Leitor
espiritualista.
Em tuas mãos
depositamos este presente do céu. São páginas buriladas
pelo espírito de Jesus de Nazareth, que mais uma vez nos visita
para mostrar-nos os caminhos que engrandecem a alma e
dão felicidade ao homem. Queres seguir a Jesus tendo Sua
palavra por guia de teus passos para pores em prática as Suas
instruções? Aqui está o código de
amor que Ele ditou para os Seus novos discípulos.
Com a Sua nova
descida à Terra, o Filho de Deus veio realizar uma das suas
mais importantes promessas, a saber: a vinda do Espírito
Consolador. A história mais uma
vez se repete. Ali na Judéia, vemos
João Batista, o Precursor, preparando os
caminhos espirituais para que Jesus lance com a maior segurança os
alicerces de sua doutrina, doutrina que tem vencido o decorrer
dos séculos e a má vontade dos homens.
Quando no Gólgota os
padres fizeram levantar a cruz supliciadora do
divino enviado, completava-se a segunda revelação: estava
fundado o Cristianismo. Na França, em 1865,
Allan Kardec publicou o primeiro
volume de coordenação
da doutrina dos espíritos e em 1885, em Avinhão, antiga
cidade do sul desse país, outrora residência dos
papas franceses,
Jesus de Nazareth consubstanciou nestas páginas
de Sua Vida, por Ele
mesmo ditadas, este grandioso monumento de história e de
religião. Não é admirável que
Jesus escolhesse a mesma cidade onde os papas
imperaram para dali ser espalhada a sua nova mensagem?
Por Jesus, o mesmo
celeste embaixador, recebíamos a luz da terceira
revelação: estava, pois, fundado o Espiritismo. Debalde a
intolerância dos sacerdotes da igreja romana, demonstrada no
memorável auto-de-fé, de Barcelona, reduziu a cinzas os livros do
Coordenador; debalde a destruição sistemática fez desaparecer, um a
um, os exemplares da VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO.
Ela aqui está! Ressurge no momento mais
propício, exatamente quando o nosso país encontra-se
espiritualmente melhor preparado para recebê-la e para assimilar os
seus inigualáveis ensinamentos.
A despeito das
minuciosas buscas que se tem procedido na França e em outros
países, da edição francesa atualmente, não se conhece o paradeiro
de um único volume e o mesmo pode se dizer com referência à
edição italiana feita pelo ilustre e intimorato capitão Ernesto
Volpi. Desta, apenas um exemplar veio para a América, onde as
almas boas e dedicadas a Jesus trabalharam a semente que lhes foi
confiada e fizeram-na reproduzir aos milhares. Uma
senhora, médium, que da Argentina trasladou-se para as plagas
brasileiras, trouxe em sua bagagem um exemplar da segunda edição
espanhola, publicada em 1909; este volume veio ter às nossas mãos;
achamos a obra admirável mas não pensamos traduzi-la devido aos
nossos escassos conhecimentos da língua castelhana.
À médium do Centro
Espírita Apóstolos de Jesus, D.Theolinda Bittencourt,
que também leu o exemplar que nos havia sido emprestado por
um espiritista, deve-se a tradução que agora apresentamos àqueles
que amam e seguem o Messias. Tanto esta senhora se
entusiasmou pela leitura da VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO,
e tanto instou para que a traduzíssemos, que
afinal venceu a nossa resistência. A vaidade que nos
acompanha é bem grande ainda pela imperfeição do
espírito que dá vida ao nosso corpo, mas isto não impede que
reconheçamos que o trabalho que realizamos deixa muito a desejar;
erros sabemos que ele contém e muitos, alguns não soubemos
corrigir, outros a nossa falta de visão espiritual não viu e a maior parte
deles deixamos passar.
Entregamos aos
habitantes do Brasil a primeira edição desta grandiosa obra;
ela é, sem favor, a mais bela manifestação do gênio através da
perfumada flor da mediunidade. Nenhuma outra se lhe
aproxima. É ao mesmo tempo um livro de história e um compêndio didático
de espiritismo, ensina com segurança os caminhos da
espiritualidade e esclarece as páginas até aqui nebulosas da passagem
de Jesus-homem pela face da Terra, onde viveu, amou e sofreu.
Tudo o que andava oculto pelo interesse dos homens ou por estes
vinha sendo mal explicado, recebe do insigne autor um poderoso
jato de luz. Em suas páginas de
uma filosofia profunda, moderna e comprovada pelos
fatos, já agora em grande parte ao alcance do investigador, o
estudioso encontra tudo quanto necessita para, sem outro auxílio
qualquer, saber qual foi a sua origem e qual é o seu destino; onde está
localizado o Inferno e onde fica o Céu, ou seja, a casa de Deus, e
como se consegue penetrar ali; como a criatura deve agir no presente
para ser feliz ao transpor a porta estreita da morte, dessa parca
tirana que a todo o instante nos espera. Com o que aqui aprende-se
com Jesus de Nazareth, a morte perde o seu prestígio e deixa de
ser apavorante para tornar-se apenas um incidente na vida
daqueles que se vão espiritualizando.
Não conhecemos outro
livro que ensine e deleite como este. A sua leitura
nos comove até às lágrimas, ele tem um poder espiritual tão grande
que desperta a alma do pecador endurecido, a ponto deste,
espontaneamente, dispor-se a passar pelas mais duras provações desde que
possa redimir as faltas que cometeu. É um milagre de amor! Aos
vencidos na luta da vida terrena, que são muitos na hora que
atravessamos, enche a alma de fé, dessa fé que se dinamiza em
heroísmo, desse heroísmo que tudo vence e que triunfa das
enfermidades do corpo, das misérias e das dores morais que oprimem a
criatura. Ao que vence as tentações da Terra e os sofrimentos, no outro
mundo abrem-se-lhe de par em par as portas
de uma vida mais bela
e muito mais gloriosa. Quando esta doutrina estiver bem
disseminada neste planeta, não haverá mais suicídios, nem
assassinatos e nem guerras. Além disto, a doutrina que Jesus aqui
explana é o caminho para a solução racional e positiva de todos
esses problemas sociais que agitam as nações nestes dias tão
cheios de angústias e que vêm desafiando a acuidade dos homens
de Estado.
O nosso maior desejo
seria ver este livro nos lares de todos os habitantes
desta grande nação e que as mães amorosas quotidianamente, o
lessem como seu breviário e fizessem dele o fundamento da
educação de sua adorada prole. Assim esta cresceria robusta na
fé e se tornaria digna perante sua própria consciência.
Desejamos também que os educadores da geração que vem surgindo
bebessem nestas páginas os conhecimentos da doutrina do insigne
Mestre para incuti-la nas almas que, sob seus cuidados, vão
desabrochando para a vida, a fim de extirpar os males do mundo.
Leitor amigo; se a
tua alma abriga o desejo de ser útil aos teus companheiros da
Terra, auxiliando-os para o seu progresso, amparando-os em seus
sofrimentos e encaminhando-os para a espiritualidade,
introduze em cada lar onde tenhas uma amizade, uma destas mensagens
do divino enviado para que todos recebam os altos benefícios
da nova peregrinação do Mestre excelso pelo planeta terráqueo.
Somente assim, semeando nas almas a doutrina de Jesus, pura como
aqui se encontra, teremos amanhã uma
sociedade mais
espiritualizada e por conseguinte melhor.
Os elevados
conhecimentos espirituais que aqui nos são tão singelamente
transmitidos são tão bem explicados como ainda não vimos em nenhum outro
livro. Se outros méritos não
tivesse esta obra admirável, preparadora da
evolução da criatura para a vida eterna, lapidadora de caracteres,
suavizadora de sofrimentos, ao menos serviria de pedestal ao grandioso
monumento de paz que se vai levantando entre as humanas
criaturas que ouvem a voz do Espírito e põem em prática a sua
doutrina.
A leitura desta
mensagem nos predispõe para o vôo alto da espiritualidade, para
a conquista dos dons de Deus — a mediunidade — ainda
que isto seja, como quase sempre acontece,
com o sacrifício dos
bens passageiros da Terra.
Aqueles que não
quiserem progredir pela ciência e pelo amor, fechem o livro
porque os seus ensinamentos muito avançados lhes não
convêm. Ele foi ditado para os trabalhadores e não para os
comodistas; veio à luz para os inteligentes e para os pensadores que
repelem os dogmas, porque estes escravizam o pensamento e embotam
o espírito. E o tesouro daqueles que sabem que o pensamento não
se apaga e “segue através dos mundos, comunica-se nos
espaços, liga entre si os espíritos, sanciona os princípios da
fraternidade e realiza milagres de amor”.
Além de tudo isto,
praticando esta doutrina elevada e pura do Messias, teremos
numa arrancada prodigiosa deitado abaixo o castelo dos milagres,
espavorido os ardilosos defensores dos dogmas religiosos,
banido os sentimentos malsãos desta morada
dos filhos de Deus e
palmilhado o mais belo caminho que é o da crença em Deus com
uma consciência limpa.
Aos novos apóstolos
do amor concitamos tomar a peito, levarem a palavra de
Jesus a todas as partes, disseminando a religião por ele
pregada, com as suas belezas, a sua ciência profunda e a sua
espiritualidade segura.
Se o leitor tiver
interesse em conhecer a história da época em que os romanos
dominavam o mundo, ela aqui está narrada pelo mais erudito
historiador; se desejar conhecer os fundamentos de uma ciência vasta,
profunda e evolutiva, que muito de perto se relaciona com os
homens de todos os hemisférios, aqui está o abençoado manancial
onde a alma se ilustra e dessedenta; é aqui onde o espírito ávido
de luz prepara-se para a grande caminhada através do espaço e
do tempo. Se quiser saber de religião, duma religião que não é
imposta porque não tem dogmas, que não anda atrás de predomínio
porque não tem um corpo luzidio de sacerdotes e que não
persegue ninguém porque o “seu reino não é deste mundo”, aqui está o seu
código escrito pelo sábio legislador.
Tome-o, estude-o com
carinho e que sua alma se encha de luz e compreenda afinal
Deus manifestando-se ao homem por intermédio do seu
Messias.
Para o sábio, para o
sacerdote de idéias elevadas, para o pastor de almas, para
os governantes de povos, para o chefe de família e finalmente
para o povo, este é o livro imprescindível, ele completa a educação e
dilata ainda mais o horizonte da vida terrena.
Nestas páginas falam
Jesus de Nazareth, Maria Sua mãe, João o Batista, os
apóstolos Pedro, João o Velho, Barnabé, Mateus e Paulo de Tarso.
Aos homens, o Mestre
vem lembrar as coisas que por ele já foram ditas e
acrescentar uma porção de novos ensinamentos que não puderam ser
dados aos pagãos, nem aos hebreus, mas que agora a nossa
inteligência, um pouco mais esclarecida, já pode suportar.
As palavras
de Jesus são como que um avivamento de nossas idéias para
que a Sua doutrina retome o fulgor dos áureos tempos apostólicos,
quer dizer, pura e simples, como era naqueles dias memoráveis em
que não havia uma corporação sacerdotal enfatuada de
teologia, mas que os predicadores — homens do povo — tinham
convicções e o Espírito descia sobre eles para que bem cumprissem suas
missões. Belos tempos!
Examinando-se com
atenção o que se passou no tempo de Jesus e o que agora
em nossos dias se repete, não deparas, leitor amigo, com uma certa
analogia entre os seguidores do filho do carpinteiro e os
espiritistas desta geração? Certamente a semelhança é grande,
mas nós não vamos analisá-la porque Jesus é quem está com a
palavra. E como é interessante ouvi-lo falar de Sua missão terrena,
de Sua meninice e de Sua juventude, da profissão humilde de
Seu honrado pai, de Sua querida mãe que O adorava mas que não
soube compreender a grandeza de Seu trabalho messiânico;
de Seus irmãos e de suas irmãs, apontando os nomes de cada um
deles; lembrar-se por onde andou e de tudo quanto fez, inclusive
de Sua primeira visita ao Templo de David, em Jerusalém,
acompanhado de Lia, viúva de um negociante, que ainda hoje tem a
felicidade de ser abençoada pelo celeste mensageiro, apesar
dos vinte séculos decorridos!
Estamos bem certos
que, somente para conhecer estes detalhes tão
interessantes da vida de Jesus, não faltará quem deseje ler esta sua mensagem
com acurado interesse. Agora não há mais
mistérios sobre a vida do Mestre, já se sabe como decorreram
os dias de Sua mocidade e como, e onde foram feitos seus
estudos sob a proteção de José de Arimatéia, esse grande amigo do
carpinteiro José e de seu filho, o carpinteiro Jesus.
Foi Arimatéia quem
abriu a Jesus as portas da Cabala¹ onde se estudava a
ciência dos espíritos e praticava-se o espiritismo antigo. Logo, Jesus de
Nazareth era espiritista, ninguém pode fugir à lógica dos
fatos. E como José de
Arimatéia explica em síntese um mundo de conhecimentos em
uma página admirável, como aponta a lei que o Mestre tinha
que respeitar para se manter em constante comunicação com os
espíritos! Vede bem, leitor, que
é o próprio Jesus quem agora vem recordar as palavras
de seu amigo e esta recordação é como que a bússola que nos há de
servir para as nossas relações de todos os dias com os
habitantes do mundo invisível.
Ninguém menospreze os
conselhos dados por Arimatéia a Jesus e que este,
certamente, deseja que sejam seguidos com carinho para que o
intercâmbio entre os dois mundos prossiga nessa marcha gloriosa
que os espíritos vão dilatando por todos os recantos da Terra,
com real proveito para aqueles que aqui se encarnam em busca de
espiritualidade.
Talvez cause
estranheza aos menos aprofundados no conhecimento das leis
espirituais o fato singular de José de Arimatéia ter levado
Jesus a uma reunião composta de homens chegados à idade
madura, e não ao Templo, para assistir a uma sessão onde se tratou
“da luz espiritual e dos meios para transformá-la em
mensageira ativa dos desejos do Ser Supremo”, e que “quando
deixou de ouvir-se a voz eloquente, um estremecimento
magnético deu-lhes a conhecer uma adoração inefável”.Mas que tem isso? Não
era no Templo, como não é na Igreja, o lugar onde
a voz eloquente do Espírito se faz ouvir, e nem no Templo, nem na
Igreja, as correntes fluídicas banham os assistentes.
É nos Centros
Espíritas onde a voz eloquente do Espírito a cada momento inunda a
alma do crente e as nossas perguntas recebem “respostas
sábias e conscienciosas, e se estudam páginas magníficas, e se
explicam e desvanecem contradições aparentes e dúvidas passageiras”.
A escola é a mesma,
os processos postos em prática são os mesmos, e os
espíritos — sábios professores — assim como ensinaram a Jesus na
memorável sessão daquela noite em que a alma do jovem Messias
se sentiu arroubada diante da manifestação dos Espíritos que lhe
vinham falar em nome do Pai e, como Ele mesmo confessa, na
qual se sentiu ainda mais desejoso das alegrias de Deus e o
Seu espírito mergulhou em profundo recolhimento para
merecer essas mesmas alegrias, do mesmo modo os filhos de luz
vêm ensinando aos espíritas, em nossos dias, os caminhos do
Senhor, sem pedirem licença à clerezia afoita. Será bom lembrar aqui
que no dia seguinte José de Arimatéia presidiu à
primeira sessão de desenvolvimento da mediunidade de Jesus
de Nazareth. Jesus-homem
preparava-se assim para receber as comunicações dos
espíritos de Deus.
Para que se possa compreender a lei que
rege as comunicações dos espíritos, torna-se necessário salientar
que em Jesus se confirmava que o veículo da vontade de Deus é
o homem. “É preciso repetir bem que estes nunca deixam de ser
homens, no pleno exercício de suas
faculdades, porque
foram assim iluminados. Essas revelações eles
não as recebem muitas
vezes por seu prazer, mas lhes vêm a contragosto; e quando
vêm, eles as recebem como recados mesmos de Deus, seus
juízos e intentos; e a sua convicção de que são órgãos deles é a
melhor prova possível de que são verdadeiros oráculos
divinos. Nesse caso esses
inspirados não exprimem as suas próprias idéias,
apesar de que seu é o modo de expô-las, e de que suas são as palavras.
Se Deus ou o Espírito
Santo é quem inspira as revelações, estas são divinas,
mas o órgão delas é sempre o homem, com suas limitações, sendo por
isso essencial que, nessa inspiração, assim recebida e revelada,
se reconheça sempre, repetimos, o elemento humano”.²
E ainda devemos
acrescentar aqui: os homens médiuns que recebem as ordens
de Deus para serem transmitidas aos homens, seus irmãos,
todos eles já viveram na Terra e o próprio Jesus nos diz Ele “o
Messias já tinha vivido como homem sobre a Terra e o homem novo
tinha cedido seu lugar ao homem compenetrado das
grandezas celestes, quando o espírito se viu honrado pelos olhares
de Deus para ser mandado como enviado e mediador. O Messias
tinha vivido sobre a Terra porque os Messias jamais vão
como mediadores a um mundo que não tenham habitado
anteriormente”. Logo, além de homem,
é necessário que o espírito traga a experiência das vidas
anteriores para ser distinguido com o mandato divino.
Será bom não
esquecermos que as revelações sempre tiveram a sua origem
fora das igrejas e longe da influência da casta sacerdotal. O
padre é como que um fantasma que afugenta o espírito e por isso o
espírito somente se manifesta onde a mão do sacerdote não
amordaça a consciência. Enquanto o padre espiritualmente não
se reformar, não poderá ser útil à coletividade, não servirá para nada
nesse trabalho preparatório de reformas grandiosas que o
mundo tanto necessita e que vagarosamente, mas com segurança
admirável, vão se realizando sob a direção dos Espíritos. Assim,
como o padre está vivendo, político apaixonado no seio da mais
política das instituições, ambicionando e empregando todas as
suas energias para conquistar as mais altas posições sociais e
fortuna, não poderá de forma alguma nos servir de guia, nem mesmo
para que bebamos das águas límpidas das fontes do
Cristianismo, dispensamos permissões de sacerdotes ou de quem quer que
seja. “Precisamos lembrar que nem o Velho nem o Novo Testamento
têm por base ou esteio o sacerdotalismo.
Na Velha Aliança
existiam sacerdotes como em todas as religiões; mas quem ensinava os
mandamentos de Deus aos homens de Israel não eram os
sacerdotes mas sim Moisés, leigo, e os Profetas, sendo que
só dois destes foram da classe donde saíam
os sacerdotes.”
O que Deus quer é que
todos os homens sejam sacerdotes e formem assim a Sua “nação
sacerdotal”. E no Novo Testamento Jesus
Cristo provir não da tribo dos Levitas, mas da de Judá, e nenhum de
seus discípulos era sacerdote ou da classe sacerdotal.”³
Por que a segunda
revelação (cristã) seguiu os passos da primeira (mosaica), e
não irrompeu no meio dos sacerdotes que afirmam serem os
representantes autorizados de Deus na Terra?
E por que o mesmo
aconteceu com o Espiritismo (terceira revelação), que teve
a sua origem fora do domínio das igrejas?
Fora, sempre fora dos
templos e do convívio dos padres, é onde imperam o sentimento
religioso e a humildade, e onde o Espírito de Jesus e os
espíritos de Deus encontram os humildes homens do povo e por ele se
manifestam aos homens, seus irmãos. Esta preferência tão
significativa não estará indicando que as igrejas
abrigam uma religião
aparatosa, amparada por dogmas insensatos e falha em seus
fundamentos? Esta verdade felizmente começa a ser compreendida
pelos homens inteligentes.
A deplorável cegueira
humana, vagarosamente, vai se libertando da
ignorância na qual tem vegetado e os padres, já meio atemorizados, começam
a verificar que o espantalho dos dogmas principia a se tornar
impotente para deter a marcha triunfante do Espírito que, sem
lhes pedir licença, se comunica em todas as partes, fala em nome
de Deus como seu mensageiro que é e fundamenta suas
instruções sobre a imortalidade e a reencarnação do espírito do homem.
Agora, com estes fatos, a vida é mais bela e a Justiça de Deus
muito mais compreensível, porque Satanás, o Demônio ou Lúcifer,
esses papões do passado, já não mais amedrontam os homens
que se vão preparando para a aurora espiritual que vem
surgindo no horizonte de sua vida.
O observador sente
que a era espiritual está bem próxima e vê, fora
das igrejas e do controle da casta sacerdotal, muita gente se purificando
para entrar em constante comunicação com os espíritos
puros. O espírito, em cumprimento da profecia, vai se derramando por
toda a carne e a mediunidade aflora em todos os lares mesmo
aqueles que, melhor trabalhados catolicamente, pelo
atavismo de seus ancestrais, se mostram mais infensos às
manifestações dos espíritos.
É justamente no
momento em que os espíritos forçam a passagem estreita da
incredulidade e deitam por terra os preconceitos humanos,
o castelo dos dogmas e as superstições religiosas, que o
povo brasileiro recebe a VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO,
e oxalá a mensagem do embaixador das
celestes moradas deposite um raio de luz em cada alma que a leia e
amplie a visão do leitor para que compreenda os seus altíssimos
ensinamentos sobre a doutrina do espírito.
À meditação dos
crentes, ao raciocínio dos sábios, à investigação dos
filósofos, ao estudo do povo deste grande país que muito ama a
Jesus, oferecemos este repertório de verdades, único no mundo.
¹ Cabala ou Kabbála designa recepção da Lei revelada da ciência de comunicar com os entes sobrenaturais, em uma palavra: – Espiritismo.
² Considerações gerais sobre a Bíblia, por José Carlos Rodrigues, Cap. III, página 38.
³ Idem. Cap. X, pág. 170.
SEBASTIÃO CARAMURU
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