A visita das almas
estudantes ao grande planeta Saturno proporcionou-lhes diversos ensinamentos
novos da maior utilidade para todas. O assunto religião e sua prática pelos
saturninos foi talvez dos mais interessantes para as caravaneiras. Elas puderam
observar com alegria como o espírito religioso se encontra ali tão difundido na
população, face à frequência das pessoas de todas as idades aos templos, que
são muitos, para poderem atender a toda a população. Verificaram as almas
caravaneiras que naquele planeta gigantesco, o culto religioso é o culto do
Espírito, iniciado nos lares e realizado nos templos, cientes todos os
saturninos de que são realmente Espíritos revestidos de matéria densa durante
sua existência no plano físico, onde foram, como acontece aos terrenos, em
busca de mais luz para o engrandecimento dos respectivos diademas.
Encerrada a visita aos
templos religiosos, nos quais a frequência é a mesma o dia todo, as almas
visitantes desejaram conhecer algo sobre os ensinamentos ministrados às classes
infantis de Saturno em suas escolas primárias, onde se inicia a formação
intelectual de toda a população. Esta curiosidade foi-lhes satisfeita pelas
almas saturninas à sua disposição, sendo os membros da caravana terrícola
conduzidos a um belo edifício de apenas dois pavimentos, mas de grande
extensão, que nós costumamos denominar grupo escolar. Foi então explicado às
almas visitantes, que os dois pavimentos eram ali adotados para poupar às
crianças maior esforço para galgarem outros pavimentos. Com esse propósito foi
que se construíram os grupos escolares assim bastante amplos, podendo comportar
até cinco mil crianças nos dois pavimentos de tão larga extensão. Indagadas as
almas saturninas sobre a percentagem de analfabetos no seu grande planeta, se, como
sucede na Terra, essa percentagem também existia, elas sorriram bondosamente
para responder que tal fato não existe em Saturno, acrescentando:
— Os Dirigentes do planeta,
isto é, o governo de todas as regiões é constituído de pessoas da maior
evolução espiritual, para saber que a alfabetização das almas que baixam ao
solo de Saturno é-lhes imprescindível, pois que o fazem com o único objetivo de
desenvolver conhecimentos iniciados no passado, para o que se lhes torna
indispensável conhecimento do alfabeto como roteiro necessário à aquisição de
novos e maiores conhecimentos. Por tal motivo todas as crianças se iniciam na
escola tão logo possam entender as palavras. Concluída a fase do ensino
primário, segue-se o grau imediato, igualmente frequentado pela totalidade da
população infantil, como base necessária ao seu desenvolvimento intelectual.
Este segundo curso ministrado aos filhos de Saturno consiste de matérias muito
práticas e sobretudo objetivas, destinadas ao desenvolvimento do raciocínio dos
alunos. Em todo o curso, porém, existe fundamentalmente o ensino religioso à
base da filiação divina de todas as almas, esclarecendo-as acerca dos objetivos
da sua vinda ao planeta. Explica-se nesses ensinamentos que todas as criaturas
humanas são Espíritos em busca de novos índices de progresso espiritual, e que
terminada a vida do corpo eles regressarão aos planos do Espírito existentes no
próprio ciclo do planeta no qual se encontram. Uma observação igualmente feita
pelas almas terrícolas, a qual muito apreciaram, foi a fórmula de tratamento
usada pela população saturnina, de uma grande reverência para com as pessoas
idosas, e particular cordialidade entre elas próprias. Sentiram as caravaneiras
um permanente estado de tranquilidade e bom-humor existente na população, e
desejaram conhecer as razões do fenômeno, interrogando a respeito as almas
saturninas. Estas o explicaram então da seguinte maneira:
— Isto que para vós é motivo
de curiosidade, para nós é um fato absolutamente normal. A vida neste planeta
desenvolve-se tranquila, harmoniosa e feliz. Todas as pessoas aqui se
consideram irmãs por sua filiação divina, e por isso se empenham em servir e
ajudar-se mutuamente quando necessário, para que nenhuma criatura se sinta
desditosa. Todas nós sabemos desde o Mundo de Deus, a nossa morada eterna, que
enquanto houver alma desditosa neste planeta, não poderá existir a felicidade,
e citou a seguinte imagem: podereis vós sentir-vos ditosas se um dedo das
vossas mãos estivesse enfermo ou dando-vos sérios cuidados? É evidente que não.
Vós tudo faríeis para curá-lo até vos esquecerdes dele, não é exato? Pois assim
vivemos nós neste grandioso planeta. Todas possuímos a consciência de sermos
realmente irmãs por nossa filiação divina, e por isso nos empenhamos em que
nenhum membro da nossa grande família sofra seja o que for.
A explicação agradou
sobremodo às almas visitantes, pelo sentimento de fraternidade que ficaram
conhecendo entre as almas viventes em Saturno. Sua curiosidade, porém, desejou
abordar outro setor da vida saturnina, e indagaram das almas amigas que as
acompanhavam, como se desenvolviam naquele planeta os serviços assistenciais no
campo da medicina, principalmente. Obtiveram a respeito o seguinte
esclarecimento das almas saturninas:
— Esses serviços funcionam
entre nós desde séculos e séculos com perfeita regularidade. Os serviços
médicos neste planeta funcionam, a bem dizer, como se fizessem parte da
Natureza. Em princípio, as enfermidades que se registram aqui são mínimas, em
face dos conhecimentos difundidos na população acerca dos meios sadios de
viver. Se, entretanto, um ser saturnino necessita de médico ou de internação,
tudo isto lhe está facultado em face dos seus direitos de cidadão e nada lhe
custa. O governo de todas as regiões do planeta mantém estabelecimentos
modelares para atender às pessoas deles carecentes, por maior que o seu número
seja. Se houver necessidade de internação ou de serviços cirúrgicos, tudo será
feito com a maior dedicação, sem nenhuma retribuição por parte dos
beneficiados.
E esclareceram mais as almas
saturninas:
— A consciência que preside
entre nós à vivência de todos os seres é a de que é necessário socorrer a
qualquer criatura que por descuido seu venha a contrair enfermidade que a
impeça de trabalhar e viver a sua vida. Nestes casos, que sucedem
frequentemente, é à comunidade que mais interessa salvar uma vida enferma,
proporcionando-lhe os meios necessários para sobreviver. Eu vos apresentarei a
seguinte imagem, queridas irmãs terrícolas, para melhor me compreenderdes.
Quando uma criança adoece no vosso mundo, não se lhe pergunta, certamente, o de
que carece para curar-se, tal como entre nós, naturalmente. Os pais a tomam nos
braços e vão procurar socorro onde o encontrem, não é assim? E isto acontece por
ser aos pais que a cura da criança mais interessa, como um rebento que é da sua
família. Aqui a vida está situada dentro desse mesmo princípio: toda a
população saturnina constitui uma grande família. Se um de seus membros cai
enfermo, todo socorro lhe é proporcionado para que rapidamente se recupere para
alegria da comunidade.
— Este princípio é realmente
esplêndido, almas amigas — disseram as almas terrícolas. — Quer isto dizer,
então, que todo o custeio dos serviços assistenciais do planeta cabe unicamente
ao governo, que tudo providencia e dirige?
— Sim, almas terrícolas. A
organização deste planeta está baseada no atendimento a todas as necessidades
da população. Esta vive e trabalha para o engrandecimento do planeta em todos
os sentidos. Do seu trabalho, cada indivíduo entrega ao governo a sua
contribuição maior ou menor, segundo as suas possibilidades. E isso lhe confere
o direito a toda assistência de que porventura necessite. Sabendo-se que pessoa
alguma adoece por vontade própria, é necessário socorrê-la se isso lhe
acontecer.
— Uma pergunta ainda,
queridas almas saturninas. É a respeito da medicina neste planeta. Como se
processa a retribuição do trabalho dos médicos nas organizações assistenciais;
podereis dizer-nos?
— Perfeitamente, irmãs terrícolas,
e com grande alegria. Partindo do princípio generalizado neste planeta, de que
nenhuma criatura veio a ele para entesourar fortuna, mas sim e unicamente para
nele viver e progredir moralmente, as almas que aqui se dedicam à prática da
medicina nas organizações assistenciais são recompensadas dos seus serviços
pela autoridade do governo, e de tal maneira que se sentem imensamente felizes no
desempenho da sua profissão. Em geral, as almas que aqui se encaminham para o
campo da medicina em suas diversas especialidades já se identificam pela sua
grandeza espiritual, e só aspiram acrescentar sua própria luz em virtude do seu
empenho em salvar as almas enfermas. Mas recebem, ainda , uma outra forma de
recompensa, que é a seguinte: os filhos destas almas devotadas à prática da
medicina nas organizações assistenciais têm prioridade em suas aspirações a
igual posto de serviço, se o desejarem, ou a outras atividades nos serviços da
respectiva região. Esta circunstância muito contribui então para que as
organizações assistenciais possam dispor de um quadro de técnicos até superior
às suas necessidades de atendimento. Isto, contudo, não impede que haja também
médicos particulares para quantos os procurem, porque muitas pessoas de grandes
recursos os preferem. Este é, de modo geral, o aspecto assistencial neste
planeta que ora visitais.
— Muito vos agradecemos,
almas saturninas, a gentileza da vossa inteligente explicação. Muito estamos
aprendendo convosco nesta visita para nós tão agradável. Uma pergunta que
desejaríamos fazer-vos também. E quanto à duração da vida neste planeta;
podereis esclarecer-nos?
— Com muito gosto, almas
terrícolas. A média da duração da vida em Saturno ultrapassa bastante de um
século do vosso calendário. Falo desta maneira para melhor entenderdes a
resposta, uma vez que o nosso calendário registra os períodos anuais menores
que os da Terra. Ficareis sabendo, então, que feitas as devidas comparações, as
pessoas vivem neste grande planeta um período médio de vida de cento e vinte a
cento e cinquenta anos, contados pelo calendário terreno. Isto porque, sendo
muito mais veloz que a da Terra a rotação de Saturno, podemos dar-vos esta
medida de tempo do vosso mundo para a média da duração da vida humana neste
planeta.
— Estamos verdadeiramente
encantadas, almas saturninas, com a vossa explicação. Encantadas e agradecidas
pela gentileza e fraternidade com que nos tratais. Em retribuição gostaríamos
de poder receber-vos algum dia no nosso plano espiritual, a fim de podermos
servir-vos também.
— Almas terrícolas, que tão
amáveis sois, eu vou fazer-vos agora uma revelação que certamente vos
surpreenderá. Eu mesma já vivi milênios no vosso pequeno mundo terreno, antes
de vir para aqui. Recordo por isso ainda uma grande parte dos sofrimentos que
defrontei na Terra em épocas que bem longe vão. Após cumprir no vosso planeta o
meu aprendizado, obtive do vosso e meu querido Jesus a necessária permissão
para me transferir para este planeta, onde consegui aprimorar quanto aprendi na
Terra. Ingressando no ciclo de Saturno com a alma assaz purificada das maldades
que defrontei na Terra, aqui fui acolhida com cativantes demonstrações de
fraternidade e amor por parte das almas ditas saturninas, em cujo ciclo estou
vivendo há perto de dois milênios. Mas eu não vim só, almas terrícolas; viemos
um grupo de mais de mil almas para um estágio de promoção e aperfeiçoamento
técnico e espiritual. Vedes que vos falo citando detalhes da vida e do
calendário terreno, porque de fato os conheço bem.
Nós
nos encontramos em Saturno, não como incorporadas à vida e comunidade deste
grande planeta, como talvez possais imaginar. Mas não, almas terrícolas que eu
passarei a chamar irmãs queridas; nós não viemos aqui para ficar, mas para
aprendermos do progresso saturnino aquilo que ainda falta na Terra. Eu
acrescentarei que deverei reencarnar no vosso e meu mundo terreno dentro de
poucos anos, em companhia de muitas outras almas, com a missão de continuarmos
a servir ao nosso inesquecível Senhor Jesus. Efetivamente, eu e outras almas
vindas da Terra, aqui nos especializamos em vários ramos de refinamento
científico, com o objetivo de levar àquele querido mundo terreno os
adiantamentos de que está necessitando. Estamos, portanto, eu e minhas
companheiras planetárias, em vias de retornarmos à Terra ainda neste século que
estais comemorando, e com que alegria o faremos!
Como a visita prossegue,
voltaremos ao assunto no próximo capítulo.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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