Os fatos em perspectiva,
programados desde séculos para acontecerem na Terra na época que estais
vivendo, não são os únicos verificados no nosso sistema planetário, porque
outros em tudo semelhantes se têm verificado em diversos planetas. Os planetas,
como sabeis, são constituídos de matéria consolidada em superfícies irregulares
resultantes do resfriamento que neles se produziu ab-início. Com o decorrer dos
séculos e milênios, surgem oportunidades de modificações em quase todos, com a
finalidade de adaptá-los às necessidades das respectivas populações. Estas
marcham sempre em número crescente, requerendo certas modificações periódicas
que permitam a vivência confortável das almas neles encarnadas, tal como se
registra neste momento histórico da Terra. Sendo a totalidade dos planetas constituídos
de matéria sólida muito semelhante ao vosso pequeno mundo, as modificações da
sua estrutura só podem ser conseguidas com o emprego de meios mais ou menos
violentos, cuja ação se produzirá também de modo violento. Isto que assistireis
no vosso plano físico, tem sido registrado em quase todos os outros planetas,
como disse, com objetividade de que possam melhor servir à vivência de suas
populações.
Já foi dito e repetido
suficientemente pelos luminosos mensageiros do Senhor ao vosso meio, que tudo
quanto na Terra vier a acontecer, o será exaustivamente para o maior bem e
felicidade de todos vós que aqui vos encontrais. A circunstância de tais fatos
determinarem a partida de algumas ou muitas almas pela destruição provável dos
respectivos veículos físicos, em nada diminuirá a felicidade de cada uma delas,
porque só contribuirá para aumentá-la com o seu regresso ao respectivo plano
espiritual. Fatos de natureza violenta sempre ocorreram neste e outros planos
do Universo, determinando a desencarnação de almas por assim dizer cheias de
vida. Essas almas, porém, constataram imediatamente após o fato ocorrido, que
apenas retornaram felizes ao seu plano de vida espiritual. Isto tem acontecido
pelos séculos e milênios em fora, inclusive a muitas das minhas queridas filhas
e filhos que novamente aqui se encontram. E todas essas almas puderam verificar
por si mesmas que tudo terá acontecido única e exclusivamente para o seu maior
bem e felicidade espiritual. Numa única circunstância a destruição de uma vida
física acarretará sofrimento à alma encarnada; é quando a destruição houver
sido promovida pela própria alma, resultando esse ato num verdadeiro atentado
às leis divinas, e portanto um crime praticado contra si própria. As leis
divinas condenam tais fatos de maneira a que as almas neles envolvidas
sinceramente se arrependam no decorrer duma vivência espiritual de profunda
meditação no Além, em torno das circunstâncias que as tiverem induzido a
atentarem contra si mesmas na Terra.
Para um esclarecimento rápido
das vossas almas, eu vos direi que não existem absolutamente problemas sem
solução lógica, perfeita, seja em que plano for da vida universal. O fato de
vos surgir determinado obstáculo em vosso caminho, ao qual denominais de
problema, nada mais é, por vezes, que a consequência de certos atos praticados
anteriormente, ou, como sucede em muitos casos, uma espécie de barreira
colocada em vossa frente para que sobre ela mediteis. Não há, porém, problema
insolúvel, não apenas no ambiente terreno como em todos os demais planos do
Universo. Se as criaturas levadas ao desespero, que atentam contra si mesmas na
suposição de que pela fuga solucionam os seus problemas, meditassem bastante
sobre eles, procurando captar uma inspiração antiga, decerto não mais haveria no
mundo um único caso de suicídio. O suicídio, além de um crime contra as leis
divinas, é uma evidente prova de fraqueza moral das pessoas que o cometem. Uma
fraqueza apenas, não, meus queridos. O suicídio é ainda uma grande ilusão para
quantos o cometem, na suposição enganosa de resolverem por esse meio as suas
dificuldades momentâneas. Tão depressa essas almas se desligam do seu veículo
físico, elas se convencem desta verdade, por se sentirem novamente envolvidas
pelas causas que as levaram a assim proceder. E como tal procedimento não
consiga solucionar os seus problemas, ei-las envoltas em novo sofrimento no
mundo espiritual, onde não dispõem de meios para solucionar os problemas que
deixaram na Terra.
Eu conheço apenas um meio
hábil de todas as almas encarnadas solucionarem os seus problemas, por mais
complexos que eles se apresentem: é o meio da oração sincera dirigida ao Senhor
Jesus, rogando-lhe com humildade e pureza de coração uma inspiração salvadora.
Este é o único meio que conheço, minhas almas queridas, pelo qual todas as
criaturas receberão aquela inspiração salvadora para solucionar problemas
aparentemente insolúveis. As dificuldades surgem na vida de todas as almas
encarnadas, pela mesma razão que o aluno se defronta com um novo problema cada
dia em suas matérias de estudo. Sabendo-se que tais problemas lhe terão sido
postos em virtude de sua aptidão para os resolver, ele, com um pouco de
raciocínio, logo alcançará a solução; e se esta não lhe chegar integral, os
mestres ajudá-lo-ão a atingi-la. Na vida humana se processa o mesmo fenômeno
constantemente. Quando o ser humano não conseguir por si mesmo a solução de seu
problema, não terá outra coisa a fazer que apelar para as Forças Superiores, o
Senhor Jesus, por exemplo, e a inspiração logo ocorrerá. O que é preciso,
unicamente, é a criatura solicitar essa inspiração com humildade e pureza
d’alma, como disse, para poder recebê-la. Eu confesso desconhecer outro meio
tão pronto e eficaz como seja a oração. Ninguém que até hoje tenha apelado para
ela cometeu ato de desespero. E todos quantos o fizeram estão aí para
corroborar estas minhas palavras.
Passemos agora a outro
assunto que eu desejo oferecer nestas páginas à vossa apreciação. Desejo tratar
aqui do que se relaciona com a partida das almas despreparadas, ao fim de mais
uma encarnação na Terra. Por almas despreparadas eu desejo definir aquelas que
viveram a sua existência voltadas unicamente para os interesses da vida
material, despreocupadas, por conseguinte, das coisas do Espírito, dos
interesses da alma. Há muitas almas vivendo nestas condições, infelizmente,
jactando-se quantas delas em não quererem saber de nada do Espírito. Deveis
conhecer algumas todos vós, porque não fazem disso segredo, ao contrário,
sentem prazer em assim se proclamarem na ilusão de uma falsa superioridade.
Chegado o momento de sua partida, um momento que existe na vida de todos os
seres espiritualizados ou não, chegado esse momento, esta categoria de almas
sente-se projetada no vácuo sem ter para quem apelar. Tratando-se em regra de
almas descrentes do que existe de puro, elevado, no mundo espiritual, estas
almas não possuem meios de se elevarem sequer do solo terreno, uma vez que lhes
faltam o que eu denominarei as asas da fé. Podem estas almas ter vivido em meio
de crenças religiosas, destas que se empenham em destacar primordialmente o
valor da pessoa humana, ensinando-a a cultivar e desenvolver os valores
materiais como fator de grandeza neste mundo terreno. Este tipo de crença que
existe em todas as religiões materialistas do mundo terreno, apenas consegue
desviar as almas do seu verdadeiro caminho, o caminho que no Alto tanto se
empenharam em seguir quando encarnadas, que é o caminho da fé, do amor e da luz
espiritual. Uma vez encarnadas, porém, e dispondo do seu livre arbítrio, esta
categoria de almas enveredou por caminhos outros que não aquele que prometeu
seguir, e ei-las agora, finda a sua encarnação, a palmilhar o solo terreno como
se encarnadas ainda permanecessem. Dada a densidade do veículo espiritual
destas almas, construído de matéria fluídica bastante pesada, e não possuindo,
como disse, as asas da fé para se elevarem acima do solo terreno, estas almas
aí ficam por tempos esquecidos, supondo quase todas que ainda permanecem na
carne. O resultado de tal situação é o sofrimento que delas se apodera ao se
sentirem incapazes de continuar a dirigir os seus negócios, os seus interesses,
em cuja administração não conseguem sequer ser ouvidas pelos seus familiares.
Passados os tempos, anos e
anos, na situação descrita, surge para muitas das almas desta categoria um tipo
de passatempo ao qual as mesmas se entregam que é o seguinte: sentindo-se
perfeitamente integradas na sua personalidade e desejosas de fazer alguma coisa
para viver, elas se adaptam a um tipo de vida intermediário entre o plano terreno e o
espiritual. É este um plano fluídico que medeia entre o solo terreno e o plano
espiritual, onde aquelas almas se instalam e nele passam a viver, digamos, por
força das circunstâncias. Não possuindo mais o corpo físico que foi levado à
sepultura, e não podendo ascender sequer ao plano inferior do mundo espiritual,
estas almas criaram um plano de vida sui-generis onde passaram a viver por
tempo indeterminado. Quem algum dia visitar este plano fluídico encontrará
vivendo aí uma multidão de almas que se entregam ao mesmo gênero de ocupações
que mantinham na Terra. Aí negociam muitas delas com jóias, bijuterias,
alimentos, roupas, calçados e outros gêneros, com o mesmo apego ao lucro de
antigamente. Existe nesse plano intermediário um pequeno mundo de coisas e
objetos criados pela imaginação dos próprios habitantes, no qual os mesmos se
mantêm por dezenas e dezenas de anos, até que a luz se faça em suas almas e
elas se voltem então para o poder maravilhoso da oração e da fé.
Sucede organizarem-se
periodicamente no Alto caravanas de missionários que se dirigem a este plano
fluídico com o fim de pregar aquele maravilhoso poder da oração e da fé às
almas arrimadas nesse mundo semi-materializado. Tais caravanas ali se demoram
semanas e semanas nesse belo trabalho de despertamento da fé no âmago daquelas
nossas irmãs, e graças a tão devotada dedicação dos luminosos missionários do
Senhor, sempre conseguem conduzir no regresso algumas delas. É de entristecer,
porém, ouvirem aqueles missionários, ao fim de suas pregações impregnadas dos
mais belos sentimentos de amor fraternal para com as almas animadas naquele
plano fluídico, expressões como esta:
— Vós sois Espíritos, bem o
reconhecemos; nós, porém, nada queremos com o Espiritismo. Por esta
manifestação bem podereis avaliar a densidade da treva que ainda envolve aquela
categoria de almas.
Mas não será preciso ir-se
até àquele plano fluídico bem próximo do solo terreno para ouvir expressões
semelhantes. Aqui mesmo, expressões semelhantes são proferidas por pessoas
possuidoras de alguma instrução, vivendo entre espiritualistas, sabendo que o
espiritualismo é uma lei, porque todos os seres humanos são Espíritos
revestidos de um corpo de carne, mas insistem em negar a existência do
espiritualismo, o que equivale a negar a própria existência. Espiritismo,
segundo a sábia definição do seu grande codificador, é a crença na existência
do Espírito, e o intercâmbio das almas encarnadas com aquelas que permanecem no
mundo espiritual. Até certo ponto justifica-se a oposição cerrada que na Terra
se desenvolveu à prática desse intercâmbio, pelo temor dos males que daí
pudessem advir, sobretudo pelo fanatismo em que poderiam incorrer alguns dos
experimentadores. Hoje em dia, porém, mais de um século e meio decorrido da
codificação, e provada à saciedade a influência que as práticas espíritas podem
exercer no sentido da felicidade e bem-estar do ser humano, não podem subsistir
as razões invocadas nos primórdios desta bela doutrina. Já está mais do que
provada á excelência da doutrina espirita sobre as almas encarnadas,
permitindo-lhes comunicarem-se com os entes que partiram da vida terrena, como
se apenas se houvessem transferido para outra cidade ou país. Dessa nova
situação de vida, os entes que partiram comunicam-se e dão idéias suas aos que
ficaram na Terra, no que lhes proporcionam grandes consolações. Perguntemos
então: a quem poderá prejudicar o estudo e prática da doutrina dos espíritos?
As pessoas que ficaram na Terra? Não, absolutamente pela alegria e consolações
que lhes trazem as mensagens das almas queridas que se foram. A quem, então,
pode prejudicar tão bela doutrina?
A doutrina dos Espíritos não
deve ser tida como concorrente de nenhuma crença religiosa ou filosófica
existente no mundo. Podem os adeptos de quaisquer das correntes religiosas ser
seus mais fervorosos seguidores e por isso praticantes dos seus preceitos, e
praticar também o intercâmbio espiritual, recebendo carinhosas mensagens dos
seus entes queridos. Nenhum procedimento desta natureza colide com o sentimento
religioso de nenhum credo terreno, visto como, ao desencarnarem de seus
veículos atuais, todos os seres humanos adeptos de todas as religiões se
tornarão, Espíritos, tais como eram antes de reencarnarem. E se a doutrina dos
Espíritos envolve estudiosos e praticantes em tão grandes alegrias espirituais,
não há como continuar a oposição suscitada nos primórdios a tão consoladora
doutrina. Estudai o Espiritismo, filhas e filhos meus, e vereis como se
encherão das mais puras alegrias os vossos corações.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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