Meu conhecimento com
Antônio Gama de Paula, o introdutor deste
livro no Brasil, surgiu ocasionalmente, vai para quinze anos, quando
ambos nos encontramos na diretoria da Tenda Espírita Mirim,
nesta cidade afortunada de S. Sebastião do Rio de Janeiro. Já
então havia eu lido a VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO,
em serões de família, calma e compassadamente, para
que minha esposa e nossos quatro filhos pudessem participar,
crianças estas embora, do encanto e bem-estar que sua leitura
transmitia ao meu espírito.
O fato de ter sido
Gama de Paula o elemento escolhido pelo Alto para
difundir na “Pátria do Evangelho e Coração do Mundo” no dizer de
Humberto de Campos, esta obra magnífica de claridades
celestiais, de parceria com Sebastião Caramuru - uma das
personalidades mais atraentes por sua pureza d’alma que conheci - e o
perfeito espírito de compreensão que entre nós se desenvolveu, fez
que nossas constantes palestras girassem quase sempre em torno
da VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO.
Muitos foram,
sem dúvida, os que saíram a campo para dar combate a este
livro, na sua primeira edição, em português, na tentativa de
arrasá-lo se tal possível lhes fosse, e o fizeram inegavelmente, alguns
deles, com argumentos aparentemente irrespondíveis, tão
brilhantes se mostraram no manejo de uma inteligência de
escol. Ao contrário, porém, do que supunham esses denodados
combatentes, tanto mais acirravam o combate ao livro, mais numerosos
se mostravam os interessados em conhecêlo por aí em fora.
Necessária não foi a defesa da obra para que a mesma se difundisse.
Sua luz assumiu uma tão grande força de expansão, que de
muitos lugares chegaram pedidos de novos interessados em
recebê-lo quando a edição desde muito se esgotara. Mas, para
que defesa? Lá estão as palavras do Autor à pág. 252: “Irmãos
meus: revelando as causas de minha condenação e os
juízos errôneos de meus atos, desejo que minhas palavras não sejam
defendidas a não ser por mim somente; é preciso, pois,
deixá-las tal como as exponho”. E mais adiante: “Não acreditais
muitos de vós que sou eu quem vos fala e nem mesmo vendo-me o
acreditaríeis, e tão-pouco o acreditaríeis se
novamente
crucificados vos exibissem os meus pobres despojos; porém, isto é porque
fechados conservais os olhos da vossa fé, fechadas as portas da
humildade, fechados os caminhos de vosso coração”. Para que
defesa, pois?
Ligado desde agora à
difusão deste livro no Brasil, atendendo a um apelo
fraternal do meu amigo Antônio Gama de Paula que me solicita
o patrocínio desta segunda edição, faço-o com o sentimento mais
puro e santo que animar me pudesse para proporcionar a mais
alguns milhares de leitores, o incomparável prazer de receberem
também em seus espíritos ansiosos de luz e progresso as
claridades celestiais que a leitura atenta, paciente, meditada, da VIDA DE
JESUS DITADA POR ELE MESMO, faz projetarem-se em
jorros bem-aventurados sobre tão afortunados irmãos.
Para encerrar este preâmbulo
da segunda edição, desejo fornecer aos leitores
algumas breves notas acerca da personalidade do Dr.
Ovídio Rebaudi, a meu ver suficientes para
demonstrar todo o
valor moral e científico do tradutor desta obra do italiano para o
espanhol. Encontram-se as notas abaixo no discurso proferido
pelo Sr. Juan Olivero, na noite de 24 de outubro de 1937, na
Associação Cristã “Providência”, em Buenos Aires, ao
comemorar-se o sexto aniversário da desencarnação daquele
culto e elevado espírito . . . . . . . . . . . . . . .
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“Deve-se recordar —
diz o Sr. Olivero — que, em mais de uma ocasião, havia
manifestado Rebaudi que seus sentimentos foram espiritualistas
desde sua infância, porém os estudos das “Ciências Naturais”,
mal dirigidos, como o são sempre pela cegueira dos
professores universitários, que não examinam senão a
materialidade do que nos rodeia, foram talvez os que
retardam a manifestação de suas faculdades supranormais; por
isso seu cérebro não dava ensejo, senão melhor se firmava nas
afirmações da escola materialista.
“Mais ou menos pelo
ano de 1884, observou e estudou os fenômenos chamados “transcendentais”,
logrando também reproduzir muitos
deles em forma experimental e científica.
“Teria então os seus
quarenta anos quando ingressou na Sociedade Constância,
ao tempo em que praticava estudos de magnetismo nos
laboratórios da Sociedade Científica de Estudos Psíquicos, que o
levaram à doutrina da destrutibilidade da matéria, chegando a
completar a teoria com numerosas provas, demonstrando que a
matéria é um estado transitório da energia. Com este título
apresentou um de seus trabalhos juntamente com outro¹ ao Terceiro
Congresso Científico Pan-Americano reunido em Lima em 1924.
“Muito tempo antes da
descoberta do rádium, o Dr. Rebaudi havia notado
que o acetato de urânio possuía propriedades
biopsíquicas e mais tarde, quando se descobriu o rádium, comprovou a
presença de pequenos vestígios deste; designou o primeiro
como sal radiomagnético, por sua radioatividade.
Assim, por seus múltiplos trabalhos científicos e seu saber, Rebaudi
era conhecido pelo nome de “Sábio Paraguaio”.
Recordarei que ele foi reitor da Universidade — Professor de Biologia
e Química Médica, Diretor do Laboratório Químico e
Bacteriológico de Assunção — como dos Laboratórios Químicos, Nacional e
Municipal, de Buenos Aires, tendo o Município lhe
concedido o título de Químico Honorário; possuindo ainda
numerosas outras distinções de instituições científicas tanto do
país como do estrangeiro.
“O Dr. Rebaudi somente
procurou obter renome científico, para que
sua palavra tivesse autoridade ao manifestar-se sobre Espiritismo e
Cristianismo.
“Assim o vemos
provando cientificamente suas teorias com investigações
realizadas no Instituto Metapsíquico, cujos trabalhos foram
publicados em revistas. Entre outras, La Magnetológica e
Metapsíquica, em livros e folhetos, como também em
conferências públicas, de onde pontificou que:
A matéria é um
estado transitório de energia; que a realidade
reside mais no invisível e intangível do que no
visível e tangível; que, entre o material e o
elétrico e o corporal e o extracorporal, existe
uma substância intermédia; que a personalidade
humana pode agir independentemente do corpo;
que experimentalmente,
por processos magnéticos,
se pode determinar a
separação da personalidade humana; dita
personalidade exteriorizada não é
mais do que a alma
humana; que a mesma perso-
nalidade,
separada definitivamente do corpo pela morte, tem
dado provas de sobrevivência; a volta da alma ao mundo de relação mediante um novo
corpo; a pluralidade dos mundos habitados;
a
idéia de justiça; a lei iniludível do
progresso; e,
no fim de tudo, encontra-se a Deus.
“Seja por disposição
natural ou por meio de exercíci-os realizados, Rebaudi
havia conseguido desenvolver faculdades
supranormais em alto
grau, sendo-lhe possível o desdobramento, até haver chegado em
certas oportunidades a fazer-se visível longe de seu corpo.
Em vários ensaios de exteriorização, conseguiu visitar
distantes regiões planetárias, onde recolheu sensações das quais
guardou clara impressão de sua rápida visão.
“Ele próprio também
conservava recordações de diversas existências passadas
que tinha bem presentes, referindo-nos encarnações, algumas
delas de épocas bem remotas.
“Tudo isto eu ponho
de manifesto a fim de que seja compreen-dido que
necessariamente deveria ser muito elevada sua personalidade
espiritual para possuir um organismo de condições excepcionais por sua
sensibilidade, dotado de faculdades notáveis. “Por sua
mesma sensibilidade devia arrostar com inteireza de ânimo e
superior firmeza a contínua avalanche das
forças do mal que, em
constantes arremetidas, pretendiam aniquilá-lo. Mas
Rebaudi, com pureza de seus pensamentos e agindo com a
consciência de sua missão, passou sua vida na Terra em intensa luta
para sustentar a luz pura, porque amava a Verdade. “Conhecemos
seus esforços, suas obras e seus sacrifícios; por isso dizemos que
Ovídio Rebaudi foi um ser superior, porque sustentou bem alto o
ideal do Cristianismo e continua do espaço alentando com suas
comunicações em apoio de seus irmãos da Terra a prosseguirem
a obra de amor, como o ensinara o Divino Mestre Jesus”.
Eis, para os leitores
desta segunda edição da VIDA DE JESUS DITADA POR ELE
MESMO, estes expressivos esclarecimentos
acerca da personalidade do tradutor da edição italiana para o
espanhol, o que deve constituir, por isto mesmo, um valioso testemunho
do valor que o mesmo reconheceu nos fundamentos da obra.
Rio de Janeiro, julho de
1948
DIAMANTINO COELHO FERNANDES
¹ Mineração Paraguaia e Química Aplicada à Higiene.
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