Vamos prosseguir em nossa
visita a esta bela Exposição, para cujo brilhantismo contribuíram os maiores
artistas do mundo espiritual, aqui nos apresentando cada qual o resultado de
suas magníficas concepções. Vamos então prosseguir, minhas almas queridas,
acompanhadas desta bela alma, uma das muitas aqui destacadas para interpretar
para os visitantes da Exposição, a idéia fundamental dos artistas ao elaborarem
os seus trabalhos.
— Qual o trabalho que
deveremos visitar no dia de hoje, bela alma?
— Para hoje, Alma Excelsa,
eu sugiro apreciarem este conjunto que aqui está, executado por um dos mais
renomados escultores deste plano. Trata-se de um pequeno monumento à Vida,
segundo a imaginação do escultor. Vejamos o trabalho por partes. Eis na base do
conjunto, simbolizando o começo da Vida, este canteiro de flores em botão, tão
belamente confeccionadas, que nos dão esta impressão agradável de se tratar de
flores naturais. Quer o artista significar que no começo da Vida tudo são
flores prestes a desabrocharem. Um pouco acima, como vêem, já se prenunciam os
trabalhos, as lutas pela Vida, aqui representadas por este grupo de jovens
tentando a escalada desta muralha, aqui colocada para significar os esforços
empreendidos pelas almas encarnadas desde a juventude. Vemos então que algumas
destas almas alcançaram o cimo da muralha, enquanto várias outras apenas
iniciaram a escalada. Já aqui podemos ver que, segundo a imaginação do artista,
nem tudo são flores. Algumas não tiveram forças para alcançar o cimo da muralha
e permanecem lutando com esse objetivo, agarradas fortemente, com todas as suas
forças, à estrutura da muralha no seu ardente desejo de vencê-la. Agora vejamos
aqui ao pé da muralha, as almas que não tiveram forças para subir ou que se desprenderam
na escalada, e tombaram exaustas.
Com este detalhe pretendeu o
artista significar os inúmeros fracassos ocorridos no mundo terreno, com as
almas que muito se tenham empenhado em sua escalada para subir na Vida, mas que
o não conseguiram tal como desejavam. Agora o alto da muralha. Vemos aqui este
numeroso grupo de almas esculturadas pela imaginação do artista, para
simbolizar os seres humanos que lograram vencer a muralha da Vida. Vede, porém,
Alma Excelsa, em que condições vários deles se apresentam, a julgar pelo seu
aspecto fisionômico. Vemos que vários desses seres humanos como que se lamentam
e outros choram de arrependimento, embora hajam todos alcançado o cimo da
muralha. O motivo reside aqui, Alma Excelsa. Cada um destes seres, ou destas
almas, conduziu o seu bornal no qual, segundo o artista, devem encontrar-se os
seus bons atos, as ações meritórias praticadas durante a escalada da muralha.
Vemos que várias dessas almas lograram conduzir o seu bornal com o maior volume
desses atos bons, e aqui se encontram agora sorridentes, alegres e felizes.
Estas outras, porém, quase nada ou nada conseguiram conduzir, e assim se
lamentam enxugando o pranto do arrependimento. Há, ainda, este detalhe
criterioso, Alma Excelsa. Estas duas almas que aqui estão debruçadas sobre a
muralha a olhar para a base do monumento, representam as almas que ao fim de
sua existência no mundo terreno regressam ao plano espiritual desprovidas de
atos meritórios que não praticaram, e muito desejariam voltar à Terra para se
recuperarem. O artista simbolizou semelhante atitude nestas duas almas
debruçadas sobre a muralha, como a medirem a sua profundidade para um salto que
pudessem tentar. Esta é a interpretação transmitida pelo próprio artista, e que
eu tenho a satisfação imensa de reproduzir, com muitas deficiências
naturalmente Alma Excelsa.
— Eu apreciei com muito
agrado a bela interpretação deste trabalho notável, sobre todos os aspectos:
pela sua grandiosidade e pelos detalhes tão significativos que apresenta em relação
às lutas das almas encarnadas para vencerem na Vida. Eu te agradeço de todo o
coração, bela alma, a tua interpretação tão inteligente para todas nós.
— Como ouvistes, almas
queridas, neste magnífico trabalho que estamos apreciando, uma alma refinada de
artista imaginou com rara felicidade reunir numa escultura, da melhor maneira
possível, as lutas, os trabalhos, as vitórias e também as derrotas de muitas
almas encarnadas. E muito bem conseguiu este grande artista fixar esses
diversos aspectos. Todas vós que me acompanhais nesta visita, conheceis de
perto esses aspectos por tê-los vivido já em boa parte, e estar vivendo os
demais. O que, porém, mais me agradou em todo este magnífico trabalho, pelo que
de advertência pode representar para todas as almas encarnadas, são estas
figuras que conseguiram vencer esta alta muralha representando a Vida. Seu
pensamento foi perfeito ao reproduzir aqui as almas que chegam de regresso ao
nosso plano desprovidas de bagagem útil, que são aqui estes bornais vazios, tão
bem reproduzidos. Estas almas viveram mais ou menos folgadamente a sua vida
terrena, ganharam bastante dinheiro ou acumularam bens materiais, sem, no
entanto, se preocuparem com a bagagem espiritual que vieram construir na Terra.
Ao fim de sua jornada, ei-las que regressam ao seu plano no Alto de mãos
vazias, tão vazias como desceram à Terra. O artista foi bem inspirado na
elaboração destas figuras humanas em atitude lamentável, e até em pranto, por
só então verificarem que perderam uma encarnação a mais. Estas duas almas que
se debruçam sobre a muralha, espelham com muita fidelidade o que sucede no
Alto, sempre que as almas se dão conta do pouco ou nada feito na Terra. O seu
primeiro desejo é voltar imediatamente ao solo terreno para se recuperarem na
aquisição das luzes que vieram buscar antes, mas não adquiriram. E quando essas
almas se informam de que uma nova encarnação requer um período de espera que
pode atingir ou até ultrapassar um século, elas se lamentam dolorosamente, mas
sem remédio. E são tantas as almas regressadas nesta situação ao mundo
espiritual, que nos causam a mais profunda compaixão.
É de justiça, porém,
reconhecer que motivos existiram até há pouco para que tal fenômeno se
verificasse neste mundo terreno, pela falta, principalmente de ensinamentos
bastante claros a respeito. O ensino religioso elementar difundido entre as
almas encarnadas, de tão elementar em todas as correntes religiosas, não chega
a despertar o verdadeiro sentido da vida na Terra. Do Oriente ao Ocidente o que
nós constatamos do Alto é mais o interesse associativo humano, do que o
verdadeiro sentido espiritual da vida. Estabelecidos os dois destinos das
almas, que unicamente podem escolher entre o Céu e o inferno, segundo a
vivência terrena de cada uma, não conseguem elas compreender no íntimo de seu
coração a razão destes dois pólos no mundo espiritual. E não chegando a
compreendê-los, a grande maioria dos seres humanos passa então a viver
despreocupadamente a sua vida material, apenas buscando o conforto e os prazeres
que a mesma possa oferecer.
Disto se conclui, por
conseguinte, que uma grande reforma se impõe no esclarecimento das almas
encarnadas, visando a despertar nelas o verdadeiro sentido da vida terrena. É
preciso ensinar com verdadeiro sentimento de amor a todas as almas encarnadas
desde os seus primeiros anos, que elas se encontram na Terra uma vez mais após
se haverem empenhado seriamente para voltar aqui, exclusivamente para
progredirem espiritualmente, e jamais para enriquecerem materialmente. É preciso,
inclusive, esclarecer a todas as almas encarnadas, que a idéia de Céu e Inferno
se refere a um estado da alma e jamais a um destino segundo o comportamento que
tiverem na Terra. Explicar-se-á, então, que o encaminhamento de uma vida
moralmente correta no mundo terreno, procurando ver em seus companheiros de
jornada outras almas irmãs e jamais concorrentes, desafetos ou até inimigos,
uma vida vivida assim com elevação moral, é que pode levar as almas a sentir-se
num verdadeiro Céu, pela paz e tranquilidade que passam a desfrutar. Ao
contrário disto, aquelas que por ignorância destes esclarecimentos se
entregarem a uma vivência cem por cento materialista, onde somente o próprio Eu
exista, com o desprezo pelo interesse e bem-estar dos semelhantes, uma vida
assim vivida poderá determinar na alma um estado de absoluta intranquilidade e
mal-estar por ocasião do seu regresso ao mundo espiritual, e neste estado é que
lhe ocorrerá a idéia do Inferno. É tempo já de implantar na Terra o verdadeiro
ensino religioso à luz do Espiritismo, como a idéia mais perfeita e oportuna de
esclarecimento das almas encarnadas. Nenhum outro ensinamento logrará
interessar tão profundamente as almas encarnadas como este de que se ocupam
todos os emissários do Senhor ao meio terreno. Sendo as almas realmente
Espíritos encarnados em busca de maiores luzes, e estando todas elas
estreitamente relacionadas com a teoria espiritualista do mundo espiritual, o
mais aconselhável e mais oportuno é procurar esclarecê-las em tal sentido para
o seu maior bem e progresso espiritual enquanto na Terra.
Há um ponto que eu desejo
esclarecer ainda, em relação com o ensino religioso difundido na Terra,
principalmente pela chamada Religião Católica, que é o culto das Entidades que
viveram na Terra nos dois últimos milênios, e aqui se distinguiram por suas
atividades benéficas à coletividade. Essas Entidades que regressaram aureoladas
ao mundo espiritual, tendo voltado várias vezes à Terra após a sua canonização,
sentem-se de certo modo constrangidas quando invocadas pelas almas encarnadas
suas devotas, como seres espirituais santificados. E como a maioria dessas
Grandes Almas se encontra frequentemente na Terra no desempenho de novas
tarefas de serviço do Senhor, sucede que almas devotas ao se ajoelharem perante
os respectivos altares e lhes implorarem proteção e graças, estão apenas
irradiando seus pedidos ao Senhor Jesus, que é quem verdadeiramente atende a
esses pedidos. Eu mesma devo confessar que todos os pedidos e orações que me
foram dirigidos nos períodos em que me encontrava reencarnada, que foram vários
nestes dois últimos milênios, foram recebidos e atendidos pelo Senhor Jesus, o
Divino Pastor de todas as almas encarnadas. Deve, por conseguinte, a Religião
Católica modificar este ensinamento, assim como pôr fim ao processo de
canonização das almas destacadas da sua Igreja, um ato apenas confinado ao
plano terreno, porque no Alto não existe a designação de Santo. Eu prefiro
considerar as almas assim distinguidas no mundo terreno com o pomposo título de
Santo ou Santa, como criaturas beneméritas da sociedade humana, pelos serviços
relevantes que conseguiram prestar à comunidade. Sua categoria no mundo
espiritual se identifica bem claramente pela luminosidade do respectivo
diadema, no qual se ostentam os focos maiores ou menores resultantes de suas
atividades no mundo terreno.
A propósito ainda da
canonização de determinadas almas que mereceram esse honroso título da Igreja
de Roma, já se contam no Alto várias dessas grandes almas que receberam esse
título em duas, três e até quatro vezes, ao fim de novas encarnações, sempre
com nomes diferentes. Este instrumento que me serve de intermediário, por
exemplo, conta presentemente três desses honrosos títulos, em oito encarnações
terrenas nestes quase vinte séculos. Talvez eu possa mencionar esses títulos
ainda neste livro, se para isso eu receber a necessária aprovação do Senhor.
Assim, se devotos ele tiver relacionados com as três encarnações em que foi
canonizado, as rogativas desses devotos, dirigidas a cada um dos títulos que
lhe foram atribuídos, têm de reunir-se na mesma alma e serão sempre atendidos
pelo Senhor Jesus. Podereis talvez querer saber, almas queridas, se os santos
que vivem no Alto não dispõem de poderes para atender, eles próprios, aos
pedidos que lhes são dirigidos da Terra pelas almas devotas. Minha resposta é
afirmativa, quanto àquilo que estiver nas suas possibilidades atender. Isto
eles o fazem, da mesma maneira que um funcionário categorizado de uma
repartição do governo pode atender a determinada solicitação das partes. Pela
sua categoria, o funcionário dispõe de autoridade para atender a qualquer
necessidade do público, desde que enquadrada nas suas atribuições. Se,
entretanto, essa necessidade exceder o limite das suas atribuições, e o
funcionário desejar servir a parte solicitante, ele encontrará meios de
pleitear perante o chefe maior e se empenhará em obtê-la. Assim procedem também
no Alto as Entidades santificadas ao receberem os pedidos ou rogativas das
almas encarnadas. Sempre que os mesmos excederem as suas possibilidades, elas
se dirigem ao Senhor Jesus, como eu própria tenho feito inúmeras vezes, e o
Senhor concede a necessária autorização. É assim, almas queridas, que todas nós
procedemos no Alto quando vos lembrais de nos endereçar os vossos pedidos,
quando justos e atendíveis. É tão perfeita a nossa organização de trabalho no
Alto, que nós nos desobrigamos dos nossos misteres na mais perfeita harmonia
vibratória em tudo quanto nos cumpre fazer.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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