As observações escolhidas
pelas almas em caravana ao planeta Saturno muito lhes hão de servir na
oportunidade de sua volta à Terra, permitindo-lhes oferecer algumas idéias
construtivas da maior felicidade, para os habitantes deste pequeno mundo. Tanto
no campo religioso como no da instrução, muito há o que fazer na Terra. No da
instrução, então, é da maior urgência a construção de escolas suficientes para
abrigar a totalidade das almas infantis que vão aparecendo no mundo e
necessitam de desenvolver a inteligência como todos os demais seres humanos.
Como são difíceis as reencarnações na Terra pela falta de lares suficientes
para receber todas as almas que necessitam de reencarnar uma vez mais, há necessidade
de proporcionar àquelas que conseguem a sua oportunidade, toda a instrução
possível para o desenvolvimento da sua inteligência. De modo geral poderemos
comparar a totalidade das almas infantis com gemas preciosas capazes de
ostentar um brilho notável depois de convenientemente lapidadas. Se isto não
acontecer pela falta da necessária instrução, essa quantidade enorme de almas
privadas do alfabeto perde por assim dizer a encarnação, regressando ao Alto
como veio à Terra, porque não conseguiu desenvolver a inteligência. Há, por
conseguinte, necessidade dos dirigentes deste pequeno mundo, cada qual na sua
esfera de ação, se empenharem em proporcionar a instrução necessária a todas as
criaturas sob sua direção, para que possam elas contribuir com sua parcela para
o adiantamento do progresso geral deste planeta.
Isto posto, vamos ocupar-nos
da visita das nossas irmãs ao gigantesco Saturno, quase dez vezes maior do que
a Terra, habitado por uma população de seres humanos bastante mais evoluídos
que os terrenos. De um modo geral poderemos estabelecer entre o nível evolutivo
dos saturninos e os terrenos uma diferença semelhante à que existe entre a
escola primária e o curso secundário adiantado. Os habitantes de Saturno se
distinguem sobremodo por sua alta compreensão dos problemas humanos, adotando
normas de vida que os situam entre os seres mais evoluídos do nosso sistema
planetário.
Já verificamos como os
saturninos compreendem e praticam a solidariedade humana, possuindo para isso
organizações modelares destinadas a atender à população em todas as
emergências. Para usar da linguagem familiar da Terra, poderemos dizer que o
Estado se constitui naquele planeta imenso, no grande protetor das populações.
Cada indivíduo que ali vive sabe que para poder gozar dos direitos de
assistência que o Estado confere a todos, lhe compete contribuir para isso na
medida das suas possibilidades, entregando ao Estado a parcela que lhe couber,
e que é sempre equitativa com os seus ganhos. Desta maneira todos os habitantes
contribuem para a manutenção dos serviços assistenciais, e todos se beneficiam
desses serviços em perfeita igualdade. Desta perfeita organização assistencial,
resulta em boa parte a alegria, tranquilidade e bom-humor da população
saturnina, a sua felicidade enfim.
Uma observação igualmente
anotada pelas almas visitantes e que muito deve interessar aos terrenos, é
quanto ao tratamento das pessoas idosas sem meios próprios de subsistência.
Considerando-se a longevidade naquele planeta, onde muitas e muitas criaturas
ultrapassam os cento e cinquenta anos do calendário terreno, surgiu a
curiosidade de as almas visitantes conhecerem a maneira pela qual o problema da
velhice é ali solucionado. Indagadas então as almas saturninas à sua
disposição, foi-lhes oferecido o seguinte esclarecimento:
— Aqui em Saturno, irmãs
terrícolas, o problema da assistência à velhice não existe, em face das leis
que regem a vida humana neste planeta. As pessoas que vão atingindo a velhice e
que não possuam recursos próprios para se manterem com o necessário conforto,
são recebidas e acomodadas em belas propriedades que existem por toda a parte,
onde passam a viver como se nos próprios lares estivessem. A velhice é
considerada entre nós com o máximo respeito, devido ao seu longo tempo de
trabalho pelo engrandecimento do planeta, durante cujo período muito contribuiu
para a manutenção das nossas organizações assistenciais. Assim, atingindo uma
criatura a velhice e não possuindo meios próprios de subsistência, ela passa a
pensionista do Estado em propriedades bastante amplas, especialmente nas zonas
rurais, onde encontra vários meios de ocupação ou distração. Essas propriedades
são visitadas semanalmente por muitas pessoas, parentes ou não dos
pensionistas, dado o espírito de solidariedade tão radicado neste planeta.
Nessas propriedades rurais as pensionistas encontram variados motivos de
atração no cultivo de algum setor de sua preferência, podendo à noite
participar de apropriados programas artísticos, onde se destacam números de
canto e música. Há frequentemente pensionistas que escrevem livros e impressões
das mais interessantes, os quais, após devidamente apreciados, são impressos e
divulgados cá fora. Podemos dizer então, minhas queridas terrícolas, que a
velhice possui o seu capítulo nas leis sociais deste planeta, a ninguém
causando temor a circunstância de atingir esse avançado estado na vida.
— Muito interessante o vosso
esclarecimento, almas saturninas, o qual nós muito apreciamos. Desejávamos
apenas conhecer este detalhe: dissestes que as pessoas idosas, a velhice, são
recebidas nas propriedades rurais. Nós desejávamos saber se não existem órgãos
assistenciais para esse fim na zona urbana; poderíeis esclarecer-nos?
— Com muito gosto, irmãs
terrícolas. O fato de existirem acomodações para a velhice nas zonas rurais e
não na zona urbana decorre do desejo de hospedar essas pessoas em regiões as
mais saudáveis, de clima ameno e altitudes razoáveis, visando-se sobretudo ao
seu maior bem-estar. E como ao redor das cidades tão movimentadas como são as
nossas não seria fácil encontrar o ambiente, clima, e demais condições
desejadas, optou-se pela sua instalação na zona rural, onde as pessoas
internadas podem viver melhor. Isto não quer dizer, porém, que não vivam
pessoas idosas também nas cidades, pois que milhares delas aqui vivem
realmente, umas em suas próprias residências, outras hospedadas em instituições
particulares, onde contribuem com recursos próprios. Nas organizações do
Estado, entretanto, a hospedagem nada lhes custa.
— Obrigadas, queridas irmãs
saturninas. Estamos satisfeitas com mais este esclarecimento, e também em
podermos saber como tudo está tão perfeitamente organizado no vosso grande
planeta. Se nos permitis uma outra indagação, nós vos pediríamos nos dissésseis
qual a maneira por que são escolhidos os governos do vosso planeta: existem
eleições para esse fim, disputadas por diversos candidatos, ou adota-se aqui
processo diferente?
— Aqui não há propriamente
eleições para o exercício das funções do governo. Nós diremos que em Saturno
são escolhidas pela população as pessoas consideradas dignas desse alto posto,
algumas vezes contra a própria vontade dos escolhidos. Nas proximidades do
término de um mandato de governo, os cidadãos mais capazes residentes em todas
as localidades, reúnem-se para escolher o elemento que a seu ver ofereça
condições de poder governar a região. Essas condições, assim julgadas pelos
cidadãos, consistem em regra na retidão de caráter do escolhido, na sua
elevação moral comprovada em atos públicos, e na capacidade de compreensão e
administração dos problemas humanos. Assim, após se reunirem os cidadãos das
diversas cidades, se o problema for de ordem geral, realiza-se uma reunião de
todos eles para selecionar aquele que for considerado o melhor. A escolha
definitiva, entretanto, só será conhecida após a aclamação em praça pública da
figura que for escolhida em definitivo. Sucede algumas vezes a figura escolhida
apresentar escusas ao posto de governo, e só após bastante solicitada aceitá-lo,
ou haver necessidade de escolher-se outra. Isto acontece pela razão de que os
postos de governo neste planeta são postos de grandes trabalhos e até de
sacrifício. A pessoa responsável pelo governo de qualquer região de Saturno tem
honras de verdadeiro pai (ou de mãe quando mulher) e a ela recorrem todos os
cidadãos em casos de necessidade. A elevação espiritual destas criaturas na
chefia dos postos do governo torna-as sobremodo acessíveis a todos os
governados. Existem necessariamente gabinetes com pessoas intermediárias, é
claro; os chefes, contudo, jamais se recusam a receber os cidadãos que tentem
apelar para eles, numa espécie de última instância. Daí a pouca sedução que os
postos de governo exercem junto às personalidades mais destacadas. Este processo
de escolha dos governantes leva invariavelmente a esses postos as pessoas em
condições de proporcionarem a felicidade e o bem-estar aos seus cidadãos. Uma
condição aceita por todos os governados é a de que, uma vez escolhida
determinada personalidade para exercer as funções do governo, todos a aceitam e
lhe prestam obediência. Esta função, absolutamente gratuita neste planeta, é
considerada como prestação de serviço à comunidade, tornando essa criatura
benemérita em todos os corações.
— Estamos satisfeitas, almas
saturninas, e muito agradecidas a mais este importante esclarecimento. Vemos
que o processo da substituição dos governantes neste planeta difere muito
daquele que é adotado no nosso mundo terreno. Lá os homens disputam os postos
de governo com todas as forças, pela só ambição de se tornarem os chefes dos
seus concidadãos.
— Eu conheço bem esse
problema, queridas irmãs terrenas, visto ter vivido milênios no vosso planeta.
Com o evoluir dos tempos, porém, eu acredito que se institua na Terra um
processo semelhante ao usado neste planeta, do qual resulta uma grande harmonia
entre os cidadãos, e maior felicidade para a região. O governante de qualquer
fração regional de Saturno capacita-se de estar exercendo uma autêntica missão
divina junto aos seus contemporâneos, e por isso se esmera em praticar somente
os atos que em sã consciência julga contribuírem para a maior felicidade e
bem-estar da coletividade. O governante de qualquer região deste planeta tem a
perfeita consciência de estar exercendo uma missão divina no solo saturnino, da
qual resulta ser considerado, por isso, a segunda pessoa do Criador junto aos
seus governados. E sendo realmente a segunda pessoa do Criador no solo
saturnino, ele medita seriamente sobre as medidas a adotar em sua
administração, sempre com vistas à maior felicidade dos seus governados. Mas,
minhas queridas irmãs terrícolas, há ainda outra explicação para a grande
preocupação dos nossos governantes em se desempenharem sempre com a maior
elevação moral em todos os seus atos. A explicação agora é de caráter
subjetivo, que é a seguinte:
— É crença geral entre a
população saturnina, desde longuíssimos milênios, que a escolha dos governantes
por aclamação na praça pública, é resultante de uma inspiração do Criador, como
tarefa imposta à criatura escolhida. Daí a crença generalizada de que a
criatura escolhida passe a ser em verdade a segunda pessoa do Criador. Se, por
conseguinte, essa alma conseguir praticar somente atos bons no desempenho do
mandato assim recebido, ao desencarnar e regressar ao seu plano espiritual,
será a mesma recebida, cumprimentada e regiamente recompensada pelo Criador,
passando então a participar da Corte Celeste como seu destacado membro. Nesse
luminoso posto ao lado do próprio Criador, a alma assim agraciada passará a
exercer o cargo de assessor-conselheiro do Criador, encerrando o ciclo de
encarnações no solo de Saturno. Isto é o que se conhece através da tradição saturnina.
Agora o reverso da medalha, como costumais dizer no vosso mundo. Se, em vez de
uma sábia administração à frente do governo a alma prevaricar, seja por
ignorância ou má-fé, e desse ato ou atos resultar sofrimento ou prejuízo para
os governados de qualquer região saturnina, neste caso, ao regressar ao ciclo
espiritual que lhe pertencer, essa alma irá purgar duramente os males causados
à comunidade, por um prazo aqui desconhecido mas que se atribui muito longo.
Este é talvez o motivo principal da recusa de certas criaturas em aceitarem
postos de governo neste planeta. Sendo realmente postos que exigem capacidade e
muito discernimento, temem essas criaturas incorrer em fracasso ou deslize, e
assim procuram furtar-se à sua indicação para a posto.
— Uma bela explicação nos
destes, queridas irmãs saturninas. Isto nos induz a concluir que as populações
saturninas sejam também bastante elevadas espiritualmente, para acreditarem na
sobrevivência das almas ao se despedirem do corpo. E a propósito, surge-nos o
desejo de saber se neste planeta se pratica o intercâmbio espiritual; poderíeis
informar-nos, queridas irmãs saturninas?
— Será um grande prazer para
nós falar de tão belo assunto. Para começar vos diremos que de um modo geral
todas as pessoas neste planeta possuem estas duas importantes faculdades
mediúnicas: a vidência e a audiência. Estas faculdades já constituem um índice
do progresso espiritual dos saturninos, mediante as quais eles se comunicam com
os seus parentes e Protetores do mundo espiritual. Este é ainda um dos motivos
do interesse de todos em sua afluência diária aos templos, onde têm
oportunidade de receber instruções, notícias e ensinamentos de que possam
carecer para solucionar problemas da vida. E como todas as criaturas possuem
destes problemas, elas sabem que comparecendo aos templos para orar
diariamente, recebem aí, dos seus entes desencarnados como dos seus Protetores
espirituais, os conselhos e sugestões que muito as ajudarão. Se, entretanto,
alguma criatura necessitar de ouvir seus Protetores ou amigos espirituais em outras
oportunidades, ela terá apenas que se recolher ao seu quarto de oração, que
existe em todos os lares, e aí convocará a sua Entidade amiga, de quem receberá
a instrução ou conselho desejado. Vedes pelo que acabamos de dizer, que o culto
do Espírito, bem como o intercâmbio espiritual se encontram bastante
desenvolvidos neste grandioso planeta.
— Gratíssimas, queridas
irmãs saturninas, por mais este importante esclarecimento acerca do culto do
Espírito no vosso planeta, que tanto admiramos. Nós estamos anotando com o
maior interesse os vossos amáveis esclarecimentos, que pretendemos divulgar
oportunamente no nosso pequeno mundo terreno.
Prosseguiremos no assunto em
nosso próximo capitulo.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor vos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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