As pessoas que usam
habitualmente manifestar-se em relação aos ensinamentos e advertências vindos
do Alto, confessando-se cépticas, descrentes de que isso possa ser possível, na
convicção em que vivem de que os que morreram acabaram para sempre, essas pessoas
terão uma grande surpresa quando chegar sua vez de libertarem seu Espírito do
corpo de carne em que vivem presentemente.
Surpresas, grandes surpresas
aguardam no Espaço as pessoas que por uma questão de simples conveniência
pessoal, se recusam a aceitar como verdadeiras as comunicações dos Espíritos.
Tais pessoas têm passado em todos os tempos por surpresas às vezes dolorosas
até, mas sempre desagradáveis, ao reingressarem no plano espiritual donde
vieram para a Terra.
Não tendo cultivado em sua
vida terrena a religião e a fé, por lhes parecer a vida mais cômoda sem essas
preocupações, chegam ao Espaço na situação de certos seres humanos, que ao
trabalho honrado de cada dia, preferem estender a mão, à caridade pública.
Estes, igualmente, por não terem alimentado a
fé em seu coração, continuam no Espaço a sua vida terrena em que apenas foram
párias da sociedade. Muitos casos tenho infelizmente presenciado no Alto, de
homens e mulheres, grande maioria de homens, que não levam em seu arquivo
mental ao deixarem a Terra, a menor noção de espiritualidade, tendo no entanto,
atravessado uma existência em meio ao maior conforto material, e o que lhes
sucede então? O que tem de suceder a quantos fizeram ouvidos surdos aos
conselhos e advertências que tiveram sob os olhos, ou tiveram ocasião de
escutar de algum amigo ou simples conhecido.
O resultado disso é, no
mínimo, a perda de mais uma encarnação na Terra e a espera, longa talvez, de
nova oportunidade após uma peregrinação em Espírito, quem pode saber por onde?
Com o objetivo de abrir os olhos da alma para a compreensão e para o amor ao
seu semelhante, pode também suceder que, tal seja o número de encarnações
infrutíferas vividas na Terra, completando provavelmente o ciclo que lhe seria
facultado viver neste mundo de provas e expiações, que tenha de seguir rumo a
outro planeta de categoria inferior a este, onde, em contato com outras
condições de vida, possa despertar, finalmente, os sentimentos de amor e
compreensão que houverem podido resistir às circunstâncias que marcam a vida na
Terra.
Se em mim estivesse o poder
de penetrar desde agora no âmago de todos esses corações ainda tão endurecidos,
e neles instalar os mais belos sentimentos que hão de um dia purificá-los,
confesso sinceramente que o faria com meu próprio coração em festa, tal o
desejo que nutro de que todos os encarnados possam receber, aceitar e
compreender, os objetivos da minha vinda ao vosso meio.
Nosso Senhor que me enviou
como emissário do amor e da fraternidade, para grafar os amorosos conselhos que
efetivamente venho grafando, Nosso Senhor exultará de contentamento ao
verificar que todos os corações humanos os receberam e decidiram pôr em
prática. Durante o período de grafia destas linhas, tenho constatado não pequeno
número de acidentes em grande parte fatais ocorridos no mar e alhures, o que me
inspira repetir aquela imagem do naufrágio e consequente oferta de um escaler,
para salvar os que quiserem salvar-se.
Este gênero de
acontecimentos é o que mais se assemelha à idéia que venho desenvolvendo em
meus conselhos, a idéia do salvamento espiritual de todos os encarnados a seu
tempo. E devo insistir nela, porque, todos haveis testemunhado com o coração
confrangido, o resultado, de diversos naufrágios, com a perda de maior ou menor
número de vidas.
Devo esclarecer-vos, irmãos
e amigos meus, que o perecimento de maior ou menor número de irmãos, é o que
menos deve interessar aos sobreviventes, mas sobretudo a circunstância de saber
se aqueles que pereceram estariam ou não em condições de partir.
De minha parte, tudo o que a
respeito posso informar-vos é que certo número de Espíritos cujos corpos têm
perecido nesses naufrágios ainda lá permanecem ou repousados no fundo do mar ou
à mercê dos elementos. Esses Espíritos, ignorando por assim dizer o A B C da
espiritualidade, por não terem tido oportunidade ou disposição de se dedicarem
ao assunto, sofrem dolorosamente ao verificarem a ação voraz dos habitantes do
mar sobre aqueles corpos que foram seus, e tantos cuidados lhes mereciam. Esta
é uma informação que eu vos transmito, amigos meus para vossa meditação
demorada.
Todos quantos se encontram
na superfície da Terra podem ver-se de repente em meio de acontecimentos
absolutamente imprevistos, e pararem também inesperadamente, de regresso ao lar
espiritual que deixaram em certo ponto do Universo.
Claro pois, que, se
preparados estiverem para esse regresso inesperado, felizes se sentirão ao
constatarem que o fato de haverem desencarnado de maneira imprevista, no seu
entender, obedeceu a planos de há muito traçados e que apenas se cumpriram.
Isto é em verdade o que mais
deve interessar a todos os homens e mulheres, muito mais mesmo, do que a
construção de fortuna material, visto como na hora de uma partida inesperada ou
mesmo prevista, os milhões que possam haver acumulado de nada lhes podem servir
ao Espírito.
Ao Espírito servem apenas as
boas ações, os sentimentos de amor e de fraternidade que tenham podido ornar a
personalidade durante a vida do corpo, porque se terão transformado em luzes e
bênçãos para si, no mundo espiritual em que houver de repousar e viver.
Eu tenho receio de me tornar
insípido, meus queridos irmãos e amigos, ao repisar estes fatos e reproduzir
imagens que possam desagradar a alguns. Devo dizer-vos contudo, que isto se
torna necessário e urgente, porque a soma das vibrações emanadas pelos
encarnados do momento que passa, denotam uma absoluta maioria de preocupações
de sentido egoísta, de um materialismo grosseiro, intermeado de sexualidade,
inteiramente incompatíveis com as necessidades evolutivas dos homens e mulheres
deste fim de civilização. Fim de civilização, digo bem, meus queridos irmãos e
amigos, porque em verdade a vossa civilização nada mais tem produzido do que
egoísmo, vaidade, ambição, orgulho e ódio, inimigos que se tornou necessário
destruir pela raiz. É bem triste dizê-lo, mas é esta a dura verdade em relação
à civilização, sendo pois necessário destruí-la para implantar na Terra aquela
que, inteiramente escoimada desses baixos sentimentos, possa transformar a vida
e o planeta num autêntico paraíso terrestre.
Nosso Senhor Jesus espera
com o coração cheio de esperanças, que estas palavras de seu humilde mensageiro
possam permanecer em torno de vossos ouvidos espirituais, acabando por
despertar em todos os corações um desejo ardente, sincero, verdadeiro, de
alcançardes a luz e a bem-aventurança peculiares aos Espíritos de Deus. Este
mensageiro acompanha com sincero alvoroço d'alma, a decisão de cada um dos seus
irmãos leitores, em seguir estes conselhos determinados por Nosso Divino
Salvador, e espera ansiosamente que qualquer de vós que outros esclarecimentos
deseje, a Ele se dirija mentalmente a qualquer hora dia ou da noite, certo de
que será prontamente esclarecido. Este esclarecimento será apenas um
complemento do que grafado tenho em meus despretensiosos livros.
NOTA DO MÉDlUM. Este
capítulo foi psicografado nos dias que se seguiram ao incêndio e naufrágio do
navio grego Lakônia ao largo da Ilha da Madeira, no qual pereceram mais de
cento e vinte passageiros, fato ocorrido na segunda quinzena de dezembro de
1963.
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