Os homens e as mulheres que
desfrutam presentemente mais uma de suas múltiplas encarnações na Terra, talvez
não possam ou não saibam imaginar o tesouro que detêm em suas mãos. O tesouro
que a presente encarnação representa para todos os seres humanos, vale muito
mais para cada um dos Espíritos encarnados, do que a posse de todos os tesouros
materiais da Terra. Mister se faz, por conseguinte, que tenham todos bem
presente o que aqui fica, em beneficio exclusivo de si próprios e jamais do seu
semelhante.
Mister se faz, repito, que
medite cada um em seu próprio futuro espiritual, futuro que se inicia a partir
do momento de sua separação do corpo material, e, se prolonga pelos milênios em
fora até aos limites do infinito. Julgo haver evidenciado nestas palavras
simples, todo o panorama que aos Espíritos se defronta em seu regresso
periódico ao plano espiritual a que pertencem. Bem pouco, aliás, há a fazer
para que todos tenham presente o objetivo primordial de sua decida à Terra pela
décima, centésima ou milésima vez, quem sabe? É a necessidade peculiar a todos
os encarnados, da aquisição de mais luz com o aprimoramento de suas qualidades
morais em cada nova descida à Terra - A luz do Espírito se adquire, por
conseguinte, através do refinamento de seus atos e pensamentos, palavras e
obras ao longo dos caminhos percorridos, enriquecendo com ela o seu patrimônio
espiritual. Aí está mais uma vez definido o objetivo fundamental da
reencarnação concedida pelo Senhor Jesus a quantos palmilham os áridos caminhos
deste pobre planeta.
Pelo que ficou dito em
páginas anteriores, já se encontram perfeitamente esclarecidos todos os meus
estimados irmãos leitores, de quem desejo fazer amigos muito estimados para
todos os séculos do porvir. Consegui-lo-ei? Estou certo que sim.
Tratarei então de outro dos
numerosos assuntos que pretendo divulgar perante os meus irmãos leitores, e por
seu intermédio aos seus amigos e conhecidos mais próximos, numa antecipação do
que no Alto a todos aguarda em seu próximo regresso. E se ao desembarcarem no
Além, os meus queridos leitores lá se encontrarem convenientemente preparados,
suceder-lhes-á o que se verifica com o turista que estudou bem o seu itinerário
e os costumes dos povos que pretende visitar.
Tratarei então do que se
relaciona mais de perto com a chegada no Além dos nossos irmãos que diariamente
se libertam dos liames da matéria, e penetram nos planos espirituais
correspondentes à sua categoria. Dizendo categoria, não me refiro absolutamente
à classe social em que tenham vencido a sua encarnação, nem ao poderio maior ou
menor que hajam enfeixado em suas mãos. Nada disto conta, meus queridos, em
vosso regresso ao mundo dos Espíritos, ou plano do Além, como melhor vos agrade
denominar o plano de cada um após a morte do corpo. O que no Alto conta
exclusivamente é a categoria espiritual em que possam enquadrar-se quantos
regressam da Terra, tanto aqueles que houverem cumprido toda a vida terrena que
tinham a seu favor, como os que a houverem interrompido por suas próprias mãos,
ou, ainda, os que podendo permanecer na Terra um determinado número de anos,
oitenta, por exemplo, regressaram antes do tempo, por motivos que no Alto são
criteriosamente apurados.
Aquele que, no afã de andar
depressa, de correr muito para não perder tempo de engrandecer sua fortuna
material, perecível, sacrificando nesse objetivo suas horas de alimentação e de
repouso, de certo terá sua vida algo encurtada pelo sacrifício imposto ao
veículo, desgastando-o antes do tempo. Aquele outro que por prazer ou
imprudência usou e abusou de alimentos impróprios para o corpo, ou de excesso
de bebidas igualmente prejudiciais à sua saúde e bem-estar, encontrar-se-á no
Alto muito antes do prazo predeterminado, e será por isso reunido à categoria
dos imprudentes, apressados ou desleixados, passando a viver num plano onde a
consciência de si mesmo passou ao estado de nebulosidade, até que seu tempo de
reencarnado se complete. Nesse estado, nem o Espírito se encontra completamente
desencarnado, nem pode considerar-se encarnado por lhe faltar o veículo
material, embora a muitos custe acreditar que já deixaram a Terra. Aos que
assim se consideram, existe um meio fácil de os convencer: é mostrar-lhes o
estado de sua matéria, e eles prontamente se convencem da realidade. Se eu vos
disser, irmãos leitores, ser muito grande o número de desencarnados nestas
condições, estarei dizendo-vos uma triste verdade. Poderemos denominar então
estes irmãos como pertencentes à categoria dos imprudentes, para não usarmos de
outro qualificativo que poderia magoá-los.
Vencido o prazo de sua permanência
no solo terreno, estes irmãos são então como que despertados e conduzidos ao
plano a que tiverem feito jus, segundo o comportamento registrado em sua estada
na Terra. Alguns deles, não obstante a falta de método ou de cuidados
demonstrados ao longo de sua encarnação, apuraram de certa maneira suas
qualidades morais e ganharam com isso um maior foco de luz para os seus
Espíritos. Neste caso eles registram em seu arquivo espiritual os fatos
relacionados com o bem e o mal de seu comportamento na Terra, e isso é o que em
linguagem terrena conheceis pela designação de experiência. Em sua encarnação seguinte essa experiência acumulada
em seu patrimônio espiritual, já lhes diz que o homem deve ter e respeitar suas
horas de levantar, comer, trabalhar e repousar, para que sua máquina possa
durar longo tempo e funcionar a inteiro contento, para o melhor êxito da
encarnação.
Estou imaginando ao tratar
deste detalhe que podereis alimentar a curiosidade de conhecer os motivos pelos
quais certas criaturas realmente cuidadosas e metódicas em seus hábitos, partem
deste mundo na idade infantil, juventude ou na mocidade, deixando um vácuo
imenso em seu meio familiar. Sei que desejais conhecer o motivo dessa partida,
por vos parecer que não foram ai nem a imprudência, o desleixo, nem a ambição,
que determinaram sua partida prematura, como costumais referir.
Estes casos acontecem muito
frequentemente, é verdade, e raros são os lares que não choram a partida do seu
ente querido. Existe aí, porém, um determinismo que deve cumprir-se, seja pelo
cumprimento de um prazo predeterminado para a estada na Terra do Espírito que parte,
seja pela necessidade de despertar em certos corações o principio da fé,
através da saudade daquele ente querido que se foi. De qualquer maneira, a
partida prematura de um Espírito obedece a planos preestabelecidos, cuja
grandiosidade haveis de conhecer um dia. Devo informar-vos, contudo, que tais
Espíritos cumpriram delicada missão ao reencarnarem nesses lares, vindo sua
partida a contribuir, não raro, para o despertar dos corações que lhes foram
familiares, tornando-se eles próprios no Alto verdadeiros agentes missionários
da fé e do aprimoramento espiritual recíproco.
Não podeis sequer imaginar,
estimados irmãos leitores, o que representa para a evolução de um Espírito no
Alto, a vibração de amor a ele dirigida através da prece diária daqueles que
deixou na Terra, vibração essa de duplo efeito, porque beneficia igualmente os
corações que a emitem. E existem casos de que eu talvez possa tratar ainda com
o necessário desenvolvimento, em que determinado Espírito reencarna num meio
familiar que é preciso conquistar para Deus e para Jesus, e sua missão consiste
precisamente em captar a fundo os corações familiares, pela sua inteligência,
pela sua bondade, pela delicadeza que lhe é peculiar, para, inesperadamente ou
ao termo de certo padecimento, despedir-se dos seus e voar para bem alto em
busca do luminoso plano a que pertence, com o coração igualmente repleto de
saudade dos que ficaram. Não há em casos tais, nenhum dos motivos antes
apontados. Apenas um Espírito missionário concluiu sua tarefa e parte de volta
ao mundo espiritual, para tornar-se ali um ponto de referência, de amor e de
saudade dos que ficaram na Terra. Estes passam a orar fervorosamente pelo
parente que partiu, e suas orações, absolutamente sinceras contribuem para que,
tanto aquele a quem são dirigidas quanto os que as dirigem, se engrandeçam, se
elevem e se iluminem. Dai resultará invariavelmente, que Nosso Senhor Jesus
virá a penetrar um dia no lar deixado por seus dedicados missionários,
conquistando assim um lar a mais para o Serviço divino.
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