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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

DUAS PALAVRAS DO TRADUTOR¹ Livro: Vida de Jesus ditada por Ele mesmo


Eu professo o maior respeito por todas as opiniões sãs e especialmente pelas que tendem a cimentar a idéia do bem, levantar a moral e a propiciar tudo aquilo que pode ser a base ou um meio para elevar os espíritos acima da materialidade das coisas que de contínuo nos rodeiam. Por isso cedi cheio de prazer às instâncias de muitos espiritualistas, desejosos de conhecer a interessante VIDA DE JESUS que vai ler-se, traduzindo-a do italiano para que possa ser publicada em nosso idioma pela Revista Magnetológica, órgão da Sociedade Científica de Estudos Psíquicos.

Se bem que não se trate de um trabalho científico, a Direção de dita revista julgou conveniente encarregar-se da presente publicação em vista dos juízos unanimemente favoráveis que de todas as partes lhe têm chegado a respeito da obra, cuja origem medianímica, por outra parte, lhe dá mais uma perfeição especial, que não tem nenhuma outra história de Jesus.

Um fato muito sugestivo se destaca nela desde o princípio, fato que se adapta perfeitamente ao caráter eminentemente modesto de Jesus, e é o de negar-lhe toda importância na questão dos milagres. Desde logo, como tais milagres, o protagonista os nega rotundamente nesta sua história, a qual não é muito do agrado de alguns fervorosos crentes, que estão acostumados a ver no Mestre, não um homem senão um ser sobrenatural.

Eu só me permito observar-lhes que os Evangelhos, que são os que a cada passo nos falam de tais milagres, foram escritos por adeptos entusiastas, que não viram nem ouviram Jesus, ao passo que a presente obra se diz escrita por ele mesmo. É fácil compreender neste caso que o autor não podia exibir-se a si mesmo com os contornos eminentemente pretensiosos, que resultariam se ele falasse de sua atuação, como se refere que falaram os evangelistas.²

Quero dizer que não podia expressar-se de sua própria pessoa, como podiam fazê-lo seus adeptos ao referir-se a ele.

Sem dúvida alguma a questão dos milagres está intimamente ligada à tradição cristã e forma parte integrante do que as igrejas Católica e Protestante entendem ser a vida de Jesus. Os modernos espiritualistas por seu lado nos afirmam que todos os grandes iniciados, pela própria natureza da missão que vieram desempenhar, se viram sempre dotados de poderes psíquicos especiais, dando lugar com freqüência ao que o vulgo chama milagres. Eu nada tenho a dizer sobre este particular, pois não possuo  provas para afirmar ou negar os fenômenos psíquicos que sob o nome de milagres são atribuídos a Jesus; só posso dizer que muitos deles são explicáveis de acordo com os conhecimentos que já temos das ciências psíquicas e que outros não o são.

De todos os modos, a personalidade de Jesus, ainda sem dar-lhe a importância que lhe atribuem os espiritistas, é altamente simpática e para muitos encarna a idéia de moral e a de religião.

Por minha parte, como dizia ao começar, respeito todas as opiniões e no caso presente me limito ao simples papel de tradutor. O leitor formará sua opinião do modo que lhe pareça mais ajustada à verdade; o que creio verdadeiramente é que todo aquele que se interesse pela personalidade de Jesus, deve ler esta obra.

                                                                           OVÍDIO REBAUDI

¹ Da versão espanhola.
² É sabido que os Evangelhos não foram escritos pelos evangelistas, e é por isso que se diz: Evangelho segundo São Marcos, segundo São Mateus, segundo São João, e não Evangelho de São Marcos, ou escritos por São Marcos etc. Os Evangelhos, pois, foram escritos muito depois da morte de Jesus, quando não existia há muito tempo nenhuma testemunha ocular ou ouvinte das obras e pregações do Mestre. Portanto, esses escritos não representam mais que a tradição corrente da época em que foram efetuados, resultando deste fato que se os Evangelhos se multiplicaram de acordo com o número de escritores que se encarregaram de recolher dita tradição chegando a conhecer-se mais de quarenta, até que a Igreja selecionou dentre eles os quatro que melhor lhe convieram ou entre os que encontrou maior harmonia. Em realidade, em fins do século primeiro da era cristã não existia nada que nos autorize a crer que a palavra Evangelho se usasse em seu sentido atual e não havia coleção alguma que se parecesse ao nosso Novo Testamento. Mais tarde, em meados do século segundo, se menciona algo sob a designação de Memórias dos Apóstolos, porém sem que constituíssem um cânon, e, em fins do mesmo, se encontra a Santa Escritura Cristã, porém não bem definida ainda e diferente dos nossos atuais Evangelhos, porquanto variava em cada igreja e de acordo com cada doutor. Mais tarde, no século terceiro, se classificaram e aceitaram os recepti in Ecclesiam (recebidos na Igreja), sem que chegassem ainda à forma do Novo Testamento, até que no primeiro concílio de Nicéia (ano 325 da nossa era) se menciona, sem sancioná-la, uma coleção patrocinada por

Atanásio, que depois foi adotada pela Igreja do Ocidente no século quinto. Como se vê, pois, os Evangelhos não têm nenhum valor histórico, nem de autenticidade; não podem servir portanto para combater a autenticidade da presente história. Convém melhor estudar a curiosa relação que se descobre entre algumas passagens pouco explícitas daqueles e a maior clareza que se encontra nesta, como o faz observar Ernesto Volpi. Como obra autêntica, unicamente as epístolas de São Paulo pode oferecer-nos o Cristianismo e bem merece nos conformemos com isto, pela autoridade indiscutível do autor e pelo testemunho que nos dá de ter visto e falado muitas vezes com Pedro e com Tiago, “irmão do Senhor”, em duas viagens que realizou a Jerusalém, com uns quinze dias de estadia cada vez...

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