A visita feita ao planeta
Saturno pela caravana de almas do ciclo terreno atingiu os principais objetivos
do programa estabelecido no Alto. As observações e informações recolhidas no
grande planeta hão de servir e muito, para a implantação na Terra de vários
melhoramentos tão necessários à vivência das almas aqui encarnadas. As próprias
almas caravaneiras se incumbirão de apresentar aqueles melhoramentos uma vez
aqui reencarnadas.
Vamos então retornar a
Saturno a fim de acompanharmos a visita das caravaneiras àquele gigantesco
planeta. As almas que foram engenheiros na Terra desejaram conhecer de perto o
funcionamento das asas flutuantes, e nesse desejo foram gentilmente atendidas
pelas almas saturninas, que as acompanharam ao centro de navegação marítima, o
local onde se reuniam os maiores transportes de passageiros. Era um local
bastante amplo, protegido contra a fúria das ondas, uma espécie de docas de
longa extensão e capacidade de ancoramento. Ali chegadas, as caravaneiras
iniciaram o exame do interessante dispositivo protetor dos transportes, e
verificaram então tratar-se de invenção bastante curiosa, assim a descrevendo
nos seus relatórios: — as asas flutuantes da navegação saturnina
consistem da junção de seis tubos longitudinais a vácuo, instalados de cada
lado dos navios de grande calado, separados entre si por um jogo de molas
destinadas a amortecer o impacto das ondas contra o navio. Os jogos de molas
são vários de cada lado, colocados a uma distância de três a quatro metros uns dos
outros. Enquanto os navios estiverem ancorados, eles podem recolher ou
suspender o conjunto das asas flutuantes, apenas as arriando no momento
de se movimentarem novamente. Embora de grande eficiência nos “mares de
Saturno, permanentemente agitados e muito perigosos, as asas flutuantes não
terão utilidade nos mares terrenos, mansos e pacíficos em todas as épocas do
ano. Entretanto, a observação feita pelas almas caravaneiras registrou a
novidade e a incluiu em seus relatórios de volta à Universidade do nosso mundo
espiritual.
Terminada a visita ao centro
de navegação que ocupou uma manhã inteira, as caravaneiras regressaram ao
Templo para repousar um pouco e pôr em ordem as observações recolhidas nos
quase oito dias da visita a Saturno. Tendo sido convidadas pelas almas
saturninas para assistir na noite desse dia a um festival de música num dos
grandes teatros daquele planeta, as caravaneiras concluíram que aquele festival
de música seria o suficiente para encerrarem a visita de estudos e observações
que estavam realizando. Assim ocupadas na ordenação de suas notas e
observações, foram surpreendidas muito agradavelmente pela presença de Zarziel,
desejosa de novo contato com as almas terrenas para uma pequena palestra.
— Bem-vinda sejais, bela
alma Zarziel!
— Benditas sejais vós todas,
queridas almas terrícolas, neste planeta tão distante do vosso e também meu.
Minha vinda aqui nesta tarde tem o objetivo de dar-vos conhecimento de uma
grande notícia, que é a seguinte: o meu e vosso querido Jesus acaba de me
chamar de regresso ao ciclo espiritual da Terra, assim que me for possível.
Ora, como me encontro presentemente desencarnada após uma vivência de cerca de
cento e sessenta anos na carne, eu vou aproveitar a vossa caravana e
regressaremos juntas. Que me dizeis a respeito?
Oh! estimada Zarziel! Nossa
alegria é grande em vos termos em
nossa companhia, de regresso
ao nosso mundo espiritual. Nós estamos em véspera de encerrar a nossa visita
tão rica de observações e estudos, contando podermos regressar dentro de mais
dois a três dias saturninos.
— Muito bem, então, queridas
irmãs; eu estarei pronta para regressar convosco. Minhas longas observações e
experiência adquirida neste lapso de tempo muito hão de contribuir para o
conjunto de estudos que juntas apresentaremos ao Senhor Jesus.
Informada Zarziel do
festival de música daquela noite, prontificou-se a comparecer também,
adiantando que tal festival seria muito apreciado pelas caravaneiras por sua
grande beleza e emoção. Na hora marcada apresentaram-se no Templo as almas
saturninas que vieram buscar as caravaneiras, sendo-lhes então apresentada
Zarziel, alma já possuidora de grande luminosidade, considerada a mais radiosa
do grupo. As saturninas cumprimentaram Zarziel com grande reverência, manifestando-se
felizes em tê-la em sua companhia no festival daquela noite. E todas partiram
então em direção ao teatro sede do festival. Ali chegadas, todas se acomodaram,
reunidas as almas habitantes da Terra e de Saturno, num entendimento da maior
harmonia, das quais se irradiavam apenas vibrações do mais puro amor e
fraternidade.
O festival não demorou a
iniciar-se. Tratava-se de certame periódico, segundo explicaram as almas
saturninas. Havendo ali muito gosto pela música em todas as classes sociais,
realizavam-se aquelas festividades anualmente, sempre divididas em duas partes
musicais. Na primeira parte eram reproduzidas as composições musicais que maior
êxito alcançaram desde o último Festival, numa autêntica consagração dos
respectivos autores e intérpretes. Na segunda parte eram então apresentadas as
músicas e composições, por assim dizer, inéditas, para apreciação e julgamento
do público. E como eram estas em número assaz avultado, excedendo algumas vezes
a mil, sucedia prolongar-se o festival por uma, duas e mais semanas, até que
fossem executadas todas as composições. O público saturnino era apreciador
fervoroso da boa música, e ali comparecia atento, quantas noites durasse o
festival, para ouvir, apreciar, e apontar a sua composição preferida. O
julgamento era procedido da seguinte maneira: — Todas as pessoas presentes ao
espetáculo estavam munidas de um voto que as mesmas iam depositando na urna
correspondente à composição escolhida cada noite. No término do festival,
apuravam-se os votos e eram então proclamadas as composições vencedoras.
Coisa muito semelhante vem
sendo realizada nesta cidade brasileira, na qual estou ditando este livro. Pelo
menos a dois espetáculos eu assisti, em parte bem semelhantes aos realizados em
Saturno. A diferença que encontrei consiste apenas no processo de julgamento.
Enquanto aqui se constitui um tribunal julgador das composições apresentadas,
em Saturno o julgamento é feito pelo público presente por maioria de votos.
Aplica-se em Saturno aquele sábio princípio de que Vox populi, vox Dei,
todos aceitando o julgamento do público em seu apurado gosto pela música.
Compareceram assim as
caravaneiras durante três noites seguidas, tendo oportunidade de apreciar os
fundamentos e a beleza da música saturnina, em seus aspectos seculares —
clássica — e atualizada. Apenas não puderam apreciar as conclusões da
festividade, a qual durou cerca de dez dias saturninos, como costuma acontecer
anualmente. Zarziel, que acompanhou as caravaneiras nas três noites em que
compareceram, referiu episódios das festividades anteriores a que sempre
comparecia quando no corpo, festividades que empolgavam verdadeiramente a
população local. Referiu, inclusive, não ser aquele o único festival de música
assim realizado, mas apenas um entre centenas de outros realizados nas demais
regiões do planeta, despertando cada qual um interesse semelhante na população
regional.
Desta maneira as almas
caravaneiras apresentaram fraternais despedidas às suas irmãs saturninas,
expressando às mesmas o seu reconhecimento e profunda gratidão, por sua extrema
gentileza e inesquecíveis demonstrações de fraternidade e amor, durante tão
alegre e feliz permanência naquele grande planeta. Convidaram por fim as
queridas almas saturninas a uma visita ao ciclo espiritual da Terra,
mostrando-lhes aquele ponto luminoso tão distante no infinito, desejosas de as
receber e homenagear condignamente. Este convite, de execução assaz difícil
para as almas saturninas, foi contudo aceito com alegria para quando se
oferecer oportunidade. Concluídos assim os passos necessários a uma despedida
condigna pelas almas caravaneiras, quiseram dirigir-se ao Templo para orar ao
Senhor Jesus pela última vez em território saturnino, e empreender viagem de
regresso ao ciclo espiritual da Terra. Haviam permanecido quatorze dias em
observações e estudos naquele planeta dos mares tempestuosos, e muitos
apontamentos, estudos e observações haviam realizado naquele período, reunindo
material para uma exposição demorada em sua Universidade no mundo espiritual da
Terra. Como haviam adotado de início o método de cada alma tomar os seus
apontamentos sobre quanto pudessem observar, uma vez regressadas ao respectivo
plano de vida espiritual, haviam de confrontar os apontamentos levantados pela
caravana, e deles redigir o relato final sobre cada um dos fatos por todas
apreciados. Pareceu-lhes ser este o melhor meio de não perderem detalhes de
quanto tiveram oportunidade de observar em Saturno.
Era ainda madrugada nos céus
saturninos quando a caravana se fez ao Espaço rumo à Terra, conduzindo alunas e
professores da nossa Universidade espiritual, e agora mais o Espírito de
Zarziel, após haver encerrado um estágio de quase duzentos anos em Saturno. Uma
concentração mental foi sugerida pelo chefe da caravana, para melhor poder a
mesma vencer a densidade da bruma que envolve aquele planeta desde grande
distância, e juntamente com a concentração, todas emitiram uma poderosa
vibração dirigida à Terra, na mentalização do Senhor Jesus. Do mundo espiritual
da Terra, a torre de projeção e vigilância emitia vibrações semelhantes em
direção à caravana, orientando-a na linha espacial em que deveria manter-se com
toda a segurança. Tendo partido de Saturno pela madrugada, gastando algumas
horas no percurso, a caravana pousou no plano espiritual da Terra na mesma
madrugada, o que é realmente curioso. O fato explica-se, entretanto, face à
velocidade da caravana ser algumas vezes superior à da rotação da Terra,
alcançando assim o nosso plano espiritual bastante antes de este planeta
receber a luminosidade solar.
Descrever então a alegria
despertada em nosso plano pela feliz chegada da caravana de almas de regresso
de sua visita a Saturno, é tarefa bastante complexa pelo sucesso que o fato
produziu. Avisadas as almas do momento aproximado do regresso da caravana, um
só pensamento ocorria a todas as almas do plano: trazerem uma bela flor para
oferecer às caravaneiras. E assim aconteceu. Tantas foram as flores trazidas ao
aeroporto, destinadas às caravaneiras, que impossível se tornou às mesmas
recebê-las, tendo sido então deliberado pela Comissão de recepção depositar o
enorme volume de flores na praça fronteira, onde as mesmas representariam a
homenagem dos habitantes do plano às almas que correram o risco de ir tão longe
da Terra em busca de novos conhecimentos. E assim se fez. Todas as flores foram
depositadas na praça fronteira ao nosso aeroporto em forma ornamental, por onde
haviam de passar as caravaneiras, e aspirarem o seu delicioso perfume.
Uma vez desembarcadas da sua
condução, as almas recém-chegadas dirigiram-se ao Templo ali em frente ao ponto
de desembarque, onde elevaram uma prece silenciosa ao Criador, pela segurança e
felicidade concedida às mesmas no seu trajeto ao longínquo Saturno. A prece,
que vem de longos e longos milênios, servindo aos seres espirituais e humanos
como o meio mais eficaz de pedir e agradecer favores e graças, a prece é
utilizada a cada momento pelas almas do Além, em seus momentos de pedido e agradecimento.
Saber pedir por meio da prece é uma grande felicidade, minhas filhas e filhos
queridos; mas, sobretudo, saber agradecer pela prece as graças e favores
recebidos do Criador, ou das Forças Superiores, é uma felicidade bem maior
porque representa nestes casos o pagamento de uma dívida. Aquele, por
conseguinte, que já adquiriu o conhecimento do valor da prece e a utiliza em
suas necessidades de auxílio do mundo espiritual, e a seu tempo se serve
igualmente da prece para agradecer os favores recebidos, esse pode ter a
certeza mais absoluta de que o mundo superior está à sua inteira disposição
para fornecer novos favores solicitados por meio da prece. Tomai bem nota
disto, minhas almas queridas, e utilizai esse meio sempre que precisardes de
ajuda espiritual.
Deixo-vos aqui a bênção que
o Senhor nos envia por meu intermédio, e a minha própria que eu vos ofereço de
todo o coração.
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