A Direção Superior do mundo terreno, habitado
por uma multidão de mais de sete bilhões de almas encarnadas, está procurando
encaminhar essas almas para o seu verdadeiro destino que é a sua iluminação
espiritual. Para conseguir tão importante objetivo, a Direção Superior enviou à
Terra uma luminosa seleção de Entidades integradas no supremo bem que constitui
a finalidade primordial de suas encarnações. Estas Entidades trabalham com
verdadeiro devotamento durante as vinte e quatro horas do dia, visto como, não
havendo tempo a perder, é necessário introduzir no coração dos Espíritos
encarnados, aquela mesma idéia que no Alto lhes fora apresentada ao partirem
para a Terra, porém aqui lamentavelmente esquecida. Por este motivo; foi que a
Direção Superior do planeta deliberou interferir junto a todos os homens e
mulheres enquanto não chegam certos acontecimentos que para cá se encaminham,
conforme já estais informados através de outros mensageiros de Jesus.
Minha presença agora entre vós representa a
participação de meu Espírito nessa grandiosa tarefa de salvamento, acorrendo eu
então com o meu barquinho, que é o meu conselho, a tentar recolher o maior
número possível na hora do naufrágio iminente. Somando assim o meu conselho
sincero e amigo a quantos me antecederam, eu desejo prestar ao meu Divino
Mestre e Senhor toda a minha colaboração em sua grandiosa Cruzada de
Esclarecimento difundida por todo o planeta.
Este nosso trabalho tem muito de semelhante à
tarefa do pescador que lança ao mar as suas redes na esperança de as retirar
pejadas de peixes, acontecendo não raro ter despendido seus esforços em vão. Há
contudo uma grande diferença entre a finalidade da tarefa do pescador de peixes
e a do pescador de almas. É que, enquanto o primeiro objetiva alcançar os
peixes para utilizar os corpos, o pescador de almas empresta ao corpo o nenhum
interesse que este possui, para alcançar primordialmente a alma e encaminhá-la
para Deus por intermédio de Jesus. Assim procedendo, eu venho de muito alto em
cumprimento de luminosa tarefa, junto aos meus estimados irmãos que ainda
perlustram os caminhos terrenos, de onde me afastei há mais de quatro séculos
após cumprir quanto se fazia necessário à minha evolução espiritual.
Lançado que foi,
entretanto, pelo meu Divino Mestre Jesus, o convite a quantos desejassem
colaborar nesta grandiosa Cruzada, eu me senti imediatamente tocado no íntimo
do meu coração e fui pedir ao Senhor as necessárias instruções para colaborar.
Nosso Divino Mestre apenas me contemplou com
seu magnífico olhar, apressou-se em me dizer:
“Almirante, reúne os teus sábios argumentos;
mune-te de larga dose de paciência; leva contigo aquele largo cabedal de
experiência adquirida em milênios de vidas terrenas, e vai, vai secundar o
trabalho de milhares de luminosos mensageiros meus que percorrem a face da
Terra, a despertar a todos os meus queridos governados para sua próxima
salvação. Vai, pois, com as bênçãos do Pai Celestial, e a certeza de que estarei
ao teu lado sempre que necessitares de mim, no desempenho da tua grande
tarefa.”
E eu parti então para a Terra e aqui estou
para vos dizer, filhos meus, que a vida terrena vale apenas pela luz que possa
adquirir cada um em suas numerosas encarnações, não passando os bens e a
fortuna reunida ao longo da jornada, de mera ilusão do Espírito. A este só
aproveitam as boas ações que puder praticar, seja ajudando aos que puder
ajudar, seja propagando a fé e a esperança no coração dos seus semelhantes: fé
na vida que aguarda a todos em seu regresso matemático ao mundo espiritual, e a
esperança numa vida feliz se souber cumprir os seus deveres espirituais
enquanto encarnado.
Gostaria que compreendêsseis, todos vós que
me ledes, que a obtenção da necessária autorização do Senhor para uma
reencarnação na Terra é coisa mil vezes mais difícil do que vos possa parecer.
Tal autorização depende de um sem número de fatores, entre eles o exame
minucioso dos atos praticados na última vida terrena do pretendente à nova reencarnação.
Nesse exame são pesadas e medidas todas as atitudes, todos os procedimentos,
todos os pensamentos registrados fielmente no Alto, de cujas conclusões as
Forças do Bem serão chamadas a deliberar pró ou contra a pretensão em causa,
isto porque milhares de milhares de outros Espíritos, necessitados de evolução,
também pretendem reencarnar num mundo em que os nascimentos passaram a
constituir problema para muitos e muitos lares.
Dizendo-vos o que aí
fica, desejo apenas apresentar-vos uma face do problema que também existe no
Alto para conceder-se autorização para novos mergulhos na carne, conforme vos
falou nosso bom Irmão Thomé, e isto para que trateis de aproveitar a encarnação
atual para a vossa maior iluminação. Bem sei que minhas palavras hão de receber
uma provável contestação por parte de quem se empenhe em manter na completa
ignorância das coisas e condições da vida espiritual ao maior número de irmãos
encarnados, por motivos que fogem completamente à minha apreciação. Isto,
entretanto, não modifica de maneira alguma as leis divinas que regem a vida em
todos os planos do Universo, e esses mesmos que o fizerem acabarão por se
convencer também quando o seu momento chegar de deixarem a Terra.
Deveis analisar quanto se vos apresente em
relação com a vida espiritual, para aceitar somente aquilo que vosso Espírito
puder compreender e assimilar. E não vos esqueçais de que, encontrando-se na
Terra pelo menos três categorias de Espíritos, segundo o grau evolutivo que
alcançaram, pode dar-se que a esperteza ou habilidade de alguns tente
manter subordinados aos seus interesses pessoais quantos preferirem deixar-se
conduzir por eles, em vez de meditar seriamente na grandeza da Misericórdia
Divina que a todos assiste e dirige para Deus. A prova disto aí está na série
de conselhos trazidos a Terra por aquele luminoso emissário de Jesus, nosso
querido Irmão Thomé, seguidos da palavra de outros enviados do Senhor como este
que vos fala, e dos que me precedem e sucederão na confecção deste volume.
A vida espiritual é uma vida simples e feliz
para quantos houverem conseguido engrinaldar o Espírito com as flores
perfumadas de suas boas ações em cada uma de suas vidas terrenas que são
muitas, muitíssimas, através dos milênios. Em face desse tipo de vida, filhos
meus, vosso viver presente nada mais representa do que a luta prolongada entre
o Bem e o Mal, de cuja vitória ou derrota surgirá o grau da vossa felicidade
futura.
Minha vinda até vós, repito, encerra o meu
grande, imenso desejo de poder contribuir para que possais voltar-vos já e já
para o objetivo que vos conduziu a Terra, para uma encarnação que muito vos
custou a conseguir. E se, após vencerdes como efetivamente vencestes todos os
óbices para virdes, olvidardes por completo o vosso grande objetivo que é a
vossa iluminação espiritual, isto não será apenas para lamentar porque será
mais para deplorar, porque outra vinda a Terra talvez não seja possível nos
próximos dois milênios, quando este pequeno mundo deverá ascender à categoria
dos mundos iluminados pela luz de seus felizes habitantes. E se vós não
conseguirdes o grau de iluminação que vos comprometestes a alcançar quando
descestes a Terra, como podereis participar de uma civilização que se aproxima,
à qual incumbirá, ela própria, iluminar o planeta?
Para que ainda possais recuperar os decênios
perdidos — falo àqueles que os perderam, evidentemente — eu quero introduzir em
vosso coração espiritual a recordação do vosso compromisso assumido no Alto, e
dizer-vos que nada está perdido enquanto o barco continua navegando. Sendo
passageiros do barco terreno, despertai imediatamente para o sentido da vossa
verdadeira felicidade, e voltai-vos para o Divino Salvador, de quem me orgulho
de ser também humilde barqueiro pronto a receber-vos no meu barco se necessário
for.
Fala-vos desta maneira sincera e franca um
vosso irmão que muito lutou também na Terra em tempos idos, quando se chamou
PEDRO ÁLVARES CABRAL
Not. biogr.: Pedro Álvares Cabral —
1467/68-1526 — Navegador português, descobridor do Brasil no ano de 1500. Tendo
sido designado por El-Rei D. Manoel de Portugal para comandar a primeira
expedição à Índia logo após o regresso de Vasco da Gama, Cabral organizou uma
armada da qual faziam parte, como comandantes de outros navios, figuras de grande
destaque na ma-rinha portuguesa, tendo levantado ferros do Tejo no dia 9 de
março do ano de 1500. Cinco dias após, a armada de Cabral avistava as ilhas
Canárias, e a 22 desse mês alcançava o arquipélago de Cabo Verde onde suas naus
se defrontaram com forte tormenta, tendo várias delas sofrido grandes avarias.
O grande navegador agasalhava em seu coração
a idéia concebida no Alto, perante o Senhor Jesus, de descobrir para o mundo a
enorme extensão territorial banhada pelo Oceano Atlântico e por ele visitada em
Espírito, e nessa intenção ordenou aos seus navios, que, a pretexto de se
livrarem das tormentas da costa africana, guinassem sempre sobre a banda do
sudoeste. Do rumo assim seguido pela armada de Cabral, resultou o descobrimento
deste formoso país, tendo fundeado seus navios na baía de Santa Cruz, no Estado
da Bahia, no dia 3 de maio de 1500, local que o grande navegador considerou um
porto seguro para ancorar.
Ao completar a descoberta do território
brasileiro, Pedro Álvares Cabral cumpriu a importante missão que lhe fora
confiada pelo Senhor Jesus com o objetivo de dar novos mundos ao mundo. O
descobrimento do Brasil por este grande navegador havia sido planificado no
Alto sob as vistas do Senhor, desejoso de transplantar para este país a semente
do Evangelho. Como passo inicial nesse sentido, verificou-se a fundação da
famosa Escola de Sagres, pelo infante D. Henrique, da qual saíram os maiores
navegadores portugueses dentre eles Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Afonso
de Albuquerque e muitos outros.
Feita a feliz descoberta da terra brasileira,
Cabral enviou um dos seus comandantes a Lisboa, para levar a grande notícia a
El-Rei D. Manoel, retomando então a sua rota no caminho da Índia, durante a
qual várias de suas naus soçobraram nas alturas do Cabo da Boa Esperança,
chegando a Quiloa, na África Oriental, de onde a sua boa estrela o fez escapar
a tempo de uma traição do Ibrahim, dirigindo-se a Melinde, e depois a Calicut,
onde teve de usar de energia para repelir a gentalha açulada pelo Samorim em
seu ódio contra os portugueses. Daí prosseguiu até Cochim, rico principado
indiano na costa de Malabar, de onde regressou a Portugal pela única via
marítima de então: Cabo da Boa Esperança, ilhas de Cabo Verde e Açores,
ancorando em Lisboa no dia 23 de junho de 1501, aí sendo recebido
festivamente por El-Rei D. Manoel.
Pedro Álvares Cabral desencarnou em 1526 em
Lisboa, sendo sepultado em Santarém, na capela do Senhor da Vida. Foi o erudito
historiador brasileiro Varnhagen, visconde de Porto Seguro, quem encontrou a
sepultura do descobridor do Brasil, da qual não havia memória escrita ou
tradicional. Diz Varnhagen tratar-se de uma sepultura rasa com uma lousa
simples de treze palmos de comprido, e a seguinte inscrição: “Aqui jaz Pedro
Alvares Cabral E Dona Izabel De Castro Sua Molher, Cuja Hé Esta Capella, Hé de
todos Seus Herdeyros. Aquall Depois da Morte de Seu Marydo Foi Camareyra Mór Da
Infanta Marya Fylha de El-Rey Dõ João Noso Señor Hu Terceyro Deste Nome”.
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