Os acontecimentos em
vias de se positivarem no mundo terreno, com a finalidade de operar
modificações em toda a superfície do planeta, devem produzir efeitos que a
História há de registrar como absolutamente novos em toda a vida desta pequena
esfera terrestre. Desses acontecimentos resultará o aparecimento de novos
detalhes geográficos em várias regiões, inclusive o deslocamento de grande volume
de águas, cujo espaço será ocupado por algum novo continente ou arquipélago.
Nada acontecerá por
acaso porque tudo foi pacientemente estudado e cautelosamente planejado para
atingir os objetivos desejados, com esta exclusiva finalidade: fazer da Terra
um mundo de condições de vida bem mais feliz do que a que aqui é vivida presentemente.
Está prevista a partida do solo terreno de bem avultado número de seres
presentemente encarnados, em virtude dos acontecimentos em curso, porém isto
apenas favorecerá aqueles que partirem, em face de sua transferência para
planos espirituais onde a vida supera de muito a que viviam na Terra. O Senhor
do Mundo jamais planejaria fosse o que fosse para os seus guiados da Terra que não
tivesse como conseqüência a sua maior felicidade. Não há, por conseguinte, por
que se entristecer alguém com o que aí fica, visto tratar-se exclusivamente de
promover aqueles que partirem a muito melhor situação do que a que atualmente
vivem na Terra.
E a família? —
indagarão alguns. A família é constituída milenarmente sob a égide de Forças
Superiores incumbidas exatamente de organizar, orientar e prover os seres
encarnados de todos os recursos e meios necessários à sua permanência no solo
terreno, não dependendo nenhum deles, por conseguinte, da existência ou não
daqueles a quem coube a construção dos respectivos lares. Assim, toda a vez que
algum membro de qualquer família terrena é chamado de regresso ao plano espiritual,
ele parte devidamente assistido e protegido, nada lhe faltando para a
continuidade da sua vivência no plano a que for conduzido, segundo o grau
evolutivo já alcançado. Quando isto acontece, podeis ficar certos, leitores
meus, de que não foi por acaso, precisamente porque o acaso não existe na vida
espiritual; tudo está devidamente previsto e anotado no registro espiritual de
cada criatura. Se, pois, um chefe de família é chamado de regresso da Terra
deixando no lar seres humanos a cuja manutenção ele provia, eles apenas
sofrerão o traumatismo moral produzido pela partida do chefe ou responsável,
porém continuarão a viver a sua vida, sendo não raro conduzidos por caminhos
diferentes daqueles que poderiam seguir sob a direção de quem lhes deu o lar.
Quando isto acontece é porque assim estava programado e jamais o será para
infelicidade dos que ficarem. A Providência Divina nada faz que não seja em
benefício exclusivo dos filhos a quem os fatos possam atingir.
Quanto ao fato de
partirem da Terra Espíritos encarnados responsáveis pela manutenção de vários
dependentes, isto se explica pelo cumprimento de desígnios igualmente
previstos, inclusive não raro precisamente para que seus dependentes encontrem
a oportunidade necessária de seguirem seu próprio caminho para o fiel cumprimento
de tarefas que de outra maneira jamais ou dificilmente chegariam a cumprir.
Isto em relação aos que ficam. Quanto aos que partem, um objetivo deve também
existir se sua partida tiver sido das consideradas geralmente prematuras, mas
que na realidade ocorrem no momento previsto na carta de vida de cada um.
Quando isto acontece, quando um encarnado cheio de vida parte de regresso ao mundo
espiritual, o fato se explica de duas maneiras: ou pela circunstância de deixar
os que lhe foram confiados para iniciar na Terra, entregues ao seu próprio
destino sob a proteção da Providência Divina, ou então pela necessidade de se
preparar no Alto para o desempenho de nova missão no serviço divino. Neste
caso, esses Espíritos encontram no plano a que pertencem o repouso necessário para
se refazerem do dispêndio fluídico em sua vida terrena, o que constitui para
todos uma etapa bastante agradável, ao mesmo tempo em que vão acumulando
ensinamentos de que terão necessidade em sua nova descida ao plano físico.
Convém assinalar para
que todos saibam, porém, que aqueles que partem do plano terreno jamais se
sentem isolados dos entes que deixaram na Terra, se assim o desejarem. Vivendo
no plano ou mundo espiritual os Espíritos podem fazer muito pelos entes
queridos em virtude da amplitude de sua faculdade de servir. Eles oram em favor
daqueles que lhes foram caros, junto a Entidades poderosas pelo grau evolutivo
que possuem, e, se aqueles que deixaram na Terra, isso desejarem e orarem
também pelos que partiram, então a ligação feita através da prece torna-se tão
sólida e eficaz, que mesmo vivendo em planos diferentes, encontram-se uns e
outros tão perto como se continuassem juntos na Terra.
Isto que acabo de
descrever são detalhes da vida espiritual muito interessantes para o
conhecimento dos encarnados, muito devendo contribuir para o seu
desenvolvimento espiritual. Este desenvolvimento terá o mérito de preparar a
mente de cada um dos meus estimados irmãos encarnados para quando tiverem de
regressar da Terra, levando em sua mente espiritual uma idéia bem aproximada da
vida que encontrarão no plano a que forem conduzidos. Para os encarnados há aqui,
ainda, uma informação bastante útil: ficam sabendo que a oração em favor
daqueles que partiram tem o mérito de reforçar os respectivos laços de amizade,
e contribuir para que os seus queridos do mundo espiritual se engrandeçam
continuamente e possam fazer sempre mais por aqueles que orarem por eles.
Resumindo: os
encarnados oram pelos seus queridos que partiram, e estes, recebendo do Senhor
Jesus as bênçãos e luzes provenientes das orações enviadas da Terra, têm
aumentado a sua capacidade de ajudar os que oram por eles. E a Providência
Divina, testemunha permanente junto a uns e outros, a todos abençoa e protege.
Falaremos em seguida
de um assunto igualmente caro ao coração de todos os viventes deste mundo de
Deus. Desejo referir-me ao que sucede geralmente quando algum irmão encarnado
se aproxima de sua partida de regresso ao seu plano espiritual, e, consciente
ou inconscientemente, toma providências relacionadas com esse acontecimento.
Nem sempre, ou mesmo só muito raramente o homem como a mulher tem a noção de
que sua partida se aproxima, porque isso poderia causar-lhes profundo abalo
moral. Casos existem entretanto, em que isso acontece, mormente a Espíritos
capacitados, os quais recebem a informação sem maior abalo. E quando, consciente
ou inconscientemente, alguém inicia providências relacionadas com sua própria
partida, uma interessante operação se processa em torno da personalidade
psíquica desse alguém, com reflexos no respectivo plano espiritual. O homem ou
a mulher que iniciarem providências relacionadas com sua partida, mesmo que o façam
na absoluta ignorância do que está para acontecer-lhes, estarão em verdade
preparando um regresso ditoso ao plano a que pertencem. Isto muitos encarnados
o fazem em virtude de avisos recebidos no Alto durante o sono do corpo,
ministrados por amigos ou Protetores espirituais, e noutros casos por
inspiração de Entidades que os visitam, para que façam determinadas coisas em
que não haviam pensado. Em qualquer dos casos, isto é, agindo em virtude de avisos
recebidos durante o sono do corpo ou inspiração de Entidades amigas, estes
irmãos deixarão sua matéria com a alegria de quem parte para uma viagem de
recreio, na certeza de que tudo foi deixado em ordem. E isto representa muito
para a sua tranqüilidade espiritual no plano em que passará a viver. Bom seria,
por conseguinte, que todos os encarnados iniciassem a preparação de uma
possível próxima partida deste plano, embora a mesma só se possa verificar
daqui a um bom número de anos. Aqueles que assim procederem adquirirão desde
logo uma certa tranqüilidade de Espírito, como é de hábito dizer-se, que em conseqüência
poderão verificar mais tarde que até conseguiram prolongar de muito a sua
permanência na carne. A razão é a seguinte: aquele ser humano que puser em
ordem todas as coisas de sua vida, que possa considerar-se em condições de
poder desencarnar a qualquer momento sem deixar problemas para os que ficarem,
essa criatura adquire desse fato uma tranqüilidade espiritual que é capaz de
prolongar sua vivência terrena por um período não imaginado. Da tranqüilidade
espiritual decorre, por assim dizer, a própria saúde do corpo, pela ausência de
preocupações de ordem espiritual ou moral, responsáveis em grande parte pelas
enfermidades que tanto encurtam a vida de muitos seres humanos. Da
tranqüilidade espiritual resulta, ainda, o perfeito funcionamento de todos os elementos
de que é formado o organismo humano, prolongando a vida e saúde do todo. Mas
ainda sucede algo muito importante para aqueles irmãos que conseguirem
estabelecer a sua tranqüilidade espiritual. A tranqüilidade espiritual pode ser
comparada às águas límpidas de um lago, permitindo que os olhares da margem
consigam ver-lhe o fundo com perfeita clareza, sinal da absoluta serenidade das
águas. Assim também, quantas idéias límpidas poderão beneficiar o ser humano
que conseguir estabelecer sua tranqüilidade espiritual! Um Espírito tranqüilo
está apto a captar no éter as muitas e muitas idéias inspiradas dia e noite
pelas altas esferas da espiritualidade. Será difícil ao homem ou à mulher
estabelecerem a sua tranqüilidade espiritual? — pergunto eu. E eu próprio
responderei que absolutamente não. Esta tranqüilidade é tão necessária, aliás,
a todos os encarnados, como o próprio ar que respiram ou a água que bebem, e
pode ser estabelecida muito mais facilmente do que à primeira vista possa
parecer. Bastará atentar cada um para o princípio regulador dos deveres para
com o próximo. Um ser humano que se sinta em perfeita harmonia com o seu
próximo, já estabeleceu um grau relativo de tranqüilidade espiritual. Aquele
que não ofende, não engana, não trai, e não prejudica o seu próximo, está em
verdade gozando já uma tranqüilidade espiritual relativa. Mas se, além do que ficou
dito, o ser humano ainda diligencia no sentido de contribuir para que o próximo
construa também um determinado grau de tranqüilidade espiritual, o resultado
será um incremento da sua própria, pela satisfação que seu ato lhe
proporcionará. Um novo grau dessa tranqüilidade resultará do cumprimento dos
seus deveres para com o Divino Mestre, orando constantemente a fim de manter e ampliar
seu contato com o Senhor. Essa prática, indispensável a todos os filhos de
Deus, serve para ampliar de muito, também, a tranqüilidade espiritual de cada
ser humano, quer se encontre momentaneamente vivendo na carne, ou como Espírito
livre da matéria. São maneiras estas de ampliar cada um a sua tranqüilidade espiritual,
o que equivale a dizer tranqüilidade de consciência. O cumprimento, pois, com
alegria, dos deveres inerentes a todos os Espíritos encarnados, assumidos
espontaneamente no Alto como condição essencial para uma nova vida terrena, é
um dos fatores principais para o estabelecimento da necessária tranqüilidade espiritual
de cada ser humano.
O homem ou a mulher
intranqüilos por motivo de sua maneira agitada de viver, são pessoas que todos
nós lamentamos, em nossas observações cotidianas. Seus Espíritos em muito se
assemelham às águas turvas dos lagos, através das quais nada ou muito pouco se consegue
enxergar. Se esses Espíritos pudessem experimentar alguns momentos de
felicidade e bem-estar peculiares às almas serenas, justas, equilibradas, eu
acredito que tudo fariam para que tratassem de construir desde logo também a
sua tranqüilidade espiritual, eliminando de sua mente todos os pensamentos e
atos que contribuírem para a sua intranqüilidade.
Acontece ainda o
seguinte às pessoas aqui classificadas como intranqüilas: suas idéias acerca da
vida, de imperfeitas, defeituosas ou malsãs, levam-nas à prática de atos também
incorretos, defeituosos, prejudiciais a terceiros ou a si próprios, cujas
conseqüências lhes acarretam quantas vezes sofrimento, prejuízo ou mesmo
decepções. Esta classe de pessoas reúne os encarnados que desprezam, a oração
ao Senhor como uma necessidade mesma de si próprios, e por isto não conseguem distinguir
das boas, as más idéias, de cuja prática é que resulta o peso enorme de suas
consciências ao regressarem ao mundo espiritual. Agindo de maneira oposta, e
submetendo suas idéias ao crivo de um raciocínio espiritualmente elevado, estes
irmãos conseguirão, não só um êxito feliz, duradouro, em sua vida terrena, como
adquirir esta fortuna imensa que é a tranqüilidade espiritual que desejo sinceramente
a todos os meus estimados leitores.
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