Trago-vos no capítulo de
hoje um assunto do qual todos ireis gostar muito, por se tratar de um
verdadeiro desenvolvimento espiritual para as vossas almas. Versa o assunto de
hoje um importante detalhe da vida espiritual que todas as almas vivem após
deixarem na Terra o corpo que lhes serviu de veículo durante a sua encarnação.
Chegando de regresso ao mundo espiritual, as almas se defrontam com alguns
pequenos problemas, um dos quais eu referi nas páginas anteriores, que é o da
sua maneira de comunicação com as outras almas, necessitando para isso de usar
o pensamento. Tratarei agora de outro importante detalhe da vida no Além, qual
seja o que diz respeito à locomoção das almas, seja no seu deslocamento a
certas distâncias, seja para se locomoverem no próprio local em que se
encontrem. E sabendo-se que o corpo espiritual das almas desencarnadas não
possui os membros locomotores do corpo físico, surge então o problema do
deslocamento no Além. Este problema, da maior importância, como é bem de ver,
diz respeito ao desenvolvimento do poder de volição das almas, ou seja, a
educação da própria vontade. A base principal do desenvolvimento do poder de
volição das almas está firmada em dois pontos essenciais, que são o pensamento
e o desejo. O ato de deslocamento da alma obedece em princípio ao desejo de se
dirigir a alguma parte, muito semelhantemente ao que ocorre na Terra aos seres
humanos. Agem nesse ato o pensamento e o desejo. A criatura pensa inicialmente
num determinado local e se o desejo se manifesta nesse sentido, a criatura
instintivamente se desloca na direção do local desejado. O comando central dos
movimentos humanos, exercido pela alma encarnada, aprende-se desde os primeiros
passos dados pela criança, e a criatura executa a faculdade de locomoção
durante toda a vida com a facilidade que todos experimentais.
A locomoção das almas no
Além, entretanto, é feita de maneira diferente. Não existindo as pernas tais
como as que ficaram no corpo, há necessidade das almas aprenderem a utilizar o
seu poder de volição para se locomoverem. Este poder de volição tem então de
ser desenvolvido pelas almas apenas chegadas da Terra, o que todas fazem
instintivamente, da mesma maneira que o recém-nascido começa a praticar a
sucção apenas posto em contato com o seio materno. Em relação às almas no Além,
contudo, para que possam alcançar mais rapidamente o seu poder de volição, elas
necessitam de exercitar o pensamento, o raciocínio e o desejo. O pensamento as
colocará mentalmente em contato com um determinado local, bem próximo
inicialmente, e depois a maior distância. Firmado, então, o pensamento no local
escolhido, entra em ação o raciocínio para estabelecer na mente da alma o
processo a seguir para alcançar o local escolhido, quando então a alma procura
empregar o potencial do seu desejo de se locomover até lá. Esta operação
apreciada pelas almas já perfeitamente desenvolvidas, tem muito de semelhante à
observação que vós próprias fazeis ao contemplar a criança que inicia os
primeiros passos. O que então parece difícil à criança, levando-a não raro ao
chão, torna-se em breve tão fácil, permitindo-lhe correr e saltar com absoluta
segurança. Isto resulta do fato de que o comando certo de todos os movimentos
exercido pela alma já se tornou instintivo ao organismo, movimentando-se cada
membro independentemente do outro na realização dos seus movimentos.
No caso das almas no Além,
há necessidade de se exercitarem, também, muito semelhantemente às crianças da
Terra, para poderem adquirir e usar o seu poder de volição, indispensável à
locomoção de todas no Além. Desenvolvido este poder, bastará a uma alma firmar
o pensamento em determinado local e acionar o seu poder de volição, ou seja, a
força de sua vontade posta em ação, e instantaneamente a alma se encontrará no
local desejado. Isto não quer dizer, porém, que não usemos também veículos no
mundo espiritual, pois que lá existem para uso individual ou coletivo,
portanto, de várias dimensões. Ao recebermos visitas de almas viventes em
planos menos evoluídos, nós as conduzimos em veículos de transporte coletivo
aos lugares que desejamos mostra-lhes, dado que as mesmas não possuam ainda bem
desenvolvido o seu poder de volição. Nesta minha vinda à Terra, por exemplo,
onde estou vindo todos os fins de semana desde o mês de maio — 1967 — eu venho
acompanhada de uma comitiva de cinco almas no mínimo, fazendo-nos transportar
num veículo que eu denominarei aqui aerobus para vossa melhor
compreensão. As seis Entidades poderíamos vir perfeitamente utilizando o nosso
poder volitivo já bem desenvolvido por todas nós; contudo, servimo-nos do veículo
coletivo pela comodidade de nos acomodarmos juntas e assim nos deslocarmos na
vinda e regresso ao nosso plano no Além. Sobre as características deste veículo
eu espero falar detalhadamente em outro capítulo, para satisfazer a vossa
natural curiosidade.
Volto então ao início deste
capítulo para oferecer-vos os meios pelos quais haveis de adquirir mais tarde
no Além o poder de locomoção de que haveis de necessitar. Primeiramente terá a
alma de concentrar o seu pensamento no desejo de adquirir e usar o seu poder de
volição. Com o pensamento assim concentrado, alimentado pelo desejo ardente de
se locomover, inicia-se na alma uma espécie de ajustamento de dificuldades visando
exclusivamente ao objetivo da locomoção. Como parte do exercício, a alma firma
o pensamento num determinado ponto ou local à sua escolha, e, como se desse um
primeiro passo na Terra, impulsiona-se mentalmente, na direção do local
objetivado. A continuação deste exercício, três, quatro, cinco ou mais vezes ao
dia, segundo as disposições da alma, levá-la-à a sentir-se deslocar donde está
e caminhar na direção escolhida. O exercício é que faz a função, dizeis vós na
Terra com muito acerto. No Alto o mesmo fenômeno se verifica também. As almas
que se entregam decididamente à aquisição do poder volitivo, ou de locomoção,
em breve o conseguem para sua grande alegria. Este poder passa então a
funcionar tão perfeita e facilmente, que leva as almas a se deslocarem
instintivamente até aos lugares donde lhes chegue um simples pensamento. É pois
um exercício que todas vós haveis de praticar, almas queridas, na vossa chegada
de regresso ao mundo espiritual, como igualmente o fizeram as que nele vivem. E
começando a preocupar-se desde agora com mais este detalhe da vida espiritual,
já vos estareis preparando desde a Terra, o que será então de grande vantagem e
comodidade para vós. Começai por concentrar o vosso pensamento numa localidade
próxima ou distante, imaginando que vos estais locomovendo mentalmente para lá,
e esforçai-vos por enxergar detalhes dessa localidade, como se nela vos
encontrásseis. Este exercício tornar-se-á tão eficiente para a vossa locomoção
espiritual, que haveis de surpreender-vos se algum dia visitardes a localidade
escolhida, e lá reconhecerdes detalhes já vossos conhecidos. Além de
particularmente agradável este exercício, ele ser-vos-á grandemente útil ao
regressardes ao mundo espiritual, pela facilidade que encontrareis em vos
locomover pelo poder volitivo assim desenvolvido.
Tratarei a seguir de um
assunto que eu considero igualmente útil ao conhecimento de todas as minhas
filhas e filhos encarnados. Trata-se da maneira pela qual uma alma encarnada
pode comunicar-se com a de um parente desencarnado, e com ela estabelecer o
diálogo sempre que o desejar. Vários processos existem para isso, ensinados e
desenvolvidos à luz da ciência espírita, como sabeis. Um dos mais eficientes,
contudo, pelo fato de ficarem as palavras grafadas no papel, é sem dúvida a
psicografia, o processo pelo qual estou ditando este livro. A psicografia
consiste no desenvolvimento da escrita mediúnica, por meio da qual o
instrumento mediúnico do intermediário vai grafando a lápis no papel as
palavras ditadas à sua mente telepática pela Entidade desencarnada. É um
processo dos melhores que se conhecem, não apenas para uma alma encarnada se
comunicar — dialogar também — com outra desencarnada, o que proporcionará a
esta última uma grande alegria. Dizendo-vos que um dos grandes anseios das
almas desencarnadas é entrar em contato com as que deixaram na Terra, estarei
dizendo-vos uma grande verdade. Queixam-se frequentemente muitas das almas que
vivem no Além, do esquecimento em que ficaram por parte daqueles que deixaram
na Terra, cujo tempo é pouco, quase sempre, para cuidarem apenas dos seus
interesses terrenos. As desencarnadas, ao contrário, preocupam-se grandemente
com os entes que ficaram nos lares terrenos, e oram fervorosamente por eles ao
Senhor Jesus e também a mim, rogando ajuda, proteção e felicidade para eles.
Quanto apreciariam então as almas desencarnadas alguns minutos de contato
semanal, por exemplo, com os seus entes queridos do plano terreno, e mais ainda
se pudessem grafar algumas linhas por meio deste belo processo da psicografia.
A propósito, eu vos contarei uma pequena história, que é a seguinte:
Este meu excelente
intermediário conheceu na Terra no começo do século XX, numa pequena cidade
interiorana onde residiu uns dois anos, uma alma de quase criança que apenas o
cumprimentava à passagem para a escola. A única recordação que este instrumento
guardou de memória, passados quase sessenta anos, foi o quadro daquela passagem
e do cumprimento que então recebia. O meu intermediário retornou à cidade,
continuou a sua vida, constituiu família, criou-a, educou-a, e instalou-se
finalmente nesta grande e bela cidade do Rio de Janeiro, onde estou ditando o
presente volume. A alma em referência, que permaneceu na sua pequena cidade,
cumpriu por sua vez a sua tarefa na vida: constituiu um lar modelar onde
cumpriu os seus deveres de alma encarnada. Ultimamente desencarnaram ela e o
marido, regressando ao seu plano no Além, um plano se bem que bastante
evoluído, distante ainda se encontra daquele em que vivem as almas redimidas,
isto é, aquelas que atingiram o mais elevado grau evolutivo a ser alcançado na
Terra. Reparai que esta pequena história vem a propósito da faculdade
psicográfica desenvolvida.
Muito bem. Há poucos meses,
porque desencarnada recentemente, chegou no Além uma alma da grande amizade
deste meu belo instrumento, conduzida pelo nosso querido Irmão Thomé, a pedido
do instrumento, desejoso de ampliar o grau de sua amizade além da morte do seu
amigo terreno. O Irmão Thomé, bondosamente, conduziu o amigo do instrumento ao
plano em que eu vivo, recebendo-o eu com alegria no meu Círculo Espiritual,
onde a referida alma passou a viver uma vida de felicidade que inteiramente
desconhecia.
Sucede que esta alma havia
vivido também na pequena cidade interiorana à época em que este instrumento lá
esteve, onde resultou uma amizade para além da morte. Volto aqui a pedir vossa
atenção para a psicografia, que é o motivo desta história. Aquela alma amiga do
instrumento, encontrando numa de suas andanças no Além, as almas também suas
conhecidas e amigas, vividas e já desencarnadas na pequena cidade do interior,
surpreendeu-as ao lhes dizer que fora este intermediário quem pedira ao Irmão
Thomé — o Apóstolo do Senhor — para conduzi-la àquele plano de luz e felicidade
onde estava vivendo, fato que deixou as duas almas — marido e mulher —
verdadeiramente desejosas de se comunicarem com este instrumento para rogarem
sua interferência e proteção para melhorar sua vivência no Além.
Passaremos agora à segunda
parte da história, a parte que servirá para evidenciar perante todas vós o
valor e utilidade do desenvolvimento desta bela faculdade psicográfica. O
bondoso Irmão Thomé, solicitado, concordou em conduzir à residência deste
instrumento aquela boa alma que ele via passar para a escola quase criança, e
esta se empenhou em projetar na sua memória, durante um dia inteiro, aquele
preciso momento em que o cumprimentava há mais de meio século. O instrumento
recebeu claramente a imagem assim projetada, recordou perfeitamente aqueles
momentos já tão distantes, e tão claros e insistentes eles foram, que à noite,
no diálogo que mantém com o Irmão Thomé há mais de cinco anos, pediu-lhe um
esclarecimento a respeito. O bondoso Thomé explicou então, por meio da
psicografia, que aquela boa alma desejara procurar o instrumento para pedir a
sua ajuda e proteção para ela e o marido, cuja situação no Além não era das
melhores. E como haviam sido informados pela alma amiga comum, da situação
espiritual deste instrumento, vinha pedir-lhe também a sua proteção, invocando
aquele rápido conhecimento do passado. Numa segunda visita alguns dias após a
boa alma vinha agradecer a luz que ela e o marido já estavam recebendo no seu
plano, luz resultante das preces que daqui passaram a receber. A boa alma
utilizou-se então da psicografia, ditando palavras de profundo agradecimento pelas
preces que estavam recebendo, manifestando ao mesmo tempo a sua grande
aspiração de se transferirem também, se possível, para o meu Círculo
Espiritual. Num dos fins de semana em que eu redigia no lar deste belo
instrumento mais dois capítulos deste livro, aqui encontrei aquela boa alma,
trazida uma vez mais a seu pedido, pelo nosso querido Thomé, em visita ao meu
intermediário, presente em seu pensamento o grande anseio de melhorar de
situação no Além. Eu compreendi imediatamente o seu anseio e apreciei a
correção e pureza de sua última encarnação, e logo me dispus a admiti-la no meu
Círculo Espiritual, se isto fosse da vontade do meu instrumento. Este,
consultado por mim, muito me agradeceu, pedindo-me para admitir as duas almas,
o casal da última encarnação, ao que eu atendi prontamente. A boa alma já
regressou incluída na minha comitiva, conduzindo, em nossa passagem pelo local
em que viviam, a alma do marido, que se emocionou ao receber a notícia de que
iam passar ao meu serviço no Alto.
Tudo isto aconteceu, minhas
almas queridas, em virtude de aquela boa alma ter podido comunicar-se
claramente com este instrumento por meio da psicografia, traduzindo em vários
ditados a sua situação de vida no Além, e o seu empenho em conseguirem, ela e o
marido, uma situação melhor, conseguida afinal, conforme ficou dito. Seja então
esta pequena história um exemplo de como podereis comunicar-vos com as almas do
Além, inclusive ajudá-las quando necessitem da luz que as vossas preces podem
produzir. Exercitai-vos, pois, no uso desta bela e útil faculdade ao alcance de
todos, que é a psicografia.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário