Prosseguiremos em nossa
visita à Exposição de arte iniciada no capítulo anterior, onde apenas
apreciamos o belo quadro de Rembrandt representando a Vida. Um belíssimo
trabalho daquele Grande Espírito que viveu na Terra há mais de três séculos,
deixando numerosos trabalhos de alto valor. Vamos prosseguir em nossa visita.
Aqui está outro importante trabalho. Vejamos qual o nome que o assina. Rafael é
o seu autor. Trata-se de outro mestre das belas-artes, como sabeis. Procuremos
interpretá-lo. Vede um pouco mais próximo esta figura lendária simbolizando o
Tempo, motivo principal deste belo quadro. Como concebeu o autor a figura do
Tempo! Procuremos interpretar o seu pensamento. Vem o Tempo de muito longe,
fazendo uma grande caminhada. Aqui ele encontra este grupo de crianças
despreocupadas da sua passagem, apenas atentas ao seu brinquedo. O Tempo vai
passando, como vemos. Aqui adiante o Tempo se detém enquanto promove o
amadurecimento das sementeiras que esperavam por ele. É a passagem do Tempo que
faz amadurecer os trigais viçosos e também os frutos. Vede que bela concepção
deste pintor emérito! O Tempo aproxima-se, detém-se um pouco enquanto a sua
presença se faz necessária, e segue adiante. A idéia está aqui muito bem
plasmada. Terminada a função que lhe cabia desempenhar em meio aos campos
semeados, o Tempo prossegue a sua marcha. Aqui está um grupo de jovens portando
livros a caminho daquele grande edifício que deve ser uma Universidade. O Tempo
aproxima-se do grupo e os saúda cordialmente, e prossegue, porque a sua função
não lhe permite estacionar. Os jovens vão caminhando alegres sem outra
preocupação. Vede como se divertem à passagem do Tempo, sem quase lhe darem
atenção. Mas o Tempo prossegue em sua marcha. Dirigindo-se para o alto do
quadro, o tempo vai vencendo todos os obstáculos naturais do caminho, e ei-lo
que se defronta com aqueles dois grupos humanos deixados em sua passagem. Eram
crianças no princípio, preocupadas apenas com seu brinquedo, e mais tarde a
caminho da Universidade. Vejamos esta bela concepção do pintor. Aquelas mesmas
almas encarnadas já aqui se apresentam encanecidas a esta nova passagem do
Tempo. Isto significa que se foram os dias da infância e da juventude,
assinalados pela passagem do Tempo, estando agora em sua fase final de
peregrinação. Examinemos melhor a idéia do pintor. Este grupo de pessoas já na
idade avançada apresenta várias características evidenciadas pelo pincel do
artista. Há entre elas um bom número que sorri para o Tempo que as observa,
como a dizer-lhe que o amam, que o estimam, e por isso tudo fizeram para se
regozijar com a sua passagem desde a infância. Quer isto dizer, almas queridas,
que estas pessoas souberam aproveitar o Tempo ao longo de sua passagem pela
Terra, e sentem-se agora felizes com isso. Há, porém, no grupo, algumas outras
pessoas bastante contrariadas, segundo a expressão fisionômica refletida pelo
pintor. Estas pessoas assim contrariadas, podemos interpretá-las como aquelas
que não deram sua atenção ao Tempo, deixaram-no passar ou o desperdiçaram, nada
plantaram nem construíram de útil, chegando à sua fase final desprovidas do
necessário.
Há aqui uma grande lição
para a humanidade encarnada, minhas almas queridas. Ela nos ensina que a
passagem do Tempo é irreversível e ininterrupta, devendo por isso ir sendo
aproveitada de maneira útil em todas as fases da vida, porque cada uma dessas
fases é também irreversível. Vejamos este outro detalhe. O Tempo atinge o alto
do quadro e se oculta e desaparece do cenário. Magnífica a idéia do grande
artista! Dir-se-á que o Tempo findou seus dias, que o Tempo acabou para sempre!
Nada disto; a concepção do pintor é excelente; ele nos diz neste detalhe que o
Tempo desapareceu das vistas daquele grupo de pessoas cuja trajetória chegou ao
fim, porém ele apenas vai recomeçar o velho trajeto. Vai surgir novamente a
outros grupos de crianças, de jovens e de adultos até ao envelhecimento, num
renovar constante para outras e outras gerações. A idéia do grande artista é
magnífica em sua concepção da marcha do Tempo através dos milênios de milênios.
E a lição que nos cumpre aproveitar é a de que ninguém jamais conseguiu deter a
marcha do Tempo. Quem disto se capacitar bem feliz será, porque tratará de
aproveitar construtivamente os dias, meses e anos de cada uma de suas
existências na carne, procurando acrescentar em todas elas novas e poderosas
luzes ao Espírito. Vamos prosseguir, almas queridas.
Temos aqui esta tela
gigantesca que logo impressiona pelo tamanho. Vamos apreciá-la e verificar quem
a elaborou. Eis a assinatura: Miguelangelo. É um dos maiores pintores de todos
os tempos, de estatura artística das mais elevadas. É maravilhosa na variedade
do seu belo colorido. O que significa este quadro? Belo, belíssimo, almas
queridas! Aqui está o seu significado apresentado pelo autor: é o Amor.
Eis-nos, pois, diante do quadro do Amor em todas as suas numerosas e
encantadoras expressões. Vejamos os detalhes. Aqui está a expressão do Amor
materno sem igual. O autor soube reunir aqui na mesma expressão do Amor materno
este conjunto feliz de sua grande concepção. Aqui estão focalizados os aspectos
do Amor materno nesta variedade de seres. Mães de várias espécies aqui se
encontram devotadas ao filhinho, cercando-o e protegendo-o do desconhecido, mas
temido. A mãe humana carrega o filhinho ao colo e o agasalha do frio com todo o
seu Amor. As outras mães, que são várias no quadro, não podem fazer o mesmo,
mas achegam-se ao filho, cercam-no, tocam-no com todo o carinho numa autêntica
expressão do seu Amor por ele. É o Amor materno em sua mais bela expressão que
aqui vemos, tão bem refletido nesta pintura de Miguelangelo. Mas o Amor
prossegue no seu caminho em paralelo com a vida humana. Aqui o vemos neste par
de jovens que caminham pela estrada, mãos entrelaçadas, confidenciando
expressões de verdadeiro sentimento de Amor. Cumpre-se neste detalhe a Lei da
Vida, na aproximação das criaturas. Vede aqui este ninho em construção no alto
da árvore, onde duas pequeninas aves pretendem morar enquanto viverem a sua
fase de Amor. Vê-se neste detalhe da obra a esplêndida concepção do autor, não
esquecendo nenhum aspecto da existência do Amor, fenômeno que se desperta no
coração das almas como instinto, ou desígnio da Providência Divina.
O autor apresenta-nos aqui a
fase propriamente dita do Amor instintivo, no acasalamento dos seres em geral.
Mas vejamos este outro aspecto do Amor, ao qual todas as almas se dedicam
devotadamente. Este grupo de anciãos, sendo socorrido por estas jovens irmãs da
Caridade, representa de modo perfeito a santidade do Amor praticado na Terra
para com as almas necessitadas, inválidas pela idade ou vencidas pelo
sofrimento, que o artista aqui nos apresenta à sombra deste grande casarão, que
nós tomaremos como algum dos muitos asilos existentes na Terra. Este é sem dúvida
um dos mais belos aspectos do Amor praticado na Terra. Sua prática muito
contribui para a purificação das almas, elegendo-as em seu merecimento perante
as Forças do Bem, em sua mais alta expressão. Felizes, muito felizes mesmo, as
almas que conseguirem compreender e praticar o Amor em tão refinada expressão.
Ao regressarem ao seu plano de vida espiritual, receberão centuplicado em
bênçãos e luzes espirituais aquilo que houverem repartido com suas irmãs
necessitadas. Isto mesmo está aqui bem patente, magistralmente refletida pelo
grande artista. Eis este luminoso grupo de almas em festa, irradiando alegria e
felicidade. São almas regressadas do solo terreno, onde cumpriram deveres
livremente assumidos ao partirem para a Terra, e, neste tipo de luminosidade
que as envolve, o reconhecimento das Forças do Bem pelos serviços prestados ao
Amor-Caridade, segundo a concepção do artista. Este é bem o quadro do Amor em
seu aspecto puramente humano, é claro. Porque outro aspecto ainda existe, que é
o Amor espiritual, aquele que se irradia do coração magnânimo do Senhor,
representado por aqueles raios que vedes, partindo do alto do quadro, de uma
tênue luminosidade quase imperceptível, mas que, como vedes, ilumina todos os
detalhes desta magnífica pintura. É o Amor de Jesus, presente em todas as fases
e detalhes da vida terrena, a acompanhar e proteger as almas em suas
atividades. A circunstância de partirem estes raios do ponto mais alto deste
quadro magnifico merece também uma interpretação, que é a seguinte: a
irradiação do Amor Divino partindo do Alto e se estendendo por todo o plano
terreno aqui figurado no belo quadro de Miguelangelo, é um convite a todas as
almas encarnadas a se voltarem na direção destes raios luminosos, sempre que
sentirem necessidade de proteção extraterrena. O caminho a seguir, então, aí
está indicado pelo artista, ao conceber este belo fenômeno partindo do alto do
quadro e se evidenciando em toda a área da pintura. Isto representa
evidentemente, no colorido tão expressivo em que foi concebido, a idéia que vem
sendo difundida no solo terreno pelos numerosos emissários do Senhor,
procurando atrair urgentemente as almas para Jesus, o Divino Pastor, antes que
determinados acontecimentos as surpreendam em meio à sua incrível tranquilidade
e despreocupação. Estamos realmente diante de uma das mais belas concepções
artísticas, tão bem refletidas neste quadro gigantesco.
Para representar o Amor,
teria o autor efetivamente de necessitar de amplo espaço, o qual soube
aproveitar magistralmente. Neste segundo dia de visita à Exposição, só
conseguimos apreciar estas duas grandiosas produções, assinadas por nomes cuja
história encontrareis contada nas vossas bibliotecas. Amanhã prosseguiremos com
a mesma tranquilidade e espírito de observação com que apreciamos estes belos e
expressivos quadros. O que é importante para todos os visitantes de certames
como este, não é a contemplação pura e simples do colorido da pintura, no qual
os artistas põem a própria alma em numerosos casos, mas sobretudo procurar
penetrar a sua imaginação ao conceberem os diversos detalhes da obra. Foi o que
eu procurei fazer em relação às obras visitadas, a tirar das mesmas a sua
perfeita relação com a realidade da vida terrena. Deste fato, muita luz há de
brotar em todas vós, almas queridas, em face da situação em que vos encontrais
na Terra, cujo tempo eu considero excepcionalmente propício para cada uma de
vós na hora que passa.
Ainda a respeito do Tempo,
tão fielmente concebido no quadro que hoje visitamos, eu desejo dizer ao ouvido
espiritual de todas vós, almas queridas, que os minutos que estais hoje vivendo
na Terra podem ter uma importância decisiva em vossas vidas futuras. Não
menosprezeis nem desperdiceis os vossos minutos presentes; antes tratai de os
aproveitar em favor do vosso futuro espiritual, o qual, assim como o Tempo, não
se detém nem retorna. Desta maneira, eu vos aconselho a utilizar os vossos
minutos disponíveis em favor do vosso progresso espiritual, seja voltando-vos
para o Senhor Jesus em preces fervorosas, rogando-lhe os esclarecimentos de que
porventura necessiteis, seja agradecendo ao Senhor as graças recebidas nos dias,
meses e anos decorridos, mediante as quais todas conseguistes chegar ao dia de
hoje. Esta maneira de aproveitardes os minutos disponíveis servirá para firmar
e consolidar perante o Senhor o conceito de almas inteligentes que realmente
sois, e a segurança de que estareis cumprindo fielmente na Terra a missão
recebida no Alto por todas vós ao partirdes para a presente encarnação.
Agora um detalhe final que
ainda desejo apresentar-vos em relação ao que hoje pudemos apreciar nos dois
quadros que tivemos oportunidade de analisar. A concepção de ambos, Tempo e
Amor, podemos dizer que se completam na existência de cada alma na Terra.
Assim, enquanto o Tempo tudo beneficia, fazendo crescer as plantas, os
alimentos, amadurecendo os frutos, mas também as pessoas, o Amor as beneficia
quando presente nos corações, trazendo consolações insubstituíveis às almas que
o possuírem, mas sobretudo àquelas que souberem empregá-lo, visando ao maior
bem dos seus semelhantes. O Amor sabiamente utilizado pelos seres humanos em
cada uma de suas estadas na Terra constitui a maior força que poderão utilizar
para a sua redenção. Só pelo Amor será salvo o homem, disse o Senhor Jesus. E
assim é realmente. O Amor empregado pelas almas em todos os momentos e
atividades, mas sobretudo em favor dos semelhantes, será em verdade a maior
força propulsora da sua verdadeira paz e felicidade. Guardai bem isto, almas
queridas.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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