mundo terreno, por mais aperfeiçoados que sejam os trabalhos aqui realizados. Certamente que os elementos à disposição das Almas no Alto não são os mesmos existentes na Terra, porque bem mais refinados. No setor da pintura as almas aficionadas têm a satisfação de encontrar tintas de todas as tonalidades imaginadas à sua disposição, enquanto que na Terra os pintores se esmeram na preparação por eles próprios das tonalidades desejadas para as suas pinturas. É de justiça reconhecer, no entanto, que vários dos maiores artistas da pintura que passaram pela Terra, chegaram a confeccionar tonalidades notáveis para os seus quadros tão admirados ainda nos dias que correm. No Alto, porém, um dos fatores primordiais no gênero é a própria imaginação do artista. Se este se concentra na imaginação de uma determinada tonalidade que deseja aplicar na sua pintura, ele tem logo a satisfação de a ver ao seu alcance, independente da mistura que poderá fazer com outras tonalidades. Daí o fato de podermos contemplar nos ateliês e nas exposições de belas-artes, trabalhos que na Terra seriam considerados impossíveis de realizar.

Isto que acabo de escrever dar-vos-á uma idéia mais aproximada dos belos trabalhos de pintura que ornamentam a Exposição que estamos percorrendo, na qual já apreciamos os belos trabalhos destes verdadeiros mestres que foram na sua arte: Rembrandt, Rafael e Miguelangelo, cuja história podereis encontrar nas vossas enciclopédias. Regressando ao mundo espiritual cada qual à sua vez, sua grande preocupação continuou sendo a pintura. E de tal maneira se integraram suas almas nesta bela arte, que tudo fazem no sentido de despertar nas almas amigas este nobre sentimento. Estas grandes almas da pintura fundaram cursos gratuitos, é claro, ensinando a sua arte às almas desejosas de aprendê-la, enquanto se entregam nas horas vagas à execução de trabalhos notáveis, como aqueles de que me ocupei em capítulos anteriores. Já que estamos em visita à bela Exposição do Além, vamos tentar aproximar-nos de algum destes grandes mestres da pintura, para ouvirmos algumas das suas impressões acerca da sua arte. Vejamos se algum deles aqui se encontra. Sim, almas queridas; lá está Miguelangelo, rodeado de almas suas admiradoras. Vamos cumprimentá-lo.

— Desejamos apenas cumprimentar-te pela beleza daquele trabalho que ali está, querido mestre!

— E quem é que me vem cumprimentar! Isto me sensibiliza a alma profundamente! Gostaram, então, do meu quadro?

— Sim, mestre; nós admiramos de uma maneira especial a tua concepção maravilhosa. O Amor está ali tão bem plasmado que nos faz admirar-te e querer-te cada vez mais.

— Alma Excelsa — retrucou o artista — para alguém poder plasmar o Amor pela maneira que eu o fiz naquele quadro, é essencialmente necessário conhecer o Amor, e ter dele repleto o coração. Como vê, eu não tentei retratar um objeto, uma cena, uma paisagem. Eu me esforcei em retratar um sentimento dos mais puros que é o Amor. E como isto me foi difícil, Alma Excelsa! Para alcançar o resultado que a minha imaginação conseguiu plantar naquele quadro que exponho, eu resolvi mergulhar fundo no oceano da vida humana, em busca da inspiração que só a sua realidade nos pode oferecer. Pelo meu gosto eu ampliaria de muito as várias fases e circunstâncias em que o verdadeiro Amor se manifesta; mas não me chegaria então o reduzido espaço duma tela. Eu teria de utilizar para isso o espaço de centenas de telas reunidas, a fim de nelas poder fixar os incontáveis aspectos e fases inúmeras do Amor. Sendo-me isso impossível, eu procurei retratar então este belo sentimento em suas fases principais, segundo as circunstâncias da vida terrena. Porque, aquelas em que o Amor se manifesta no plano espiritual, em sua sublimidade, estas são absolutamente impossíveis de fixar ao mais refinado artista. Só um artista eu considero em condições de poder retratar o Amor, não simplesmente numa pintura palpável, mas imprimir a sua sublimidade em nossas almas; esse Artista maravilhoso é Deus, Alma Excelsa.

— Muito grata eu te fico, alma querida, pelas tuas belas palavras — repliquei. — Que Deus continue a inspirar-te em tua bela arte, até que possas chegar um dia a fixar em tonalidades excelsas a sublimidade do Amor espiritual, aquele que purifica, redime, e eleva as almas para Deus.

Despedindo-nos daquela Grande Alma, vamos prosseguir em nossa visita à grandiosa Exposição de Belas-Artes. Caminhemos um pouco em direção ao setor ali em frente. Apreciemos o que ele nos apresenta. Eis-nos em presença duma outra especialidade artística — a escultura, à qual igualmente se têm dedicado muitas almas na Terra. A escultura, ao contrário da pintura, é uma arte por assim dizer realista, enquanto esta se caracteriza pela imaginação. Apreciemos então estes trabalhos tão finamente executados. Gostaria de encontrar alguém que os pudesse descrever para nós, para a nossa melhor compreensão. Entendendo eu bem pouco de escultura, vejo que estes trabalhos foram modelados segundo idéias muito avançadas. Aqui está chegando uma das almas encarregadas deste mister.

— Bela alma, queres deliciar-nos com a descrição destas obras que aqui estão, sem o que não poderemos apreciá-las?

— Aqui estou exatamente para isso, Mãe Santíssima E com que alegria o faço! Iniciemos pelas obras chamadas avançadas, que são estas — e apontou-nos um conjunto de trabalhos expostos por diversos autores. E assim nos falou aquela bela alma:

— Neste conjunto escultural, o artista imaginou reunir dois símbolos representando a Felicidade e o Amor. Esta figura — a Felicidade, não podendo vir sem o Amor, procura enlaçá-lo em seus braços, com este empenho refletido nos traços fisionômicos. A Felicidade, segundo a concepção do artista, não pode prescindir do Amor para viver, e por isso aqui se apresenta de braços assim estendidos para o Amor, procurando enlaçá-lo e atraí-lo para si.

Vede, almas queridas, que bela concepção aqui se encontra neste lindo conjunto. Não podendo existir Felicidade sem Amor, porque somente os dois se completam, este grande artista imaginou plasmar as duas figuras transcendentes neste conjunto escultural.

— Magnífico, minha filha! Queres ter a gentileza de prosseguir na tua interessante descrição do conjunto?

— Aqui vemos então o Amor numa atitude que podemos dizer de observação das disposições da Felicidade, assim nesta expressão de certo retraimento, como que aguardando algo mais positivo para então se entregar à Felicidade. Desta atitude do Amor, segundo a concepção do artista, devemos deduzir que ele reluta em aceitar de pronto os anseios da Felicidade com seus braços estendidos procurando enlaçá-lo, temeroso ele de que possa tratar-se, possivelmente, de uma Felicidade mais aparente do que real. E é por isso, por causa desse receio, que o Amor reluta em acreditar na Felicidade. Esta é a idéia concebida pelo escultor ao edificar este belo conjunto, Alma Excelsa.

— Eu te agradeço de todo o coração, bela alma, a tua interpretação tão interessante para nós.

Vamos prosseguir, almas queridas. Vejamos este belo trabalho que aqui está, e qual o seu significado. A bela alma que gentilmente nos acompanha dir-nos-á também o que realmente pretende significar segundo seu autor.

— Este trabalho foi constituído também por um dos mestres desta bela arte. Ele representa, na concepção do escultor, o Desejo. A atitude da figura imaginada é a que melhor poderia representar o Desejo, conforme se pode deduzir do seu olhar e da expressão do rosto, bem demostrando o seu grande desejo de algo que desconhecemos. É um sentimento difícil de reproduzir, certamente, o do Desejo, no qual muito se esmerou o autor.

Apreciemos, então, almas queridas, esta escultura do Desejo, e imaginemos a quantos males o mesmo pode conduzir as almas na Terra, sobretudo quando mal conduzido, ou elevado a determinado grau de incontinência. Um desejo moderado, quando justo, razoável e puro, pode ser facilmente atingido com o decorrer dos dias ou meses. O que é necessário esclarecer em relação a este sentimento, é se do mesmo poderá resultar a nossa felicidade quando justo ele seja, e jamais o sofrimento por vezes irremediável e o arrependimento. Eis à nossa frente o que o artista concebeu para representar o Desejo. Ele soube elaborar com arte todo o aspecto fisionômico, o olhar inclusive, traduzindo esta ânsia que logo se observa. Os braços levemente estendidos representam por sua vez o gesto natural da expressão do sentimento do Desejo, em relação à coisa desejada. É realmente um belo trabalho, se examinado à luz do sentimento expressado pela maioria das criaturas humanas. Mas muito se poderá dizer ainda sobre o Desejo e suas quantas vezes lamentáveis consequências, na vida das almas encarnadas. Um forte sentimento de desejo, por exemplo, manifestado por uma criatura ainda pouco evoluída, das muitas que existem na Terra, enxergando mais do que tudo o seu próprio interesse, que é o interesse do Ego com exclusão do interesse alheio, um sentimento de desejo de tal natureza pode levar essa criatura à prática de todos os excessos e até ao crime, como muitas vezes tem acontecido, Há, pois, necessidade e mesmo toda a conveniência, de que as almas encarnadas se habituem a submeter os seus sentimentos de desejo, os seus desejos, por conseguinte, ao crivo do raciocínio, com a finalidade de bem se certificarem se aquilo que desejam ardentemente poderá acarretar-lhes felicidade ou infelicidade. Eu darei aqui às minhas filhas e filhos queridos uma fórmula que eu julgo excelente para que facilmente possam ajuizar com segurança, se isto ou aquilo que ardentemente desejam, poderá ser-lhes ou não favorável, inclusive quanto à sua oportunidade. Esta fórmula é a seguinte: sempre que um sentimento extraordinário de desejo se manifeste em sua vida diária, e desejem saber de pronto se o mesmo lhes poderá ser ou não conveniente, imaginem uma consulta feita mentalmente ao Senhor Jesus, e sobre o que o Senhor responderia. Façam mesmo essa consulta mental, almas queridas. Ou, então, imaginem que o Senhor Jesus esteja presente, e assim testemunhará a realização desse desejo. Se assim fizerdes, filhas e filhos que eu muito amo, eu vos asseguro que somente realizareis os desejos que vos possam engrandecer e elevar espiritualmente para o coração magnânimo do Senhor, e jamais aqueles que possam deprimir-vos perante o Senhor. Feito este pequeno comentário, continuemos a nossa visita à Exposição de Belas-Artes, acompanhadas desta bela alma como cicerone.

Defrontamos agora este conjunto por assim dizer monumental, dado o tamanho da respectiva construção arquitetônica. Indaguemos da bela alma do que se trata.

— Este trabalho, Alma Excelsa, representa o sentido da vida terrena, tal como o imaginou o escultor. Encontramos na base este ser minúsculo iniciando os primeiros passos, assistido por forças invisíveis que o observam de perto. Vejam que ele se esforça para alcançar este primeiro degrau da escada que deverá vencer. E vejam como é longa a escada, e quase incontáveis os degraus. Alguns, como vêem, são quase imperceptíveis. Isto significa que as almas encarnadas estão sujeitas a dar certos passos em degraus imperceptíveis, ou, como se usa dizer na Terra, dar passos no escuro. O artista figurou este tipo de passos dados pelas almas encarnadas, apresentando isto que vemos: das diversas almas que iniciaram a ascensão da escada da vida, nem todas lograram vencê-la. Vejamos este detalhe. Logo aos primeiros degraus, várias delas perderam as forças e caíram. Com este detalhe o artista pretendeu figurar as crianças que perecem, e se despedem da escada da vida. São almas que perderam a encarnação ainda na infância, e logo desaparecem do cenário da vida. Vejam estas que lograram subir numerosos degraus, mas que perderam o equilíbrio e caíram também. Este fenômeno todas nós aqui o conhecemos e lamentamos, pela quantidade de almas desencarnadas em pleno vigor da sua mocidade. Elas aqui estão representadas pelo artista, despedindo-se da escada da vida. E veremos em seguida, acompanhando a escada traçada pelo artista, a alegria das almas que lograram vencer os inúmeros degraus da escada, e aqui estão descendo já em nosso plano, risonhas e felizes por haverem conseguido vencer degrau por degrau esta longa escada imaginada pelo escultor. Este trabalho, Mãe Excelsa, tem sido um dos mais apreciados pelos visitantes da Exposição. Aqui esteve ontem uma ilustre comissão de almas que foram médicos na Terra, com o objetivo de estudarem o melhor meio de impedir esta quantidade de almas de perecerem assim aos primeiros degraus da escada, ou seja, ainda na infância. Tenho a impressão de que a imaginação do escultor evidenciando este fato veio contribuir para que algo de eficiente se realize em tal sentido.

— Eu te agradeço, bela alma, tão úteis explicações, e desejo que nos ministres ainda outras de tão interessantes para todas nós.

Prosseguiremos no próximo capítulo.

Deixo-vos aqui a bênção que o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de todo o coração.