Por uma simples questão de
sua própria conveniência, deveriam os Espíritos encarnados na face da Terra,
dedicar algumas horas por dia ao interesse de si próprios na esfera espiritual,
e um pouco menos aos interesses materiais. Enquanto estes últimos ficam na
Terra para se dissolverem em favor de terceiros, os interesses do Espírito
partem com ele e o acompanham no mundo espiritual.
É esta uma verdade que
deveria ser ensinada pelas religiões terrenas aos seus adeptos, mostrando-lhes
de mil maneiras, quanto precária se torna a fortuna de bens materiais em
detrimento daquela que todos os seres humanos vieram buscar em sua presente
encarnação.
Isto constituiria sem dúvida
um grande auxilio aos adeptos de qualquer credo religioso, e muito contribuiria
para que eles conseguissem alcançar a redenção espiritual em menor número de
encarnações. Nosso Senhor exultaria com isso, e por sua vez distribuiria
bênçãos e luzes aos mentores desses credos, religiões ou filosofias terrenas.
O que, entretanto, não pôde
ser feito até agora, já não mais o será em face da remodelação a ser operada
neste pequeno planeta, para possibilitar a vinda de Espíritos adiantados que
devem constituir a humanidade, como ficou dito em capítulos anteriores.
Algo que ainda se encontra
ao alcance de cada um e que muito poderá contribuir para a sua redenção
espiritual, segundo o grau evolutivo em que se encontrem, já foi igualmente
aconselhado em meu livro anterior e repetido neste, que é o contato diário com o Divino Salvador por meio da prece e da
meditação.
Se para os Espíritos
encarnados mais evoluídos, isto pode constituir a própria redenção espiritual,
para os demais isto é, para os menos evoluídos, para os que ainda supõem que a
vida na Terra consiste apenas na utilização de quanto aqui existe de material e
grosseiro, para esses, igualmente, a prática de seu contato diário com o Senhor
Jesus, n'Ele se amparando quando necessário, e para Ele apelando em seus
momentos de dificuldades poderá também proporcionar-lhes vantagens de tal
monta, que de certo os surpreenderão quando regressarem aos planos donde vieram
para a Terra.
Não fora o grau de atraso
espiritual em que ainda vivem os homens e mulheres na Terra, completamente
olvidados dos compromissos assumidos ao reencarnarem, certamente que as Forças
do Bem teriam ensejo de utilizar outros meios de lhes mostrarem boa parte das
belezas que aguardam, no Alto, a quantos fizeram de sua presente encarnação o
meio de adquirirem maior luminosidade para seus Espíritos.
Maior fosse o interesse
manifestado pelos homens e mulheres em compreender, assimilar e praticar os
ensinamentos que lhes têm trazido do Alto as Forças do Bem, e possível seria
apresentar-lhes certos fatos espirituais em forma de projeções cinematográficas
que os deixariam deslumbrados. Nesta altura de tempo, era de esperar-se que
pelo menos uma terça parte da humanidade já tivesse desenvolvido a vidência
espiritual, o que possibilitaria a essas pessoas apreciarem fatos e episódios
realmente preciosos para a sua redenção.
Muito se têm empenhado as Forças
do Bem na difusão dessa utilíssima faculdade entre os encarnados do momento que
passa, porém sem resultados apreciáveis até agora. Tal circunstância resultará
em dificuldades para todos após a sua desencarnação, porque, não tendo
desenvolvido aquela faculdade quando no corpo, ver-se-ão, na contingência de a
desenvolverem no Espaço, para que possam enxergar o lugar em que se encontram,
e bem assim amigos e parentes que se aproximam.
Já me referi ao assunto em
páginas anteriores, e se nele volto a insistir, é apenas pelo meu grande desejo
de que os meus leitores possam vir a constituir, por assim dizer, uma classe
privilegiada de encarnados que nenhuma dificuldade encontrarão ao regressarem
aos luminosos planos do Além.
Bem compreendo o quanto
constrange os meus queridos irmãos e amigos, falar-lhes eu em regresso ao mundo
espiritual. Isto entretanto, todos o sabem, é o que de mais certo, infalível,
existe na vida terrena, e ai de todos nós se assim não fora.
Imaginemos só para
argumentar, que a vida do corpo não tivesse fim, e o Espírito nele tivesse de
permanecer séculos e séculos, a lutar contra as dificuldades peculiares à
matéria. Tempos chegariam de certo, em que a posição forçada do corpo seria a
horizontal, forças totalmente alquebradas ou extintas, a vista deficiente e o
que mais fora, mantendo prisioneira a alma jovem, de seu natural alegre,
jovial, porém encarcerada sem meios de libertação.
Devemos concluir, assim, que
a Sabedoria Divina conferiu ao Espírito um corpo de carne, com a duração de que
o mesmo possa necessitar para o seu aprimoramento espiritual nesse lapso de
tempo. Agora, se muitos dos encarnados transformaram a vigência de sua
encarnação em objeto de perturbação e consequente endurecimento de seu
Espírito, isto é realmente de lamentar, porém a ninguém é dado obrigar esses
Espíritos a mudar de rumo.
Cabe a cada um esforçar-se
pela própria salvação ou engrandecimento espiritual. No Alto, disse-o o Senhor
Jesus no Prefácio de meu primeiro livro, não existe nenhuma espécie de violência,
cada um tem o livre arbítrio para se conduzir como melhor lhe parecer, colhendo
ele próprio os frutos doces, ou amargos segundo a espécie plantada.
Contou-me no Além uma
Entidade altamente evoluída, habitante duma esfera onde a vida se constitui numa
felicidade perene, que um dos requisitos necessários para ingressar nessa
esfera é o esquecimento de si mesmo, e bem assim de quanto se haja passado em
toda a sua existência.
O esquecimento de si mesmo é
de um modo cultivado nessa esfera, que a maior preocupação de seus habitantes é
o bem-estar e a felicidade do próximo. Direis vós talvez que se a norma geral é
o bem do próximo, todos devem sentir-se tão felizes que não terão tempo de se
lembrarem de si. Em parte estais certos nesse raciocínio. O esquecimento de si
mesmo constitui uma das melhores maneiras dos Espíritos adquirirem a perfeição
espiritual.
E numa sociedade em que os
indivíduos fazem questão de se esquecerem de si mesmos para só cuidarem do bem-estar
e da felicidade do próximo, o amor, a caridade e a virtude lançaram tão fundas
raízes, que a Divina Providência se incumbe de proporcionar a cada um aquilo de
que porventura necessitar. Na realidade, porém, aqueles que procuram
esquecer-se totalmente de si, já atingiram a tão elevado grau de progresso
espiritual, que seu Espírito somente pode sentir-se feliz quando pode estar
sendo útil ao seu semelhante.
Contou-me ainda a mencionada
Entidade, que na esfera em referência, onde não existe noite nem dia, mas um
grau permanente de luminosidade, as criaturas viventes dedicam cerca de oito a
doze horas da Terra, a orar pela felicidade e bem-estar de seus irmãos de
outros planetas, da Terra inclusive, pelo ardente desejo de poderem ajudar de
alguma maneira aos habitantes de outros mundos mais atrasados.
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