Os deuses de antanho, pura imaginação
fantasiosa – Pequeno esboço histórico do progresso humano – Todos os homens são irmãos – Ninguém se encontra na
Terra isolado – A ajuda dos Protetores espirituais – O valor da concentração
mental
Os deuses
imaginados, cultuados, venerados, durante milênios pelos povos que habitavam
a Terra em muitos milênios decorridos, pouco lograram fazer no sentido de
contribuir para que os seres humanos se dispusessem a palmilhar a estrada do
seu aperfeiçoamento moral e ingressassem oportunamente em novas etapas de vida
espiritual. Pouco fizeram, os deuses imaginados pelos homens desse passado
remoto, do qual quase se não tem notícia nem registro histórico nos dias que
correm.
Os deuses de antanho,
é preciso dizê-lo hoje, existiam apenas na imaginação fantasiosa dos viventes
daquelas épocas de há muito já extintas, sendo hoje responsabilizados por
quantos crimes se cometiam contra a vida daqueles pobres infelizes que se
destinavam ao sacrifício para servir à gula e a à ira dos deuses de então.
Vivia a humanidade daqueles tempos um dos estágios bem primários de sua história,
sendo certo que bem pouco lucrou no que respeita à sua evolução espiritual.
Tudo mudou, porém, com o perpassar dos milênios, em que, em vez de progredir,
quantos seres humanos regrediram em seu relativo progresso espiritual, indo e
voltando ao mundo sabe Deus em que circunstâncias.
Passaram os séculos e
os milênios num vaivém constante de lutas e sofrimentos de toda a ordem para
quantos lograram permissão para descer à Terra num corpo de carne, a fim de se
empenharem sempre, uma vez mais, na lapidação do Espírito através dos
sofrimentos em que era fértil a vida humana, muito mais no passado distante do
que nos dias presentes. Muitos Espíritos realmente progrediram nessas idas e
vindas constantes ao meio terreno, que assim se destacaram da média comum dos
que se serviam da encarnação para expandir suas tendências inferiorizadas
contra companheiros de jornada, e ampliar ao limite permissível sua ambição de
poder e domínio sobre os seus semelhantes.
Para que possais fazer
uma idéia aproximada do reduzido índice evolutivo dos seres humanos desse
passado longínquo a que me venho referindo, bastará dizer-vos que não
ultrapassava a taxa de dois por mil o número de Espíritos que ao regressarem ao
seu plano espiritual, podiam registrar algum progresso em relação àquele
possuído em sua descida à Terra. E sabeis, leitores, qual a classe em que essa
taxa de progresso era registrada? Eu vos direi que jamais o fora nas classes
dirigentes do mundo, entre as quais predominava, ou o estacionamento, ou se
registrava a linha regressiva, pelas suas inúmeras atitudes e práticas contra
os seus dirigidos. Entre estes, sim; entre os dirigidos, sobretudo entre os mais
simples e humildes, era que se conseguia assinalar no plano espiritual algum índice
de progresso moral, alcançado à custa do sofrimento, privações e lutas a que
eram submetidos pelas classes dirigentes.
Este pequeno esboço
da história do progresso evolutivo da humanidade terrena, eu o transporto para
este trabalho com o objetivo de despertar no Espírito dos leitores um desejo de
comparação entre aqueles tempos de antanho e os atuais, em que todos os homens
e mulheres já alcançaram um elevado índice de progresso moral, e se encontram
bem próximos da sua redenção espiritual. Para avivar um pouco a memória de cada
um dos leitores, eu lhes direi que aqueles seres humanos de antanho, aqueles
homens e mulheres que alimentavam em sua imaginação, adoravam e ofereciam
sacrifícios a um grande número de deuses, não eram outros senão vós mesmos,
leitores meus, transcorridos séculos e mais séculos de vossas vindas à Terra,
sempre com o mesmo e único propósito: O vosso aprimoramento moral.
Pelo que fica dito,
fácil vos será avaliar a extensão das vossas vidas vividas na Terra, ao longo
dos milênios decorridos, para haverdes chegado ao vosso nível atual de
conhecimentos e comportamento em relação aos vossos companheiros de jornada.
Quando a lei ensina que todos os homens são irmãos, porque filhos do mesmo Pai
Celestial, não importando a filiação terrena, está tentando conduzir todos os
seres humanos pelo caminho que os levará mais depressa ao objetivo milenar de
suas vindas à Terra: sua redenção espiritual. O Senhor Jesus, a quem o Pai
Celestial entregou desde o início os
seres espirituais destinados a constituir a população da Terra, desde que essa
pequena esfera se tornou apta à vivência humana, o Senhor Jesus tudo tem
empreendido no sentido de proporcionar aos homens e mulheres terrenos a maior
assistência espiritual a fim de que errem o menos possível em cada uma de suas
numerosas encarnações terrenas.
Para vos esclarecer
melhor em relação à assistência espiritual de cada ser encarnado, eu direi que
ninguém se encontra na Terra isolado, que ninguém se encontra sozinho em
momento algum, assim como nenhum ser humano pratica, pensa ou diz, seja o que
for, que não esteja sendo observado e registrado pelas Entidades designadas
para esse fim desde a primeira hora de sua entrada na vida terrena. Isto que aí
fica é tão importante e tão útil ao progresso de cada ser humano, que deve ser
divulgado o quanto possível, para que disso fiquem sabendo quantos possam
imaginar que se encontram sozinhos onde quer que estejam, e aquilo que
praticarem, pensarem ou disserem, ficará sepultado consigo mesmos.
Para esclarecer o meu
pensamento, vou apresentar-vos uma imagem que poderá ajudar a vossa imaginação,
que é a seguinte: - Considerai que toda a extensão do vosso mundo não vai além
de uma certa área, uma praça ou jardim toda cercada de vidro, fora da qual
milhões de seres invisíveis para vós, cumprem a missão de observar e apontar o
que os internados na praça entendam fazer, pensar ou dizer. Vós, que vos encontrais
intramuros da área que vos foi destinada, agis com a máxima liberdade de
movimentos, pensamentos e ação; não imaginais entretanto, que todos esses
movimentos, pensamentos e ações estão sendo meticulosamente anotados em vosso
cadastro milenar para o devido exame no plano a que pertenceis. Da observação
referida é que resulta a interferência extraterrena na conduta de grande número
de criaturas, seja conduzindo-as a postos de atividade a que sua conduta possa
ter feito jus, seja transferindo-as a posições inferiores àquelas em que se
tenham demonstrado incapazes na execução de tarefas a que haviam sido conduzidas,
ou seja, ainda, privando de certo conforto aquelas que dele se tenham demonstrado
imerecedoras. É da observação em torno das atividades e do comportamento dos
seres humanos, que o Senhor Jesus determina aos seus mensageiros na Terra, se
conceda aquilo a que fizerem jus, jamais, entretanto, para o seu gozo e conforto
puramente material, mas especialmente como meio de promover um maior índice de
progresso para o Espírito.
Todos os viventes
humanos dos dias presentes já têm conhecimento de que ao descerem à Terra para
uma nova trajetória no corpo, trazem consigo um programa que prometeram cumprir
durante a sua estada mais ou menos longa em contato com o solo terreno. Constam
desse programa apenas os pontos fundamentais dos objetivos a alcançar pelo ser
encarnado, todos eles formulados pelo próprio Alto, em confronto com o programa
anteriormente cumprido ou não em sua precedente encarnação. A maneira de
alcançar esses objetivos, os meios e modos de a eles chegar, são da exclusiva
alçada do próprio ser encarnado, a quem cumpre utilizar conhecimentos,
experiência e disposição para isso. Estes meios, que fazem parte do patrimônio
de cada um, podem apresentar-se quantas vezes bastante fracos para determinadas
tarefas relacionadas com os objetivos a alcançar. Isto pode suceder e sucede
muito freqüentemente em face dos elementos materiais que pressionam
constantemente as boas disposições do ser encarnado. O fato, porém, não é
estranho aos protetores invisíveis dos seres humanos, os quais apenas aguardam
um pedido de auxílio que eles atendem prontamente, para que os encarnados
possam prosseguir no rumo de seus objetivos. Disto se deduz, por conseguinte,
que depende unicamente dos encarnados a ajuda de seus amigos e protetores
espirituais, no sentido do cumprimento de quanto no Alto se comprometeram
perante os dirigentes espirituais.
Necessário se torna,
então, homens e mulheres da Terra, firmardes bem nas vossas mentes, a idéia de
que não vos foi concedido a presente encarnação para o desfrute de quanto na
Terra exista, pura e simplesmente para o gozo das vossa matérias. É mister
tenhais sempre presente em vossas mentes o compromisso anteriormente assumido
no Alto, de vos conduzirdes no plano físico de maneira a poderdes anexar alguns
focos a mais à vossa luminosidade atual. Isto já o sabeis, não se obtém no
desperdício do tempo em atividades e práticas desprimorosas para o Espírito,
quando visam exclusivamente a satisfação da matéria.
Para que todos vós,
leitores, possais integrar-vos no sentimento do que realmente vos convém, em
relação à condução da vossa existência presente, eu vos direi em seguida o que
devereis fazer e que bem pouco vos custa. Sabido como é que o invólucro
material consegue reduzir ou anular as melhores intenções do Espírito
enclausurado, só existe um meio absolutamente eficaz de o Espírito (que é o ser
inteligente a governar o corpo) poder entrar em contato com seus arquivos
espirituais e neles buscar o reforço de que possa necessitar no cumprimento de
seus deveres na Terra. Esse meio que não tem segundo, é a concentração, em
momentos de tranqüilidade, naquilo que possa constituir o objetivo a alcançar,
porque o estado de concentração escapa inteiramente ao envolvimento da matéria,
proporcionando ao Espírito a aquisição de elementos preciosos para o fim em
vista. No estado de concentração mental é que os protetores espirituais dos
seres humanos encontram oportunidades de comunicar-se com eles, período este em
que transmitem aos seus protegidos as idéias apropriadas à realização de quanto os mesmos julgam adequado
ao alcance de seus objetivos.
Dizendo concentração
mental estou usando apenas um sinônimo de meditação, como sabeis através de
outros ensinamentos espirituais. Apenas o termo concentração mental define
melhor para certas criaturas o estado em que o ser encarnado entra em contato
com o mundo invisível, ou mundo das causas, para muitos, enquanto o mundo
terreno é designado mundo dos efeitos, precisamente porque, tudo quanto neste
plano físico se positiva, foi primeiramente engendrado — mentalizado — no mundo
das causas. Isto é tão verdade, tão perfeitamente demonstrável, que, se cada um
de vós se dispuser a mentalizar seja o que for, para o seu maior conforto e
bem-estar, esse objeto mentalizado, uma vez consolidado no plano mental ou
mundo das causas, logo se positivará na Terra, para satisfação do seu criador.
Assim pois, em
relação ao progresso e bem-estar do Espírito, o estado de concentração mental
deve ser praticado com objetivos elevados, seja em favor da realização de algo
que possa beneficiar a coletividade, seja na aquisição de poderes e luzes para
o próprio engrandecimento. Há necessidade de que todos os seres humanos se
disponham a usar a concentração mental, primeiro como simples exercício, e em
seguida como meio eficaz de modificar certas condições de vida em melhores e
mais condizentes com as suas aspirações de seres mais prósperos e mais ditosos.
Não estou aqui
pregando uma teoria própria porque a não tenho; estou apenas divulgando uma lei
divina ao alcance de quantos desejem utilizá-la para melhorar as suas condições
de vida. Esta lei diz-se divina por ter sido criada por Deus ao criar os mundos
do Universo, e todos podem e devem invocá-la no seu próprio benefício. Esta lei
tanto funciona para melhorar as condições ambientes de cada ser humano, como
para proporcionar ao Espírito oportunidades de
adquirir novas e maiores luzes. Para isso bastará entrar cada um no estado de
concentração mental e pedir à lei aquilo que estiver em suas cogitações, com a
simples condição de que a concessão do pedido não venha em detrimento do
semelhante. Exercitai, caros leitores, o que aí fica, para a vossa maior
felicidade e bem-estar espiritual.