A desgraçada condição
vossa, filha principalmente da cegueira com que vos apegais às cousas
terrestres, move-nos a piedade por vós, aos que vivemos já no meio das intensas
claridades da alma, que demonstram ante nossos olhos as torpezas que como
pesadas cargas de chumbo, oprimem vossos espíritos, impedindo-lhes o vôo para
permitir-lhes somente arrastarem-se pelo imundo lodaçal das baixezas próprias
dessas capas inferiores, que unicamente por cobardia não haveis ainda
abandonado. Vossa teimosia, mais que tudo é, pois, o que vos tem acorrentado ao
próprio montão de pó que pisais.
Amigos meus, filhos
meus, queridos irmãos meus, refleti com seriedade alguma vez sobre a mísera
situação a que vos encontrais submetidos por não quererdes fazer um pequeno esforço
de espiritualidade, isto é, um pequeno esforço de vossa personalidade sobre os
instintos carnais e tendências mundanas inerentes à vossa natureza terrestre.
Essa
desmaterialização é a que vos há de encaminhar para o grandioso destino que vos
aguarda e ante o qual, não obstante, perplexidade demonstrais, ou temor e
cobardia, em vez de decidido impulso, como devera acontecer. Fugi portanto
dessa prejudicial perplexidade e empreendei com valor e confiança a conquista
do império que nos céus vos está destinado e cujos caminhos o próprio Filho de
Deus vos ensinou, e volve ainda ele sobre seus passos, para guiar-vos pela
própria mão.... Chegareis ainda até rechaçá-lo novamente?... Tapareis vossos
ouvidos a suas palavras, vossos entendimentos a seus conselhos e vossos corações
ao calor intenso de seu sentimento?...
Oh! Não seja, pois,
novamente vossa pertinácia e vossa cegueira, causa de profunda pena para o ser
que tanto por vós já sofreu, que a vós consagrado vive e em cujo porvir principalmente,
fixos estão com empenho seus constantes olhares.
Desprezai a vaidade e
orgulho que vos ofuscam, impedindo a vossos sentimentos o confundirem-se com os
meus e aos olhares de vossa fé o descobrir-me detrás das singelas palavras,
porém cheias de amor e de sinceridade, com que volto agora a me apresentar ante
vós.
Se certamente cumpre
agora o Messias seu mandato divino em melhores condições das que lhe serviram
em sua anterior sementeira e se certamente também o rodeiam com muito maior
eficácia as elevadas alianças espirituais de que no princípio vos falou, não
deve tampouco olvidar-se a maior clareza de visão e a maior sutileza de exame
que passou a ser natural nele, oferecendo-lhe com maior rudeza nos detalhes e
mais profunda verdade no fato, a ingratidão, a falsidade, as vergonhosas claudicações,
os torpes vícios, a negra teimosia no erro, os ódios fratricidas, as traições
nefandas, as horríveis vinganças e os asquerosos desafogos das paixões carnais;
todo esse escuro abismo da louca fantasia do homem no erro e no mal, claramente
exibido se encontra diante de meus olhares angustiados, tendo adquirido brilho
inusitado ante meus olhos os últimos e mais recônditos escaninhos da consciência
humana.
Acreditais porventura
que no meio da condição vossa, tão longe ainda de vislumbrar a verdadeira luz
do espírito, acreditais porventura que a alma de Jesus possa permanecer
indiferente e fria? Não, certamente e tampouco o podem os celestes mensageiros
que o acompanham no cumprimento de sua sagrada missão.
Só o amor e o perdão
traz como armas Jesus, para o cumprimento do que em suas mãos lhe foi confiado,
“porque não enviou Deus seu Filho ao mundo para julgar o mundo, senão para
que o mundo se salve por ele”.
Mas este é o
preceito: “Que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a
luz; porque suas obras eram más”. “Porque todo homem que procede mal, aborrece
a luz, e não vem à luz para que suas obras não sejam censuradas.”
Assim portanto, hoje
também acontece, com grande pesar para mim, que ausentes vejo de meu lado
muitos espíritos que deveriam ter conquistado maior elevação e grandeza e retrocederam
entretanto do caminho que com tanta vontade empreenderam.
Volvei, pois, sobre
vossos passos, vós os pusilânimes, recordando o que já antes disse: “O céu e
a terra passarão; mas minhas palavras não passarão”. “Olhai pois por vós, não aconteça
que vossos corações se encham de glutonaria, e de embriaguez, e dos afãs desta
vida, e que venha de repente sobre vós aquele dia”... dia de
responsabilidades, que para todo o espírito chegará, como os dias da Terra, mas
que dentro de si mesmo tem suas limitações, pelo que significa quanto ao que o espírito
tem de receber como prêmio ou como castigo, assinalando também uma nova etapa
para seu porvir.
Não vos assombre do
que em ocasiões dissera com palavras como estas: “Na verdade vos digo que
não passará esta geração sem que sucedam todas estas cousas”, porquanto
Jesus olhava muitas vezes mais para o ambiente do espírito que para o do homem
e apesar de mudado o homem por encarnação diferente, o mesmo espírito discernia
freqüentemente. Assim também, seus juízos formados eram, mais para o ambiente
espiritual, que lhe resultava mais propício e mais harmônico, que para o da
carne.
Portanto sua
apreciação de tempo, diferente era por completo da dos homens, pois via-se
levado a considerar todas as cousas quase como presentes, tal como com o
espírito acontece.
E dizia Jesus aos
hebreus, que nele haviam acreditado: “Se vós perseverardes em minhas
palavras, verdadeiramente sereis meus discípulos e conhecereis a verdade e a
verdade vos fará livres.” Dessas palavras saídas dos lábios de quem chamado
foi o Mestre, há de sair luz novamente, porquanto está dito nelas verdade e
sabedoria maiores que as que o homem possa produzir.
O próprio saber, na
ordem física, de grande proveito para a alma também resulta porquanto é dele,
ao lado das boas obras, que a alma vive e não de incentivos puramente
materiais. O homem alma é revestido de um corpo pela cadeia de seu astral, como
já vos disse e unicamente pelo corpo participa da natureza carnal, para motivo
de adiantamento. Toma assim adaptação entre as cousas da Terra para o
enriquecimento, com elas, de sua própria pessoa de espírito. Mas vós, em vez de
enriquecer dessas cousas o espírito, formais com elas correntes que à Terra o
atam e sobre ele exercem pressão para impedimento de seu vôo. Dominar, pois,
antes que tudo, o corpo e seus apetites e elevar-se, superior na vontade e no
caráter, por cima de tudo o que lhe oferece sua passageira morada da Terra, o
primeiro que tudo e o principal deve ser para vós espíritos, desde que, como tais,
destinados sois para a vida gloriosa dos espíritos, partícipes da grandeza e da
sabedoria do Pai, que até vós manda a seu próprio Filho para vô-lo dizer.
Elevai, pois,
constantes orações ao Pai para que ilumine vossas consciências e vos faça ver
claramente a verdade do que vos digo e a verdade de minha própria natureza;
ante a qual vos obstinais novamente em fechar os olhos entravando os amorosos propósitos
do mesmo Pai que brilhantes reflexos fazem brotar do Filho, que com constante
empenho vos chama, tendo ele depositado também em vós todo o apaixonado calor
de seus sentimentos.
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