É comum à quase totalidade
dos Espíritos que desencarnam, conservarem-se presos por laços de afinidade ou
de interesses àqueles que ficaram na Terra, muitos destes no estado lamentável
de quase desespero, ante a partida inesperada ou não do ente querido que acaba
de desencarnar. Esta circunstância faz com que o Espírito recém-desencarnado se
sinta por sua vez como que prisioneiro das vibrações de afeto e saudade
emitidas pelos seus, impossibilitado, em não raros casos, de desferir o vôo
espiritual juntamente com o grupo de amigos que o vieram esperar.
Quando não são essas
vibrações de afeto e de saudade, sucede serem de outra natureza, a mantê-lo
preso ao solo terreno por largo período: aquilo que constituía, por assim
dizer, os motivos de sua existência na Terra. Os bens, a fortuna, os seus
negócios, certas dificuldades em torno deles, são outros tantos liames que
costumam prender durante períodos maiores ou menores de tempo, os Espíritos
agarrados ao solo terreno após o seu completo desligamento da carne. Casos
existem e não são poucos, em que Espíritos permanecem meses e anos na
superfície terrena, muitos até sofrendo penosamente semelhante situação, mas
inteiramente impotentes para daqui se afastarem. Isto sucede exclusivamente em
virtude da falta de conhecimento das leis divinas por essa classe de Espíritos,
que levaram toda uma existência terrena a cuidar somente de seus interesses
materiais, como se aqui tivessem de permanecer pela eternidade em fora.
Bom será, por conseguinte,
que os meus queridos irmãos leitores se preparem desde agora para aquela viagem
que todos fazem, como eu próprio a fiz, não apenas uma vez em que me chamei
Thomé, mas em várias outras, antes e depois daquela. Devem todos os encarnados
firmar primacialmente em sua mente, a certeza da transitoriedade da vida
terrena em que se encontram presentemente, ao fim da qual terão de viajar para
longe do seu domicílio, embora não para longe da Terra. Para isso devem
firmar-se no princípio imutável da eternidade do Espírito e, por conseguinte,
na sua sobrevivência à morte do corpo, que nada mais representa do que o
veículo utilizado pelo Espírito para permanecer na Terra. Assim, uma vez
encerrada a vida do corpo, novos horizontes se apresentam ao Espírito, cuja
vida perdura através dos milênios, porque é infinita.
Se, portanto, um Espírito se
deixou prender demasiado às coisas da Terra enquanto no corpo, se apenas se
preocupou em arrecadar haveres, bens, fortuna, é claro que após a desencarnação
não terá forças para se libertar desses interesses para poder progredir
espiritualmente, atrasando lamentavelmente o seu progresso.
O que devem fazer então os
encarnados? - podereis perguntar-me. Eu repetirei o que tive ensejo de grafar
em páginas anteriores, dizendo-vos que deve viver cada qual a sua vida terrena
segundo suas possibilidades e condições ambientes, tendo sempre em mente a
idéia de que a fortuna maior ou menor que vier a reunir na Terra, de nada lhe
poderá servir no mundo espiritual que é o seu lar verdadeiro. Nesse lar
espiritual encontrará cada um os reflexos das boas obras que haja praticado na
Terra, seja na ajuda concedida aos menos afortunados, seja na educação e
encaminhamento de crianças pobres ao caminho do Senhor, com o que praticará a
verdadeira caridade ensinada pelo Senhor Jesus.
A par de tudo isso a oração
e a meditação diárias contribuirão de maneira decisiva para que esses Espíritos
atravessem sem escolhos o plano de sua vida terrena, e projetem novos luzeiros
em si próprios - objetivo primordial das reencarnações.
Aí fica uma instrução a mais
e do maior valor para todos os terrenos, cujo seguimento contribuirá decisivamente
para reduzir o número de irmãos desencarnados que continuam a perambular pelas
ruas e caminhos da Terra. Sucede que muitos destes irmãos, ao fim de anos e
anos desse abandono em que se encontram, até se revoltam contra a Divina
Providência, que não souberam cultivar em seu coração de encarnados, e entram a
prejudicar de toda a maneira os que não possuírem defesa espiritual, isto é, os
que vivem descuidados de seus deveres espirituais, que não oram nem vigiam.
Quereis uma prova do que vos
digo, irmãos queridos? Visitai os centros espíritas e as casas em que se
pratica o bom e são Espiritismo, e lá encontrareis, prejudicando irmãos
encarnados, entidades desocupadas vivendo como se encarnadas ainda estivessem,
fazendo toda espécie de mal que podem aos nossos irmãos encarnados. Ainda bem
que a humanidade já dispõe de organizações espíritas de alto nível nesta parte
do mundo, onde diariamente são atraídos e encaminhados muitos Espíritos que na
Terra nada fizeram pelo seu adiantamento espiritual.
Procurai conhecer essas
organizações, queridos irmãos, e lá encontrareis a prova do que vos digo. São
ainda muitos milhares os desencarnados que perambulam pela superfície terrena
sem direção certa, aos quais o Senhor Jesus está procurando socorrer também de
várias outras maneiras.
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