Os tempos de há muito
anunciados, tempos de há muito falados e esperados, como de natureza a
modificar a situação de toda a vida na Terra, já chegaram e praticamente não
foram percebidos senão por uma pequena minoria. Estes destinavam-se especialmente
a operar transformações substanciais no pensamento humano, mas apenas
conseguiram despertar pequeno número de Espíritos que passaram a dirigir para o
Alto suas vibrações até então inteiramente voltadas para as coisas da matéria.
Ainda bem que isso aconteceu em varias regiões e latitudes, resultando em
reuniões de irmãos encarnados que passaram a dirigir-se a Nosso Senhor Jesus em
preces e trabalhos bem orientados. Contudo, os resultados ainda são quase
imperceptíveis no Alto, ante a necessidade de que todos os homens e mulheres se
decidam a buscar o apoio e as bênçãos do Senhor para os seus trabalhos diários.
Outros tempos foram então
preparados para produzir maiores resultados em beneficio mesmo da iluminação
dos encarnados, tempos que já se encontram na própria atmosfera da Terra e não
tardam a fazerem-se presentes por toda a parte. Esses tempos devem resolver, e
resolverão certamente, as últimas dúvidas que ainda existem em muitos Espíritos
encarnados, que até agora fizeram ouvidos moucos a tantas advertências trazidas
ao meio terreno com regular frequência em todos os tempos.
Uma das consequências mais
imediatas a registrar com a aproximação dos tempos referidos, será certamente a
fase de intranquilidade implantada em vários países do globo, em consequência
do levantamento de povos insatisfeitos e talvez mesmo raivosos, podendo formar
avalanches grandemente destruidoras. Tal situação poderá resultar do
esgotamento da paciência dessas populações em face de dificuldades de vida não satisfatoriamente
atendidas pelos seus governantes. Essas dificuldades de ordem material poderiam
e podem ser remediadas, sanadas até por meio de um pouco mais de compreensão
dos responsáveis pelo governo desses Países, reconhecendo nos seus governados o
direito cristão de todos ao conforto material que lhes falta, reduzindo alguma
parcela dos que tiverem muito em favor daqueles que nada têm.
Nosso Senhor Jesus pregou
exaustivamente em sua passagem pela Terra a necessidade que têm os ricos de
amarem os pobres, cedendo a estes um pouco do que lhes sobra, de maneira a
implantarem no planeta a felicidade, a paz e o amor acima de tudo. Assim não
tem sido, porém, e não mais o será nas condições vigentes na sociedade humana
dos dias atuais. Necessário será, portanto, que algo aconteça capaz de abalar
os fundamentos dessa sociedade em acelerada decadência, para em seu lugar
construir-se nova, mais racional, mais elevada, isto é, espiritualizada.
Convença-se o homem de não
ser dono da menor partícula de quanto o cerca, nem mesmo do seu próprio corpo.
Convença-se, ainda, da transitoriedade de sua existência como ser encarnado,
podendo anoitecer no corpo e amanhecer bem longe dele, pelo desligamento
definitivo. Convencendo-se, pois, da precariedade de tudo quanto supõe lhe
pertencer, assim como de sua partida de regresso ao mundo espiritual sem prévio
aviso nem consulta, deve o homem encaminhar sua vida terrena no sentido único
de sua iluminação espiritual, para que, ao reingressar no plano espiritual de
onde proveio, o faça com a consciência tranquila do aluno que alcançou os
conhecimentos de que necessitava, pelos quais suportou alguns anos de estudo,
senão de internamento na Universidade.
Os tempos que desta vez se
aproximam da Terra, irmãos e amigos meus, serão decisivos para todos os
Espíritos que ora perlustram os tristes caminhos deste pobre planeta, um dos
menores do seu sistema solar. Serão decisivos, digo bem, porque decidirão em
definitivo, quais os Espíritos atualmente encarnados realmente desejosos de alcançarem
progresso espiritual, e quais os que terão de ser enviados a mundos inferiores,
ou seja, a escolas onde o aprendizado ainda obedece a maiores trabalhos e não
menor dose de sofrimento.
Eu acredito, porém, com todo
o meu empenho em reunir a humanidade encarnada naquele só rebanho de que falava
o Senhor Jesus, eu acredito que as páginas que venho grafando para os meus
queridos irmãos encarnados hão de levá-los a se voltarem já e já para o Divino
Mestre, Senhor e Salvador do mundo terreno, e desta maneira amarrarem aquele
salva-vidas de que falei no meu livro anterior.
Em seguida desejo
relatar-vos um acontecimento verificado nas regiões superiores do Universo, num
mundo ou planeta onde a vida decorre em condições algo semelhantes às da Terra.
Este acontecimento esclarecerá um pouco o entendimento de muitos de meus
leitores pela analogia que nele encontrarão, com o que conhecem de experiência
própria. Encontrava-se em certo momento aguardando a vez de poder falar ao
Governador do planeta em referência, um Espírito encanecido no trabalho santo
de servir aos seus irmãos planetários, e desejava avistar-se com a mais alta
autoridade para cientificá-la de viva voz de tudo quanto havia feito de bom e
útil aos seus irmãos, não fossem suas boas ações ficarem esquecidas ou até
desconhecidas do Governador. Chegado o dia de sua entrevista, foi a Entidade
conduzida à presença do Senhor do Mundo, na satisfação e atendimento que este
lhe concedera. Recebido com raras demonstrações de carinho espiritual pelo Senhor
e regiamente acomodado no vasto salão destinado às personalidades meritórias,
mandou o Governador que um luminoso auxiliar conduzisse à sua presença o Anjo
Registrador da Corte Celeste, antes que a palavra fosse dada ao Espírito
visitante. Uma vez presente o Anjo Registrador, foi-lhe ordenado que relatasse
ao visitante iluminado que ali estava, todos os seus passos, obras e ações
levadas a efeito em sua recente peregrinação. O relato então produzido pelo
Anjo Registrador era de tal modo preciso, exato, que à margem das ações mais
dignas e realmente meritórias da Entidade presente, apareciam aqui e ali
nuances produzidas por outra espécie de ações, e com tal fidelidade, que o
visitante teve apenas o seguinte gesto: - Prostrou-se genuflexo perante o Senhor
do Mundo em que viveu, proferindo do intimo d'alma as únicas palavras que em
tal circunstância poderia proferir: - Bendito e louvado sejais, meu Rei e
Senhor, pela graça concedida a este pobre Espírito, ainda tão ignorante das
vossas leis! Longe estava de supor que meus atos mais recônditos ou
insignificantes, eram aqui tão fielmente registrados! Perdoai minha pobre
ignorância em pretender relatar-vos aquilo que sabíeis melhor do que eu
próprio! E nessa posição respeitosa aguardou a complacência do Senhor, que lhe
declarou a seguir, com um gesto de bênção muito carinhoso: - “Meu filho muito
amado! Nada se passa no mundo que me foi entregue por Nosso Pai Celestial que
não fique registrado nestes arcanos para todos os milênios porvindouros. Todas
ações meritórias, contudo, superaram, de muito as menos dignas ou incorretas, e
isto é verdadeiramente o que conta em tua vida espiritual. Vai na paz de Deus,
e prepara-te para voltares ao plano físico para prosseguires em tua nobre
tarefa de fazeres o bem pelo bem, e só o bem – foram as últimas palavras do
Senhor”.
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